el cordobés (12)

CÓRDOBA (amor é isso) – Essa foto aí em cima, para mim, é emblemática — como gostam de dizer os intelectuais. Um casal de velhinhos circulando pela montanha, sem a menor pressa ou preocupação. Há quantos anos gostam de corridas? Há quantos anos vêm aqui? Essa é a 28ª edição do Rali da Argentina. Será que se conheceram num barranco desses? Trocaram olhares admirados à passagem de um Lancia, ou de um Audi quattro? E se apaixonaram para todo o sempre?

Gosto de olhar as pessoas e pensar sobre as vidas delas.

Parei para tomar um café. O pessoal com quem estava se dispersou, fiquei sozinho. Também gosto de andar sozinho, por minha conta. Parei para tomar um café de garrafa térmica, a filha deste homem, mãe do menino, que serviu. Três pesos. Quentinho e gostoso.

Comer? É fácil. Churipan na rapaziada. Também há dias a barraca está montada. Não tem fila. Não tem ficha. Não tem leitor de código de barras. Não tem “já registrei no sistema”.

Tem churipan e empanadas.

E sobe o morro, e desce o morro, e procura um lugar para enxergar um trecho da pista. Fiz uma conta besta. Passam, por etapa, uns 40 carros diante de seus olhos. A cena não dura mais do que 5 segundos. Cada trecho recebe dois estágios por dia, um de manhã, outro de tarde. Se você vir todos os carros passarem, dá 400 segundos. Uns 7 minutos. E a turma fica lá dois, três dias. Em troca de 7 minutos de carros. E dois, três dias de felicidade.

Ou você imagina que o dono dessa caminhonete não passou três dos dias mais felizes de sua vida estacionado no morro?

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