SOBRE ONTEM DE MANHÃ
A IMAGEM DA CORRIDA
SÃO PAULO (calma, emocionados) – É raro, mas acontece sempre. Quando escolho uma imagem significativa de um GP, às vezes não tem carro, não tem vencedor, pole, surpresa da corrida, nada ligado ao que aconteceu no GP propriamente dito. Pode ser um flagrante da arquibancada, um torcedor esquisito, algo dos “bastidores” (odeio essa palavra genérica)…
Neste fim de semana em Ímola nada apareceu mais que o amarelo de Senna, presente no macacão de Vettel, nas camisetas que ele distribuiu, nos capacetes de vários pilotos que correram não só na F-1, como também na F-2.
Foi bacana a lembrança, claro. Merecida, assim como as referências a Ratzenberger. Essa foto aí de cima me pareceu a mais legal de todas. Ficamos com ela. Mas se fôssemos escolher algo sobre a corrida…
…seria essa aí em cima. Como diz a legenda, Norris babando atrás de Verstappen. Até a bandeirada, 0s725 atrás. E o que, afinal, aconteceu nesse GP que ouriçou tanto aqueles que acendem velas por uma derrocada de Max e da Red Bull?
Pneus duros são a explicação, além da pista ondulada de Ímola, que deixou o holandês com dores nas costas. No quadrinho da direita aí embaixo, vejam como Norris foi tirando tempo de Verstappen nas últimas 20 voltas da prova, quando seus pneus começaram a ficar ruins. Na primeira metade da corrida, com os médios, Max abriu uma confortável vantagem de 8s para o segundo colocado. Numa conta de português, se mantivesse o ritmo venceria com 15s ou 16s de diferença, mantendo mais ou menos a rotina da temporada — que está na arte emprestada da “Autosport”, a da esquerda.
São as cinco vitórias de Verstappen neste ano, em sete etapas disputadas. Três delas com seu companheiro Pérez em segundo. No Bahrein, o primeiro não-Red Bull foi Sainz, terceiro colocado, 25s110 atrás. Em Jedá, Leclerc ficou a 18s639 de Max. No Japão, Sainz chegou 20s866 depois.
Esse é o padrão. Miami e Ímola são pontos fora da curva. É evidente que a McLaren melhorou uma barbaridade. Mas vamos esperar um pouquinho antes de decretar a decadência do time austríaco. Nos EUA, Verstappen provavelmente ganharia se o safety-car não tivesse sido tão generoso com Norris. E no último domingo a diferença apertada pode ser atribuída, também, ao mau começo da Red Bull já na sexta-feira, apanhando para encontrar um acerto decente. Teve de contar com as dez horas de Buemi no simulador, para se ver com a coisa estava feia.
Foi um fim de semana em que tudo deu errado para a dupla piloto-equipe que vai levar o título fácil. E ele fez a pole e venceu.
O NÚMERO DA EMILIA-ROMAGNA
30,73%
…é a taxa de vitórias de Verstappen em relação aos GPs disputados. Ele tem 59 em 192 largadas, e agora é o piloto em atividade com melhor aproveitamento. Deixou Hamilton para trás, com 30,38% (103 vitórias em 339 GPs). Fangio, com 47,06% (51 corridas, 24 triunfos) é o recordista.
Vamos agora às tabela de pontos negligenciadas ontem no resumão da corrida. Fiz umas continhas bestas, comparando com as sete primeiras etapas do ano passado. A Red Bull tinha 287, caiu para 268. A diferença pode ser atribuída ao abandono de Verstappen na Austrália. O desempenho é muito parecido. Já a Ferrari mais do que dobrou a pontuação: tinha 100 depois de sete corridas em 2023 e neste ano já somou 212. A McLaren é outra que melhorou espantosamente: saiu de 17 para 154. Mercedes (de 152 para 79) e Aston Martin (de 134 para 44) despencaram.
Conclusão: saem Mercedes e Aston Martin, entram Ferrari e McLaren na escolta. E ambas melhoraram muito mesmo. No ano passado, depois de sete GPs, a diferença da Red Bull para a então vice-líder Mercedes era de 135 pontos. Agora, para a vice-líder Ferrari, é de apenas 56.
A FRASE DE ÍMOLA
“Um ano atrás eles brigavam para passar do Q1 e o desempenho de seus carros era de retardatários. A McLaren está provando que é possível melhorar.”
Toto Wolff, chefe da Mercedes
A McLaren foi a equipe que mais somou pontos no GP da Emilia-Romagna: 30, contra 29 da Red Bull. A última vez que isso aconteceu foi no GP do Catar do ano passado, que teve Sprint: 47 pontos, contra 34 do time austríaco. Sí, se puede. É uma lição para a Mercedes. Dá, sim, para começar mal um campeonato e mudar o rumo em algum momento. A frase de Wolff, acima, é uma dura pública na própria equipe.
GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS
GOSTAMOS de ver Norris cada vez mais seguro, subindo ao pódio pela quarta vez no ano. Foi terceiro na Austrália, segundo na China e em Ímola e ganhou em Miami. “Se tivesse mais uma ou duas voltas eu pegava ele”, suspirou pelo rádio quando terminou a corrida. É isso. Piloto precisa acreditar que pode ganhar corridas. Lando é muito criticado por parecer pouco ambicioso sobretudo quando tem de confrontar Verstappen na pista. A vitória na Flórida mudou o menino de patamar.
NÃO GOSTAMOS da atitude de Verstappen no fim de semana, de disputar uma corrida virtual de 24 horas na pista digital de Nürburgring. A atividade de gamer pode até não ter atrapalhado — ele fez alguns stints, não a corrida inteira. Mas ajudar, esse tipo de coisa não ajuda. Hora de virar adulto, mocinho.
A alta degradação dos pneus quase fez Verstappen vítima da borracha italiana. Essa tem sido uma característica muito criticada pelos pilotos. A faixa de temperatura em que os pneus têm o máximo de performance é muito estreita. Muito frio ou muito quente a degradação é alta e o piloto não consegue extrair o máximo do carro.
Verstappen quando voltou de sua parada não encontrou um grande tráfego. A partir da volta 44 as coisas se complicaram. Pela posição da pista em que estava encontrou primeiro Ocon e só conseguiu a ultrapassagem na Rivazza na volta 45. Nesse gito anotou seu pior tempo 1.21.364. Na volta seguinte ultrapassou Bottas na Piratella.
Mas o calvário continuou. Encontrou Riccaiardo na volta 50, ultrappasando o mesmo no giro 51na Villeneuve, e na volta 52 passou por Hulkenberg um pouco antes da Piratella. Na volta 54m encontrou Tsunoda, que foi ultrapassado na volta 55 na Piratella. Sua vantagem que era de 7.4 s caiu para 2s. Não apenas o tráfego, mas o fato de enfrentar o arturbulento dos carros a sua frente, contribuíram para reduzir o downforce gerado pela asa dianteira e consenquentemente o maior desgaste dos pneus, que não operaram na faixa de temperatura adequada.
Mas o mesmo poderia ter acontecido com Norris. Entretanto, o inglês, pela sua posição no circuito ultrapassou Ocon e Bottas na mesma volta (48), Ricciardo e Hulkenberg no giro 53 e Tsunoda na volta 55.
Isso reforça o fato de que ìmola é uma pista muito estreita para os atuais carros da F1. Verstappen mesmo tendo um equipamento muito superior aos demais, não foi capaz de superar tão rapidamente os retardatários. Seus pneus se desgataram rapidamente e uma vitória que parecia tranquila, quase parou nas mãos de Norris.
Em Mônaco não será diferente.
Depois dessa aula de marketing do Vettel a possibilidade de ele estar sentado num F1 real aumenta.
Simuladores são usados há décadas na aviação, hoje quando se projeta uma aeronave nova , o simulador já nasce junto com ela.
Mas nada substitui a coisa real.
Agora que é um investimento nada desprezível ter um vencedor de Le Mans e campeão da Formula E como a pessoa que senta no simulador por horas para o Max ter um carro melhor é inegável!
Poderia falar de desperdiço de tempo e dinheiro, mas deixa prá lá…..
Toto Wolff foi visto em uma farmácia perto do autódromo com uma receita de Maracugina , antiácido para estômago (falaram que não tinha mais sal de fruta ENO…) e Cibalena para dor de cabeça….
Desculpe mas falou bobagem, Flavio. Pode não ajudar Max Verstappen no seu desenvolvimento como piloto – pq ele já está em um nível “pica das galáxias”, mas já ouviu falar, por exemplo, de um piloto brasileiro chamado Jeff Giassi? Foi campeão em algumas categorias da “ePorsche”, ganhou de prêmio um teste de Porsche Cup. Foi bem, conseguiu patrocínio, correu a temporada seguinte e foi campeão já em seu primeiro ano, na categoria de acesso que esqueci o nome.
Bacana demais ver que Verstappen arregaça também nos simuladores. Há relatos de pilotos brasileiros que correm com ele, ou o conhecem de campeonatos virtuais, de que é bem bacana esse outro lado dele. Dudu Barrichello também está sempre disputando torneios importantes.
E alguns outros pilotos de simulador não fazem feio quando vão pra pista.
Assim como você metia a boca em “piloto de trackday’, esse ano dividiu curva com vários deles nas Mil Milhas no começo deste ano. E vários estão gradualmente migrando para o automobilismo de competição, fomentando o esporte.
Nossa, que demais.
A recuperação da McLaren é habitual, diria. Muitas vezes se recuperou no meio da temporada. Foi assim em 2001, o quê levou Jean Todt a ordenar a troca de posições na Áustria em 2002, temendo que pudessem crescer ao longo do ano, como fizer anteriormente.
“Teve de contar com as dez horas de Buemi no simulador, para se ver com a coisa estava feia.”
Flávio, horas de simulador são limitadas ou livres? Pelo jeito, faz diferença real.
Linda homenagem protagonizada pelo Vettel, incrível é que nas redes sociais, existe gente criticando esse ato tão bonito: “ahhh, mas deveria ser um brasileiro pilotando o carro”; “ahhh, mas é exagerado ele se ajoelhar e não é mãe Dinah para adivinhar das bandeiras” e etc. Nossa sociedade, em grande parte, só emburrece e não vê mais nada de bonito ou poético na vida.
Deixe o Verstappen jogar videogame em paz, Flavinho! Se corrida virtual fosse coisa de criança, nenhuma equipe investiria “tubos” em simuladores! Hora de parar de ranhetice: os games emulam com grande qualidade o ambiente das pistas. Não é por acaso que o próprio Grande Prêmio possui uma tag para as notícias sobre eSports e nenhuma para notícias sobre cozinha, só pra focar em uma analogia furada que você mesmo já usou.
Há inúmeros comportamentos que eram OK no passado e hoje não são mais, assim como essas coisas novas do e-sport, a vida muda, os costumes mudam… Para os mais velhos (como eu) a F1 fica mais infantilizada, tudo bem, acontece.
O aproveitamento do Fangio é espetacular e ainda o fato de ter sobrevivido é outro fenômeno.
Ele sim é o melhor.
Em uma época que pilotos morriam que nem moscas!
Não vi o El Chueco ao vivo pilotando, mas os vídeos e filmes servem para isso.
Meu tio dizia que na época para ele só o Nuvolari e o Pintacuda eram páreo para o Fangio.
Eu olho pra essa McLaren e vejo a MP4/14 do Mika Hakkinen. A RB20 não é o melhor carro do grid. Esse carro tem muito purpoising e desgasta demais os pneus. A RB tem Max. O que esse cara faz é impressionante. Monaco não conta para avaliar carros, mas Canada e Barcelona vão evidenciar a diferença de carros. O upgrade de assoalho da RB não rendeu. Newey já não está mais preocupado com o desenvolvimento. Acho que será um tetra bem suado para Max.
E qual é o melhor carro do grid?
Max tá sobrando essa é a verdade. Mas, é verdade tb que a Mclaren está crescendo. Não tá dando pra ganhar com pé nas costas e conciliar profissão de piloto F1 e e-sports.
Com esses simuladores de hoje em dia, não sei se é essa obsessão de sempre estar correndo que torna o Max versoaten essa máquina de ganhar
O Flávio e a sua dificuldade de aceitar o e-sport. O Verstappen fez tudo que era esperado dele: pole e ganhou a corrida. Isso com um carro que não era dominante. Qual é o problema em ele fazer a corrida virtual, em que isso prejudicou a corrida dele? Quem precisa de crescer é quem acha que automobilismo virtual é coisa de criança e adolescente.
Já ouviu falar em sono? Ou em “horas de reuniões com engenheiros”? Quanto ao automobilismo virtual, é videogame. Videogame, para mim, é coisa de criança e adolescente.
Respeito sua opinião Flávio, porém vários pilotos das mais variadas categorias estão presentes nos simuladores atualmente, como Verstappen, Norris, Gasly, Kanaan, Barrichello, muitos da WEC, IMSA e Porsche Cup. Obviamente esses caras não são crianças. Também participei desta corrida de 24h neste final de semana e tive uma disputa longa com o piloto Oriol Servià em um dos meus stints. Em outra corrida de endurance disputamos com o Mirko Bortolotti, piloto de fábrica da Lamborghini no WEC. Ambos, assim como eu, não são crianças. Então para nós, que não temos a oportunidade de guiarmos um carro real, os simuladores são o que mais nos aproxima desta paixão, que é o automobilismo. Caso ainda não tenha experimentado, deveria dar uma chance para o iracing.
Mas eu não tenho nada contra quem brinca de videogame, tenha a idade que tiver. Apenas acho coisa de criança. Também faço algumas coisas de criança.
Como por exemplo, birra.
Escuta, qual a necessidade que vocês têm de ver seu hobby ser validado pelos outros? Posso achar isso irrelevante, como acho? Obrigado.
Eu ainda acho que, para nós reles pobres e mortais, o mais próximo da sensaçao de pilotar é o kart indoor…
Não adianta querer mudar a cabeça dura de velho.
Falou, novinho.
Resumindo: o carro estava uma merda, Max estava mais preocupado com o videogame, e mesmo assim eles ganharam.
Parece que foi ontem.