NORMAN

Foi sexta-feira, dia 30, e duvido que tenha saído em algum lugar. Mas “O Globo” publica a notícia hoje, dia 4, assinada por Jason Vogel (de quem já falei aqui, é o melhor jornalista da área automobilística do Brasil).

Morreu Norman Casari, que pilotou o Carcará. Aos 69 anos, em sua Petrópolis. Norman, que encontrei em 2004 em Pouso Alto, no nosso encontro anual de DKWs. Norman, que em junho seria homenageado na ocasião da apresentação do Carcará 2, carro que está sendo feito por Toni Bianco sob os auspícios de Paulo Trevisan, colecionador de carros brasileiros de corrida de Passo Fundo, dono de acervo impressionante.

Foi Norman que pilotou o Carcará, e só isso seria o bastante para que merecesse a eterna lembrança de quem, de alguma forma, mexe com carros e com corridas no Brasil.

Notícia triste, essa. Pombas, ele estava bem, era esperado no encontro de DKWs de novembro passado. Mas algumas semanas atrás descobriu que tinha um câncer na cabeça. Creio que Norman preferiu não esperar. Foi-se velozmente, a bordo de seu Malzoni 96, para nossas lembranças.

Adeus, Norman

Na última hora, o piloto Marinho desistiu de guiar o carro de recordes Carcará – o bicho “passarinhava” demais, parecendo incontrolável. Jorge Lettry, chefe da equipe Vemag, chamou então Norman Casari, que assumiu o comando do bólido de alumínio e marcou o primeiro recorde brasileiro de velocidade absoluta pelos padrões da FIA: 212,9 km/h no início da Rio-Santos, hoje Avenida das Américas. Belo feito para um “disco voador” equipado com motorzinho DKW de três cilindros e 1.089cm³ e prova maior do arrojo e da perícia de Norman.

Foi a fase de ouro da carreira do volante nascido em São Paulo e radicado no Rio. Norman estreou oficialmente nas corridas em 1960, com um Volks, mas foi com carros DKW-Vemag que ganhou fama. Todo apaixonado por automobilismo conhecia o Malzoni número 96, branco com o capô preto. Ao volante do esportivo com motor “mil” de dois tempos, Norman Casari fazia mágica e andava na frente de Alfa e até de Ferrari. Foi campeão carioca em 1966 e 1967. Em 1968, foi vice. Contava com grande apoio da Vemag, chegando a ser dono da Cota, uma concessionária da marca.

– Foi o mais dedicado e profissional piloto do Rio – afirma Paulo Scali, historiador do automobilismo.

Depois da fase Vemag, o piloto correu de Fórmula Vê, foi dono de pistas de kart no Rio e em Itaipava, fabricou karts e também andou com um Lola T70. Em 1971, bateu outro recorde de velocidade ao alcançar 244km/h ao volante do Casari A1, protótipo com motor Ford V8. Em seus últimos anos como piloto, correu com Maverick. No fim da década de 70, foi diretor do autódromo do Rio.

Norman Casari morreu na última sexta-feira, em Petrópolis, de insuficiência respiratória (provocada por um câncer descoberto três semanas antes). Tinha 69 anos, era separado e deixa três filhos.


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manuel oliveira/manu
manuel oliveira/manu
16 anos atrás

Foi liberado e sugerido por Norman para trabalhar em fortaleza na equipe Terra que seria talvez por um ou dois anos mas, lá se vão trinta . Gostaria de ter lhe dado mais um abraço pois o ultimo foi em 90 depois do acidente de moto,chorei de alegria ao abraça-lo pois o imaginava em uma cadeira de rodas e ele estava lá, em pé ao lado do onibus e do A1 todo sorridente na fazenda inglesa em petrópolis. De todos os meus pilotos ,este foi muito especial (e será sempre)pois foi um grande patrão um professor um grande amigo(com ele eu conheci Anisio C. ,oBarão,L .P. Bueno e tantos outros) e um GRANDE piloto.tem sido referencia para meu trabalho nas pistas e meus novos pilotos atendem aos meus concelhos,graças ao legado que ele me deixou.Manuel.

fitti
fitti
18 anos atrás

Jamais existira outro CASARI!!!

FITTI

Flavio Chinini
Flavio Chinini
18 anos atrás

Na época da construção do Casari A1, o Norman fazia carretos, num pequeno caminhão, do Rio para São Paulo, a fim de coletar mais dinheiro para o carro… Sujeito determinado!

Ney
Ney
18 anos atrás

O Norman merece nossas homenagens, pois foi um bom piloto, sem ser excepcional. Porém, acima de tudo, gravou seu nome, naquela aventura do Carcará. Na ocasião, não pude assistir a tentativa, pois tinha compromisso sério, o que me deixou chateado. E na festinha, na Cota, tentei dar uma de bicão. Nova derrota…
Vai fundo, Norman, acelera agora o Malzone de nuvens, aí no Céu…

Cezar Fittipaldi
Cezar Fittipaldi
18 anos atrás

Mais um que se vai, mas esse é o processo inevitável da vida. Grande Norman, vai ter boa cia lá em cima, Moco, chico landi, bino heinz…tantos outros….
obrigado

Mac
Mac
18 anos atrás

Mais um que saiu da vida para entrar nas páginas douradas da história.

jovino
jovino
18 anos atrás

Envio mensagem de profunda tristeza, pois gostava muito do Norman e aprendi a respeitá-lo nas provas como os 1.000 km de Brasília, quando o vi correr com o protótipo vermelho com motor do Gálaxie vermelho e era um piloto bastante combativo. Me lembrei agora que na época ele teve de dar um tempo em sua carreira de piloto e trabalhar como motorista de caminhão para construir o Casari I.
Acho que pilotos como o Norman, Bird Clemente, Camilo, entre outros deveriam ter alguma forma de homenagem que perpetuassem estes verdadeiros herois do nosso automobilismo.

Jovino/Brasília-DF

Sucrilhos
Sucrilhos
18 anos atrás

E eu, que nesse final de ano fui dar uma volta de bike, indo numa descida a 50 km/h já senti um tantico de medo, imagina fazendo o que esse cara fazia. Aliás, se fosse eu não fazia né, haja coragem!

Lucas
Lucas
18 anos atrás

Putz, é uma pena mesmo ele ter morrido. Até porque não era tão velho ainda. A História da sua pilotagem com o Carcará é muito legal, já a li várias vezes. Sempre pensei nele como o rapaz que conseguiu domar aquele strreamliner naquela manhã em 1966. Infelizmente nem todos vão dar o devido valor à essa perda, mas quero deixar registrado aki no seu blig a minha tristeza.

PedroJungbluth
PedroJungbluth
18 anos atrás

Bem, três semanas entre a descoberta e a morte. Isso nos faz pensar num monte de coisas…

De qualquer maneira, o cara, naquilo que mais ficou famoso, provou que era macho: Pilotar um protótipo sem barra estabilizadora, com pneus diagonais de Vemaguete de até 160 km/h, e um dos três cilindros meio engripado, e ainda assim atingir 212 km/h (dos 230 planejados), foi o cúmulo da coragem.
Parabéns a ele, que fez todos aqueles que imaginaram a cena (como eu) se imaginarem menores.