Gira mondo, gira (segunda)
SÃO PAULO (112) – Encontrado morto o Coronel Ubiratan Guimarães, comandante do massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em 1992.
Um tiro. Em seu apartamento, nos Jardins. Sem sinais de luta. Ele era candidato a alguma coisa, mas sua candidatura foi impugnada. Alguns anos atrás, foi condenado a 632 anos de prisão pelo massacre, mas não cumpriu um dia sequer porque o julgamento foi anulado.
Não será necessário novo julgamento, pois.
Hoje faz cinco anos do 11 de setembro, data que virou grife. Nine-eleven. Difícil imaginar algo de maior magnitude, mas o tempo é implacável, hoje mais do que antes. Tudo passa muito rápido e muita coisa acontece (ou passamos a saber de mais coisas), por isso tudo se dissipa rapidinho, vira filme e livro e DVD, e vamos em frente.
O que talvez explique o fato de eu me emocionar cada vez que passo diante do Edifício Joelma, e passo sempre, muito mais do que ao ver o buraco aberto no coração de Manhattan.
O Joelma foi pior que o nine-eleven. O Andraus também. E os dois estão lá, de pé, para nos lembrar de tudo.
Foto Carlos Piccino/”O Globo”: Joelma, 1/2/74
Conheci o Taketani, se ele visualizar essa mensagem, gostaria de um retorno, abcs.
Baygon, agora faz o favor de explicar isso que vc falou pras milhares de vítimas das bombas atômicas… Putz, nem dá pra comparar PH com Hiroshima e Nagasaki… a quantidade de civis era mínima em PH e, segundo consta, os americanos SABIAM do ataque, a principal armada nem estava lá. Quanto às bombas, foi um ato desnecessário, usaram como pretexto essa estória de nao prolongar a guerra.. ela ia acabar mais dia menos dia ou alguém em sa consciência pode achar que Japao ia enfrentar o resto do mundo sozinho? Em tempo: um dos pilotos responsável por lançar a bomba de Nagasaki se matou. Acho que isso diz tudo.
Oi pessoal,
Olha, comparar as tragédias do Andraus (ahh, casas Pirani…) e do Joelma com as torres gêmeas não é muito correto: enquanto as primeiras foram provocados por falhas técnicas e/ou humanas (engraçado que ninguem se lembra das causas ou dos responsáveis) o caso das torres foi deliberado mesmo.
Quanto a emoção, creio que é a mesmo para todos os casos.
[] ´s
SergioC:
Todo mundo que estava na Base de Pearl Harbor era militar ? Não. Tinha vários civis na base e morreram quase 70, pois os EUA não estavam em guerra com o Japão. Já o ataque a Hiroshima foi feito durante a guerra, e mesmo sendo uma cidade tinham militares por lá afinal o pais estava em guerra. E se os americanos não jogam aquelas bombas o Japão iria resistir muito tempo e o número de mortos sria muito grande.
Lamentável a morte do Cel.Ubiratan. Um homem íntegro e um herói ao enfrentar milhares e milhares de presos num caldeirão efervescente. Talvez o erro dele foi não ter colocado o Babenco ou Santoro vestido de mulher pra ver se os presos se acalmavam.
Tem um video aí em cima.
Daniel, a julgar pelos seus recentes comentários, você não entende muita coisa…
É bem o que falaram…
PH – Alvo Militar
Japão – Alvo Civil
Pra quem acha covardia um ataque surpresa a uma base militar, tente imaginar como os civis se sentiam quando eram atacados no meio da noite pelas tropas americanas na guerra do golfo.
Tanta gente no mundo passando fome e os EUA gastam bilhões na guerra com a desculpa que estão protegendo a democracia…. Quem sabe se ao invés da guerra, tivessem doado esses bilhões aos países mais pobres, a fome diminuiria e a democracia que eles tanto veneram não se veria ameaçada.
Quanto ao Ubiratan, foi cedo, foi um herói… Quero ver como teriam reagido, aqueles que o atacam, ao terem de entrar no Carandiru tomado pela rebelião…
É fácil falar do conforto da poltrona tomando um Chivas 12 anos…
O melhor comentário aqui até agora é o do Walter. A imagem impressionante das torres encobrem a humilhação do ataque do Pentágono.
Acho que entendi o pensamento do Cedar, o ataque a base americana de Pearl Harbor, foi feito pelo Japão em dezembro de 1941 e matou quase 2.500 pessoas e afundou parte da frota americana no Pacifico. Este ataque foi feito de surpresa de maneira covarde pelo Japão e com ele os EUA entrarão na guerra. Muitos historiadores sustentam que os americanos jogaram as bombas atomicas no Japão para se vingar deste ataque. Eu acho que foi também, mas penso que teve também o objetivo de mostrar ao mundo incluindo a URSS o poderio dos americanos.
Gomes, não entendi a razão da comparação entre as tragédias. Uma vida vale mais que outra? A vida de um americano vale menos que a de um brasileiro? Os judeus, como eu, falam que o holocausto não foi o assassinato de seis milhões de judeus. Foi o assassinato de um judeu, isso seis milhões de vezes. Se ao menos um inocente morreu em cada um destes acontecimentos, então foram acontecimentos catastróficos, e ponto final. Não seja desrespeitoso. Lembrar o 11/9 apenas como algo que virou grife (e que vai render filmes e livros) é de um absurdo gritante. meninos e meninas vão crescer sem os pais em função desta “grife”. Inocentes de todas as nacionalidades, cores e credos foram covarde e friamente assassinados, mas tudo o que você consegue dizer é que o 11/9 se tornou uma grife…
O Coronel Ubiratan merecia mais uma estatua ou ser lembrado como heroi nacional.
99% dos que moreram não vão fazer falta nenhuma.
Só para diferenciar o mínimo:
– Pearl Harbor: alvo militar onde explodiram alguns navios e alguns militares.
– Hiroshima e Nagasaki: população civil embaixo do cogumelo atômico, sofrendo por décadas com a radiação e seus efeitos.
td mundo comentou do aspecto “plastico” dos eventos…eu vou mais longe. Minha prima morreu no Joelma….O pesadelo não foi a morte tragica. O pesadelo aconteceu no IML…com aquele montão de caixão enfileirados no chão, e o povo circulando e encontrando seus parentes, e a histeria de alguns e o conformismo de outros e a catatonia de outros tantos…o cheiro de lá. passados tantos anos não me sai da lembrança…Sabe gente?…não teve graça nenhuma; só mostra que somos pouco mais que um nadinha e olhe lá…
Concordo em tudo com o Thiago.
E vou mais: Se fosse em NY, esses caras (que eu desconhecia) seriam heróis e lembrados anualmente.
9-11 foi realmente muito louco. É uma data em que TODO MUNDO se lembra exatamente o que estava fazendo, quando soube da notícia.
Estive lá no dia exato ano passado, e foi uma das coisas que mais me emocionou (não sei se pra bem ou não) na vida. Que foi forte, isso foi.
O ataque foi militar, contra um alvo militar: o Pentágono.
Focar nas torres gêmeas é a forçação de barra (que todos engolimos, não sei por que) da mídia americana.
O quartel general das tropas que mais invadiram outros países no século 20, o Pentágono, foi atacado em 09/11 e ninguém fala disso.
FG: não reforce o mitos dos prédios, porque a guerra é outra.
E como toda guerra, é difícil (se não impossível) achar alguém justo ou certo.
Coronel Ubiratan: Deveriam ser regra, e não exceção, um Ubiratan em cada batalhão de polícia. O mundo perde um faxineiro de párias.
Joelma/Andraus: Alguém aqui conhece os senhores Vanderlei Leão Taketani, José Eduardo Portugal Motta, entre outros? Não né….pois é…eles foram apenas dois dos mais bravos pilotos que salvaram muitas e muitas vidas no topo destes prédios, desafiando os limites dos helicópteros empregados àquela época. Condições de operação de helicópteros pra lá de hostis, e assim eles cumpriram a nobre arte. Muitas pessoas devem suas vidas a eles…heróis anônimos para muitos. Ilustres para poucos que reverenciam suas trajetórias.
9-11 : Até hoje é impressionante ver um B767 entrando predio adentro…..surreal.
Como certas coisas ficam na memória da gente. No dia do incêndio do Edifício Joelma eu e mais alguns amigos estávamos sentados na grama no elevado 2 do autódromo internacional Nelson Piquet, em Brasília, nos deliciando com uma prova da extinta divisão III do automobilismo brasileiro, que para mim, a melhor categoria já criada no Brasil. Me lembro do Dojão daquele turco, muito lindo e que não andava nada, levando pau dos fusquetes “pinico atômico” e dos mavericks mercantil finasa e vários protótipos que nos encantavam naquela época. Ao mesmo tempo, acompanhava, por rádio, o desenrolar do dramático incêndio no Edifício Joelma. Duplo sentimento de felicidade e tristeza.
Jovino
O coronel Ubiratan não merecia condenação, e sim uma condecoração. Uma medalha com direito a nome de rua ou praça.
Alguém já fez uma estatistica sobre quais os crimes cometidos por aqueles 111 mortos ? Quantos homicidios ? Ou será que todos aqueles marginais eram pessoas de bem e estavam presos por engano ?
Se tivessemos um massacre daquele a cada 3 meses com certeza o Brasil seria um pais mais seguro e o PCC e outras organizações criminosas não levariam terror a população indefesa como tem acontecido.
Gomes: cada povo tem sua própria tragédia. O caso do 11/9 é mídia globalizada – onde você estava?
Êta mundão doido, sô.
Oswaldo, concordo que Hiroshima e Nagasaki foram um erro, mas é bom lembrar que Pearl Habor também foi. Em ambos se viu covardia ao extremo.
É, também não entendi essa comparação de tragédia melhor para tragédia pior.
Em termos de vítimas o 11 de setembro não tem comparações.
fg, será que foi morte morrida ou morte matada?
Essa, nao entendi, Gomes. Por que o Joelma foi pior que o 11-S? Como qualificar e comparar tragédias?
Coronel Ubiratan,
Meu amigo e vizinho Bira. Um cara sério, justo, bravo, amigo leal e jipeiro !
Companheiro de trilhas (único defeito – guiava mal).
Vai deixar saudades !
Caro Flavio Gomes,
Visito seu blog com certa freqüência. Não entendo nada de carros, mas gosto de seus comentários sobre outros assuntos também. Só deixo esse recado para lembrar sobre outro 11/9. Um dia triste de 1973, em que acabaram com a democracia no Chile. Fico chateado por não haver nenhuma notinha sequer nos meios brasileiros sobre essa data, importante para a América Latina.
Um abraço!
E o massacre do Carandirú mostra nossa incompetência em educar nossos meninos para que se tornem cidadãos decentes, para não termos que trancafiá-los e depois trucidá-los em prisões que parecem saídos de um conto de terror.
Todos os itens deste gira mondo tem em comum a descoberta da incompetência:
Com o Andrauss e, principalmente o Joelma, descobrimos que nós brasileiros éramos incompetentes para construir prédios e, depois do desastre, incompetentes para salvar as vítimas dessas armadilhas em forma de arranha-céu.
Os estadunidenses descobriram sua incompetência para lidar com o ódio do resto do mundo (mesmo avisados com antecedência) com o 11 de setembro; no mesmo dia descobriram sua incompetência como polícia do mundo. E ainda reelegeram o incompetente que era o Presidente e deixou tudo isso acontecer. Pra quem acha que brasileiro é burro.
Eu lamento profundamente pelas mortes de tantas pessoas que nada tinham com o peixe no tal 11/9, mas fico me perguntando quantos americanos lamentam pelas centenas de milhares de pessoas inocentes que foram pulverizadas da existência em Hiroshima e Nagasaki ou que morreram em atentados e bombradeios porque Saddan Hussein NÃO tinha armas de destruição em massa. Sem querer desdenhar do sofrimento de ninguém, pimenta no zóio dos otro é refresco mas no nosso arde pra caramba!
tudo vira dinheiro nos EUA. Lembro de sua coluna “Explode de manhã enche a cara a tarde” toda vez que ouço falar em 11 de Setembro. Você correu lá pra pegar informação sobre o atentado e chegando lá os caras enchendo a cara.. kkkk
FG eu trabalhei dois anos entre 88/90 no Joelma e o que dá pra dizer é que era muito estranho entrar naquele prédio todo dia, onde cada pareda, cada escada parece que escondia alguma coisa. Nunca consegui descer pelas escadas do prédio certamente assombrado pelas lembranças que marcaram os meus 13 anos da época.As tragédias se dimensionam não pelo seu resultado ou impacto, mas pelos anos que permanecem em nossas mentes.