MIHALY
SÃO PAULO – Morreu na madrugada de hoje em Volta Redonda Mihaly Hidasy, que por muitos anos foi diretor de prova do GP do Brasil de F-1.
Era um profissional dedicado e justo. Ajudou muito na criação do GP da Hungria, também.
Mihaly, 74 anos, deixou um legado e uma bela história.
Conheci Mihaly em 1973 no kart aqui no Rio de Janeiro. Naquele tempo ele não era Mihaly, e sim, “Miguel Molykote”, já que era representante dos famosos lubrificantes. Ele patrocinava meu amigo e concorrente Milton Guimarães, que corria com um Mini RioMar #85. Eu corria com equipamento igual.
Miguel Molykote era famoso por ser “mão fechada” para soltar dinheiro para o Milton, tanto que o velho chassi Maxi Mini do Milton estava cheio de soldas. Mas Miguel (Mihaly) soltava grana para colocar faixas no antigo kartódromo carioca, o Novo Rio, anterior ao também finado Maqui Mundi.
Junto às faixas, Miguel Molykote criou o prêmio Molykote para o piloto mais combativo em cada prova. Eu ganhei por duas vezes.
Desgostoso por não receber verbas boas do seu patrocinador mesmo após algumas vitórias em que nos jornais saía o nome Molykote em destaque (um grande retorno publicitário), Milton desligou-se de Mihaly (Migurl Molykote).
Em seguida, “limpou” a poupança de seus filhos Miltinho e Mônica, comprou um chassi Maxi Mini 0 km novo, e colocou na frente do kart uma placa com os dizeres “Caderneta de Poupança MiMo”.
Indagado, Milton respondeu: estou correndo financiado pela caderneta de poupança de meus filhos, devo esse equipamento a eles.
Muito técnico e combativo, Milton venceu a prova de maneira brilhante, como sempre. Após a corrida, disse que aquela era sua última corrida, a menos que aparecesse um bom patrocinador.
Milton nunca mais correu, e não o vejo desde aquele tempo, se não me engano, 1974.
Na época em que o Galvão o mencionava nas transmissões sempre ficava em dúvida sobre como seria a escrita de seu nome e de onde era.
Que descanse em paz.
PS. Até me sinto mal pela comparação indireta que fiz entre Interlagos e Hungaroring em outro post sobre as exigências do Bernie.
Vá em paz “Seu Mihaly” ……
Pôxa, o Molykote se foi…Era assim que alguns de nós o tratávamos, no Rio Motor Racing, e alguns, como Miguel, já que o nome dele era complicado. Grande camarada…
Grande pessoa e ótimo profissional !
Tive a oportunidade de entrevistá-lo há cerca de dois anos, aqui em Volta Redonda. Muito simpático e ótimas histórias.
Quando o Galvão falava, eu entendia algo como “Mihari Gnasi”. Achava que era japonês.
Agora está explicado porque revitalizaram o kartódromo da terrinha. FG, deveria mandar um dos seus jornalistas lá para dar uma olhada no legado do Mihaly.
Engraçado que, pra gente de fora do paddock, vai sempre lembrar do Mihaly dando as bandeiradas, tanto pro Ayrton, quanto pro Nelson.
Dessa forma, ele sempre estará presente na reedição dos grandes momentos do automobilismo brasileiro. Ou com o pé na pista do funesto Jacarepaguá, bandeira quadriculada na mão, Piquet fazendo a curva da vitória , ou no pedestal em Interlagos, com o Ayrton no embalo da reta…
Como a molecada fala em internetês hoje: Mihaly > Charlie Whiting
Lamentável. O Kartódromo de Volta Redonda está prestando justa homenagem no seu site.
O Kartódromo da minha Volta Redonda está uma beleza mesmo. Encontrei com Mihaly recentemente e por acaso… Parecia muito bem de saúde… Triste..