Achcar e sua Simca

SÃO PAULO (para o domingão) – Sidney Cardoso recebeu do Ricardo Achcar (estamos ficando chiques) este texto que segue, escrito sob a inspiração do lindo desenho (mais um) do Maurício Morais.

Leiam e delirem…

Foi na rua Teodoro da Silva, com apresentação do Milton Amaral, que juntaram-se vidas e trajetórias no esporte motor: Herculano Ferreirinha, Antônio Ferreirinha e, no grupo, Manoel de quem me falta o nome, porém não o respeito pela dedicação que sempre mostrou.

Foi também pela via da capotagem espetacular na Ferradura em Interlagos que o meu co-piloto Vadinho, versão carioca do personagem de Dona Flor e Seus Dois Maridos do Jorge Amado, vulgo pau-queimado e o horror dos pais de família da época, Milton Amaral, que o Simca Achcar resolveu se produzir.

Foi muito também pelo Ciro Caires, o piloto companheiro que me passou a primeira grande lição que mudou a minha vida, sobre suspensão e ajustes, que pude adquirir um motor V8 da Simca contra vontade do Chico Landi, que tinha um certo preconceito com “os carioca cheio de firula”, mas acabou deixando se convencer pelo Ciro. E me deram o melhor motor de dinamômetro que havia na época no departamento de competição em compasso, creio que então à espera da chegada dos Simca-Abarth.

Tinha o dito cujo 146 HP e os tinha mesmo. A concepção do suporte interno entre-eixos do motor foi minha, e a mão-de-obra coordenada pelo Herculano com Antônio e Manoel na execução, e eu enchendo o saco, conhecido por supervisão. O que pouca gente sabe é que eu havia conseguido uma caixa Colotti do Renault Rabo Quente na França, e havia conseguido um feito inédito de engambelar minha mãe, radical contrária ao esporte, que trouxe “a bola de ferro” na bagagem dela.

O raio da caixa tinha um eixo-piloto de 13 mm de diâmetro que agüentou honrosamente a potência e o torque do motor Simca em honra ao orgulho da engenharia francesa. Era inacreditável. Nunca reclamou, piou ou rangeu. Em compensação, era seca que nem uma velha ranzinza, exigia o giro no cabelo ou não entrava, nem dizia bom dia.

Além de robusta, ranzinza e berrante nos dentes retos, era invertida sexualmente. Primeira embaixo na direita (o motor era entre-eixos) e o resto vocês adivinham. A ré era em cima na esquerda. Quem é do meio sabe daquele piloto de “confecção de fábrica” da Willys que enfiou a invertida lá na entrada da Sul e perdeu o norte… Era endiabrada.

Como eu já era conhecedor das mazelas do enchimento do circuito de água da Berlineta, caixa de compensação e uma multiplicidade de sangradores estavam instalados no sistema de arrefecimento. O termo-sifão da Vemag (DKW) era uma lição completa sobre arrefecimento.

Quem viveu esta época e elucubrou na criatividade sabe que rival superior, apenas a complexidade macetadíssima do ajuste dos três platinados do 3=6, incrível peça de façanhas, que Deus os tenha vivo para sempre, mas na história como fonte de inspiração. Quando fechavam intermitentemente o recurso era a casa Dr. Eiras, ou pegar o Jorge Letry de bom humor. A primeira opção sempre levou a melhor. E ninguém sai normal dessa experiência. Apenas melhores pilotos e surdos de um ouvido, o próximo da descarga na janela esquerda. Perguntem ao Chico Lameirão falando no ouvido da direita, por favor.

Foi por estas e mais algumas que eu determinei do alto da minha engenharia que utilizaríamos um radiador de colméia celular da Bongotti. Não sei se todo mundo sabe, não custa mencionar. Na colméia celular a decantação da água se faz num percurso em diagonal aproximadamente 30% maior do que na queda vertical.

Calculando os oitos cilindros, cilindrada, cabeçote plano e circuito em geral, eu estimei que com segurança 11 litros dariam cabo da questão, especialmente pela bomba do motor que era poderosa, e o radiador suportava alta pressão. Isto me permitia colocar uma tampa de radiador de 113 libras. Vamos de experiência 3=6. E assim executamos.

Adiante, no autódromo, na arrancada, o Paulinho Newland com a sua lindíssima e hoje sem preço GTO, surgia encarnado no meu. Coisa de historia. Até eu gosto de ler, dá mais arrepio.

Tudo doido, criativo, corajoso, imprevisível com a morte de copila. Passava na reta e o Antônio abusava dos tamancos, na época indumentária de defesa quando a coisa ficava preta, e sacava os dois e sai de perto. Dava quase cambalhotas e o polegar imenso surgia quase no meio do pára-brisa.

Herculano, mais gelado e também menor, botava um sorriso ritualista e ficava na dele, e o Manoel compartilhava do Antônio dando suporte para ele não ser atropelado.

De repente, não que a morte se pronunciasse, mas era meio como. Bumba, a mangueira superior de saída do motor se soltava do radiador. Podia ser a mangueira inferior. Mas não dizia a morte! Tem que ser a de cima que é mais quentinha… E o meu cangote era premiado com um jato de vapor, água e berro de motor, tudo quentinho.

Aí, estava na pista aquele insolente jornalista. Na terceira mangueirada que eu levei o nome ficou. “Vem quente que eu estou fervendo”. Não insistam e não encham o meu saco: não vou dizer o nome desse analfabeto que provavelmente escrevia o meu nome com “x”. Passaram-se quatro anos, mais ou menos.

O Antônio já usava calçados robustos, discretos e militarescos. Os tamancos se foram, provavelmente na cabeça de alguém. Mas o fato é que já era campeão e a assombração de muitos preparadores de motor.

Uma noite, sem saber por que, entrei no nosso box e encontrei o Antônio namorando um pistão embevecido. Tirei-o da letargia, cara doente, e dei-lhe o que eu chamo de ordem. Acho que nem ele sabe por que me atendeu.

Digo isso porque não veio com rabugice e impropérios lusos. Me atendeu. Acho que ele também não sabe por que, mas o Antônio lia os meus instintos, coisa que eu não sabia fazer. “Tira esse radiador que eu quero ver uma coisa.” Silêncio e execução. Fiquei preocupado. Antônio retirou o radiador botou na bancada e olhou para minha cara. “Pega essa garrafa de litro e enche essa coisa.” Antônio, ainda calado, encheu. Deu 7 litros.

Fechamos o box e fomos para a Montenegro, hoje Vinicius de Moraes, no Garota de Ipanema. Tomamos todas e eu ouvi a noite toda resignado repetitivos impropérios com o peso gutural daquela boca cheia de graxa e parafusos do Ferreirinha, o maior mecânico do Brasil, porque veste a camisa até debaixo da neve.

Eu vi.

Ricardo Achcar

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Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

César
Ainda estou ocupado, claro que não almoçando mais, resolvendo outros coisas, a secretária faltou hoje e sobrou pra mim.
Me disseram que vc estava querendo saber onde ficava o radiador, vim só te responder, preciso acabar umas tarefas, portanto não estranhe que eu não te responda novamente, essa é a única desvantagem dos blogs, não sabemos que hora a outra pessoa está.
Com toda certeza o radiador ficava na parte da frente na lateral direita. Como te falei antes, era gamado neste carro e o vi de perto.
A confusão que vc está fazendo é que a mangueira que soltava não era do radiador, era a mangueira superior de saída do motor, entendeu?
Abs, até logo mais.

Ludimar Menezes
Ludimar Menezes
17 anos atrás

Cesar e Sydney:
Agora entendi.

A propósito , dezenas de salamaleques para vcs…

Caíque.
Caíque.
17 anos atrás

Cesar,

Ficava na frente. O Ricardo inclusive fez a saída de ar igual a usada na F1.

Cesar Costa
Cesar Costa
17 anos atrás

Sidney:

Como também estou azul de fome, vou repetir o que coloquei no Saloma (com todo respeito!):

Então o problema parece ter sido o radiador de dimensões menores das imaginadas inicialmente? Aliás, como não vi o carro ao vivo, onde ficava o tal radiador? Na frente, ou junto ao motor como na Berlineta original? Pelo descrito “bafo no cangote” parece que ficava como na Berlineta…

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

César
Havia me esquecido do churrasco, irei reativá-lo com o Wilson, possivelmente na próxima semana.
Amigos, quando sai alguma matéria que um modo ou de outro estou envolvido, gosto de acompanhá-la, po isso li as indagações, falei com Ricardo, ele respondeu.
Lendo-a entenderão tudo, nela ele está respondendo outra pessoa em outro blog que havia feito boa esplanação sobre o aquecimento do carro, creio que ela responde todas indagações.
Desculpem-me, colar aqui, mas preciso almoçar, estou azul de fome.
Ricardo
Querido Sidney, infelizmente estou saindo de viagem, mas é curta, embora continuemos nos falando, não poderei responder nos blogs, por favor, publique onde vc quiser, quando voltar, com maior prazer conversarei com a turma. Desculpe se contiver erros, escrevi apressadamente para atendê-lo.
Amigo Vicente,
Para colocar o motor entre-eixos no Simca-Achcar foi necessário reduzir substancialmente o tubo central que você denomina como espinha dorsal do chassis original Redélé da Berlinetta Interlagos. Conseqüentemente o esforço torção do tubulão central sofreu muito menos do que aparentemente sofreria em não se considerando este aspecto.

Em relação ao aspecto do problema de aquecimento do motor, creio que devo recomendar a todos os participantes colegas leitores aficionados do esporte motor que imprimam, recortem e colem no manual dos seus carros o arrazoado técnico de um engenheiro interessado nas questões automobilísticas. Tendemos todos a esquecer os princípios do assunto tão bem explanados neste contexto. De relevância o fato desse engenheiro não ter estado lá ao lado de dois incompetentes aventureiros, sendo o Ferreirinha o pior deles. Ele é Português e eu posso esculhamba-lo melhor.
Não é possível discutir onde a razão plena se expões e ponto final.
Posso apenas acrescentar algumas considerações que vão permitir o nosso engenheiro melhor avaliar o assunto e nos atualizar nos modernos conceitos de sistemas de arrefecimentos.
Um dos problemas que me pareceram exponencial no Achcar-Simca era que no nível de nossa experiência limitada, uma caixa de compensação tinha e estava posta muito acima do conjunto motor/radiador e justificava o belíssimo baú do imitação da Lola Le Mans que inspirou esse carrinho.
Outro aspecto é que nos valíamos da experiência da Willys copiada pela Alpine-Redélé de uma caixa de compensação de água era referente ao posicionamento dos sangradores e a seqüência correta de abertura plena e fechamento progressivo de acordo com a verificação visual da troca de borbulhas por água corrente. Calculamos razoavelmente bem a presença da gravidade dita peso do líquido sobre os sistema. Era bem incidente, pressionaria a água dentro do sistema. Portanto isto acontecia a frio com o motor inerte. Havia peso no sistema de arrefecimento do Achcar-Simca. Assim raciocinei, eu no caso.
Um dos aspectos impressionantes do Achcar-Simca era a neutralidade do momento polar de inércia sobre o conjunto. Isso se devia a posição rasante porem segura de colocação do motor. Tinha um CG (centro de gravidade) único. Corrigindo um comentário de um colega nosso, o motor não era o Hemi-Sul porque o Chico Landi não tinha ainda conseguido e acho que nunca conseguiu resolver a ruptura do “chapéu” / trava das válvulas e o Ciro me piscou o olho pro motor de 146 HP que era mais fácil eu arrancar do Chico Landi que era uma jóia de pessoa, mas tinha um ranço com “frescura dos carioca” como ele dizia. Portanto a bomba estava a três quartos do radiador Bongotti de colméia celular .
O engenheiro possivelmente possa nos explicar melhor porque todos os carros da atualidade usam 50% de água e 50% de “cooler” que nos denominamos por Anti-congelante mas que de fato atua nas duas pontas da temperatura, se assim o engenheiro confirmar.
Se bem que o radiador era um primor de construção e parecia feito de ouro, quem tomou em consideração o nosso pedido ou execução na fábrica não levou em conta a espessura do mesmo, multiplicidade de canaletas necessárias. Tínhamos limitação de espaço longitudinal bem como e especialmente altura. Mas não tínhamos problemas de profundidade Uma das grandes vantagens dos radiadores Bongotti é que alem de celular (já expliquei a vantagem) fazia-se sob medida. Foi no número de canaletas que aconteceu o erro de fornecimento onde eu me refiro a 7 litros para 11 litros. O tempo de permanência da água no radiador era vital na minha concepção. Isto não fez parte da engenharia do Antônio Fereirinha. Isto foi concepção de minha parte. Como eu criei um formato de retenção do líquido dentro do sistema quente para o sistema frio eu não vou comentar porque guardo para mim até hoje mas vi sendo utilizado em 2 monopostos da Formula 1 na atualidade.
Vou deixar uma questão disponível para os colegas em todos os níveis de competência e engenharia discutir porque acho que isto é fascinante e é progresso neural para quem é jovem e quer acelerar.

Recebemos uma explicação sobre sistema de arrefecimento cujo contexto não há como discutir, apenas implementar quando motivo houver. É assim que funciona e ponto final.
O que é preciso se levar em consideração no caso particular entre outros fatores é o regime elevado constante do motor de competição com um belíssimo debito de água da bomba…para algum lugar.
O que também deve ser considerado é relacionado com as súbitas trocas de rotação do motor…

E a água? Bem a água vai para onde a bomba finalmente deixa ela ir…

Sabemos porque eu assim coloquei que houve um quantidade menor de água no projeto do sistema. Isto ocasionou um tempo de resfriamento menor do que o necessário e no troca troca de temperaturas o motor venceu o radiador. Isto eu afirmo.
No entanto a tampa (eram duas) uma no radiador e outra….na caixa de compensação. Ambas de 113 libras.
Vou terminar com uma frase. Vou igualmente me despedir porque estou viajando este fim de semana . Já combinei com o Sidney um imenso quebra pau geral quando voltar ao vivo com direito a xingamento e impropérios. Vamos marcar um encontro geral possivelmente em SP.

GOLPE DE ARIETE.

ONDE DEVERIA TER UMA DIFERENCIAÇÃO DE PRESSÃO?

A FORMULA 1 CHEGOU ANTES DE MIM 29 ANOS DEPOIS.

Porque lembrem-se por favor. Era o meu cangote que recebia o berro quente do motor em 1965…
Vem quente que eu estou fervendo. Panela de pressão. Chaleira Russa.
Vão todos pro diabo.

Obrigado pela oportunidade de aprender e responder a suas interessadas e inteligentes indagações bem como a todos os participantes.

Cesar Costa
Cesar Costa
17 anos atrás

Sidney;
Sugiro convidar o Ricardo para próxima quarta-feira etílica. Aliás, que fim levou aquele churrasco prometido?

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Pequena falha na digitação: onde está deste os boxes, leia-se desde os boxes.

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Milton M Bonani
Ok, Bonani, será um prazer.
Ludimar Menezes
Creio que vc não entendeu o que Ricardo falou, relendo a descrição dele vi que não ficou bem claro mesmo. Como conversamos muito sobre isso, vou te explicar melhor.
Ele havia pedido a um ajudante da oficina pra ir comprar o radiador de 11 litros, acontece que o portador, por engano, comprou um de 7 litros, mas nunca passou pela cabeça do Ricardo e Ferreirinha deste ocorrido, pois na hora de encher o radiador não se preocupavam em medir com litros, enchiam com regador. Entendeu?
César Costa
Também ouvi a explicação sobre a bomba d’água. Hoje tive compromissos, cheguei tarde estou escrevendo isso são 24:30h, não acho legal ligar pro Ricardo esta hora, amanhã ligo, pergunto e te falo sobre isso.
Jovino
Tirando as trapalhadas da cronometragem desta corrida, aliás estou devendo ao Joaquim, Ricardo Cunha e Mário Estivalet escanear duas páginas de jornais sobre ela, o chato é que está em página dupla, terei que escanear por partes, não cabe no scanner.
Vou te contar apenas duas coisas engraçadas.
1- Ainda nas voltas iniciais desta corrida, surgiu o curto no limpador de pára-brisa, saindo fogo do painel, ali nesta curva que falamos defronte a torre de TV. Parei ali, os bombeiros vieram correndo e apagaram o fogo, isto na maior escuridão, era de madrugada.
Nos boxes não sabiam de nada, ficaram preocupados após passarem os minutos que deveria cruzar lá e não aparecia. Nisto apareceu um repórter de uma rádio querendo saber o que tinha acontecido, pedi a ele pra se comunicar com o locutor e dizer o local exato que estava e o ocorrido, pra enviarem um mecânico.
O eletricista, devido aniversário de familiar, não havia ido à Brasília conosco por terra, ( fomos de Kombi), ficou de ir de avião no dia da corrida, mas se atrasara, indo somente no vôo seguinte, de modo que ainda não havia chegado aos boxes.
“Neném”, um de nossos auxiliares, ouviu pelo rádio e foi correndo deste os boxes, (embaixo da rodoviária), até lá. Chegou botando os bofes pela boca.
Fez um pequeno gatilho com fita isolante.
Ligamos a ignição e não saiu mais fumaça. Ele, exausto, pediu ao bombeiro e ao repórter pra fingirem que não viram nada, abriu a porta do carona, se jogou dentro, bateu a porta e foi deitado escondido no chão do carro até os boxes.
Lá, iluminado, pra ele sair sem ser visto pelos fiscais, fizemos uma “paredinha” enquanto Cardoso, “Neguinho”, estrategicamente, chamava os fiscais pra conversar de modo que ficassem de costas pra li.
Pra surpresa e sorte, quando chegamos nos boxes, Antonio “Alemão”, o eletricista, havia acabado de chegar. Ele viu que levaria muito tempo consertar o limpador. Retiramos, o pára-brisa, por conseguinte, o vidro de trás, pra não criar resistência ao vento e porque poderia se soltar.
Agora o melhor de tudo: Quando falamos pro eletricista que o carro estava rateando ele deu uma checada rápida em tudo e matou em questão de minutos que era a bobina, tocou a mão nela, sentiu que estava pelando, resolveu o problema trocando-a. Bendita parada!
O bendita, vc vai saber agora o porquê.
Acontece que a mulher de nosso mecânico Antonio, ex-Dacon, queria ir conosco pra Brasília, falamos com ela que não seria conveniente, iriam 6 homens na Kombi e mais dois num caminhão, portanto não ficaria bem só ela de mulher, iria tirar a liberdade e acabaria escutando coisas não muito recomendáveis.
A danada não se conformou, bateu pé, e, surpresa, Antonio que dominava muitíssimo bem o motor Porsche, desde a manhã do dia em que viajamos à noite, nos mostrou que o motor estava rateando, e isto de uma hora pra outra, pois o motor estava bom e ficou (sem conseguir acertá-lo …até de noite).
Havíamos combinado de sair às 20:00h, com isso acabamos saindo 24:00h.
Impaciente, deduzindo que era armação por causa da raivinha de sua mulher, pela primeira vez me estourei com ele e resolvemos partir mesmo com o motor falhando, deixando-o lá.
Quando chegamos em Brasília, a primeira coisa que fizemos foi ir na oficina do amigo Alex Dias Ribeiro, ele e seus mecânicos, embora com toda boa vontade, Alex é um amigão mesmo, não conseguiram descobrir onde estava o problema, trocaram platinados, velas, etc.
Alex, então, nos levou numa especializada VW, achando que pelo Porsche ser parecido com esta marca lá poderiam acertar. Que nada, o jeito foi treinar e começar a corrida assim mesmo.
Entendeu porque falei bendita parada?
2- Com a retirada do pára-brisa, não é que uma goteira, com tanto lugar pra se criar, cismou de ficar bem em cima do meu pé direito…
Após umas 20 voltas, foi aparecendo um cãibra, era só apertar o acelerador pra danada aparecer.
Com o pé esquerdo, empurrava o dedão do direito pra cima, tentando aliviar, melhorava um pouco, mas a danada era teimosa.
Aí parei antes da hora e passei a direção pro co-piloto Heitor Peixoto de Castro.
Neste tempo, no box, bolamos uma maneira de desviá-la daquele lugar, de modo que na parada seguinte do Heitor resolvemos tudo.
Bem, está aí. Gosto de contar estas coisas, porque imagino que de fora não passa pela cabeça do expectador o que, às vezes, acontece lá dentro.
Abs.

jovino
jovino
17 anos atrás

Sidney, pode nos contar todas as suas histórias que teremos muito prazer em conhecê-las, pois só quem viveu aquela fase maravilhosa do nosso automobilismo é que pode dar o valor que ela merece. Aqui em Brasília, ficava eu tentando compartilhar-me da provas desta época, mas não conhecia ninguém que tivesse vivido aqueles tempos.Áí tive o prazer de conhecer este Blog e passamos a compartilharmos com pessoas como o Joaquim, Caíque, Brandão, Veloz e tantos outros e percebi que aqueles momentos tão bons em minha vida foram realmente reais e que não tinham sidos um sonho.
Quanto as voadas nas quatros naquele trecho que você falou, me lembro muito bem. Numa destas provas, fiquei acampado com um pessoal exatamente na curva do Bacião e havíamos saído para pegar umas cervejinhas quando uma Deka (se não me engano do George Pappas) deu uma escorregada subindo pela grama e atropelou a nossa barraca. Quando chegamos e vimos os estragos foi só agradecer a Deus por termos saído para tomar umas. Esta prova na chuva foi a mesma que correu o protótipo DKW de gesso e que se desmanchou, muito bem relatado aqui pelo Joaquim.

Jovino

Cesar Costa
Cesar Costa
17 anos atrás

Ludimar:
Meu consultor para assuntos automobilísticos, um finado frequentador do Blog, me garantiu que o problema do carro era o posicionamento da bomba d´água, mas isso só foi descoberto depois que desistiram do projeto. Até porque, se fosse só excesso de água no radiador (o que como vc lembrou parece impossível), bastava esvaziar o bicho, né? De mais a mais, ninguém abandona um carro porque colocaram água demais no radiador.
Com todo o respeito ao Achcar, a quem admiro desde o tempo de Fórmula Vê, está faltando alguma coisa nessa história…

Ludimar Menezes
Ludimar Menezes
17 anos atrás

Qual foi a mágica? Nem com a pressão do fundo das fossas das Marianas 11 litros de água cabem em um volume de 7 litros…

Milton M Bonani
Milton M Bonani
17 anos atrás

Sidney Cardoso,

Não, não sou do Rio. Sou de São Paulo, mas espero encontrá-lo algum dia desses em Interlagos, num farnel ou alguma outra competição.

Um abraço.

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Falooou, Paulo Uzêda.
Semana que vem tô no seu site pra conferir.
Abs.

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Joaquim
Ricardo teve que sair, já passei sua mensagem por tel pra ele.
Milton M. Bonani
Não tem que agradecer, o prazer é nosso de conversar com pessoas que apesar de tantos anos mantém viva lembranças de 40 anos atrás.
Quem me indicou este blog e acabou deste modo me pondo aqui foi o Caíque. Depois que entrei a primeira vez e constatei o que falei acima, acabei ficando. De maneiras que se gostam de nossos papos o mérito é todo do Caíque e de vocês.
Quanto a nos encontrarmos, vc é do Rio?
3=6
Obrigado.
Jovino
Corri neste circuito de rua que vc fala nos 1000 Kms de Brasília1970, com o Lorena-Porsche, nesta corrida sob muita chuva. Vc está com toda razão em relação ao circuito que viu no Google.
Desta corrida teria muitas coisas pra contar, ficaram lembranças agradáveis, mas vou contar apenas duas pra não ficar longo e pq tem a ver com estas partes do circuito que vc falou.
Da reta antes da curva Torre da TV, a maior lembrança que ficou foi a do início da corrida onde a bobina do Lorena estava com problema fazendo ele ratear muito. Com isso fiquei num pega por um bom tempo com uns quatro carros que, em condições normais o Lorena teria despachado. Um deles era o do Maurício Chulam, outro um Karman-Ghia do Jorge Freitas que correu em dupla com Chico Inglês(excelente kartista, era seu fã), os outros, a medida que o tempo foi passando fui esquecendo, mas acho que era Vicente Dominguez e Hélio Mazza. Com a chuva forte subia tanta lama no pára-brisa que a visão era quase nula, de modo que quando o carro da frente acendia as luzes do freio, isso era a única coisa que dava ver bem, quem vinha atrás freava naquela hora, muitas vezes escorregando quase tocando a traseira do que estava na frente.
O interessante é que estes 4 carros estavam andando quase a mesma coisa, com isso nos revezávamos a cada volta, todos lutando pra ficar à frente, querendo se livrar da péssima visão.
Sobre a curva da Torre de TV, tenho duas lembranças, uma ruim do curto-circuito que deu no limpador do pára-brisas, quase causando incêndio, o que me fez ficar parado por um tempo lá.
Agora a melhor lembrança que ficou pra mim deste lugar foi quando o Lorena já estava com a bobina perfeita, portanto andando muito, recuperando o tempo perdido naquela primeira hora de corrida que passou rateando.
Exatamente por ela desembocar naquele retão larguíssimo que descia pra curva da rodoviária, como vc falou, e, diferente de meu amigo Ricardo, gostava de tocar a la Bird, aproveitava a largura e deixava o carro sair nas quatro quase tocando o meio fio do retão, à direita.
Me lembro como se fosse hoje, assim que o público percebeu as entortadas, via de dentro do carro pessoas acenando pra outras mais afastadas, chamando-as pra irem pra lá ver as escorregadas.
Confesso que sentia orgulho e vinha um sorriso de alegria nos lábios a cada volta seguinte, como Ricardo, fico emocionado revivendo isso. A cada volta a multidão ia se aglomerando e se espremendo naquele local pra ver de perto e aplaudir.
Quanto ao retão que descia pra curva da rodoviária, tem uma passagem inesquecível pra mim, até já contei num dos farnéis do Gomes pro Joaquim.
De manhã bem cedo, fui me aproximando de Ciro Cayres que estava com aquela BMW esquife, se não me falha a memória, nesse momento ele estava em segundo lugar. Eu recuperando voltas perdidas com o problema da bobina no início.
Bem, colei com ele na curva da torre de TV, saímos escorregando lado a lado, quase nos tocando e pé no fundo na descida do retão, impressionante como os dois carros estavam andando exatamente a mesma coisa.
Nãos sei se vc sabe, quase no meio desta descida tinha uma lombada, de modo que os carros saiam do chão, ficando por segundos, com as quatro rodas no ar. Neste ponto tínhamos que segurar o volante com força e bem reto pra não rodar no contato de volta com o chão.
Pois bem, até neste ponto subimos e descemos juntos, e pé no fundo.
Quando estávamos quase chegando no curvão que antecede a rodoviária, ele por dentro eu por fora, lembro-me que olhava de rabo de olho pro Ciro e via ele fazendo o mesmo pra mim, pois quem atrasasse mais a freada entraria na frente naquela curva e depois era mole manter a posição, devido o trecho seguinte ser bem estreito.
Lembro-me que nós dois atrasamos e muito o ponto normal de freagem, trocando olhares. Em frações de segundos pensava, meu carro é mais leve, ele tem que frear primeiro.
E foi o que acabou acontecendo, Mal Ciro Freou fiz o mesmo milésimos de segundos após, entramos de lado no curvão e saí na frente pra não ceder mais o lugar.
Bem está aí o que vc me pediu destes trechos.

Paulo Uzêda
Paulo Uzêda
17 anos atrás

É isso ai Sidney,………muita mulher de biquini, e esse final de semana vou de moto para Ilha Bela. Então, semana que vem tem mais mulher de biquini.

Um Abraço

jovino
jovino
17 anos atrás

Que bom que mais um personagem que viveu e fez a melhor fase do automobilismo brasileiro também começa a fazer parte deste blog, nos brindando com suas belíssimas histórias. Felizmente, tive o prazer de viver o automobilismo brasileiro no final da década de 60 aqui em Brasília, principalmente, em provas de longa duração. Parabens Ricardo. Um dia destes estava vendo o percurso dos mil quilômetros de Brasília através do Google Earft e vocês deveriam se deliciar com aquele retão enorme que virava antes da torre de tv e descia numa reta enorme até o bacião da rodoviária. Coisa de doido, pois era cercado por colunas de concreto da rodoviária e vocês desciam num pau só.

Jovino

Gargalhada
Gargalhada
17 anos atrás

O Achcar era tão presente no seu tempo que na época editou um livreto sobre o tema “como conseguir patrocinio”. E nós estávamso apenas engatinhando …

3=6
3=6
17 anos atrás

sr. gomes , sr. ricardo , sr. sidney e srs. “blogueiros”, obrigado. è de arrepiar!
jamais imaginei saber de tantos detalhes e depois de tanto tempo.
eu , como um simples mortal, estou tendo mais informação agora do que na epoca .

Milton M Bonani
Milton M Bonani
17 anos atrás

Sr. Ricardo Achcar,

Obrigado pela resposta. Eu entendi perfeitamente o texto, não há problema nenhum na troca do nome. Saiba que sua resposta me deixa ainda mais orgulhoso e desta vez, emociado. Obrigado mais uma vez.

Ao Sidney Cardoso agradeço novamente pela atenção.

(Agora só falta nos encontrarmos pessoalmente)

joaquim
joaquim
17 anos atrás

GRANDE ACHCAR!!!!
Obrigado pela deferência de tão grande post, fiquei emocionado. Imaginem só, eu garoto de 16 anos, apreciando aquele espetáculo e hoje, 37 anos depois sou merecedor de um comentário de seu principal protagonista. Quanta honra…
Achcar, não esquecemos de vocês não, aguardem… em breve recuperamos todos os méritos desses vencedores. Abs. agradecidos.

Caíque.
Caíque.
17 anos atrás

FG,

Tenho essa e outras histórias gravadas. O Ricardo é uma parte do Automobilismo Brasileiro, aliás a MELHOR parte do Automobilismo Nacional. E eu que tinha uma idéia de como ele era, fiquei hipnotizado em 8 horas de conversa, o cara é transparente e não tem papas na língua e eu concordo com suas idéias. Agora ele não poderá ir ao Farnel, mas se der na volta de uma viagem que fará para fora do Brasil, vou com o Sidney encher o saco dele para leva-lo, ele e o Nino seu filho e também Matuza, a Interlagos. A Matuzada vai adorar.

Gomes
Gomes
17 anos atrás

Ainda bem que o Achcar não pilota blog!

Reproduzo mensagem dele que foi colocada no post sobre a Rádio Eldorado. Ah, esses pilotos… Já dizia o comendador: Piloti, che gente!

Ricardo Achcar

Prezado Joaquim,

De fato, foi com um Merlyn MK 11 o monoposto de 1968. Alugado do Denys Rowland, ( campeão de kart Inglês querendo ir para a F-Ford) com obrigação minha de comprar o motor que ele preparava e que recompraria se..eu ganhasse a corrida. Este Rowland ( Rowland Engines, desculpe Emerson),fui eu que te apresentou, indicou, deu todas as informações, ao pé do leito de morte do Cacaio em Petrópolis. O Jerry Cuningham, nosso companheiro Inglês, talvez tenha te acompanhado e intermediado, na época, a conversação.

Quando puder, deixa a correção ao pé do ouvido do Reginaldo.

Mas a sua lembrança da corrida em Brasília nos 1000 Km em 69 são muito importantes para mim. Existem corridas que são muito significativas para o piloto por razões que só dentro do cockpit se somam e te fazem sentir mais na realidade do que você é. Esta foi uma delas. O histórico do contexto que me levou lá e especialmente porque o Chico Landi não quis que eu pilotasse com o Luiz Pereira Bueno de parceria, agora só pode ser explicado pela distância das leituras que vocês fazem. Sem intervenientes com mais “autoridade” do que nos que vivemos o presente. Chico Landi quis atender um pedido do paulista mestre piloto Bueno a pedido do Bueno, que eu compartilhasse um posto naquele círculo fechado paulistano. Quis porque afinal, me agradecia desta forma por eu ter levantado o patrocínio que nos levaria nesta sonhada aventura. Falar de Eu, Eu, Eu me incomoda muito. Mas ao pé da orelha de quem é capaz de digerir uma recordação de um trecho de uma corrida acontecida a 37 anos atrás, merece a deferência e o direito inalienável de estar presente na memoria do coração dos fatos. Joaquim, está acontecendo.
Enxergue através dos meu olhos. Reverta comigo no tempo.
Aquele almoço que a 4 Rodas organizou naquele clube na represa de Interlagos que tem outro nome Paulista ( Gurapiranga ?, nome de piloto não era…!) você se lembra que eu me levantei e fui lá no lugar onde o gigante piloto e careca Inglês, hoje Sir Stirling Moss, almoçava? Pois eu fui de garfo na mão e a queima roupa propus após “uma introdutória venda de tapetes” ( como diria aquele maldito Zamponi, cuja figura aparece berrante e entupindo a tela no filme da construção do Polar, lá dentro de pincel na mão, horrível, gordo e lambuzado, na Suíno & Bovinos depois que o pau queimado nos enxotou da Horti-Granjeiros, e ANOS DEPOIS o próprio Zamponi escreveu e publicou um artigo nacional do alto de sua potencia jornalística e altura infinita, – “que o Achcar era mera figura decorativa na Polar…”) ( sou descendente de Libaneses…ninguém é hoje em dia..) …e empurrei goela abaixo do Sir Moss o desafio de testar pilotos brasileiros? Escolhi, Eu, 4 pilotos. Dois fraternos, o Norman que todo carioca chamava de Ricardo e vice versa durante 40 anos, o Amaral porque virou meio filho, meio irmão, não sei porque e: o melhor piloto na minha opinião de São Paulo. Eu sabia, no fundo, que iriamos estar juntos Bueno e Eu. Eramos mais rápidos e o Rio de Janeiro precisava acordar de que de fato podia competir com São Paulo, uma dupla, em equipe, lado a lado. Deus sabe o que foi.
Pois o Bueno me devolveu me agraciando um pedido pessoal irrecusável ao Chico para que eu participasse com uma BMW 2002 em Brasília. Chico vacilou muito, muito mesmo, e quando enfim concedeu a oportunidade, definiu que o Luiz P.Bueno e J Balder experientes pilotos paulistas disputariam a prova a bordo da BMW 2002 Schnitzer e o Aguinaldo de Góis e esse do Rio fariam figuração na BMW 2002 Alpine que tinha 15 a 20 HP a menos e tinha menos chance de quebrar na mão dessa dupla…digamos , considerada figurante, talvez de responsabilidade mediana.
Aqui frisa-se com veemência: O patrocínio para o retorno em 1969 a Inglaterra depois dos testes com Sir Moss em Brands Hatch, aconteceu com o meu trabalho pessoal na captação de patrocínio e o prestigio pessoal do Luiz Pereira Bueno. Eu era no máximo, apenas o Campeão Brasileiro de Monoposto em 1968, tendo chegado atrás de mim o José Carlos Pace e o Emerson Fittipaldi, dono da equipe que eu representava no Rio. Portanto, pesava pouco na terra onde o dinheiro e especialmente prestigio nacional da bandeira paulistana era do Luiz P. Bueno. Na minha carreira completa, a única coisa que eu recebi de alguma fábrica e de SP foram 4 rodas de Gordini para eu botar no meu Dauphine do chefe de equipe Christian Heinz depois que eu botei a boca no trombone no ACB que era a FIA ainda neste país. Recebi em três dias na minha casa e ele morreu 3 meses depois. É só São Paulo. No mais, eu competi e negociei. Mas guardo de coração, vivíssimo neste momento, o olhar do Christian para mim me perguntado: “Carioca, o que você precisa?” Não se esquece e não tem preço. Estava sendo prestigiado antes de ser alguém. Essa era a verdade. Ouviu a voz ou o grito que ele Heinz provavelmente já dera em tempo recente. Quem é capaz disso merece ser um cravo evidente na historia do esporte motor brasileiro. Fala-se muito pouco desse que prometia ser o primeiro Ayrton Senna do Brasil. Detalhe interessante: Christian foi trabalhar na Porsche quando eu fui estagiar na Mercedes. Estamos indo lá para 1957/62.
Brasília 1969, 1000 Quilômetros.
Eu nunca dirigi um automóvel tão espetacular em toda a minha vida. O que você viu sentado do meu lado naquela manha foi quando o Aguinaldo saltou do carro e me entregou em 9 posição e me pediu desculpas mas tinha dado uma encavalada nas marchas para evitar ( Deus o tenha, um amor de pessoa) uma calçada em algum trecho da pista. Isso dito na troca de piloto na porta e janela semi fechada do carro em 30 segundos. Parti em busca da glória, vitoria ou mulher, nesta altura tudo estava nos conformes e seu Chico p da vida. Como você viu, estávamos em primeira e quinta. Em duas voltas eu percebemos que o motor retomava bem acima de 3200. Foi a festa que fizemos. O disco de embreagem ou era metálico ou era abençoado e o raio do caro só precisava das quatro roda na reta. O resto, eu acho que nem a fábrica nunca entendeu o canhão impressionante que construíram, nem você e muito menos eu. Eu nunca vi outro carro de tração clássica que chegasse aos pés desse caro preparado. Mas, fica entre nós, era preciso acreditar. E nos acreditamos. Por causa da sua memória viva estou desenfreado nesse teclado. Foram todas em três ou duas rodas e não tinha auto blocante. Explica! Eu nunca lancei um carro a la Bird do jeito que eu joguei esse bólido nas quatro. Finalmente, e isso é segredo meu, aprendi um coisa que me valeu muito anos mais tarde. Aprendi o que era “momento polar de inercia”. Não como engenheiro. Mas como piloto. Como engenheiro eu abro o livro. Como piloto, o Polar me deu o penta campeonato e mais campeonatos e vitórias depois que eu saí de cena. Por isso, passei na última volta por fora a Alfa do P V Delamare no final do curvão da estação rodoviária e duas rodas mesmo e chegamos em terceiro, honroso lugar.
Deu pra ficar zonzo!?

O meu sonho? Arrebentar Mônaco com um F-III na pré eliminar da F -I. Essa, mais uma vez o Brasil me roubou, roubou do Chico Lameirão, roubou do Mestre Oziris Silva, cavalheiro Brasileiro de quem pouca gente imagina o quanto deve pelo menos um tri campeonato brasileiro na Formula 1. Mas no túnel de vento da Embraer, contra o Ralt campeão da F-III só em aerodinâmica o Chico e o Marcos Lameirão foram 28 quilômetros por hora mais veloz. 28 quilômetros, antes desse seu amigo seu ter a oportunidade de testar mexer na geometria de minha experiência na pista que seria aplicada ao monposto.

Agora cai do céu: Tudo foi filmado. Cerquem o CHICO LAMEIRÃO.
E a Embraer foi vendida…Oziris Silva se foi e com ele a alavancagem que podia nos dar por ter sido presidente da Petrobras, essa porcaria de companhia subsidiaria da Williams.

Perdoem erros e não peçam correção. Escrever com emoção, permitam dizer, é uma %!$&#

Marcio figueiras
Marcio figueiras
17 anos atrás

Joaquim
Você citou o Torneio BUa de Fórmula Ford.
Sou do orkut e veja só lá no ámbum do Siney Cardoso tem fotos e reportagens desta corrida lá no RJ.
Sidney ganhou a preliminar com o Lorena , tem foto dele duelando com Amauri Mesquita de Mini Cooper e Ricardo Achcar vinha liderando a de Fórmula Ford parou a duas voltas do final por falta de gasolina e Emerson Fittipaldi ganhou.
Na reportagem cita que Milton Amaral citado aqui tambem fez boa corrida parando na ultima volta pelo mesmo motivo de Ricardo Achcar.

Nino Achcar
Nino Achcar
Reply to  Marcio figueiras
10 anos atrás

Marcio ! Assista no you tube o vídeo “bua resposta 2” postado por meu pai Ricardo Achcar e não deixe de ler na integra o comentário do autor e todos os meus diversos comentários e você vai saber de muita historia jamais contada. Recomendo para bom e inteiro entendimento, assistir, ler, re-assistir e re-ler. Eu tinha 12 anos e estava lá. Nino Achcar.

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Paulo Uzêda
Eu que agradeço, não sabia que vc tinha um site, após vc ter deixado o endereço fui visitá-lo, encontrei uma das coisas que mais aprecio que anda raro de se ver ultimamente : mulher de biquini sentada na garupa de uma moto. Mata o véio, mata!
Já está incluído em meus favoritos, se tiver mais destas posta lá, por favor, ah,ah,ah.

joaquim
joaquim
17 anos atrás

Ia esquecendo: o nosso amigo blogueiro Ney Prates costumava trabalhar de bandeirinha no antigo circuito de Jacarepaguá, tendo inclusive participado das etapas do Rio e Curitiba do Torneio BUA de F-Ford. Tô certo, Ney?

Paulo Uzêda
Paulo Uzêda
17 anos atrás

Sidney Cardoso ,

Muito bom seus comentarios e historias.

Obrigado

joaquim
joaquim
17 anos atrás

Achcar,
Salvo engano esta prova de Brasilia foi a última no Brasil antes de embarcarem para a Europa, não? Graças aos céus que eu estava lá…

Cesar Costa
Cesar Costa
17 anos atrás

E que fim levou o carro? Me lembro que o Russinho (preparador de motos aqui no Rio), fez de uma Berlineta uma pick-up, com mecânica de Fusca (heresia das heresias), mas tinha uma frente bem semelhante a essa.

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Romeu e Joaquim
Já que vcs gostam destes causos, vou deixar um interessante do Ricardo aqui.
Joca se lembra daquela foto que te enviei do Ricardo Achcar de BMW correndo estes 1000 Kms de Brasília 69 que vc descreveu?
Pois bem, como vc sabe estava na dúvida de que ano era, enviei a foto pra ele perguntando se lembrava do ano.
Dentre outras coisas, ele me respondeu esta que vai abaixo:
Esta corrida foi em 1969 e eu só consegui participar porque o Bueno convenceu o Chico Landi que eu sabia dirigir e não quebraria o carro.
Meu parceiro foi o Agnaldo de Góes .
Agnaldo teve problemas comuns de corrida e me entregou o carro na 9a posição com a 3o e 4o marcha quebradas, mesmo assim terminei a corrida em terceiro.
Sete anos depois, apesar de eu estar correndo com capacete aberto e mascara Nomex com óculos no rosto em Brasília . Quando eu estava no box do Piquet, alinhando o carro Polar dele, chegou um sujeito para mim e me perguntou se eu era o RA. Eu disse que sim e ele me disse que precisava ver a minha cara sem pano, óculos e capacete porque ele nunca havia imaginado que um cara pudesse fazer 29 voltas na mês mesma curva, destracionado e em 2 rodas, que ele tinha as fotos do fundo do monobloco com o numero 15 grande pintado em branco que era a numeração dos monoblocos dos carros do Eugênio Martins para competição entregues ao Chico Landi. Melhor ainda, o cara tinha completa noção de que eu estava com um buraco nas marchas e precisava lançar o carro para sair da curva. O que faz um espectador envolvido no esporte motor é absolutamente impagável.
Você, piloto, concorda que uma estória dessas vale mais que o troféu?

Caíque.
Caíque.
17 anos atrás

FG,
eu lhe falei e vem mais.

Rogério Magalhães
Rogério Magalhães
17 anos atrás

Putz… e para a gente que é bem mais novo só resta ler, reler e re-reler… acompanhar cada história e tentar construir na mente cada situação tão bem contada por quem fez a coisa de fato. E nos resta agradecer por cada verdadeira aula…

Ricardo Achcar
Ricardo Achcar
17 anos atrás

Desculpe Milton Bonani, sou novo no sistema de respostas e respondi para você dirigindo-me ao Fávio.
Peço desculpas

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Milton Bonani
Acabei de falar com Ricardo, ele vem aqui agora conversar com vc.
Paulo Uzêda
Concordo contigo, pode ter melhores pilotos acertadores, mas dos que vi de perto com estes olhos que a terra a de comer, os dois melhores pra mim neste quesito foram Ricardo Achcar e Alain Prost.
Claudio Orestes
Também freqüentava a Granja U, vamos só explicar aos outros que não são do Rj, que era o sítio do pai de Milton Amaral, vulgo Pau Queimado, co-piloto de Ricardo, onde se fazia a preparação dos carros. Se chamava Granja U, pq, ficava logo na descida da estrada Grajaú.
Ney Prates
Esta de Ascariu pra mim é novidade, os dois apelidos que conheci era Vem Quente que Estou Fervendo e Chaleira.
Veloz HP
Obrigado, embora só tenhamos filmado uma quinta parte de nossas corridas, ainda falta editar outras, inclusive uma que tem um bom pega do Ricardo com o Patinho Feio com as Alfas GTA de Wilsinho e outra que não me lembro agora quem era o piloto, não estou com o filme aqui, provavelmente Zambello.
Estas vão demorar mais um pouco pelo seguinte, por coincidência, corri nestas duas do Campeonato Brasileiro com o mesmo Karman-Ghia VW 1600 com mesmo número, mesma cor, etc; quase todos os outros carros também participaram das duas corridas, exceção a uma que aparece o Fitti-Fusca com as duas tomadas de ar. De modo que separá-las está levando tempo, entendeu?

Ricardo Achcar
Ricardo Achcar
17 anos atrás

Flávio, você tem toda razão sentir orgulho até mesmo porque essa é a lembrança que mais fará bem a todos que estamos aqui, pois é parte principal do legado que você é. Sorte minha Flávio, ter tido a oportunidade de ser atendido com competência e dedicação numa venda insignificante para a Bongotti de um radiador para um piloto e projeto sem nenhum resultado financeiro para Bongotti. Mas esteja você e todos seguros de que somente pelas mãos de Bongottis é que se faz progresso, emoção, motivos e história. Temos muito poucos Bongottis. Por isso pouca memoria. Mas esse é um tema maldito do qual eu preciso distância. Muita.

Júnior
Júnior
17 anos atrás

Belo texto. Dá para aprender muito…
O interessante é o seguinte: quanto talento que o país perdeu por causa do seu subdesenvolvimento. São pessoas que estivessem em um país do 1° mundo, estariam no mundo da velocidade e competições.
Ex: o pessoal da equipe Willys de competição, foi parar toda na F-1. Emerson, Pace, Wilsinho, etc..

Ricardo Cunha
Ricardo Cunha
17 anos atrás

O Ricardo Achcar correu em duas provas de Fórmula Ford em 1968, na Europa, pilotando um Merlyn Mk 11. Venceu na estréia, em Oulton Park, na Inglaterra, no dia 03/06/1968. No fim de semana seguinte disputou uma corrida internacional em Spa-Francorchamps, na Bélgica, abandonando.
No ano de 1969 ele correu pela S.M.A.R.T., equipe de Stirling Moss, com um Merlyn Mk 11-A, vencendo duas corridas:
01/09/1969 – Mallory Park
08/09/1969 – Brands Hatch

Ricardo Cunha

Zampa
Zampa
17 anos atrás

Coisa de chorar, pura emoção, lembranças. Quarenta anos atrás este turco, mago de portentosa milonga me arrancou da praia para enfiar dentro de um pardieiro fedorento que chamavam oficina, sem ganhar um puto. Ouvi-lo em suas “viagens”, sonhos muitos sem pé nem cabeça tiraram-me de uma mais tarde pós graduaçao, possuído por devastadora fissura. Virei jornalista especializado(?) e aquí permaneço, quase duro ($) mas sem arrependimentos. Serei sempre grato pelo dia em que conheci este cara, uma das cabeças mais brilhantes que cruzei.

Ave Ricardo

Cesar Costa
Cesar Costa
17 anos atrás

Êita! Mais um pra engrossar as quartas-etílicas….

joaquim
joaquim
17 anos atrás

Gente, Ricardo Achcar, o redivivo!!!
Pra quem não sabe o cidadão em questão foi o primeiro brasileiro a ganhar corrida de F-Ford na Inglaterra em 68, (de Royale, creio), numa época que piloto brasileiro era proibido de correr lá fopra. Integoru em 69 o time de Stirling Moss de F-Ford, junto com Luisinho Pereira Bueno. O homem é a própria história do automobilismo brasileiro. Do Achcar – que infelizmente vi muito pouco em ação – lembro-me de suas atuações com o primeiro Patinho feio (chassi Aranae alargado) e aquela performance inesquecível nos Mil Km de Brasilia de 69, sem freios, parando a BMW 2002 TI no câmbio e na derrapagem controlada. Coisa que não se vê mais hoje em dia. Foi um dos grandes numa geração de gênios. Evoé, Achcar!!!

Mayara
Mayara
17 anos atrás

Matuzas, adoro todos vocês !!! Obrigada .

Romeu
Romeu
17 anos atrás

Faço coro com o Veloz.
Realmente na fase do nosso Templo em reformas, só ficavamos sabendo das corridas pelas revistas, e logicamente com defasagem pois as revistas eram mensais.
Só conheciamos alguns carros (e alguns pilotos) por fotos, eu por exemplo nunca vi esse lindo carro ao vivo.
E mais uma vez parabens ao Sidney, com suas histórias, fotos e seus importantes documentos sobre “aquele” nosso automobilismo.
E o mais legal: No “vacuo” do Sidney tem aparecido gente como o Achcar, como muita história, aventuras e “causos” para contar.
Temos que continuar “desentocando” esses Matuzas das Pistas, para virem aqui contar essas passagens.
Só espero estar por perto quando do encontro Achcar x Bonani…

VELOZ-HP
VELOZ-HP
17 anos atrás

Viu só Flávio, quando os matuzas por aqui se manifestam o nivel sobe muito junto com a adrenalina.
Parabéns agradecidos ao Sidney Cardoso por contribuir o máximo que pode para a preservação da memória do nosso automobilismo com seus filmes, suas histórias e agora também com as histórias dos amigos campeões.
Eu já era fã desses caras desde os anos 60 quando Interlagos estava em reformas e as corridas eram em Jacarepagué ou em circúitos de rua e eu só podia acompanhá-los pelas revistas.
Agora, tendo a honra de conhecê-lo pessoalmente e ler suas lindas histórias por aqui, virei fã em dobro do Sidney e seus amigos campeões de Jacarepaguá dos velhos tempos.
Um grande abraço apertado no Sidney e seus velozes amigos cariocas.

Milton M Bonani
Milton M Bonani
17 anos atrás

Sidney Cardoso,

Obrigado pela atenção. Vou aguardar ansioso.

Ney Prates
Ney Prates
17 anos atrás

Uma pena, que o carro do Ricardo nunca tivesse tido o desempenho que merecia. Mas, na realidade, o apelido que pegou, mesmo, foi “Ascariu”, mistura de Achcar, vocês sabem com que.
O Ricardo tinha ótimas estórias, e, em uma ocasião, paquerava uma senhora, que era parente da namorada de um amigo meu, o Rui. Peça rara esse Rui, andava muito bem de carro, mas era piloto de rua, já viram. O Ricardo, para aparecer bem na fita, emprestou a berlineta, ainda Renault, pro Rui dar uma volta, sob sua supervisão. Resultado, a namorada quase ficou viúva antecipada, pelas estrepolias do Rui ao volante, e pelo “carinho” do Ricardo, que só faltou escalpelá-lo. Grande Ricardo, um senhor piloto, que foi quem realmente abriu as portas da Europa, para nossos Emerson e demais.

Sidney Cardoso
Sidney Cardoso
17 anos atrás

Flávio Gomes
Vou inserir aqui pequeníssima parte duma frase desse poético texto do amigo, que por alguma falha minha na hora de te enviar faltou.
Escreverei a frase do início para que os freqüentadores possam identificá-la. Caso vc ainda tenha oportunidade de complementá-la, depois é só apagar este comentário.
Eis a frase: “Adiante, no autódromo, na arrancada, o Paulinho Newland com a sua lindíssima e hoje sem preço GTO, surgia encarnado no meu retrovisor se bem que bafo no cangote tome de Sul”.
Miltom M. Bonani
Cheguei agora, li seu comentário, liguei pro Ricardo falando de sua alegria, ele ficou muito feliz, disse-me que virá aqui falar contigo.
Em tempo: Como sou muito fã deste carro não só pelo que ele andava, mas também pra mim um dos mais belos fabricados aqui, e acho sua traseira muito linda, após ver a ilustração, solicitei ao Maurício Morais que fizesse outra ilustração contendo as duas figuras na mesma, ou seja, esta de frente, acrescentando ele visto por trás.
Ele concordou e penso que, talvez já nesta semana estará pronta.
Abraços a todos.

Cezar Fittipaldi
Cezar Fittipaldi
17 anos atrás

Brilhante!!!
e tenho dito.

Cláudio Orestes do N
Cláudio Orestes do N
17 anos atrás

DELIREI !!! E, do mesmo jeito que delirava ao entrar naquele templo chamado Granja U.
Cláudio Orestes – Matuza Caiçara

J  B
J B
17 anos atrás

Esse texto vale por um tempo de estudo. Perfeito.

Paulo Uzêda
Paulo Uzêda
17 anos atrás

Texto muto bom do Ricardo.

Já ouvi muito das historias do Ricardo , através de ninguem menos que seu chefe de equipe na época, o Rainer Reutter, o Ricardo com certeza lembra dele.

Segundo o Rainer , o melhor e mais completo piloto do Brasil, com sensibilidade para pneus com libras diferentes.

Dú
17 anos atrás

E tem gente que conhece automobilismo, por video game se achando bam bam bam nos plays da vida e batem o pé ainda. Esse blig tem de virar daqui uns anos um livro digital, em pdf, acesso livre, pois imagino o que tem arquivado! Quando comecei a ler o texto, e vi teodoro sem h, bateu na hora saudades do Gualtiero, ali na Cetemo, dos papos e tal. IHHHHH, parece que o Galvão leu algo aqui ahahahah, acaba de comentar das perguntas idiotas de um despreparado, ou seria das perguntas despreparadas de um idiota?