A morte

PORTO ALEGRE – Me telefonaram quando os dois pilotos ainda estavam dentro de seus carros. Estou bem longe de São Paulo, resolvendo outras coisas, aproveitando uma folga. De qualquer forma, dificilmente iria a Interlagos para a Stock, e por isso só saberia assim mesmo, por telefone.

O acidente está aqui. Vi agora há pouco. Mas os relatos do Ceregatti, do Victor Martins e do Bruno Vicaria, no autódromo, deixaram poucas dúvidas sobre o que aconteceu.

A Subida do Café não é mais nem menos perigosa que outros trechos de outros autódromos. Ninguém morre numa corrida por apenas um fator. É como acidente de avião. Uma sequência de fatos que redunda em algo grave. Ou não.

Escapar ali, na subida, acelerando, não é raro. Ruim é ricochetear e voltar para a pista. Às vezes o carro apenas “lambe” os pneus e por lá fica. Em outras, pode até voltar, e se não tiver ninguém atrás, nada acontece.

Ocorre que era uma relargada, e Rafael Sperafico estava bem na frente, com um monte de gente subindo a ladeira, motores cheios, um espremendo o outro, como sempre acontece nas provas da Stock.

Não sei se ele foi tocado, o que o levou aos pneus. Sei que pelas imagens Renato Russo teve pouquíssimo tempo para reagir e bateu acelerando. Bem onde fica o piloto. Um pouco mais para a frente, um pouco mais para trás, talvez não resultasse numa fatalidade.

Sempre que morre alguém em corridas a tendência é achar um assassino. Foi assim com Senna: o muro, a área de escape, o asfalto, a curva, Patrick Head, Frank Williams. Na verdade Ayrton morreu porque a barra de suspensão entrou pela viseira. Foi o desfecho de uma sequência de fatos que teve, sim, como personagens o muro, a área de escape, o asfalto, a curva, Patrick Head, Frank Williams.

Com Rafael foi a mesma coisa. Poderia ter sido uma batida banal se ele estivesse em último, ou se todos conseguissem desviar. A Stock não é assassina, nem a Subida do Café, nem Renato Russo, nem ninguém.

Mas acidentes ensinam e é preciso aprender com eles, não deixá-los para trás. Os carros da Stock e da Stock Light não são um primor de segurança. A célula de sobrevivência exibe certa fragilidade, é evidente. Mas dificilmente Rafael sobreviveria mesmo num carro bem mais seguro e resistente, porque a batida foi forte demais, e bem onde ele estava.

Acidentes ensinam, como disse, mas no caso deste há mais a se estudar além de sua dinâmica, causas e consequências, estudo que pode determinar medidas posteriores para evitar repetições. Há que se pensar, também, sobre a qualidade dos pilotos que guiam esses carros. Alguns muito jovens, inexperientes, agressivos em excesso. A Stock (e a Light) é um jogo de bate-bate que, na maioria das vezes, não dá em nada além de carenagens rachadas e pilotos fazendo beicinho. Na maioria das vezes. Não em todas. Corrida de carro é uma brincadeira perigosa. E por isso não pode ser encarada como brincadeira.

Fica sempre um gosto amargo na boca da gente que gosta de automobilismo quando um dos “nossos” se vai. Não conhecia Rafael, mas conheço razoavelmente bem os gêmeos Ricardo e Rodrigo, da época da F-3000, sempre sorridentes e solícitos.

Seus sorrisos vão demorar a voltar, o tempo vai demorar a passar, mas a vida seguirá seu rumo em alta velocidade, como sempre foi.

Que este domingo sirva de lição aos pilotos. Mais do que qualquer um, são eles que precisam refletir sobre o que querem e sobre o que fazem de suas vidas. E com as vidas dos outros.

Foto: Oelcio Francisco

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Deko Soares
Deko Soares
16 anos atrás

Pessoal, observei e li os mais diversos comentários sobre o acidente. Em última análise, devemos ter em mente o seguinte: a) Qualquer acidente com morte, é uma fatalidade, portanto, o resultado da pesquisa do site é óbvia e coerente;
b) Os carros da Stock evoluíram muito. Na real, desde o acidente (tbém fatal do Justino em 2003 se não me engano) as células e a amarração da gaiola melhoraram muito;
c) É claro (e o próprio Giaffone admitiu) que na posição em que estava e pela forma como foi a batida seria difícil não haver danos ao piloto. Ficar atravessado em zona de aceleração é um pesadelo pra qualquer piloto.
d) É preciso haver um salto ainda na construção dos stocks. Quem assiste NASCAR, pode observar a violência dos acidentes e, lembrando que lá, os carros tem quase o dobro da potencia e andam beirando os 400km/h nos super speedways. Faz muito tempo que não há fatalidades por lá. Os carros são diferentes e mais pesados. Mas conseguiram um padrão de segurança tão elevado que os acidentes fazem parte do show e a segurança dos pilotos também.
Abraços,

Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
16 anos atrás

Só tenho certeza de uma coisa: O impacto não foi de 1 tonelada, foi pelo menos 10 vezes isso, mas acho que muito mais.

! tonelada é o peso de uma Parati. Quer dizer que se eu apoiar uma parati de bico na porta de um stock light de lado, ele vai afundar um metro como aconteceu nessa batida?

Thiago Campos
Thiago Campos
16 anos atrás

É isso q dá ficar copiando nascar, ficar promovendo toques, achar isso lindo e falar q isso é ser competitivo.
Lá eles se tocam e batem num muro e geralmente ficam por lá mesmo.
Acontece que a Stck deveria rumar pro nivel da DTM, aonde toques são levados muito a sério, e não fazem parte do _espetaculo_.
Quem sabe não rumamos pra este lado?

stirling Moss
stirling Moss
16 anos atrás

No que toca à categoria em si, nunca gostei, nem perco o tempo lendo notícias da stock. São mesmo uns mauricinhos ruins de braço que podem até agir como assassinos,porque sempre serão inocentes e ninguem provará o contrário. O Galvão tem culpa também. Lembram como ele gritava excitado “fééécha a porta fulano!” quando seu piloto conduzia uma manobra canalha pra cima de quem arriscasse a ultrapassagem?Pois é fecha, dá tótó, breca antes da hora…Vale tudo que é sacanagem para se manter à frente. Nada disso é esporte, é crime isso sim, é atentado mesmo. Deve vencer quem anda mais rápido, só isso. Por isso nunca gostei de pilotos desleais, mesmo que sejam considerados os melhores da história.

Mané
Mané
16 anos atrás

Quem sabe o povo se toca que essa stock car que de stock não tem nada, é a maior mentira do automobilismo. Parece mas não é. cito Maquiavel, que de “maquiavélico” não tinha nada: para a humanidade o que importa não é o que é, mas o que parece ser.

Bruno
Bruno
16 anos atrás

Luma,

Nunca lí tanta besteira.
O autódromo de interlagos ultrapassado? Se você estiver falando em estrutura para o público, lhe dou razão em partes. Agora, em termos de traçado e segurança de pista, JAMAIS!!! ”Esta mesma curva já presenciou outros acidentes fenomenais e mesmo na F1.” – Canadá então está ultrapassado, não é? – Aliás, qualquer circuito que tenha curvas deve estar ultrapassado… (sic)
Quanto a sua BARRA de PROTEÇÃO LATERAL, que vem nos carros nacionais: você realmente acha que, se um Honda CIVIC estiver de lado, e um carro vier em aceleração plena, a mais ou menos 200 Km por hora pater na porta do motorista, vai sobrar alguma coisa pra contar história?
Pergunte a qualquer piloto (profissional ou amador) sobre qual é batida mais temida.
Por favor, vamos pensar um pouquinho antes de sair dizendo qualquer coisa ao vento.

LUMA
LUMA
16 anos atrás

Era questão de tempo, o Autodromo de Interlagos está ultrapassado. Esta mesma curva já presenciou outros acidentes fenomenais e mesmo na F1. Isto somado a esta estrutura de gaiola ridicula de um carro de Stock dá nisso. Ouvi um i d i o t a de um destes abastados gordos corredores falando que até um TANQUE não resistiria a este impacto. Que absurdo. De que tanque o sabidão estava falando? Claro que existe solução para melhorar a segurança destes carros, mas os endinheirados terão que gastar um pouquinho a mais. Porque não criar um berço de fibra de carbono reforçada com chapas de aço de alto tensão de escoamento, presente em alguns carros nacionais como Honda Civic, mas isso é muito para o amodorismo local, e assim segue a vida ou as mortes desnecessárias.

Bianchini
Bianchini
16 anos atrás

Infelizmente, do jeito que foi a batida, não haveria célula de segurança que resolvesse. Minhas condolências à família.
O que poderia ser feito no caso é aplicar a idéia do Ingo Hoffmann, alguém que quase não tem experiência de corridas: um soft wall (estilo Nascar) rente ao asfalto, assim o carro escorregaria pelo muro ao invés de ser ricocheteado de volta como acontece com os pneus.

luiz Carlos Viola
luiz Carlos Viola
16 anos atrás

Concordo plenamente com rafael.

Juan Paul Montracy
Juan Paul Montracy
16 anos atrás

O mesmo Charlie q aprovou um circuito com uma curva impossível na China foi o responsável por essa barreira d pneus na curva do café…

rafael jorgens
rafael jorgens
16 anos atrás

Amigos, houve um assassinato.
Que as imagens e o carro 27 sejam periciados.
Não gosto da stock.
Grato.

THG
THG
16 anos atrás

Corrida de carro é assim. Uma hora alguém morre. Na stock, WRC, WTCC, F1, IRL, qualquer uma.
O que não dá é pra facilitar. Na Nascar o que mais acontece é batida em T, e sempre do lado do piloto, já que geralmente o carro desce da parte alta do oval. E ninguem morre há mais de 5 anos.
Só que lá os carros são realmente stock e projetados pra isso. Aqui, fazem um carro de autorama gigante, com uma bolha ridícula e um chassi que é só o mínimo pra segurar a bolha e o conjunto mecânico.
E os pilotos se aproveitam da suposta robustez do carro pra utilizar um estilo de pilotagem da pior espécie, espalhando na curva ou fechando a porta. Ninguem na stock tem a menor condição de pilotar um monoposto.
Já passou da hora de limparem o automobilismo brasileiro e instituirem categorias de formula onde as técnicas de pilotagem realmente se sobressaem, e o espetáculo é bonito de se ver e disputado.
Ou então, vamos continuar a assistir o DEMOLITION DERBY, a Globo agora vai mostrar todas as etapas.

Ridiculo.

E pesames à família. Como são do meio, talvez não tenham dificuldade em aceitar. Mas com certeza, como todos, terão dificuldade de entender.

JM.Rodriguez
JM.Rodriguez
16 anos atrás

É preciso melhorar a segurança dos stocks pois já foi provado que não são seguros. Não podemos esquecer que estamos no Brasil, tudo que precisa de organização é duvidoso. Testes de crash-test seria uma alternativa, mas acredito que os stocks tem problemas estruturais e de projeto. Lamento pela família e amigos do Rafael, estão sofrendo muito. Meus sentimentos…

Roberto Brandão
Roberto Brandão
16 anos atrás

Texto maravilhoso, este do Flávio.
Coloca, desprovidoi do emocional, os aftos e sua interpretação mais correta.
Leio hoje, em alguns jornais, uma verdadeira crucificação ao autódromo e à barreira de pneus, como causa da fatalidade.
A barreira de pneus está onde está, por causa do ângulo de saída da curva do café. Quando um carro escapa ali, é muito grande a probabilidade de bater contra o muro com ângulos superiores a 30°, que são perigosos.
O esporte é de risco e algumas mortes tem de ocorrer. Caso contrário, continuaremos a assistir verdadeiros demilition derbies em lugar de corridas. Os pilotos tem confundido agressividade na disputa com empurra-empurra.
Leiam o texto do FG sobre as 500 milhas de kart e entenderão.
Este tipo de atitude vem de longo tempo e em todas as categorias. Se mais pilotos se acidentarem em razão destes “toques relativos à agressividade da corrida”, quem sabe começacm a colocar um pouco mais de juízo na cabeça.

Marcos Lauro
Marcos Lauro
16 anos atrás

Olá Gomes e colegas blogueiros. Tenho uma pergunta de leigo para fazer.

Li em outros lugares que regras da FIA proíbem pneus em curvas como a do Café. O correto seria uma grande área de escape ou então um muro rente à pista com um sistema de absorvição de impacto.

A Stock (e outras categorias) são obrigadas a atender as regras da FIA também? Se sim, porque havia pneus lá?

vitão
vitão
16 anos atrás

A qualidade do texto é proporcional ao tamanho da tragédia. Corrida de carro tem riscos sim, mas esse “rala e rola” é estimulado pelos (des)organizadores e patrociandores, porque, afinal, a turma que vai quer ganhar bonezinho, comer coxinha (ruim) e beber cerveja (quente) quer ver é sangue. Deu no que deu. Esse povo está pronto para a próxima desgraça diária.
Interressante é ler os comentários de alguns pilotos no ESTaDÃO DE SP do domingo, dizendo que a Stock não forma ninguém, que precisamos de categoria de formula, e que a categoria é fim de carreira. Isso dito pelo Pizzonia e pelo Zonta. .
Sentimentos à família.

Roberto Brandão
Roberto Brandão
16 anos atrás

Texto muito bom, Flávio. Sério, desapaixonado, restringindo-se aos fatos.
Cabe uma corança/pergunta :
Lá no começo do ano, o Flávio Gomes escreveu um artigo sobre a Stock, com críticas, artigo este que foi apoiado opr uma série de colunistas.
Um deles, o Arnaldo Keller, escreveu uma coluna apoiando tal artigo e comentando falhas construtivas do carro-bolha, em especial para potência do motor que o equipa.
O jornal, onde tal coluna foi publicada, recebeu uma comunicação oficial de um diretor da GM, cancelando os anúncios desta montadora (o que a GM ou o tal diretor tem a ver com a categoria?). O jornal manteve a coluna e o colunista, apesar da perda financeira, levando à cabo a liberdade de imprensa.
Pergunto : onde está o tal diretor da GM agora? Será que explicará o acidente? Vai se retratar?
O mundo corporativo se compara ao das Federações e Confederações esportivas…

Danilo
Danilo
16 anos atrás

Se eles querem copiar a NASCAR copie tudo de uma vez!Desde de 2001 niguem morre na Nascar ,q foi o Dale Earnhardt pq naum utilizava o dispositivo HANS,e isso e uma coisa incrivel se levar em consideraçaum o enorme numero de batidas em alta velocidade q resultam em acidentes incriveis.
Afinal se e pra copiar ,copia direito.

Rafael Thielmann
Rafael Thielmann
16 anos atrás

Mais um que se vai, vá com deus amigo.
Que o tempo traga calma a compreensão para a família e amigos.

Luiz Callegaro
Luiz Callegaro
16 anos atrás

Este acidente e outros tantos(a maioria) da stock, é devido a impetuosidade exagerada dos pilotos e a sua intolerância de ser ultrapassado.Na stock ninguém faz curva deixando espaço para quem esta ultrapassando( com o bico na frente), ou fecha a porta ou espalha na curva propositalmente .Estão errados, e os acidente se sucedem vergonhosamente.São maus pilotos, e a CBA, a associação dos pilotos não fazem nada.O ano que vem todos os pilotos deveriam ser obrigados a ver o duelo(no bom sentido) entre Arnou-Renault x Villeneuve-Ferrari, que entrou para a história da F1.Andaram por duas ou três voltas lado-a-lado.Isto é pilotagem, perícia e técnica.

Roberto Fróes
Roberto Fróes
16 anos atrás

Flavio
Não conheci o Rafael Sperafico. Conheci de vista os outros Sperafico.
Não aprecio a Stock Car, entre outras coisas, por não ter absolutamente nada de Stock.
Mas aprecio quase todos os pilotos – inclusive você, e você bem sabe disso – justamente por serem pilotos, e valorizarem esse esporte que, quase sempre é sensacional, mas sempre exige muita dedicação, coragem e determinação.
Você, que conhece as pessoas da família, transmita minhas sinceras condolências. Uma pena…

Edu Garcia
Edu Garcia
16 anos atrás

Flávio,
Vc que é muito sensato, me responda: Para que serve a taxa de 300 mil reais que a CBA cobra a título de homologação de categoria, se ao menos ela faz um teste com o carro? E os 160 mil da taxa de calendário? E os valores de anuidades dos pilotos? Ainda a tempo, sabia que a FASP vai cobrar da Copa Clio 35 mil para realizar a prova desta semana? Sabe o que está incluso? NADA!!!
Acho que está na hora de dar um basta nessa entidade apenas dinheirista que é a CBA!!
CHEGA!!!!

Professor Pasquale
Professor Pasquale
16 anos atrás

Além da categoria de bate-bate de pilotos sujos matando gente, temos um lazarento matando a língua portuguesa:

“Lamentavel o que aconteceu obviamente niguen tem culpa e como oamigo ai embaixo disse ele morreu fazendo o que gosta e nem sofreu. Infelismente o bonaza veio antes da tempestsde mas a vida as vezes tem disto .Agora quem mais presisara de ajuda é a MÃE pois um pedaço dela se foi para sempre e é muito dificil de aceitar pois o ser humano tem dificuldade de comviver co perdas principalmente um destas mas emfim Deus sabe o que faz Como tudo que as vezes sai errado em nossa vida o negocio é aprender com o que aconteceu e tirar proveito de tudo que ésta fatalidade nos ensinara para que isto não se repita mais ou se viér á acontecer que as cosequencias não passem de um susto e perdas materiais”

Satoru Gonzales Naka
Satoru Gonzales Naka
16 anos atrás

Já assisti algumas provas da Stock ao vivo, o espreme-bate entre todos é incrivel porque simplesmente não existe nenhuma regra sobre conduta esportiva na categoria.
Vc bate no fulano da frente e no maximo ele vai te dar um sopapo.
Alguem ai já viu algum piloto ser punido por tocar outro na Stock?

VIRGO
VIRGO
16 anos atrás

Apesar de concordar com a maioria da rapaziada que creditou à fatalidade o acidente desse rapaz, acho que é preciso urgentemente se fazer no Brasil o que se faz na F1: colocar a segurança como meta prioritária, estabelecendo metas de segurança e punindo pilotos irresponsáveis severa e exemplarmente. Nós que frequentamos o autódromo cansamos de ouvir histórias desses cachorros loucos que dirigem carros de competição em Interlagos como animais, pondo emperigo a vida deles e de outros pilotos.
Demorou muito para acontecer algo sério na Stock pelo que se vê nas transmissões, mas poderia também ter sido em qualquer das categorias que usam o autódromo.
Tem uns pilotos que mereciam usar camisa de força e babador ao invés de terem permissão de subir em um carro com centenas de HP.
Já que estamos longe de alcançar a cordialidade que existe por exemplo na Superclassic, poder-se-ia ao menos introduzir um briefing com os pilotos advertindo-os de forma dura que conduta anti-esportiva é passível de exclusão sumária da prova e, dependendo, do campeonato. E Usar e abusar das penalidades por condução perigosa.
Iria gerar muitas críticas, mas talvez também salvasse algumas vidas.

Danilo Gaidarji
Danilo Gaidarji
16 anos atrás

Pessoal,
Sabemos que no calor do momento falamos coisas sem pensar, e talvez levados por comentários de outros.
Não defendendo os Carreira, mesmo pq não tenho boas lembranças da lisura da família quando o assunto é corrida, mas não foi o Carreirinha que estava ao lado do Rafael nos momentos anteriores ao acidente, mas sim o piloto Alexandre Cunha, do carro 27.

Marcelo Otaviano
Marcelo Otaviano
16 anos atrás

Uma tragédia desencadeia uma série de sentimentos e reações. Infelizmente a hipocrisia é uma destas maiores!
“dia triste para o automobilismo brasileiro”, “é o ponto negro do autodromo”, “temos que rever tudo em termos de segurança”…
Porque estas preocupações não rolam antes?
Claro que corridas nunca serão seguras, mas podemos fazer algo para diminuir riscos e nunca se faz antes do pior.
A CBA é omissa. Pq não cria comissões permanentes de técnicos, pilotos e equipes só para tratar da segurança?
Se a Vicar sabe que o ponto negro de Interlagos é lá, o que fizeram p/a tentar melhorar este ou qq outro de qq autodromo?
Se o carro tem que rever sua segurança, pq esperar 2009?
Nas primeiras provas deste chassi com V8 ocorreram muitos acidentes e tiveram que colocar rapidamente o extrator de ar traseiro no assoalho. Será que um projeto original do chassi (feito na Argentina) a quase 10 anos está 100% adequado para aquele motorzão?
Outra coisa a lamentar é a conduta de muitos pilotos, é só colocar de lado e te mandam para o muro. Lembram da decisão de 2006, no mesmo lugar, o que o Cacá Bueno faz c/o Hoover? E o que o Hoover fez c/o Ingo em Brasilia neste ano?

Eric
Eric
16 anos atrás

Eu estava lá, na arquibancada. O publico em silêncio, acompanhando a equipe de resgate, que a cada minuto que passava, também silenciava, anunciando de forma involuntária que nada podiam fazer. Quando o piloto finalmente foi retirado, 15, 20 minutos após o acidente, aplausos de quem foi lá ver um espetáculo e acabou retornando pra casa triste.

rubem r. gonzalez
rubem r. gonzalez
16 anos atrás

Perfeita a sua análise dos fatos Gomes, vamos entrar agora numa área de turbulencia e num oba-oba desenfreado sobre o que poderia ser feito ou evitado para nada disso acontecer, o principal voce já abordou que são os riscos inerentes a atividade que se desenvolve, trabalhei 16 anos em plataformas de petróleo na bacia de campos e perdi alguns amigos em acidentes de trabalho, apesar da tristeza sabiamos que esse era o risco inerente a nossa atividade e as melhoras sempre vieram por mais segurança, mas essas melhoras são frutos de estudos sérios e não aqueles provenientes do momento , movidos por uma carga emocional excessiva, como é o caso agora, garanto que se o desfecho não fosse a morte do Rafael ninguém que agora brada a sua ira contra tudo e contra todos iria se manifestar, vão falar mal do carro, dos adversários, da pista de tudo. ocorre que se não houvesse essa fatalidade essas mesmas pessoas ficariam caladas apesar do potencial de risco de cada uma dessas partes que eu citei fosse o mesmo, deu para entender? quem se manifesta dessa forma não é melhor ou pior do que eu ou o Gomes que pelo visto seguimos a mesma liNha de raciocinio, por ironia do destino abordei no blog do pandini no mesmo dia do acidente a segurança em corridas ( no caso a F1) que aqueles que desejam um esporte 100% seguro dediquem-se a bocha, bilhar, boliche etc. Com essa posição não estou defendendo nenhuma carnificina, estou aceitando ponderadamente que o esporte que eu amo é potencialmente perigoso e que por mais que façamos sempre haverá mais cedo oumais tarde um Rafael para ser sacrificado, faz parte da lógica perversa desse jogo e quem entra nele sabe ou deveria saber disso, se não repõe a perda fica o consolo que o Rafael morreu fazendo o que mais gostava e sabia dos riscos alí implicados. É claro que haverão melhorias na categoria no que tange a segurança, isso se chama “sindrome do titanic” ou seja as melhorias só são efetivamente implementadas após uma fatalidade ou tragédia, pois faltou um estudo mais sério e menos emocional do assunto suas causas e efeitos antes do sinistro, espero que as mesmas sejam adotadas apenas na segurança passiva e não idiotices como mudanças de raio de curva , limitação de potencia etc, mas como já disse esse assunto é para ser discutido com a cabeça fria e não no calor da contenda, tudo que eu poderia colocar aqui agora como sugestão para melhorias cheiraria a cretinice, pois se eu era sabedor desses problemas, por que não acionei o debate antes? ser profeta do passado realmente não me cai bem…………

Rodrigo Carvalho
Rodrigo Carvalho
16 anos atrás

E o Luis Carreira, que jogou ele na barreira?

Ninguém vai falar nada? Ninguém vai fazer nada?

Esse cara tinha que ser rebaixado pra andar de tico-tico….aliás, se tivessem critério, muita gente teria que ser rebaixada….

Ano passado quase mataram o Gualter, jogando o cara pra fora na reta….

Dessa vez, conseguiram…cambada de playboizinho safada….

Ludimar Menezes
Ludimar Menezes
16 anos atrás

Este ano, na Austrália ( a V8 de lá) morreu um piloto numa situação parecidíssima, mas a batida foi em velocidade , até menor que esta de Interlagos…

Vinicius Neves
Vinicius Neves
16 anos atrás

Do jeito que ocorreu o acidente acredito que o piloto não sobreviveria de maneira alguma. Ao ver a descrição do acidente lembrei imediatamente de dois casos muito parecidos e com o mesmo resultado fatal: Kieth Odor no STW de 1995 e Mark Porter no V8 Super Car ano passado. Pancada assim, com um carro atingindo o outro bem no lado do piloto em carros de turismo tem muitas chances de ser fatal.
Dia muito triste para o automobilismo, mas realmente foi uma fatalidade.

Rodrigo Carvalho
Rodrigo Carvalho
16 anos atrás

Desconta na conta do papai do 27…

Carreira, né….verdadeiro Dick Vigarista…

E o irmão/primo dele também arrumou confusão na V8…

Só não sei como vai conseguir dormir à noite…

Dino
Dino
16 anos atrás

Revendo alguns acidentes nota-se que é presiso evitar que após colidir o veiculo seja lançado de volta a pista á situações em que a proteção parece uma mola de um carro com amortecedor velho ou seja ela absorve o impacto mas devolve na mesma intencidade para o carro, ta certo que neste acidente alem da velocidade ha o fato do carro ser muito mais pesado que um monoposto o que só serviu para agravar o fato Náo estou defendendo nimguem mas mesmo que Ricardo e Russo estivessem em um tanque de querra as consequencias não seriam muito menor pois os tanques não se deformariam e o impacto sobre o corpo dos pilotos seria muito maior e ai teriamos não uma mas provavelmente duas mortes pois a deformação tambem ajuda a preservar a vida evitando que toda energia cinética seja transmitida ao corpo do piloto. Corpo este que resiste a choques a no maximo 36 km/h em um objeto imóvel Outo fato que diminue as possibilidades de que algo melhor seja feito é o fato de por serem carros com motores dianteiros e tração traseira usando-se um eixo cardã para transmissão de força para o eixo traseiro este impéde que o banco do piloto fique mais posicionado ao centro do veiculo, o que minimizaria as consequencia de acidentes deste tipo Exite uma gategoria na Europa que usa a bolha do Astra europeu montado em um chassis tubular (aqui vectra gt ) em que o motor usado é um v6 3.0 de 450 cv mas montado na posição central com cambio de 6 marchas semi automatico e neste carro o banco não chega a ser exatamente no centro mas é bem mais lonje da lateral do carro alem de usar sobre a gaiola umaproteção lateral adicional de fibra de carbono existe tambem outra em que dentro do chassis tubular existe uma proteç em voltado piloto toda em fibra de carbono. Outro agravante é que num esporte em que suporte financeiro é muito importante as busca por resultados é mais concorrida e no calor das disputas muitas coisa passam pela cabeça dos pilotos pois a pressão por resultados é muito grande pois aquilo é esporte só para o piloto pois para quem patrocina é um negócio e um grande negócio pois os valores envolvidos são muitos elevado e num negócio nimgem entra para perder.

Lemigrantt
Lemigrantt
16 anos atrás

Nunca enttendi pq esses carros, fachados, de “turismo”, o piloto nao fica posicionado no meio tb.. como por exemplo o Mclaren F1! Lembro quando vi esse carro pela primeira vez, pensei “nossa, pq todos os carros de corrida nao sao assim?!”
Claro que ja devem ter pensado nisso e deve existir algum problema que impossibilite esse conceito… mas acho que os carros seriam mais seguros com o piloto no meio..
Abrs!

Galvão
Galvão
16 anos atrás

Foi muito triste o que aconteceu, mas foi uma fatalidade. Concordo com o texto do Flavio Gomes e com a maioria dos comentários. Lamento muito pela familia e pelo esporte.

Claudio Ceregatti
Claudio Ceregatti
16 anos atrás

Primor de lucidez esse seu texto, FG.
Uma visão crítica abalizada porém não emocional.
Sua leitura apenas soma na análise fria dos fatos e suas consequencias.
É pública e notória sua visão da Stock Car, um ponto de vista corajoso como de praxe, diferente da maioria.
No entanto, a releitura do escrito expõe não só a solidez dos fria dos argumentos, mas a correta postura diante dos fatos.
Não se trata de conceitos primários divididos por fronteiras simples como gostar ou não gostar, pretos ou brancos, marketing ou competição.
Naqueles momentos angustiantes que jamais esqueceremos, o silencio absoluto que reinou em Interlagos dizia tudo, gritava mais alto que o ronco dos motores.
O dito aqui é o som do silencio.
Carros de corrida, paixão desmedida.

Léo MS
Léo MS
16 anos atrás

Uma fatalidade, mas que poderia ser evitada.

Só mais uma prova de que nem a Light é categoria escola e o carro é sim muito frágil. É carro já para piloto experiente e não pra quem acabou de sair do kart.

HM
HM
16 anos atrás

acontece né, mas é triste…
descanse em paz.

XP
XP
16 anos atrás

foi muito forte.

hendrix
hendrix
16 anos atrás

http://youtube.com/watch?v=HvPOQGU9HIM
dá p perceber no iniciozinho desse video q o carro 27 deu um totó no falecido piloto

Victor Massami
Victor Massami
16 anos atrás

Um dia essa brincadeira de carrinho de bate-bate não iria dar certo, e o destino traçou que a vítima seria o Rafael, que Deus o tenha.

alex f
alex f
16 anos atrás

morreu fazendo o que gostava sentado num carro de corrida
as vezes o preço que se paga é a propria vida
do jeito que foi a pancada ate se fosse um F-1 ele não sobreviveria..

e que Deus de conforto pra sua familia e com certeza ele esta em algum lugar melhor que este

Rogério Magalhães
Rogério Magalhães
16 anos atrás

Tomei um susto quando tava vendo Campeonato Alemão na ESPN Brasil e o Amigão interrompeu a transmissão para conversar por telefone com o Dino Altman… só pelos relatos dava para imaginar o tamanho da panca, mas as imagens são soda… é como tu disse, FG, talvez em uma outra situação de corrida não acontecesse absolutamente nada, talvez uma pancada na traseira por parte do Renato Russo não ocorreria nada, mas é aquela coisa das confluências dos fatos da vida… acabou acontecendo isso do carro voltar para a pista e ficar exatamente na pior posição possível para levar a porrada que levou… e foi tão feia que o RR praticamente teve os mesmos ferimentos, claro que em proporções que o permitiram ficar vivo e estável no hospital.

Enfim, foi uma fatalidade tremenda, que pode mesmo deixar algumas lições e aprendizados para aprimoramentos da segurança, mas nessa hora só resta mesmo deixar meus sentimentos ao clã Sperafico…

Dino
Dino
16 anos atrás

Lamentavel o que aconteceu obviamente niguen tem culpa e como oamigo ai embaixo disse ele morreu fazendo o que gosta e nem sofreu. Infelismente o bonaza veio antes da tempestsde mas a vida as vezes tem disto .Agora quem mais presisara de ajuda é a MÃE pois um pedaço dela se foi para sempre e é muito dificil de aceitar pois o ser humano tem dificuldade de comviver co perdas principalmente um destas mas emfim Deus sabe o que faz Como tudo que as vezes sai errado em nossa vida o negocio é aprender com o que aconteceu e tirar proveito de tudo que ésta fatalidade nos ensinara para que isto não se repita mais ou se viér á acontecer que as cosequencias não passem de um susto e perdas materiais

jbchaves
jbchaves
16 anos atrás

Falou pouco, mas falou tudo…

Herik
Herik
16 anos atrás

Como em uma tragédia desta há vários fatores que contrbuem para este quadro, não há como atribuir à fatalidade a morte deste rapaz.
Tenho a impressão que estas gaiolas da Stock são muito inseguras. Avisos disso já foram dados em 2000, com a morte de um piloto, e com o acidente de Gualter Salles na Argentina. A segurança não acompanhou o aumento de velocidade dos carros.
E fica uma família a chorar.

Jonny'O
Jonny'O
16 anos atrás

Foi uma fatalidade.
Qualquer pista no mundo pode acontecer o que aconteceu neste Domingo em Interlagos .
Meus sentimentos à família Sperafico.

Aeon
Aeon
16 anos atrás

Lamentável o que aconteceu. Sei que como sempre vão dizer que não há uma causa e sim várias.

Depois vem gente criticar os novos autodromos, mas curvas sem área de escape contribuem muito para um resultado trágico.

MSM
MSM
16 anos atrás

Vi a Stock pela Globo, a corrida foi até boa, algumas disputas, boas ultrapassagens, surpresa quando o Camilo estava na frente e depois do SC, acabou saindo da corrida e aí o Pedro Gomes ganhou. Com a saída do Camilo o vice campeonato ficou com o Sperafico. Até aí tudo bem, família comemorando, a equipe comemorando. Mas 30 min depois na Light aconteceu a tragédia. Só consegui ver pelo you tube a pouco pois não estava em casa. Realmente impressionante. O choque do carro do Russo pegando bem no meio o carro do Sperafico foi de uma violência brutal. Não consegui ver se o carro do Sperafico foi tocado e por isso saiu da pista, mas o que determinou a morte dele foi quando o carro bateu e voltou para o meio da pista com vários carros atrás, era evidente que com a velocidade no local e vários carros subindo o retão, um deles não conseguiria desviar. Nesse ponto foi uma fatalidade de corrida.
O grande problema é que os carros da Stock não são seguros e vários pilotos ainda contribuem com toques desnecessários. Parecem que não suportam ser ultrapassados e jogam o carro para tirar a chance do piloto mais rápido passar. Dois exemplos apenas na corrida de hoje: dois carros subindo o retão (mesmo local da batida) o carro por dentro vem com mais velocidade, coloca-se entre o carro da frente e o guard-rail e derrepente é fechado, dá uma abanada e tira o pé, perdendo contato (se não me engano foi entre o Maluhy e o Sperafico) poderia ter ocorrido um acidente sério entre o dois carros, até porque vinham vários pilotos atrás. E o outro exemplo foi em relação ao Cacá: fazendo uma ultrapassagem por fora no curvão da entrada da reta oposta, foi tocado na traseira e rodou em local perigoso, podendo ser atingido na lateral. Tá certo que nenhum piloto fica feliz em ser ultrapasado, mas tem que haver um bom censo para diminuir o risco de acidentes. E por último a Vicar está contribuindo com este perigo. Estava certo que para 2008 os carros teriam mudanças, mas empurraram para 2009. Será que vale a pena expor os pilotos ao perigo de vida em vez de fazer carros mais seguros previamente acordado entre a Vicar e as equipes?