Blogueiros que fazem (ou fizeram, ou ambos) – II

SÃO PAULO (tudo vindo à tona) – Depois do Jovino, eis que sai do armário (não entendam mal) Cláudio Ceregatti, contador de histórias, dono de bufê, cheer-leader, mestre de cerimônias e… piloto! Sim, o cara pilota, me desafiou para um kart (não esqueci) e tocava esse Opala aí embaixo.

Diz o CC: “Gomes, a seu pedido, vai a ÚNICA foto que restou do tempo que corri, dessas que os fotógrafos tiram e nos oferecem no box. Todo o resto se perdeu… Interlagos, 1980 – Estreantes e Novatos. Se ampliar, dá pra ler Luis Garcia e Claudio Ceregatti.
Acrdito que dê pra cortar a parte de baixo com o texto, e se voce quiser, publique.”

Não cortei nada, mas o telefone não deve existir mais. Comprou a foto do fotógrafo, afinal? Tem pôster na parede? Merece.

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Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
17 anos atrás

É que foi colocado meio tarde, com o post já baixo…
Mas sensacional a descrição, e já sei onde usar o truque da bobina…

Claudio Ceregatti
Claudio Ceregatti
17 anos atrás

Ô Mandrake, obrigado…
Pensei que ia dar a maior audiencia, mas não deu…
Deixa que no dia 15 conto o resto das mentiras…
Abraço

Mandrake
Mandrake
17 anos atrás

Este foi o melhor post que já li neste blog!!!

Claudio Ceregatti
Claudio Ceregatti
17 anos atrás

Respondendo apenas parte:
** Ficha Técnica:

– Opala de ano indefinido (juro que não lembro) de frente alta, talvez 77 ou 78, sei lá.

– Comprado pelo meu sócio e amigaço, Luis Garcia Perez, atual proprietário da Koni by LG. Foi meio a meio e ele entrou com as duas metades, fiquei devendo minha parte da grana de março a dezembro, quando saiu o décimo-terceiro salário. Êta sócio bão…

– Não era azul PV De Lamare, era marron metálico burro-quando-foge. Quando o Morais acertou o motor (naturalmente ligeiramente fora do regulamento, como TODO MUNDO) a cor marron de burro-quando-foge virou marron-do-patê-na-cueca…
Acelerava uma barbaridade, assustador. Haja cueca borrada…

– Comprado com o pedigree da Oficina do Chico Landi, o power train era de um Stock Car de 2 anos antes, mas amansado pra rua…Pois troxemos a usina de volta.

– Motor 4.100 cc (alguem acredita?) com carburação nacional.

– Carburação brasileira, tinha que manter o corpo do bicho… Adivinhem o que o povo fazia…

– A bobina de ignição nacional obrigatória era ôca. A unidade Mallory de alto desempenho tava escondida, só passava o fio pelo meio da bobina vazia… Ficou perfeito.

– Comando de Valvulas “acho” que 292 – com certeza o Luis Garcia lembra, não tá tão velho como eu, é mais jovem 2 meses… Esse comando foi comprado por ele nos EUA, era tão comprido que teve que comprar uma mala de mão imensa, e passou liso pela aduana do Aeroporto de Viracopos… Lembro bem dele descendo do avião, fazendo uma pusta força pra disfarçar o conteúdo, por causa do peso… Ficou tortinho, coitado…E deu verde…

– Junta de cabeçote para taxa de compressão de motor à álcool com pedigree… Peguei amostras grátis das mãos de Vossa Excelencia Sr. Ciro Cayres, no Portão 9 da GM… “De grátis pra garotada”

– Conjunto pistão-biela 100% equilibrados em seu peso. Debulhamos o motor, pesamos nas balanças eletronicas da Escola Técnica Industrial Lauro Gomes em SB do Campo, pegamos a de menor peso, equilibramos limando o excesso das bielas na oficina de aprendizagem…

– Coletor de admissão trabalhado por dentro para melhora de fluxo com uma furadeira e cabo de bicicleta, além de lima e muita lixa velha de construção…

– Conjunto virabrequim + volante aliviado e balanceado “no peito – de grátis” na Retsan, que era em Pinheiros e ainda existe, mas não sei onde, eram bons demais.

– Cabeçote rebaixado para aumento de taxa de compressão. Como media? Muito simples… Diametro x curso + volume da camara de combustão… Como media o volume da camara, se é irregular? Ora, com pipeta de vidro do laboratório de química da ETI, cheia de óleo… ia pondo até quase transbordar…

– Tuchos obviamente mecanicos… era uma sinfonia de batidas que parecia tudo solto lá dentro…

– Separadores de óleo soldados no carter, senão nas curvas 1 e 2 o óleo ia todo pra direita, e a bomba operava no vazio… Travava no meio do retão, abria uma cratera no bloco, coisa linda… mas muito cara, fedida, suja e ASSUSTADORA, podem crer…

– Amortecedores marca “DoRogério”.. Que diferença, agora o Luis é representante da Koni no Brasil… Esse Rogério “fazia” amortecedores de competição desmontando originais e pondo óleo e outras cositas más internas… Ouvi dizer que morreu atropelado na frente da oficina dele, na Av Santo Amaro… Não sei se é fato…

– Molas traseiras de Chevette (Dio Mio, isso era uma loucura mesmo, não sei como sobrevivi…)

– Cambagem de 4 a 5 graus na frente “pra começar”… Parecia que as rodas iam sair pelo lado. Ficava pesadíssimo, impossível virar o volante parado, mas o que pregava a frente…

– Alinhamento completo feito na loja de serviços da Pirelli, em frente a fábrica em Santo André. Tinha um senhor (não lembro o nome) meio italiano, meio brasileiro, meio grosso que ignorava solenemente o que queríamos… Com sua experiencia punha o que queria de caster, fuçava atrás, uma salada. Nunca alguem soube realmente o que o cara punha lá…

– Pneus Pirelli CN 36 comum. Não lixávamos porque era caro pra burro. A turma que podia andava com o famoso 5 estrelas, vinha mais de 2 segundos por volta…

– Santantonio de cano de aço com costura, esses de construção. A parede era tão fina que a solda elétrica furava, então enchíamos de massa plástica e tinta em cima.

– Pintura em contact, baseada em recortes de letras de revistas e episcópio, nada de plotter e arte final… Faltava 20 anos pro próximo milenio, alguem lembra…?

– Patrocinadores? Sempre ficavam devendo, só entravam de graça… Talvez alguem tenha pago inscrição ou combustível, no máximo…

– Cinto de segurança de 4 pontos, eficientíssimo, foi minha mãe que costurou 2 pares, comprados em desmanche… Imaginem se bate, será que ia descosturar?

– Macação dos pilotos eram jeans da Galeria Pagé (é assim mesmo que escreve, tá?) mais falsos que nota de 3, camiseta de manga comprida e capacete Peel’s, importado diretamente da Zona Leste Paulista… Pesava mais do que chumbo, viseira de PRÁSTICO (tambem é assim que se escreve, tá?) que embaçava direto… Meu narizinho é um problema…

– Diferencial autoblocante… Eram SOLDADAS as engrenagens satélite… Era proibido, mas até aí…

– Molas dianteiras de Alfa Romeo 2300. Excelentes, a frente nunca escapava… Mas a traseira… muitas vezes contornava a Curva da Ferradura, olhava para o lado e pensava: — “Mas o que é que esta traseira está fazendo aqui ao meu lado…?

– Todo aliviado em seu peso, sem forração nenhuma…

– Vidros originais, a gente não tinha bala pra colocar peças de acrílico, imaginem… Nem pensar.

– Escapamento direto, feito num buraqueiro (é assim que se chamavam os caras dos escapamentos) juntando 3 cilindros dianteiros numa saída, mais os 3 traseiros em 2 bocas laterias… Dá pra ver na foto. Berrava na minha orelha, era a coisa mais linda, verdadeira sinfonia.

Ingredientes Imprescindíveis:
Amor, dedicação, parceria, generosidade, alegria, fé, sonho, prazer, luta inglória, satisfação, felicidade, paixão, força, garra, gana e pé direito.

Valeu a pena?
Não tenham dúvidas. Quem viveu, sabe.

Faria tudo de novo…
Ou melhor, vou fazer.
Demorei 25 anos pra voltar, e voltei só por causa da Superclassic.
Vou fazer 50 anos… Posso esperar outros 25. Sou teimoso. E meio burro. E meio louco.

Quem gosta de carro de corrida não é 100% são. Somos todos muito parecidos. Todos apaixonados.

Rodrigo Lorencini
Rodrigo Lorencini
17 anos atrás

Que foto linda… as rodas “ambulância” são O toque…altas histórias hein?!Salivo com a possibilidade de seizões na Classic…

Mandrake
Mandrake
17 anos atrás

A idéia de um evento em uma pista de kart é muito boa.

Mas tem que ter lastro senão a molecada vai fazer barba, cabelo e bigode.

VIRGO
VIRGO
17 anos atrás

Caro Ceregatti,
Fiquei deprê. Por que voce foi lembrar dos amortecedores do Rogério? Aquele que tinha na loja um cartaz em que dizia “se não ficar satisfeito, troco sem cara feia…?
O texto do FG dessa semana tem a ver com esse sentimento a respeito de um Brasil que não existe mais. Tempos duros, mas divertidos…

Bianchini
Bianchini
17 anos atrás

Ceregatti, meus parabéns, seus ‘causos’ opaleiros no histórico Interlagos são de encher os olhos! Dia 15 vou perguntar mais detalhes dessa doideira toda, fique certo disso.

Jonny'O
Jonny'O
17 anos atrás

Ceregatti,sinceramente ,de coração,fico na maior torcida para que um dia vc esteja lá ,no grid da classic,não com um opala,mas com um simca V8 rasgando a reta sob uma sinfonia dos oito canecos.Comprei a ultima classic da 4 rodas e tem uma reportagem legal do simca regent.
E o Gomes na ultima pagina arrebenta,parabens.

Fubyth
Fubyth
17 anos atrás

Ae!!!!!!!!

Finalmente o OPALA!!!

\\o/

Sou garoto novo, mas vi STOCK de opala aqui no rio, qd tinhamos autodromo, Paulão, Ingo, Fabio Soto Maior…

Mas CC da a ficha tecnica da crinça!

Pablo
Pablo
17 anos atrás

Correndo de Opala na pista antiga, Ceregatti??
Vamos conversar ainda mais no dia 15…

Joaquim Souza
Joaquim Souza
17 anos atrás

o loco CC… que histórias maravilhosas…

Muito legal ler isso… Isso que é o espírito da coisa…os detalhes da oficina, o aprendizado com os erros…

ISSO É VIDA…

Claudio Ceregatti
Claudio Ceregatti
17 anos atrás

É Veloz…
Tenho uma lembrança bem nítida e marcante da Curva do Sol…
Como tinha na cabeça o estilo do Paulão Gomes, tentava reproduzir o que o cara fazia… Nem precisa dizer o que acontecia…
O motorzão já enchia pouco depois da Subida do Lago, e descia a Reta Oposta ainda crescendo… Eu normalmente levantava tanto o pé na entrada do sol que aspirava toda a poeira da pista…
Certa vez cresceu na minha traseira o Opala do (acho) Leandrini, numero 22. Se não for esse o nome, o Luis dve lembrar…
O cara andava forte. Na reta oposta tentei acompanhar o cara, desde a tomada da Curva do Sol… Pensei comigo, se o cara faz pendurado, faço tambem, é só ir atrás…
Meu amigo, o que cruzei os braços, a traseira escapando, o carro inclinando, eu quase fora de controle e o Opalão do cara indo embora… Abriu uma luneta de mim.
Quando acabou o treino, fui olhar o chão… Pois é, molas e amortecedores novinhos, coisa de cinema, pneu lixado…
E nós, usando os “amortecedores do Rogério”, lembra?
Mesmo que eu tivesse competencia, não ia dar pra acompanhar o cara de jeito nenhum…

Marcello
Marcello
17 anos atrás

Fantástico, Cláudio, se conseguir ir no dia 15, depois da Classic rola uma bateria de kart?

Claudio Ceregatti
Claudio Ceregatti
17 anos atrás

Algumas coisinhas:
– O capacete era baseado no design do Denísio Casarini, grande piloto de moto.
– Meu nariz era tão grande que só dava pra andar de capacete aberto, quando fechava não respirava direito. Agora que tenho mais do dobro da idade, o nariz parece ainda maior…
– O numero 84 é em homenagem ao PV De Lamare, por iniciativa do meu sócio no carro, o Luis Garcia.
– O carro era originalmente da Oficina do Chico Landi. Sim, tive a honra de acelerar um carro meio montado por ele…
– Só se corria a álcool, nessa época. A primeira junta de cabeçote tive a honra de pegar das mãos do Ciro Cayres, que trabalhava na GM na época.
– Meu sócio no carro sempre foi muito mais rápido que eu, me enfiava quase 4 segundos por volta. Minha desculpa era que dirigia pouco, só andava de moto. É verdade, mas 4 segundos…
– Todas as inscriçoes do carro são em contact. Na época dava aulas na ETI Lauro Gomes, e existia um aparelho chamado episcópio, que ampliava na parede as apostilas. Eu recortava letras de revistas, montava numa folha e projetava sobre o contact, ampliado. Fiz muito carro de corrida assim.
– Nossa oficina era tão pequena, que só cabia o carro e a gente espremido de cada lado. As ferramentas eram guardadas dentro do carro.
– Quem fazia o motor era o Morais, no maior capricho. Mas nossa primeira usina explodiu no meio do retão, pois não sabíamos que tinha que acrescentar separadores no carter, senão o pescador da bomba de óleo não funcionava nas curvas 1 e 2… Restos de bielas e pistões saíram pela lateral do bloco. Foi lindo, mas o prejuízo…
– O Hisgué, o Bel Camilo, Adalberto Jardim e outras figuraças começaram conosco na época. Tudo alucinado, tudo doido. Naquela época ninguem era muito normal, mesmo,,,
– Quando chegava no meio do retão, depois da largada, no meio do pelotão cercado de malucos por todos os lados dava um medaço…

Bons tempos… Mas ainda vou montar um carro pra brincar na Superclassic. Duro é a minha dona dar autorização… Essa é a parte dificíl.

VELOZ-HP
VELOZ-HP
17 anos atrás

Parabéns Ceregatti, mais um dos nossos malucos.
Opaleiro come io, bravo.
Taí um carro delicioso de acelerar em Interlagos, na pista de verdade, 8 km, claro.
E o número da caranga não podia ser outro se não o 84 do Pedrão de Lamare.
Só falta a cor ser azul escuro metálico.
E aí Ceregatti, conta como era fazer a Curva do Sol com essa máquina urrando a 6000 rpm em terceira marcha, cavocando o acelerador e cruzando os braços igual ao Pace no comercial do Maverick, com a boca seca e o coração a 10.000 rpm com aquelas rodas originais e pneus CN-36.
Fala a verdade, não é melhor do que um orgasmo com a mulher amada ?

Joaquim Souza
Joaquim Souza
17 anos atrás

MERECE MESMO UM BAITA POSTER…

MUITO MASSA A FOTO…