DEIXA CHOVER (2)

F2N90qLWIAALXf8-1024x683.jpeg" alt="" class="wp-image-192921"/>
Mais uma na conta de Verstappen: imbatível e insaciável

SÃO PAULO (o de sempre) – Max Verstappen colocou mais oito pontos na bolsa ao vencer a Sprint de hoje em Spa-Francorchamps. A gente sabe que nem precisa, que o título está no papo, mas o rapaz é insaciável. Com a vitória, a Red Bull segue invicta em 2023. Ganhou os 11 GPs disputados até agora e as três Sprints. Para Verstappen, foi a quinta vitória em corridas curtas desde sua introdução na programação do Mundial – uma em 2021, duas em 2022 e mais duas neste ano. Oscar Piastri, da McLaren, ficou em segundo. E Pierre Gasly, da Alpine, em terceiro.

O holandês, horas antes, fizera a pole, também. Foi um sábado típico de Spa, com chuva antes do Shootout, a classificação para a Sprint, e o sol indo e voltando timidamente. Foi preciso usar os pneus intermediários no SQ1 e no SQ2, com o asfalto secando mais ou menos no SQ3, permitindo o uso de pneus macios. Houve uma intercorrência – batida de Stroll – e alguns minutos de atraso para a direção de prova liberar os carros na pista molhada em situação minimamente segura.

Piastri começou a se destacar já no Shootout, ficando com a segunda posição no grid, apenas 0s011 atrás de Verstappen. Que, por sua vez, deu uma esnobada talvez involuntária: “Não forcei muito para não correr riscos”. A corrida, horas depois, mostraria que ele havia sido sincero.

A Sprint teve seu horário original de largada, 11h30 (de Brasília) adiado para 12h05, depois 12h12 e, por fim, 12h35. Tudo por causa da chuva e das condições de pista perigosas.

Finalmente às 17h35 locais a volta de apresentação foi autorizada atrás do safety-car, com todos usando pneus para chuva forte. O Aston Martin verdão seguiu à frente do pelotão por quatro voltas enquanto os pilotos avaliavam (e ajudavam a secar) o asfalto.

“Já dá para usar os intermediários”, disse Russell pelo rádio enquanto percorria os 7.004 m de Spa. “Vejam”, continuou, com sua proverbial prolixidade, “estamos nas Ardenas, onde ficava a Linha Maginot. Foi uma iniciativa de defesa inútil dos franceses, uma vez que os alemães contornaram-na, e cumpre reconhecer que não se detiveram por causa das intempéries, do clima chuvoso, do frio, da neve, da lama. Acabaram invadindo a França mesmo assim. Vejam”, prosseguiu, “não estou, aqui, entrando numa discussão ética e moral sobre aliados e inimigos. Tal tema é amplamente conhecido e a História, com H maiúsculo, não pode ser reescrita. Refiro-me apenas a estratégias militares. Nossa equipe é alemã. Temos de pensar de um modo, como diria?, germânico. Concordam?” “George”, veio a resposta pelo rádio, “não estamos em guerra. Você é inglês, e a Inglaterra lutou contra os alemães. E se você nos fizer a gentileza de observar o pequeno semáforo à frente, notará que já trocamos seus pneus e a corrida está acabando.”

As quatro voltas atrás do safety-car ajudaram a dar uma secada na pista, reduzindo o spray a níveis aceitáveis. Sempre é bom lembrar que esses pneus de chuva da F-1, os de chuva forte, com inscrições em azul nas laterais, são capazes de drenar cerca de 80 litros de água por segundo em altas velocidades. É isso mesmo que vocês leram: por segundo, jogam para trás o equivalente a quatro galões de 20 litros de água mineral. Cada pneu — dependendo, claro, da quantidade de água na pista. Não se enxerga nada atrás.

Quando o veículo de segurança se retirou de cena, a largada da Sprint foi dada com os carros em movimento. Nos boxes, mecânicos preparavam os intermediários para quem decidisse trocar. Dez pilotos foram para os boxes, num movimento orquestrado: um de cada equipe, para não haver congestionamento (e tempo perdido) em paradas duplas. Verstappen não estava entre eles. Parou na volta seguinte, seguido pelos outros nove que deixaram para trocar depois. Foi uma decisão correta. Não tinha spray na cara, conseguiria uma volta razoavelmente boa mesmo com pneus mais lentos que os intermediários, e se fosse o primeiro a parar, puxando a fila, poderia ter complicações porque os boxes da Red Bull são os primeiros do pitlane. Na saída, perderia bastante tempo com quem estava entrando e/ou saindo. Correndo riscos desnecessários de uma batida boba, daquelas que acontecem sempre que uma equipe libera alguém de um pit stop sem o devido cuidado. Quando parou, Verstappen fez uma troca tranquila e sem atropelos. Teve o pitlane, na saída, inteirinho para ele.

Max perdeu a ponta para Piastri, que tinha parado antes e desfrutou de uma volta rápida com pneus intermediários. Gasly subiu para terceiro. Pérez, para quarto. Os dois carros da Ferrari caíram para sétimo e oitavo.

Por conta das voltas atrás do safety-car na largada, a Sprint acabou tendo apenas 11 voltas em ritmo real de corrida. E já na terceira o aniversariante do dia, Fernando Alonso, 42 anos bem vividos, cometeu raro erro e rodou sozinho. Foi preciso chamar o safety-car de novo para remover seu Aston Martin, atolado na brita.

Pérez: passa boi, passa boiada

O reinício da prova se deu na abertura da sexta volta com Piastri, Verstappen, Gasly, Pérez, Hamilton, Sainz, Leclerc e Norris nas oito primeiras posições. E não demorou nada para Max retomar a ponta. Fez a Eau Rouge colado no australiano e lá no fim da reta Kemmel, antes da freada para a chicane Les Combes, passou.

Mais atrás, Hamilton foi para cima de Pérez e ganhou a posição do mexicano – mais tarde seria punido com 5s em seu tempo total por ter tocado no carro do adversário. Na sequência os dois carros da Ferrari superaram o Red Bull #11, que ficou danificado. Quando Norris ia fazer o mesmo, Checo escapou da pista e foi para a brita. Caiu para 17º. O nome disso, ainda que tenha havido um entrevero físico com Lewis, é vexame. Ao menos para quem está vendo de longe… Na volta 9, a equipe o chamou para os boxes para abandonar, antes que alguém de bicicleta passeando pela floresta o ultrapassasse também. “Entre na garagem, bata a mão no cinto e saia pela porta dos fundos. Não pare para conversar com ninguém. Doutor Marko disse que vai lhe dar uma bengalada, então se cruzar com ele pelo caminho saia correndo e de capacete”, orientou seu engenheiro, concluindo: “Tem uma Kombi te esperando no portão B para levá-lo ao aeroporto”. “B ou D?”, perguntou Pérez. “B. De burro.”

Quando Verstappen recebeu a bandeira quadriculada em primeiro mais uma vez, ficou aquela sensação de “quero mais”, porque a corridinha até que vinha sendo bacana. Piastri terminou em segundo, seguido pelo surpreendente Gasly. Como se sabe, não tem pódio nas Sprints e seus resultados não entram na contabilidade das estatísticas da F-1. Mas valem pontos, e os oito primeiros marcam. Assim, fecharam essa zona de pontuação Sainz, Leclerc, Norris, Hamilton (já com a punição) e Russell. Verstappen foi a 289 pontos. Em 11 GPs e três Sprints um piloto pode marcar, no máximo, 310. O aproveitamento do rapazinho é de 93,22%.

Foi apenas um aperitivo para a prova de amanhã. Como costuma escrever o Fábio Seixas, a Sprint é o “pequeno prêmio” que antecede o Grande Prêmio de verdade. De acordo com os serviços meteorológicos, a prova, com 44 voltas, deverá ser realizada com pista seca.

O GP da Bélgica começa às 10h.

Subscribe
Notify of
guest

23 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Marcelo
Marcelo
9 meses atrás

Tenho um amigo, que já escreveu uns comentários aqui por ter opinião política (bastante)divergente do Flávio, que é tão proverbialmente prolixo como o descrito para “o nosso George Russel”. Exatamente igual.
Obrigado Flavinho, você é um gênio.

Edison
Edison
9 meses atrás

Ridícula a punição para o Hamilton, o Perez que jogou o carro em cima dele.

Edu Zeiro
Edu Zeiro
Reply to  Edison
9 meses atrás

Concordo, mas aí você está falando do perezba, o inimputável.

Carlos Sato
Carlos Sato
9 meses atrás

Nem a alternância entre pista molhada e quase seca salvou essa sprint race. O formato em si desse final de semana não é dos melhores. E quanto as questões meteorológicas, que tem sido utilizadas para criticar a realização da corrida na Bélgica, bastava reposicionar essa corrida em um período do ano em que a possibilidade de chuva é menor. A pista em si é incrível e não merece ficar fora do calendário.
RedBull e Verstappen são tão dominantes nessa temporada que, mesmo não entrando imediatamente para trocar para pneus intermediários tivemos um resultado diferente para a corrida. E amanhã provavelmente teremos o mesmo desfecho. Ano passado, Mas largou em 14° e venceu. Amanhã largará em 6°, logo…

Colisão entre Perez e Hamilton, um incidente de corrida. Mas em se tratando de Hamilton, a FIA tem sido bem zelosa e rigorosa. Punição e pontuação bem duras e injustas. Na sprint race no Azerbaijão, houve um contato muito parecido entre Russel e Verstappen. Nenhuma punição e o holandês terminou à frente de Russel, sendo o terceiro na sprint, vencida justamente por Perez.

Interessante notar que um dos comissários nessa corrida na Bélgica, é o ex-piloto Derek Warwick. Também era um dos comissários no fatídico gp em Abu Dhabi de 2021. E na corrida em Singapura de 2022. É vergonhoso que a FIA ainda mantenha esse indivíduo em sua estrutura, atuando como comissários de prova. E por que?: Basta verificar o que o ex-piloto falou no podcast Chequered Flag da BBC em 2016.

Igor
Igor
Reply to  Carlos Sato
9 meses atrás

Independente do mérito da decisão de Abu Dhabi 2021, quem tomou foi a direção de prova e não os comissários.

Chupez Alonso
Chupez Alonso
Reply to  Carlos Sato
9 meses atrás

Russel merecia ter sido punido àquela época.

Fez um rasgo no carro de Versttapen.

Edu Zeiro
Edu Zeiro
Reply to  Chupez Alonso
9 meses atrás

E o garoto enxaqueca deveria ser canonizado…

Chupez Alonso
Chupez Alonso
Reply to  Edu Zeiro
9 meses atrás

Deixa de Zueira…

Eudes
Eudes
9 meses atrás

Max o maior
RBR a melhor
This is the Question

Sergio Trancoso
Sergio Trancoso
9 meses atrás

Boa corrida do Piastri e do Gasly. Ricciardo também foi bem. Perez…….. Muito bom o conhecimento de História do Russell!!!!

Julio Diaz
Julio Diaz
9 meses atrás

O Perez perdeu rendimento após o toque com Hamilton (impressionante como o carro dele sempre espalha quando está por dentro, né? O Albon pensa assim também), se não fosse isso teria chego bem na Sprint.
O impressionante é a F1 não encontrar uma forma dos carros correrem na chuva, já faz um tempinho que esse problema existe.

Chupez Alonso
Chupez Alonso
Reply to  Julio Diaz
9 meses atrás

Hamilton sendo Hamilton.

Edu Zeiro
Edu Zeiro
Reply to  Chupez Alonso
9 meses atrás

chupez sendo sulivan. Sempre.

Edu Zeiro
Edu Zeiro
Reply to  Julio Diaz
9 meses atrás

Inpressionante como alguns aqui sempre espalham em seus comentários sobre Lewis. E o perezba, que piloto correto esse, hein?

Chupez Alonso
Chupez Alonso
9 meses atrás

Que papelão do Hamilton.

Não perde a chance de bater em alguém.

Deve ser trauma.

Rumo ao Octa…

Guilherme
Guilherme
Reply to  Chupez Alonso
9 meses atrás

Quanto drama. Foi um toque normal de corrida, mas parece que ele atirou o cara no muro. Hoje em dia não pode fazer mais nada na F1. Por isso a audiência cai.

Chupez Alonso
Chupez Alonso
Reply to  Guilherme
9 meses atrás

Tipo quando ele atirou o Versttapen no muro em Silverstone?

Edu Zeiro
Edu Zeiro
Reply to  Chupez Alonso
9 meses atrás

Curupaco, paco, paco. Papagaio não para de falar, repetindo bobagens alheias.

Edu Zeiro
Edu Zeiro
Reply to  Chupez Alonso
9 meses atrás

É, o tal do sulivan arrumou um substituto à altura…

Last edited 9 meses atrás by Edu Zeiro
Chupez Alonso
Chupez Alonso
Reply to  Edu Zeiro
9 meses atrás

Quem é Sulivan?

Manoel H R S Neto
Manoel H R S Neto
9 meses atrás

Grande Flávio, não foi vexame a perca de posições do Perez…. Ele simplesmente ficou com uma cratera na lateral do seu veículo devido ao toque com o Lewis.. O pessoal da Band não teve a capacidade de perceber isso na transmissão e colocaram a culpa no “pneu” superaquecido e fora da “pressão”, lastimável. No mais o de sempre. Obs.: É vergonhoso esse pneu wet que não serve pra nada.

Edison
Edison
Reply to  Manoel H R S Neto
9 meses atrás

O problema não é o pneu, pelo contrário, ele é eficiente demais

Sandro
Sandro
Reply to  Manoel H R S Neto
9 meses atrás

Bota na conta no pneu da Pirelli!
O spray que se forma faz com o piloto que vem atrás não vê nada! Incrível!
Só serve para formar o trilho na pista… e com o safety car!
Mas se olharmos lá nos anos 80 era assim também! Mas tinha corrida! Mas a estrutura do carro era diferente e os pilotos eram “ doidos”.
A impressão que fica é que esses carros da década de 2010 e 2020 não tem condições de trafegar numa pista molhada, com muita chuva em segurança, sem aquaplanar! 🤔