AS MINA

SÃO PAULO (que venham!) – Lançada neste ano, a F1 Academy é quase secreta. Foi criada para substituir a W Series, que capengou entre 2019 e 2022 com as meninas amargando, no último ano, o cancelamento das últimas etapas por problemas financeiros. A inglesa Jamie Chadwick, que hoje defende a Andretti na Indy, ganhou os três títulos efetivamente disputados — a temporada de 2020 foi cancelada por causa da pandemia. Pode-se dizer que Jamie é o único legado concreto da categoria que foi extinta no ano passado.

Tanto a W Series quanto a F1 Academy, como já deu para perceber, são categorias exclusivas para mulheres, e agora a F-1 resolveu dar um gás na sua criação. Ano que vem, além de correr junto com a categoria principal em alguns circuitos, dez garotas vão disputar o campeonato em carros “patrocinados” pelas equipes da F-1.

Hoje a F1 Academy é disputada por 15 pilotas de cinco equipes, cada uma com três carros. São elas a ART Grand Prix, a Campos Racing, a MP Motorsport, a Prema Racing e a Rodin Carlin. São sete eventos com três corridas cada, e 15 provas já foram realizadas — na Áustria, Valência, Barcelona, Zandvoort e Monza. O campeonato ainda tem duas rodadas triplas pela frente, em Paul Ricard (neste fim de semana) e Austin (de 19 a 21 de outubro). A líder é a espanhola Marta García, da Prema, com 190 pontos. Hamda Al Qubaisi, dos Emirados, tem 154. Ela corre pela MP. Moças de dez nacionalidades diferentes estão inscritas. São quatro inglesas, duas espanholas, duas dos Emirados, uma francesa, uma uruguaia, uma holandesa, uma suíça, uma alemã, uma canadense e uma filipina.

Não deu para acompanhar direito as corridas porque a F-1 tem divulgado apenas imagens dos melhores momentos das provas pelo YouTube. Para quem está curioso, aqui há um vídeo da etapa de Monza. Os carros usados são fabricados pela italiana Tatuus, com motores de quatro cilindros 1.4 turbo de 174 HP, estes feitos pela Autotecnica. Pneus da Pirelli.

Mas no ano que vem vai ser possível ver as meninas com mais atenção, graças à coincidência do calendário (ainda não divulgado) e ao envolvimento das equipes de F-1. Cada time da Academy terá dois carros com a pintura idêntica à dos carros da categoria principal, e os times de cima terão direito de escolher suas pilotas. Assim, dez das 15 participantes terão vínculos formais com equipes de F-1. As outras cinco terão de arrumar outro tipo de apoio.

A F-1 banca 150 mil euros para cada carro por temporada, mesmo valor que cada pilota precisa arrumar de algum jeito para completar o orçamento do campeonato. Quem comanda A F1 Academy é Susie Wolff, mulher de Toto Wolff, ela mesmo ex-pilota.

Até agora, as recentes iniciativas cujo objetivo final é colocar alguma mulher para correr na F-1 não evoluíram muito. A W Series foi muito prejudicada pela pandemia e falta de grana e organização. Quem sabe agora as coisas mudem. Mas não adianta me perguntarem “quando a F-1 vai ter finalmente uma mulher em alguma equipe”. A resposta é a mesma para a recorrente “quando o Brasil vai voltar a ter um piloto na F-1?”.

A resposta é: não sei.

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Sarah
Sarah
8 meses atrás

Se REALMENTE quisessem formar pilotas, deveriam bancar a entrada das meninas nas categorias de base já existentes, F4, F3, F2. Segregá-las em uma categoria especial não ajuda. Para se ter uma real noção dos tempos que elas conseguem virar seria preciso colocá-las em condição de igualdade com os meninos, nos mesmos carros, com estruturas de equipe semelhantes, mesmo nível técnico do pessoal de apoio, etc. Tal como acontece no kart. Talvez dessa forma fosse possível dar condições de surgir uma ou outra pilota com talento suficiente para a F1. Mas, sei lá, acho que no fundo no fundo, os meninos têm muito medo de perder das meninas… kk.

Diego Gomes
Diego Gomes
8 meses atrás

Se a FIA quisesse de verdade fomentar o surgimento de mais mulheres no automobilismo, me parece muito mais lógico que ela saísse financiando kartódromos do próprio bolso em áreas mais pobres, e bancasse a carreira das meninas (e outras minorias) que se destacassem, desde a base (tal qual a McLaren fez com Hamilton, e o resultado está aí). Mas isso só daria resultado a longo prazo, e como toda grande empresa, as ações da FIA são só para tentarem ser engenheiros de obras prontas e fingir uma preocupação legítima, enquanto fazem GP até em país onde as mulheres só ganharam o direito de dirigir desacompanhadas recentemente.

O pior é que há cerca de uns 15 anos, havia Patrick na IRL, Legge na Fórmula Mundial, Stoddart na DTM (que foi pilota de testes na Williams), e depois Simona de Silvestro (que foi pilota de testes na Sauber), todas que, mesmo sem categoria exclusiva de acesso, foram cotadas em maior ou menor grau pra F1. De quantas dá para dizer isso hoje? Mesmo com a sede das equipes pela publicidade que isso geraria, o elitismo ainda maior do automobilismo atual causou uma regressão nesse aspecto.

Peixe
Peixe
9 meses atrás

Sobre mulheres e automobilismo, no Star+ tem um documentário bem legal chamado Qualified.
História da Janet Guthrie, pilota que tentou se qualificar para as 500 milhas de Indianápolis nos anos 70.
Bem interessante.
Parece que vai sair filme contando a história dela sendo interpretada pela Hilary Swank.

Alfredo Aguiar
Alfredo Aguiar
9 meses atrás

Não se pode querer que mulheres venham a competir com homens no mesmo patamar, A não ser que seja xadrez ou damas. Tênis tem 2 ligas, futebol…e por aí vai. Serena Williams, assim como Marta já deram entrevista dizendo que seria uma covardia achar que elas poderiam competir de igual pra igual com homens. Tem gente que acha que pilotar é igual dirigir, não é. Pilotar exige um esforço físico extraordinário em qualquer categoria, na F1 então nem se fala. Okay vai aparecer uma mulher aqui ou acolá que possa ser melhor que os Mazepins da vida e num carro fora de serie e uma corrida fora da curva possa ganhar uma corrida, Danica Patrick chegou a ganhar, mas é injusto com as meninas querer colocar elas pra disputar com homens, num esporte que exige tamanho esforço físico.

Peixe
Peixe
Reply to  Alfredo Aguiar
9 meses atrás

Metade do grid atual da F1 tem capacidade técnica de ganhar corrida.
Uns 4 ou 5 de ser campeão.
Então, tem espaço na categoria para mulheres, mesmo que devido ao esforço físico, não venham a ser campeãs e vencedoras.
É só querer.
A Haas ou a Alpha Tauri poderiam muito bem colocar uma mulher para correr.
Ia acabar tendo os mesmos resultados que os pilotos estão tendo, mas contaria com o baita marketing.

Celio Ferreira
Celio Ferreira
Reply to  Peixe
9 meses atrás

Viu Peixe : vc acha que Red bull , Mercedes Ferrari , arriscaria
colocar uma mulher de segunda pulota ?
Em 1976 estava em Interlagos e ví Lela Lombardi….não da cara!!!

jorge
jorge
9 meses atrás

A F1 academy foi criada para dar o último tiro na Wseries, para mim a Wseries era uma vitrine melhor.

Ricardo
Ricardo
9 meses atrás

Quem sabe Gabriel Bortoleto não emplaca?