A segunda morte das 4 argolas
SÃO PAULO (não tinha me dado conta) – Quando a Audi decidiu interromper a produção do A3 no Paraná, as quatro argolas tiveram sua segunda morte no Brasil. Dei-me conta disso ao ler a coluna do mestre Roberto Nasser no Motorcar.
Para quem não sabe (duvido que alguém neste blog ainda não saiba disso, porque não falo de outra coisa), a DKW é, era, uma das quatro argolas da Auto Union, joint-venture de 1932 que reuniu na Alemanha quatro montadoras: Audi, DKW, Wanderer e Horch.
Depois da guerra as fábricas ficaram na Alemanha Oriental, a Auto Union renasceu, a Mercedes comprou, vendeu para a VW, que resolveu acabar com os motores dois tempos e recriar a marca Audi, etc.
História antiga, enfim.
O curioso, e mais interessante, dessa coluna do Nasser é constatação de que a média mensal de carros feitos pela Vemag na década de 60 foi maior que a média da Audi e sua fábrica do século 21.
Isso sem um computador ou robôs, no charco do Ipiranga, sem indústria de autopeças, sem renúncia fiscal… Até a VW comprar a Vemag e matar as quatro argolas pela primeira vez no Brasil.
Faz sentido colocar um motor Audi num Malzoni? DKW e Audi eram brothers.
Pedindo pra ser suspenso…
Para mim não faz falta nenhuma…
Não presenciei a morte dos DKWs, mas pela história que deixaram, devem ter feito muita falta quando pararam sua produção (carro de trabalhador, sabe como é). Tenho algumas 4Rodas dos anos 60 e a presença da DKW era grande, com publicidade e conteúdo. Já na segunda morte, só quem vai sentir falta da Audi são os condenados que compravam A3 e que terão que se contentar com outro hatch, pois os Audi alemães são caros de verdade, apesar de não serem nenhuma Mercedes.
É o que falei outro dia numa reunião lá na empresa, as cores do arco-iris do Brasil já são em branco e preto e o pote de ouro já foi roubado a muito tempo e em breve até ele será desligado.
E as duas mortes da fábrica das quatro argolas no Brasil foram causadas pela VW.
Outra que já morreu duas vezes também por aqui foi a Chrysler.
Prá investir no Brasil, com um produto de alto custo, com a concorrência e os impostos que temos por aqui, só se fossem malucos.
Mas há de ser levado em conta que desta vez se tratou de uma morte diferente, menos dolorosa, pois a planta de São José dos Pinhais era compartilhada com a VW e continua lá.