SOBRE DOMINGO À TARDE
A IMAGEM DA CORRIDA
SÃO PAULO (tristeza imensa por Isabel) – Ô ano que não acaba…
Bom, temos de seguir em frente. GP de São Paulo, do Brasil, como queiram. Mas como foi rebatizada, a corrida, uso de minha prerrogativa de abrir mão do verde e do amarelo para colorir este rescaldão quase secreto, que o ranço só aumenta.
A imagem da prova, claro, poderia der qualquer uma de Russell. Foi sua primeira vitória. É inesquecível. Adiante deixaremos algumas aqui, para a posteridade.
Mas ficarei com o clique de Rodrigo Berton, do Grande Prêmio, que pegou a sequência do esfrega-esfrega entre Verstappen e Hamilton no começo da prova. “Eu perdi cinco segundos, ele perdeu a corrida”, falou Max, que confessou: “Vi que ele não ia deixar espaço e que a gente ia bater, e deixei bater mesmo.”
Eu faria o mesmo. Na hora, achei que Lewis foi o culpado. Continuo achando. Fato é que quando Verstappen disputa posição com Hamilton, qualquer posição, seu comportamento na pista é, digamos, peculiar. Bem diferente de outras disputas com outros pilotos. E o mesmo pode-se dizer de Lewis: ele é um contra qualquer um, e outro contra Max.
Faz parte. Rivais se reconhecem e são mais duros que a média quando o embate é inevitável.
A FRASE DE INTERLAGOS
“Ele mostrou quem realmente é. Tem de lembrar que se se é bicampeão, deve isso a mim.”
Sergio Pérez
A treta entre Pérez e Verstappen no fim da corrida pode ser explicada rapidamente assim: a Red Bull pediu que Max deixasse o mexicano passar para somar mais uns pontinhos na luta pelo vice-campeonato, o holandês não deixou, a equipe perguntou o que tinha acontecido, ele disse que já tinham discutido o assunto e que não queria mais que lhe pedissem para fazer aquilo, e que tinha suas razões e iria sustentá-las, ao que Pérez disse a frase acima, magoado e exagerado.
Agora, o que se chama de contexto…
Aparentemente tudo começou no dia 28 de maio deste ano, foto acima à esquerda. Faltava pouco para terminar o Q3 em Mônaco e Pérez, que estava na frente de Verstappen, bateu bisonhamente na entrada do túnel. Uma batida tão besta que Sainz, que vinha atrás, não conseguiu evitar o carro do mexicano ali atravessado. Max vinha numa volta boa, talvez para a pole, certamente bateria o mexicano. A sessão foi interrompida e ele não teve tempo de tentar superar o companheiro.
Desde então há suspeitas de que Pérez tenha batido de propósito, para garantir que largaria à frente de Verstappen, o que em Mônaco, é essencial — e ele, efetivamente, ganhou a corrida, embora na primeira fila estivessem os dois pilotos da Ferrari. Verstappen insinuou a desconfiança naquele dia mesmo pelo rádio. A imprensa holandesa, depois do GP de Interlagos, publicou informações, sem citar fontes, dando conta de que Pérez teria admitido a sacanagem para alguém no time.
Acho difícil, porque uma equipe sabe, apenas olhando dados de telemetria, se um piloto faz uma coisa dessas de propósito. E quem faz isso não merece respeito. E três dias depois, a Red Bull anunciou a extensão do contrato de Pérez até o fim de 2024. Faria isso se tivesse provas de que o cara é desonesto, antiético, um escroto? Duvido.
Mas que a desconfiança persiste, persiste. A Red Bull garante que conversou com ambos assim que terminou a prova e que Max vai ajudar Checo em Abu Dhabi, se precisar. Isso ainda vai dar pano pra manga, como se diz, e arrisco: nesse clima de animosidade, Pérez não chega ao fim de seu contrato.
O NÚMERO DE SÃO PAULO
235.617
…ingressos foram vendidos para o GP de São Paulo, 29,9% a mais que no ano passado. O público total é para os três dias do evento, e os organizadores da corrida esperam chegar a 300 mil em 2024.
A organização do GP divulgou mais alguns dados interessantes sobre a corrida, que seguem abaixo:
FAIXA ETÁRIA – O público aumentou entre os jovens e caiu entre as pessoas mais velhas. Foram 21,3% de torcedores entre 18 e 24 anos e 22,8% entre 25 e 29 anos, taxas ligeiramente mais altas que em 2021. Caíram os espectadores entre 30 e 39 anos (28,3%), 40 e 59 anos (8,3%) e mais de 60 (4,1%).
DE ONDE VIERAM – 70,2% dos que estiveram no autódromo vivem fora da capital. Destes, 45,5% vieram de outros estados e 4,6%, de fora do país. Houve um importante aumento no público feminino, de 75,8% em relação ao ano passado: as mulheres representaram 36,4% do público total em Interlagos.
GRANA – De acordo com os organizadores e a Prefeitura de São Paulo, o impacto financeiro da corrida para a cidade foi de R$ 1,37 bilhão, sendo R$ 826,2 milhões de dinheiro que circulou efetivamente e R$ 545 milhões de impacto que se chama de indireto (valoração da imagem da cidade pelas transmissões de TV no mundo inteiro, assim como em mídia impressa e eletrônica). São Paulo arrecadou R$ 206,4 milhões em impostos, 15 mil empregos foram gerados (hotéis, restaurantes, bares, ambulantes, motoristas, garçons, cozinheiros etc.) e 13.708 pessoas trabalharam no evento. Os números são da Fundação Getúlio Vargas.
AUDIÊNCIA – Na Bandeirantes, a corrida teve 5.8 pontos de audiência média e 6.8 de pico, ficando na vice-liderança no horário.
Acima, alguns momentos para Russell guardar no coração. Foi a primeira dobradinha inglesa na F-1 desde o GP do Canadá de 2010, que teve Hamilton em primeiro e Button em segundo, ambos da McLaren. E foi a primeira vez, também, que o hino britânico foi executado com “king” em vez de “queen” na F-1 — a rainha Elizabeth, que morreu em setembro, assumiu o trono em 1952. E segue a escrita: desde 1953, quando Mike Hawthorn venceu o GP da França, nenhuma temporada tinha sido completada sem que ao menos um piloto ou equipe do Reino Unido vencesse um GP. A de 2022 corria o risco. Essa história completa está aqui.
GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS
GOSTAMOS da atuação de Fernando Alonso, de 17º no grid para quinto no final. Foi uma de suas melhores corridas no ano. E com Ocon em oitavo, a Alpine fez 14 pontos em Interlagos, contra apenas dois da McLaren. Assim, os franceses praticamente garantiram o quarto lugar entre as equipes, abrindo 167 x 148 sobre o time papaia. Na briga pelo sexto, gostamos também da boa prova de Bottas, que adotou um bigodão, como ele disse, de ator pornô. Ficou em nono, a Alfa foi a 55 pontos, contra 50 da Aston Martin.
NÃO GOSTAMOS do desempenho pífio, mais um, da McLaren. Os dois pontinhos do fim de semana vieram da Sprint, sábado. Na corrida, zero. É meio repetitivo, mas o fim de Ricciardo tem sido, mesmo, melancólico. Ele bateu em Magnussen na primeira volta, estragando a corrida do dinamarquês e a sua própria. O abandono de Norris ainda não foi explicado. Se foi, não vi ainda.
Sou torcedor do Hamilton desde a “primeira hora”. Inclusive participaria de uma vaquinha para ajudar a paupérrima Mercedes caso precisasse, para colaborar para o projeto de um bom carro para o oitavo título dele.
Mas concordo com a culpa de Hamilton neste acidente com o marrentinho de Amsterdam. Max estava ao lado antes da tomada e daí Lewis o espremeu na tangência. Teria que ter deixado espaço.
*Discordo, Flavio*. Há filmagens da plateia e análises da telemetria que mostram o pontapé que o Perez deu no acelerador na entrada do túnel. No mínimo suspeito. Sétima etapa e o campeonato estava aberto. Largar na frente do Verstappen daria uma tremenda vantagem… Com a vitória, Perez ficou à apenas 15 pontos do líder àquela altura e chegou a ser cogitado para o título. O Perez fez o que fez porque já estava com contrato renovado! O anúncio foi feito dias depois porque ninguém assina contrato e divulga no mesmo dia!
Atençao: Sérgio Perez subiu no telhado , nenhuma suprresa se ano que vem tivermos outros piloto ao lado do MAXX.
Dizem que o Holandes Voador anda chateado porque o Txeko rouba pouco pontos dos adversário, ele devia ser o segundo na maioria das corripas mais isso pouco aconteceu, MAXX esse ano não precisou, mas numa disputa mais acirrada isso pode fazer a diferença,,,,
As Viuvetes se emocionaram à beça mas essa foi uma prova atípica, campeonatos ja resolvidos, tudo neboloso literalmente, o Toto Wolf nem veio ao Brasil pra voces terem uma ideia da seriedade dada. Mas foi uma prova oficicial, valeu como todas as as outros, E o british George Russel pode dizer agora que sua primeira vez foi com uma brasileira….ou seja sua primeira vitória na F1 foi na pista brasileira. e que é das boas.
Mais um texto lido e aprovado.
Lemos blog, como lemos os livros, líamos as colunas que passavam pelas rotativas e leremos até sua pena ter tinta.
Você tem público (leitor, ouvinte, etc…), que te respeita e não é pouco.
Valeu por mais essa FG!
Onde estão as caricaturas? É a cereja no bolo do rescaldão. As férias do cartunista não acabaram?
Ainda não terminaram!
A passagem da Isabel é algo que me faz questionar a nossa finitude. Descanse em paz.
Blog Excelente. Resumi com os fatos de uma forma que dá até para rever tudo acontecendo. Saudações!
Lástima que os ingressos para o ano que vem já se esgotaram.
Caro escriba, parabéns pela excelente cobertura do GP de São Paulo.
Ótimos textos, o leitor agradece.
Bravo!
Ricciardo sofreu carma instantâneo com a batida no Magnussen.
Ótimo texto
Boa notícia mesmo foi o aumento do público feminino e aparentemente sem aqueles episódios grotescos e nojentos de assédio.
Excelente notícia (e que parece cumulativa de anos) versus o que víamos antigamente; na A já era osso, na G então era insanidade uma mulher circulando.
Prezado FG: A Equipe Mclaren lançou uma nota, sobre a pane do carro de Norris, apareceu no painel digital ” piriri “, efeito colateral do garoto glutão que devorou 05 (cinco) hotdog’s seguidamente enquanto esteve no Estádio Allianz Parque, para assistir o time do qual torce e que foi o campeão brasileiro de 2022.
Perez está na F1 por causa do pai. É um bom piloto? Sim, senão não teria chegado a F1. Está na prateleira mais alta? Não! longe disso! Nem na prateleira mais alta dos segundos pilotos, como Barrichello, Bottas, Berger, por exemplo.
O fato é que em Interlagos ele estava em segundo e foi ultrapassado por todo mundo que chegou nele. Não segurou ninguém.
Ultrapassou alguém? Não.
Max, depois de 2 pit stops e punição injusta, remou de 18º até chegar em Perez, e passaria sem “ordem da equipe”.
Checo é um chorão. Vence no esporte quem tem talento, condições e vontade! O famoso “olho do tigre”, da saga Rocky Balboa.
Checo não tem. É um Stroll melhorado. Ver Lewis e Max pilotarem é um deleite. Alonso está numa forma que talvez seja a melhor de sua carreira.
Eu queria mesmo era ver Alonso na Red Bull atormentando Max. Isso sim seria diversão pura.
“O famoso “olho do tigre”, da saga Rocky Balboa.” Talles, parabéns! O seu comentário além de ter a profundidade de um pires, apresentar ideias sem embasamento e ser mau redigido, tem a citação mais cafona e tosca de todos os tempos. Continue assim.
Perez estava de pneus médios, todos os outros estavam de macios. Erro da Red Bull de colocar medios na hora da ultima parada
Oi Tales, boa tarde. Muito legal sua ressalva. Eu gostei — principalmente pelo registro envolvendo a célebre frase da cinessérie ‘Rocky’.
Ola Flavio, tudo bem ? Ano dificil mesmo…uma pergunta que voce deve saber a resposta, porque o Toto nao estava em Interlagos ? abracao
Toto alegou que como os títulos de piloto e construtor já estavam definidos, ficaria na fábrica cuidando de questões relativas ao carro de 2023. Além disso, o calendário apertado, com um pequeno intervalo até uma corrida distante do Brasil, fez com que muita gente não viesse para cá.
E pra Abu Dabhi ele vai??? dá no mesmo,entendeu
Sergio Perez é a versão latino-americana do Mark Webber e desconfio inclusive que isso já estivesse previsto em contrato.
E não adianta pichar ¡Se acabó la paz! nos muros de Milton Keynes.
Eu se fosse ele partiria pra outras estratégias; brujeria ou colocar pimenta tabasco na comida do neerlandês talvez funcione melhor.
O autódromo está muito bonito.
Pena que não tem um museu permanente dedicado à história do Automobilismo no Brasil. Seria uma forma de tornar o autódromo mais acessível aos pobres mortais que não podem ir a uma corrida e uma forma de rentabilizar o patrimônio público.
O autódromo, assim como os arredores, não recebeu o pente fino que sempre recebe. No setor A era possível ver muitos buracos nas cercas de proteção, inclusive as da pista com os postes enferrujados e isso é um perigo extremo. Ademais, Interlagos é um parque público. Não é permitido circular pelo traçado, e muitas corridas acontecem lá o ano todo e muitas são gratuitas, permitindo em alguns casos o acesso aos boxes.
Oi Marcio. Boa noite. No RGS, existe uma entidade 100% dedicada à memória do esporte motorizado em nosso país. Museu do Automobilismo Brasileiro. O acervo é composto por mais de 100 carros de corrida. Isto apenas: apenas carros de corrida — originais! –, de destaque nas pistas nacionais. Seu proprietário chama-se Paulo Trevisan (diversas vezes reverenciado aqui no ‘blog’ pelo Flávio Gomes, pode pesquisar). Alias, ao contrário de ‘n’ pessoas que atuam em cargos diretivos junto ao esporte (e/ou montadoras), garanto que ele (Trevisan) não tem ‘medo’ de remunerar profissionais que AMAM Automobilismo sob todas as coisas. Falo por experiência própria: atuo no setor de pesquisas / acervo e, creia, ele nunca — repito, nunca –, demonstrou aspereza ao saber que sou apaixonado pelo MELHOR esporte do mundo e que considero o Automobilismo a coisa mais IMPORTANTE que existe na vida. Alias, imagino que deve ter muita gente do esporte que, em tempos passados, achava um ‘pecado’ eu AMAR o esporte e querer ser devidamente remunerado, Porém, nenhuma dessas pessoas possui coragem e atitude de homem para dizer ao Trevisan que ele errou em contratar uma pessoa (eu!) que, como falei acima, AMA o esporte motorizado e considera o mesmo como a coisa mais importante que existe (texto edit: Ok… concedo que a coisa mais importante é acumular dinheiro! Mas o Automobilismo vem em segundo lugar!!!!!!!!!!!!).
Para mim, o furo na teoria da batida proposital é que não foi para garantir a pole (ele largou em terceiro, Verstappen em quarto), mas sim para largar na frente do Verstappen. O cara seria tão ingênuo de acreditar que a equipe não pediria para ele sair da frente?
Além disso, a vitória dele foi mais em circunstância das condições da pista e dos erros da Ferrari. E vale lembrar que no final da corrida o Sainz estava entre ele e Verstappen. Pergunto de novo: alguém duvida que se ele estivesse liderando, com o companheiro em segundo, a equipe não pediria para ele ceder a posição? “Ah, mas ele não ia obedecer.” Pode ser, mas aí a resenha é outra.
E vale lembrar que naquela altura da temporada o campeonato não estava decidido e o rendimento da Ferrari era bom o suficiente para dizer que eles tinham plenas condições de brigar pelos dois campeonatos.
O que muita gente não lembra é que devido às quebras de Max, Perez estava a frente dele no campeonato em Mônaco e ele havia declarado que era um concorrente ao título. Uma situação completamente diferente depois que Max começou a vencer uma atrás da outra, e, vamos falar a verdade, ele não precisou nem um pouco da ajuda do Checo desde então.
235.000 no Br5asil, num Baita pais e com tradição na F1….e quase 400.000 na Holanda paiseco sem nenhuma tradição na F!, como tu explica coisas assim Flavio Gomes?
Tamanho do autódromo.
Hamilton demorou pra começar a “deixar bater” nas disputas de posição com Max. Ano passado ele cansou de abrir pensando no campeonato. Nota-se claramente a má vontade de Verstappen com Hamilton. Depois do campeonato passado a recíproca parece, também, acontecer. Não existe outra alternativa para disputar com Verstappen. A não ser que a direção de prova continue pegando pesado com ele. O enorme talento dele é proporcional ao ego de achar que pode disputar de qualquer jeito. Atualmente as disputas são “regidas” por determinadas regras. Se isso é bom ou ruim não sei. Apenas sei que se é assim tem ser que ser pra todos independente do talento ou número de títulos.
“depois” do campeonato passado, cara palida? e aquela manobra desleal em Silverstone que quase mata o menino enxaqueca? nao nao…o mimizento do Lewis sempre pegou pesado com os que ameaçaram seus titulos (hola Alonso, halo Rosberg)
e sobre o jeito de diaputar do Max, nao é zoado nao: o que foi aquela defesa de 3 voltas com o Russel senao uma aula de defesas na sprint? (e olha que torci pro Russel esse final de semana)
Mais um papagaio na área.
“Ano passado ele cansou de abrir..” Foi assim em Silverstone!? Ele quase matou o Max.
Outro.
Na sua opinião no ano passado na Inglaterra Lewis deixou bater ou bateu de propósito?
Outro…
Tudo começou com o acidente na Copse e você me diz que o Hamilton evitava contatos? Os dois são carne pescoço! Não tem essa!
Putz, que papagaiada!