Ladaland (sábado)

SÃO PAULO (ficou simpático) – Recebo e-mail de famoso blogueiro, agora estabelecido, pelo que pude compreender, na Letônia, depois de breve passagem pela vizinha Lituânia. Como as coisas estão correndo bem, e nossos blogueiros se preocupam com a situação dos amigos, creio ser de bom tom relatar o que se passou nas últimas horas.

Kamarada Gomes, infelizmente as coisas não correram tão bem como gostaríamos em nossa querida Marijampole. As chuvas devastaram nossas lavouras de argila, areia e cascalho, e as vacas ficaram gripadas. Quando voltávamos de nossa primeira entrega na capital, já decididos a nos mudar para a Letônia, um turista do país que fica ao norte do México quis comprar nosso veículo. Vendemo-lo, pois que já tínhamos em mente a longa viagem até Riga, que se realizou sem maiores incidentes pelas planícies bálticas, a pé. Riga é uma cidade maravilhosa e resolvemos abrir uma oficina mecânica. Minha noiva canadiana pintou o desenho no portão, mas acho que teremos de fazer outra coisa. Já estamos há dias sem nenhum cliente, porque os carros daqui, dada sua qualidade, simplesmente não quebram. Talvez tenhamos de abrir uma escola infantil na semana que vem. Minha noiva também está plantando mel, que aqui é mais doce. Mas uma coisa é certa: de Riga não sairemos tão cedo, porque sempre achamos importante a integração com a comunidade e com a população local. Mandaremos notícias, Leandrov Alfonsov.

Acho conveniente a nova ocupação de nosso amigo, dado seu altíssimo conhecimento das coisas da engenharia e da mecânica. Mas pode ser que o local não seja mesmo o mais adequado. Vamos aguardar, dias melhores virão.

Subscribe
Notify of
guest

11 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Júnior: o verdadeiro
Júnior: o verdadeiro
16 anos atrás

Ao Gomes(será que é ele?):
Se ficou difícil a interpretação do meu texto, era só para dizer que não é um site para os amantes do automobilismo e saudosistas do DKW.
É só para dizer que: FUI!!!

Bianchini
Bianchini
16 anos atrás

Caro Veloz-HP, sua (como sempre) brilhante narrativa me lembra um pouco a história de meu pai, que formou-se em História em 1968 e, apesar de apolítico, largou a profissão em 1973 por estar cansado de ter de ir a delegacias após as aulas explicar o motivo de ter citado a Inquisição, Revolução Francesa, etc. Felizmente, em minha família jamais o vírus do marxismo se instalou, e jamais tive pesadelos como esses narrados pelos agentes da infecta CCCP que tentam macular sua imagem. Não me imagino dirigindo um Trabant ao invés de meu Monza, por exemplo.
A luta continua!

celentano
celentano
16 anos atrás

Caro VELOZ-HP, suas palavras expressam o que vai na alma dos que já viveram as épocas pré-globalização, expuseram a realidade de quem têm vivência e aproveitou as experiências dos mais sábios, continue a brindar-nos com sua verve. PARABÉNS e obrigado.

bafo
bafo
16 anos atrás

passei há pouco 2 dias em Riga e arredores e notei que a frota de carros já foi em boa parte “ocidentalizada”. Muitas limusines, inclusive, que dizem ser de mafiosos russos…. quanto à oficina de Ladas, acho que nao é mais um bom negócio :-)

dcoelho
dcoelho
16 anos atrás

O Veloz-HP vaificar milionário na Letônia!!!!!!!
A oficina mecânica dele não terá espaço suficiente para tantos Ladas carentes de manutenção!!!!

Gomes
Gomes
16 anos atrás

Esse cara aí embaixo está louco?

Júnior: o verdadeiro
Júnior: o verdadeiro
16 anos atrás

Ao Eminente Relator Veloz-HP:
Meritíssimo, venho aqui dar meu apoio ao seu caloroso depoimento, que como eu sempre soube respeitar a ignorância e a subjetiva mentalidade retrógrada de cidadãos, que se vangloriam de destruir o futuro do país.
Não esmoreça amigo, pois a tática dos praticantes da seita do Belzebu, que por hora do Palácio do Planalto reside, coordena um golpe sem tamanho visto na Pátria Mãe. Este meliante imagina ser proprietário de uma massa de acéfalos desprovidos de lucidez, que com toda certeza foram absorvidos pelo sonho da sua própria redenção. O Ali-Babá dos tempos modernos usa-os de maneira vil, perversa e desonesta.
Fico triste por saber que eu seria premiado com amizade desse Farnel, que se tornou hábito para mim, pela convivência alegre, salutar e porque não dizer sincera da amizade adquirida neste encontro de amantes do automobilismo. Pela simples razão da falta da reciprocidade do acionista majoritário deste blog, insiste em não evoluir e respeitar o direito da liberdade expressão dos visitantes, e não se contém ao ver expostas as verdades da sua seita vir a público, achando que todos os habitantes desta terrinha que Deus fez e Diabo se apoderou, estão comendo na palma da sua mão.
Sinto-me traído, não pela forma do Belzebu acusa quando não encontra meios para justificar-se dos absurdos casos de corrupção cometidos contra a nação, mas por este jornalista não reconhecer que os amantes do esporte que se reúnem para uma sadia convivência, sejam usados para alienação de cabecinhas prontas para outro falso Messias.
– Comigo não, Assombração!
Apesar de tudo que é feito a seu favor, nega-se a apreciar a verdade. Quando não suporta a verdade, simplesmente apaga-a, como o mais ridículo dos censores. Como um autêntico militante de partidos totalitários. Um militante do Estado totalitário. Parece-me dizer:
– Vocês não precisam pensar, eu sou a sua luz! Vocês não precisam de nenhum tipo de liberdade! Estarão felizes por me conhecer!
Repudia-lhe peremptoriamente, revistas voltadas para de figuras da mídia e celebridades e outras voltadas a atualidades, que não estão de acordo com a pregação de sua seita. Como se isto resultasse em algo de utilidade para ataques a manifestações populares. Mas os periódicos voltadas aos seus interesses, mesmo os mais desonestos imagináveis possíveis, torna público a sua admiração.
O ser humano só é realmente humano quando ele não se deixa corromper pelos desvios de conduta que o tira da liberdade. Dele e seus semelhantes. A liberdade é tão importante quanto o oxigênio é para a vida!
Por ter feito amizades como sua, amigo; e de tantos outros que seria uma injustiça esquecer alguém quero agradecer pelos momentos alegres e de muito conhecimento. Despeço-me e com a certeza da gente se encontrar em algum autódromo desse pequenino mundo.
Há luta, amigo!!! Há luta!!!

Renato Amorim
Renato Amorim
16 anos atrás

Veloz, sempre gosto de ler seus textos divertidos e bem escritos, e este não foi diferente. Mas seu pai, em uma sabedoria adquirida em uma circunstancia que faz com que as verdades da vida se tornem indiscutiveis, acertou em cheio! O pessoal da esquerda não se entende mesmo! Ha de tudo ali: Falsos comunistas (existe algum comunista que nao seja falso?), pseudo intelectuais, rebeldes sem causa, com causa, doutores, analfabetos,enfim, de tudo um pouco, mas com algumas coisas em comum: Todos, sem exceçao, se consideram perseguidos, vitimas, e todos são verdadeiras “nuvens pretas” com alguma coisa a reclamar.

Aston Martini
Aston Martini
16 anos atrás

essa vidinha medíocre de viver na miséria feito nômade tendo que sobreviver com empreguinhos medíocres e ter a unica lata velha que tem confiscada, além de ser enganado sendo roubado por pessoas que dizem estar “a serviço do povo”, bem lembra a infeliz vida dos nossos retirantes nordestinos.
Fazer o quê, a burguesia pseudo intelectual e os chiquinhos buarques da vida, tomando uísque em Paris ou nas suas poltronas da tok stok em seus apartamentos em Moema, olham para esses textos e acham engraçado, etc, mas não trocariam seus jantares no chico hamburger e seus Audis pela vidinha de caramujo na ut %!$&#vidinha comunista.

VELOZ-HP
VELOZ-HP
16 anos atrás

Bem amigos da Rede Gomes, boa tarde.
Esse texto e essa foto perpetrados pelos agentes komunas da CCCP, ao invéz de irritar-me, como seria o desejo deles, provocou um surto de saudosismo em mim.
Em 1968 quando eu tinha 12 anos a vida era mais agradavel no Brasil do que hoje. Para nós, jovens iniciantes na vida e nos prazeres mais adultos dela, era um turbilhão diário de novidades e emoções. Minha mãe e minhas tias eram professoras universitárias e viviam em constante apreensão por serem naturalmente de “esquerda” e viverem diariamente as agruras estudantis daqueles dias “negros” e ditatoriais turbinados pelo AI-5. Contrapondo-se a elas havia o meu tio, irmão da minha mãe, que era oficial do II Exército com patente de capitão da armada da artilharia. Nossos almoços dominicais na casa dos meus avós, era para mim uma farra ideológica com discussões acaloradas entre eles a respeito do momento em que vivíamos. Aprendi muita coisa a respeito da mente humana naquelas conversas intensas. O lado “esquerdista” da família defendia o fim dos grilhões militaristas e a volta da liberdade. O lado “conservadorista” defendia o controle das massas e a eliminação sumária das “maçãs podres” para não cairmos no abismo do caos.
Havia porém, a presença até esse momento silenciosa, mas atenta, do meu pai. Herói da II Guerra Mundial onde lutou pela R.A.F., no início como engenheiro de vôo nos bombardeiros Lancaster nas incursões noturnas sobre a Alemanha, depois como aviador de escolta e combate desses mesmos bombardeiros em lutas sangrentas pelos céus da Europa, que “nunca pareciam ser azuis naqueles dias” como ele sempre definia.
Normalmente era sempre dele a palavra final desses “embates”, até porque, ninguém naquela família tinha passado um milionézimo de uma fração do que ele, quando o assunto era lutas, guerras, mortes, sofrimentos, perdas e desespero humano. Dele escutei naqueles dias algo que nunca mais esqueci, e que se comprova a cada dia que vivo, que é o fato de que a esquerda sempre foi e é um saco de gatos. Ninguém se entende. Todo esquerdista convicto se considera o legítimo concessionário da verdade e não admite concorrência. Mas naqueles tempos de repressão esses antagonismos de diluíam e a vidinha fútil de muita gente ganhou uma nova dimensão, e vibrante, quando eram perseguidos. Havia, claro, a reação de gente fardada, bronca e subletrada (na visão deles) que pudesse dispô-los como roupa suja num cesto. Mas era compensada pela imensa superioridade moral que sentiam em relação a eles.
Os mais jovens por aqui mal podem imaginar como era encantador a um adolescente viver esses momentos sem tomar partido de nenhum dos lados, apenas aprendendo a ser gente com pessoas que tinham muito a ensinar sobre vida.
Infelizmente para mim, todos eles já se foram. Mas é interessante notar aos olhos de hoje que eles sairam incólumes e mais fortes daqueles dias. O meu tio deu baixa do Exército pouco tempo depois, e foi dedicar-se a ganhar dinheiro em vários empreendimentos, um deles, inclusive, era um centro automotivo sensacional e pioneiro para aquele ano de 1970. Minha mãe e tias continuaram sua vida acadêmica formando-se em várias outras especialidades mas, sem envolvimento político com mais nada a não ser a cultura. Meu pai trabalhou como engenheiro calculista de estruturas até se aposentar em 1982 e curtir um prazeiroso ócio até morrer em 1987.
Estranhamente aquelas conversas tão legais para mim nunca mais se repetiram. Houve, eu acho, algum tipo de pacto entre eles e então, assuntos políticos nunca mais foram tratados com respeito e paixão dentro de nossas casas. Creio que o Brasil conseguiu descontentar a todos, tirando a culpa ou o dano de ambos os lados de sua história. Ao contrário da II Guerra Mundial que provocou no meu pai um enorme senso de justiça, aliado a uma intolerância absurda para com ignorâncias e safadezas humanas, e tudo somado a um infinito amor pelo Brasil.
Que maravilhosa salada, não ?
São coisas assim que vivem rondando minha memória cada vêz com mais frequência, conforme os anos avançam e as pessoas queridas vão desaparecendo fisicamente.
Atribuo também a isso o fato de jamais na minha vida ter consumido qualquer tipo de droga, legais ou ilegais. Sempre tive repulsa de atrelar minha vida a uma substância, por uma falsa euforia.
Para que, se ela sempre foi cheia de alegrias e euforismos naturais, a começar de dentro de minha própria casa ?
E tudo isso que escrevi veio à tona olhando essa pintura rupestre e pré-histórica de algum animal vermelho retratado por algúm aborígene que desejava se comunicar com as gerações futuras sobre sua vidinha comezinha. O que queria ele nos dizer ?
Não tenho a menor idéia porém, continuamos com a mesma agressão que geneticamente contraímos na pré história, mas avançamos muito em conhecimento.
Sabemos, ou deveríamos saber, por quais coisas vale a pena lutar e quais coisas ou pessoas agredir.
Eu não bebo nada alcoólico, nunca gostei. Mas meu pai adorava champanhe e sempre me dizia da infinita capacidade do ser humano em pesquisar para sobreviver. Uvas tratadas de 1001 maneiras diferentes até que rendessem um gosto que superasse o do espumante produzido pela aldeia vizinha. O socialismo brocha a criatividade humana. A criatividade da competição é uma idéia incompreensível para essa raça de mirmidões que só sabe se nivelar por baixo porque essa é sua natureza.
Grande sr. Alfonso, meu pai, que aos 18 anos já jogava bombas na Alemanha nazista e me ensinou como é bom lutar pelo que se acredita.
A luta kontinua, a luta kontinua…

D.Pierotti
D.Pierotti
16 anos atrás

Quando Stanley Kubrick produziu e dirigiu o filme Doutor Fantástico ( Dr. Strangelove), ele não podia imaginar o roteiro impressionante de Veloz HP pelas bucólicas paissagens vermelhas.