A LAMA
SÃO PAULO – Tenho relutado um pouco para escrever sobre a tragédia na região serrana do Rio porque temo que vire uma discussão político-partidária aqui, algo que é desgastante para qualquer um e na maioria das vezes me dá vontade de fechar o blog, a empresa, sair do ramo e ir viver na praia sem computador.
Tem muita gente discutindo o que aconteceu, tentando entender, procurando culpados (sempre se procuram culpados), refletindo sobre o que pode ser feito para que não aconteça mais. Gente preparada, gente que caga regra, gente que adora tripudiar sobre cadáveres.
As imagens aéreas que mostram as montanhas rasgadas por rios de lama falam por si. É, acima de tudo, uma tragédia natural. O planeta está cobrando a conta e não é coincidência a inacreditável série de desastres dos últimos anos: tsunami, enchentes em Santa Catarina, alagamentos diários em São Paulo, Katrina, nevascas inacreditáveis nos EUA e na Europa, Haiti, Chile, China, Austrália, Portugal, Niterói, a Terra é um planeta perigoso.
O que é inaceitável é que bilhões de habitantes desta bola azul, detentores de tanta tecnologia e conhecimento, ainda vivam de modo medieval, sujeitos à inconstância do clima e à fúria da natureza. A maioria dos fenômenos hoje é previsível, e o mundo tem dinheiro e recursos materiais suficientes para priorizar aquilo que importa: a defesa da vida.
Governantes são eleitos para resolver problemas, que resolvam. Construções em áreas de risco têm de ser removidas, ponto. Soluções? Como fazer? Problema deles, são eleitos para isso. É claro que a dimensão do que aconteceu no Rio indica que essa chuvarada toda provavelmente destruiria muita coisa, mesmo aquilo que teoricamente tivesse sido erguido em áreas seguras. E isso de fato aconteceu. Relatos de moradores da região são muito esclarecedores nesse sentido e indicam que mesmo áreas que nunca foram de risco, distantes de encostas e de margens de rios e córregos, como na zona rural de Teresópolis e Nova Friburgo, foram devastadas pela violência da enxurrada. Mas é igualmente claro que o número de vítimas seria muito menor, infinitamente menor, se medidas de prevenção tivessem sido tomadas, se a ocupação irregular de encostas e margens de rios tivesse sido reprimida desde 1500, se o Brasil não fosse um país desigual que leva seus miseráveis cidadãos a erguer um barraco onde der, porque milhões de hectares de terras estão nas mãos de poucos — pessoas físicas e grandes conglomerados industriais que bradam seus papéis de reintegração de posse a cada invasão ou ocupação de gente desesperada que não tem para onde ir.
É hora de as autoridades começarem a se mexer de verdade. Ontem vi na TV que só na cidade de São Paulo mais de 120 mil pessoas vivem em áreas impróprias, vulneráveis a qualquer chuva. Que sejam retiradas e assistidas, de maneira humana e civilizada. Cancelem a Copa e a Olimpíada e usem o dinheiro para erguer novos bairros, planejados, apropriados. Desapropriem áreas desocupadas que só servem à especulação, redesenhem as cidades, minimizem os riscos. Tirem a bunda da cadeira. Sejam machos, enfrentem os problemas de frente. Não se trata, agora, de politizar a questão. Perguntem aos familiares dos mais de 600 mortos da Serra se eles estão preocupados com o partido do governador, da presidenta ou de seus prefeitos.
Há urgência na discussão e solução desses problemas, não adianta ficar apontando o dedo para este ou aquele, é preciso entender que é cada vez maior a probabilidade de desastres naturais, tantas foram as agressões ao meio-ambiente perpetradas pelo homem nos últimos dois séculos. Não dá para fingir que são apenas fatalidades. O mundo precisa parar para balanço.
Bem, no caso do Rio, para não dizer que estas linhas nada têm a ver com a natureza original do blog, é legal ver o que está fazendo Nelsinho Piquet, arrecadando fundos e prometendo doar em dobro, do bolso, aquilo que conseguir através de seus seguidores no Twitter. Bem diferente de ações que soam oportunistas como a de Luciano Huck, que está usando uma empresa de sua propriedade para que as pessoas se cadastrem para fazer doações. OK, o dinheiro será integralmente doado, mas essa empresa da qual é sócio é um site de compras, e cadastros em sites de compras valem ouro. Por que ele simplesmente não divulga os canais convencionais para seus milhões de seguidores? Por que não doa parte de seus milionários ganhos em vez de explorar a tragédia para posar de bonzinho?
Posso estar sendo injusto, as intenções podem ser as melhores, mas esse assistencialismo com claros ganhos midiáticos e mercantis não me convence. Não há nada de errado em usar as estruturas de que se dispõe para ajudar. Redes de lojas, supermercados, restaurantes, empresas, transportadoras, todos estão ajudando. Mas ninguém está pedindo cadastro, sorry. Sei lá quanto o site de Huck e de seus sócios vai arrecadar, mas certamente será menos do que eles podem doar anonimamente e certamente os ganhos em médio prazo serão maiores para sua página de cupons na internet. Acho meio escroto isso. Mas, repito, posso estar sendo injusto, sei lá.
Ainda sobre tragédias, é bom que se diga que a Mata Atlântica sempre foi muito sensível a chuvas fortes, a constituição das montanhas é propícia ao encharcamento e deslizamentos violentos de pedras e árvores, além de terra em quantidades fenomenais. Um desastre ainda maior que o da semana passada aconteceu em 1967 na Serra das Araras, com o número de mortes estimado em mais de 1.700, conforme o relato estarrecedor deste site aqui. Gozado que ninguém está falando muito daquela desgraça também causada pela água.
Portanto, que se aprenda com os avisos que vêm do céu. Ninguém está a salvo.
* A foto acima é de Fabiana Uchinaka, publicada hoje no UOL. Muitos blogueiros me enviaram. Reproduzo apenas pela curiosidade, sem a menor intenção de fazer qualquer piadinha com os carros de que gosto. Um Lada apareceu também na TV na época em que explodiu o caso do goleiro Bruno, lembram? Foi chamado de “carro velho” num infográfico que a “Folha” publicou na época. Achei engraçado, na ocasião. Bem, carros velhos ou novos, não importa. São só carros.
Enquanto fazia compras pra minha casa, me senti profundamente triste por não poder ajudar aquelas pessoas que estão sem nada, porem, também refleti e acabei enxergando que uma situação como esta, deveria ter um plano do governo pra assistir a estas pessoas imediatamente com as necessidades básicas e não ficar implorando por donativos, e se não houvessem doações? As pessoas morreriam de fome? Dormiriam no relento? Eu sinto que os pedidos de ajuda com doações soam desesperadoras como se esta fosse a única maneira de alimentar e vestir o povo desolado. Pensei, deve existir um plano de conveniência entre mídia e governo, a mídia explora a desgraça e alavanca a audiência, aproveita e pede doações pra ficar bonitinho, enquanto o governo só age naquilo que ainda ninguém fez nada. Não me confomo com isso. Eu sei que a solidariedade ajuda muito, mas isso é uma qualidade do ser humano, isso sempre irá existir. Sou a favor da doação, é lógico, mas não podemos encarar isso como um problema só nosso. Quem deve estar muito transtornado nessa história, é o nosso governador, que teve que interromper sua viagem internacional de férias…rsss
Falou bonito, homem. Visão lúcida e muito feliz. Eu, como grande entusiasta da não patidarização de qualquer problema, aplaudo de pé. Não há nada a completar ao seu comentário. Disse tudo.
O homem tem que se preocupar para a natureza, pois a natureza está se lixando para o homen.
flavio o comentario que estou mandando é o refrão de uma musica de um grupo de rock espanhol chamado “Mago de Oz” e diz o seguinte
Todo mal que me faz a ti tambem faras
pois a terra é o seu lugar
igual a amar tambem sei castigar
a vingança de Gaia terás
O planeta está cobrando a conta e não é coincidência a inacreditável série de desastres dos últimos anos: tsunami, enchentes em Santa Catarina, alagamentos diários em São Paulo, Katrina, nevascas inacreditáveis nos EUA e na Europa, Haiti, Chile, China, Austrália, Portugal, Niterói… Papo furado, fenômenos climáticos como os citados sempre ocorreram e sempre irão ocorrer na história do planeta! Já ocorriam antes da existência dos seres humanos e irão continuar ocorrendo após a nossa inexistência !!!
Texto sensacional, maravilhoso. Não to puxando o saco não, mas representa exatamente aquilo que penso, quando se trata de vidas, e são muitas vidas, devemos deixar qualquer discussão político-partidária de lado. Concordo plenamente com você, deixa Copa do Mundo e Olimpíadas de lado e vamos cuidar do nosso povo, dos brasileiros que morrem todos os anos vítimas desses desastres que, como você disse, são completamente previsíveis e sem dúvidas temos ferramentas para solucionar o problema, com investimento em infra-estrutura e retirada dessas famílias de encostas e regiões com perigo de deslizamento.
Concordo com quase tudo o que foi dito!
Os números poderiam ser bem menores.
Só não entendo porque os jornais e quase ninguém, questionou a demora para o envio de tropas para os locais atingidos.
Caramba, por que não mandaram logo no dia seguinte, têm um monte de gente lá ainda, e um monte de helicóptero parado em quartéis.
Há imcompetência para previnir e também para remediar.
mas também há dinheiro para emprestar pro FMI e para ajudar o Haiti.
O Haiti é aqui. Nossos governos nunca aguentaram com o cheiro do próprio rabo e resolvem ir lavar o dos outros
Tem mais uma questão que um leitor de outro blog levantou. Os comunicados que o sistema emite são mal redigidos, numa linguagem eufêmica e fraca: “chuvas moderadas a fortes” e coisas do tipo. Qual o prefeito que vai tomar a iniciativa e mandar evacuar todos os morros, diante de um relatório desses?
Concordo plena mente com FG devemos cancelar a Copa do Mundo e as Olimpíadas e usar o dinheiro para retiras as pessoas das áreas de risco.
Temos casa em Teresópolis desde 1973 e meu pai foi sócio da maior construtora de Friburgo dos anos 60 aos 80, e também temos um sítio em Brejal da Posse em Petrópolis portanto conhecemos bem a serra. O populismo infelizmente nos últimos 20/25 anos fez da segurânça, o ordenamento, e a habitação com uma moeda de troca por votos. Logicamente o preço tardou mas apareceu agora.
Nos últimos 15 aos nunca se constuiu tanto na beira dos rios, já que os morros estavam ficando cheios e perigosos, mas beira de rio em vales apertados também não é nada seguro.
O preem vidas, perda de patrimônio histórico e vidas poderia ter sido muito menor se as cidades tivessem crescido de modo mais consciente.
Parabéns pelo texto. É isso aí mesmo. Vocês que têm o poder de escrever, e bem, não podem relutar. Nem que vire uma discussão político/partidária, o povo precisa saber o quanto estão sendo enganados pela mídia/política aproveitadora. Chupei aquele estarrecedor site sobre 1967, nunca tinha ouvido falar sobre esta tragédia e repassei para todos os meus contatos,espero que outros também façam isso. Espero não ser ilegal.
Um abraço e bom retorno.
OK, pior do que o Luciano Huck seria então o Abilio Diniz que coleta doações compradas em seus supermercados. mas quem sou eu para criticar , mas a lógica é a mesma
Ele coleta doações compradas em qualquer lugar. E envia para lá.
Só uma pergunta: o que a CBF, que tanto já explorou o nome da cidade de Teresópolis por causa de seu centro de treinamento, fez até agora para ajudar os moradores da cidade? Acho que nada… Eu já fiz minha doação. E se eu não tiver notícia alguma de que essa entidade ajudou, nunca mais assisto um jogo ou compro nada relecionado à seleção deles (deles mesmo, da CBF, porque do Brasil não é). Faço até campanha…
Pois é amigão.
Teve també, o desastre em Caraguatatuba em 1967 que matou quase 500 pessoas.
A montanha caiu sobre a cidade.
Enfim problemas que podem ser minimuzados pelo poder da vez, seja ele qual for.
A pergunta é: será que há vontade de realmente fazer alguma coisa?
Alertas foram dados antecipadamente e ninguém deu a mínima.
Que sirva de lição a quem procura a glória de ser governante,
Louvem-se nas providencias tomadas ANTES da enchente na Austrália, bem maior que a nossa em volume d’água, apesar da diferença de topografia.
Quanto ao pessoal que está colaborando, parabéns. O lado mercantilista infelizmente sempre dará o ar da graça.
Texto brilhante, comedido,
Tem nenhum viés político.
O lápis descansou e ficou bem afiado.
Mantenha.
Abraço.
Só de sacanagem com o Nelsinho vou doar 5 milhões.
Falando sério agora não tem comparação entre o Nelsinho e o babaca
Esse caso da Serra das Araras, minha mãe já tinha me contado, em que carros e pessoas foram arrastadas…elaera carioca e eu tinha 2 anos de idade e me contou dessa tragédia
Gomes, você já leu o livro “Gaia – A new look at life on Earth” de J.E. Lovelock? Acho que vai na linha dos seus pensamentos…
Acompanho o blog desde sempre, anonimamente (acho que este é somente meu segundo ou terceiro comentário em todos estes anos). Parabéns pelo trabalho independente e sem puxa-saquismos, o que é bem raro hoje em dia.
Alex
Só acho que fazer a nossa parte vai além de eleger os políticos e esperar que eles resolvam tudo (e nem isso estamos – nós, sociedade – fazendo direito).
Além de coisas como não emporcalhar as cidades, como o pessoal já disse, seria uma boa as pessoas fecharem as pernas e pararem de ter trocentos filhos, superpovoando um planeta com recursos finitos.
Mais um dos sócios mercenários… arrecadando no meio da desgraça… afinal, que mal há em arrecadar 1000 para dar 10? “É preciso levarrrr vantagem e tudo, cerrrrto?”
Plenamente de acordo, principalmente em relação aos espertalhões , que vão desde esses mencionados, até os gatunos de ocasião, que ficam pilhando tudo, e são afinal de contas, o motivo de ninguém querer sair das áreas de risco, porque ausentar é entregar o ouro pro bandido, que rouba tudo. Daqui a pouco se saberá que as doações estão sendo vendidas, e por aí vai.Se o ser humano fosse de confiança, o Estado perderia a razão de existir, por isso, o que sustenta o Estado são os canalhas da nação, não os honestos que respeitam a lei, e pagam impostos!
As catástrofes virão, isso já deu pra perceber, o tsunami virá cheio de merda, culpa nossa!
A Terra está retomando o que lhe pertence.
Já estive pensando numa elucubração sobre as enchentes em Sampa.
Como fazer para aumentar a vazão dos leitos dos rios?
Que tal construir comportas móveis de cada lado das margens dos rios, até
a altura de pontes.
Como os rios não podem crescer nas suas margens e para cima, será que podem?
Flavio, a respeito do Lucino Huck, ontem ainda sem saber dessa babaquice dele, eu já achei o cara um babaca por conta da nova propaganda da Honda (motos), lembrei que há bem pouco tempo ele fazia propaganda da Dafra, lembra?. O cara é do tipo “quem dá mais”. Mas a Honda também não é santa não, porque se eu estou na decisão de quem contratar pra fazer o anúncio o último que eu contrataria seria o cara que ajudou a pelo menos diminuir meu lucro. Honda e Luciano se merecem.
parabens assino embaixo! so pra lembrar como sao os politicos eles sobem seus salarios na segunda e ja recebem na terça! agora dizem que o fgts dos pobres coitados que estao so com a roupa do corpo tem de esperar nao sai de imediato! ai e pra acaba essas horas me envergonho de ser brasileiro
Caso como o do Luciano Hulk é apenas mais um nesse universo de aproveitadores, outro caso recente é do jogador Ranaldo Gaucho recém contratado pela globo para jogar no flamengo. Esse pseudo autruísta montou uma instituição com o seu nome para atender crianças carentes só que o dinheiro que mantém a instuição é público. Gozar fama com dinheiro alheio é facil !!!
Nego aqui não alivia nem sofrimento para se dar bem….aguenta Brasil !!!
Parabéns, Flávio Gomes. Texto perfeito, concordo em 100%. Gostaria muito que mais pessoas pudessem ler textos desta qualidade e REFLETIR, pois aproveitadores de ocasião existem aos montes.
Será que algum dia iremos EVOLUIR COMO CIDADÃOS? Tomara, mas tá muito difícil.
Que texto, impressionante a qualidade.
Parabéns, mais uma vez.
E o que me deixa mais triste é saber que nada será feito, janeiro de 2012 tem mais… tem sido assim desde que me lembro como gente… é uma pena.
Não é momento de discutir o que poderia ser feito ou o que se deixou de fazer para evitar a tragédia, e tal… O momento é ajudarmos com o que podemos, da forma que podemos.
Se o internauta não quiser ajudar por causa de cadastro, há outras formas de ajudar sem ser incomodado.
Deviam existir mais jornalistas como você.
E os que existem deviam escrever mais.
Essa matéria sobre a tragédia na Serra das Araras foi publicada no jornal em que trabalho, legal eles terem colocado o link.
Meus Caros
A incompetência maior agora é na forma como estamos lidando com a tragédia
att
guilherme
E completando, acho que criticar é uma coisa pesada mesmo. Mas também acho que é no mínimo discutível certas formas de ajuda.
Nasci e cresci em Teresópolis. E dói ver que esta linda cidade, abandonada pelos meia dúzia de exploradores, que não fazem nada pelo bem comum e não deixam outros fazerem, sofre uma tragédia tão absurda junto com Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Rio Preto, Areal, Sumidouro…
Até quando os políticos terão interesses eleitoreiros somente e o povo brasileiro seguirá permitindo que seja assim tão na cara de pau. Não fazem o necessário com medo de perder votos.
Um sistema de alarme irá demorar 4 anos. Então teremos que contar com a sorte pelos próximos quatro anos.
Os problemas de enchentes e desabamentos são velhos conhecidos meus. Hoje o centro da cidade não inunda mais, mas quando criança puder ver algumas vezes sua principal avenida, a Feliciano Sodré, com apenas as copas das árvores para fora da água. Um caos.
Então fica claro o descaso do poder público brasileiro em relação a ocupação desordenada das cidades. Não houveram iniciativas de controle, deixaram a ocupação chegar a lugares de risco, não prepararam o crescimento das cidades e deu no que deu. A festa de indicações políticas para cargos administrativos e técnicos tem uma culpa enorme nisto.
Quando os eleitores do Brasil irão aprender a cobrar continuidade de certas políticas básicas e não aplaudir políticas de cunho eleitoreiro somente?
Um belo dia alguém resolveu separar o homem do resto…e, a partir daí a gente sempre fala do “homem e a natureza”, como se o homem não fosse parte da natureza!!!!!! A partir daí, por não se considerar parte da natureza, o homem passou a usurpá-la.
O homem é o maior usurpador que existe. Usurpa a si mesmo, ao próximo e ao planeta.
Isso tem um custo.
É muito interessante julgar os culpados, infelizmente somos todos nós q passivamente deixamos este governantes q temos aí, muitos não notaram, mas depois de visitar a tragedia e se comover, a nossa presidentA fez uma reunião ministerial comemorativa as gargalhadas, tapinhas e comemorações, de q? das verbas q sairão?, pq tanta alegria q as televisões mostraram na integra, pq aqui os voluntarios não consegue distribuir pq têm de ser cadastrados e, infelizmente não existe nenhum comando civil na cidade. Sabado um grupo do qual fiz parte saimos junto com a Cruz Vemelha para doar e encontramos total desorganização das entidades municipais, tivemos q procurar por nossa conta para fazer chegar aos necessitados, A FOME É IMEDIATA, A SEDE IMPLACAVEL, POBRE PAÍS.
Infelizmente, essa não foi a última catástrofe do gênero. Se nada for feito, com urgência, em breve teremos mais. A formação da Serra do Mar é propícia a desmoronamentos. Essa formação – rochas cobertas por fina camada de terra -, aliada a ocupação desordenada do solo acelera os desmoronamentos. Não sei como, mas há relatos de deslizamentos desde o século 18. A diferença é que, naquela época, a Serra não deveria ser tão povoada como é hoje.
O momento não é para se buscar culpados. É preciso socorrer as vítimas. Mas algo precisa ser feito, de modo urgente, para que essas famílias, que não estão nas encostas por opção, tenham lugar seguro e digno para viver.
Independentemente de partido político, é isso que esperamos de nossos governantes.
Gomes, há outro problema em se retirar as familias de áreas de risco: As pessoas só querem morar em São Paulo, Rio de Janeiro, BH, etc… já pensou se as pessoas fossem enviadas para (sei lá) 100km de distancia de onde morarm?
Eu costumo dizer qdo vou para SP com minha esposa: “Essa gente vive empilhada uma em cima da outra nas encostas desses morros (Pirituba, Perus) e arrotam que moram em SP. Que cazzo de vida é essa?”. Agora a natureza está cobrando os juros dessas irresponsabilidades. No meu entendimento, isso não é castigo de Deus, é um risco calculado. É só olhar as casas dos morros… todas elas tem 2 ou 3 pavimentos, construídas com materiais de construção comuns… não preciso comentar mais.
Vi no jornal da EPTV ontem que as comportas do sistema Guarapiranga (ou Cantareira… me confundo sempre) estão abertas e, com isso as cidades no caminho dos rios (Serra Negra, Socorro, Pedreira, Amparo) estão com o nível de água altissimo e, caso as comportas se rompessem, estas cidades que estão neste caminho, seriam arrastadas rio abaixo, e este risco existe de verdade!
Ao final de tudo isso, um novo relevo se formará. Essa terra que deslizou, ficará imprópria para construção por centenas de anos… esta gente terá que arrumar outro lugar para morar com certeza, mas, a minha pergunta é: “Quem é que quer sair da capital ou região metropolitana?”
FG a cada dia que passa o meu respeito pela sua pessoa aumenta. Sei que o seu foco é o automobilismo mas depois de tanto tempo acompanhando seu blog creio que suas opiniões sobre assuntos de nosso cotidiano expressam de maneira inteligente o pensamento de seus seguidores. Vejo vc como um grande articulista e suas colunas deveriam estar em algum jornal de grande circulação. Obrigado.
Flávio, sou arquiteto e urbanista. Solução eficaz somente à longo prazo, mas à curto prazo dá para fazer um sistema de alerta para evacuação. Pelo menos salvam-se as vidas.
as vezes leio suas posições políticas explicitadas no blog e o entendia como um progressista, com tendência ao mero reformismo (principalmente pelo aparente cego apoio à governança petista). No entanto, faço questão de lhe dizer o quanto me felicitou suas palavras. São irretocáveis as observações e críticas apontadas no post. Assino embaixo.
Mandou bem , como sempre .
Ano vem, ano sai, os problemas continuam os mesmos. Enchentes, desmoronamentos, falta de energia, buracos nas pistas e rodovias, pontes caindo. Soluções? Simples e ao mesmo tempo complexas. Porquê? Porque não é do interesse do poder público reparar e sim corromper. Não é necessário ser expert no assunto para entender que nossas tão queridas hidroelétricas são nada mais que bombas relógio na época de chuvas, abrindo as comportas e liberando rio abaixo o excedente que vem de cima, energia tão limpa que desmata ou submerge uma área tão grande de fauna e flora que dariam uma reserva ambiental admirável a qualquer país com a área da Inglaterra. Por outro lado temos a Energia Nuclear, que gera resíduos, mas ocupa pouco espaço, polui gerando resíduos nucleares mas não causa danos diretos ao meio ambiente (com exceção de Chernobyl)como sua colega hidroelétrica que depende única e exclusivamente de chuva senão a energia já era.
Para desmoronamentos, buracos nas pistas a solução é ainda mais simples, políticas públicas de conservação e planejamento. Departamentos estaduais de conservação com engenheiros arquitetos, agrônomos ou engenheiros florestais que primem e vistoriem exclusivamente aquilo que é nosso, que visitem pontes em todos os estados, que atestem sua segurança, que vistoriem estradas e identifiquem possíveis problemas, que façam a manutenção antes que as mesmas desabem e matem inocentes. Para tal fato, é necessário que os técnicos assumam as responsabilidades pela qual foram diplomados;
É difícil eu concordar com vc em genero, número e grau, mas desta vez, me parece que vc começou 2011 bem.
Como nem tudo é perfeito, vamos lá.
1- É “a presidente”, bitte sehr!
2-Não estou certo que a mais avançada das tecnologias consiga dominar total e eternamente a força da natureza.
Ainda bem, pois só a força dela consegue “baixar a bola” do orgulho do Homo Sapiens.
Devemos tomar providencias para evitar tragédias, preservar a vida ao invés de inventarmos soluções mirabolantes e insensatas para controlar tudo.
3 -Vc está certíssimo a respeito de cancelar Olimpíadas, Copa e outros escumbaus!
Essa palhaçada só serve para criar as “comissões de obras” para os mafiosos das urnas.
Mas, se aqueles desocupados de Brasília apenas liberassem a grana para que se cumprissem as leis de proteção ambiental, para a desocupação das áreas JÁ MAPEADAS ANTERIORMENTE, a grana para prevenir ao invés de remediar, já estaria razoavelmente bom.
4-Tenho certeza que as pessoas físicas e “grandes conglomerados industriais” latifundiários, prefeririam ocupar os seus espaços, se o governo os dirigisse com mão firme para isso.
E isto é fácil, muito fácil.
Basta ter, como em alguns outros países, um governo que trabalha para o povo, que está comprometido com o Brasil.
Só o exemplo, a postura deste comprometimento, o firme cumprimento das leis já serve para que toda a sociedade (empresários e latifundiários, inclusive) perceba rapidamente que algo mudou, que o país é sério e que todos devem entrar nos eixos para uma sociedade mais equilibrada
Senão, o braço da lei pega e a espada da justiça desce o sarrafo.
Mas, entra ano, sai ano, e não aparece esse tipo de governo…
O problema é que falta MATERIAL HUMANO, gente SÉRIA, de CARÁTER, que faça a diferença!
Aliás, primeiro precisa definir o que é caráter para a molecada neste mundo super dúbio, onde o legal é se “dar bem”, ser rico vivendo sem trabalho, estudar na escolinha da Malhação, ser modelo siliconada, talvez sair na capa de Caras com uns bacanas da Globo, uau, bem do jeitinho que a TV, jornais e revistas mostram.
E quando gente séria, de caráter, idealmente comprometida aparece na política, sem respeitar interesses, sem acertar as maracutaias, essa gente não dura nada, é esmagada, posta de lado pelos instrumentos “midiáticos de ocasião”.
Agora o bom é: Tiririca, para ministro do Planejamento e Habitação!!!
Numa boa, sem querer sacanear ninguem, mas sempre achei esse garoto, esse tal de lucinano huck, em minusculo mesmo, um babaquinha. Uma figurinha que posa de bom moço, mas um tremendo de um marqueteiro, O Nelsinho, uma boa oportunidade de mostrar que cresceu, amadureceu, e se tornou um homem.
O Sergio Cabral chorouuuuuuu quando por causa dos Royaties do petróleo, alguém viram o cabra chorar agora? não como sempre o vice tava lá e o bonitão chegou depois.
Não nada de ideológico nesta questão, camarada. É só a natureza cobrando o preço mesmo.
Ouvimos todos os dias que quase nada resta da Mata Atlântica mas estes governantes de m. incentivam ocupação em todo lugar que não deve. Fazem a mágica de transformar paraísos ecológicos em áreas de risco que acabam por cobrando seu valor em vidas.
Suas afirmações fazem eco com meus penamentos em quase todos os aspectos. Só divirjo em relação às responsabilidades. Elas são de todos, inclusive daqueles que constroem em áreas de risco, com a justificativa de serem pobres. O resultado é o mesmo, e inexorável. Mesma coisa para quem joga lixo na rua e etc. A semeadura é aleatória, mas a colheita é compulsória. E parem de votar em corruptos, apenas porque convém, naquele momento. O resultado é sempre o mesmo.
Ops: Exceção
Parabéns pelo texto Flávio! Magnífico!