JT
SÃO PAULO – Meu jornal era o da tarde. Talvez porque eu estudasse de manhã. Tinha 11, 12 anos. Não havia tempo de ler o jornal de manhã, e mesmo se houvesse, meu jornal não estaria lá, porque o meu era o da tarde.
Então a gente saía da escola, eu e meu irmão mais velho, tirando corrida para ver quem chegava em casa primeiro para poder pegar a edição de esportes do jornal que chegava de tarde. Eu tinha uma tática certeira, de pegar o metrô até o Paraíso, uma estação à frente do ponto inicial, que era na Ana Rosa. Entrava no ônibus um pouco mais cheio, mas era mais rápido o trajeto até o destino final, em frente ao Conjunto Nacional.
Claro que depois de duas ou três vitórias, meu irmão mais velho passou a fazer o mesmo. Como saíamos da escola na mesma hora, não era raro o encontro no mesmo ônibus, o que me levava a buscar um posicionamento um pouco melhor no coletivo, de modo que pudesse saltar antes dele pela porta da frente, ganhando preciosos segundos. Muitas vezes era a diferença entre pegar o farol de pedestre aberto e deixá-lo para trás quando ficava vermelho, o que me concedia uma considerável vantagem.
Então, desabalada carreira ladeira abaixo para chegar antes e pegar o jornal da tarde e ler a edição de esportes antes.
Na maioria das vezes, eu perdia. O que me estragava o humor miseravelmente, porque o irmão mais velho enrolava para ler de propósito. Irmãos mais velhos são insuportáveis. E no meu caso isso foi ainda mais traumático, porque não pude fazer o mesmo com meu irmão mais novo, que não se interessava pelo jornal que chegava de tarde, muito menos pelas páginas de esportes. Assim, não pude ser insuportável para meu irmão mais novo nesse quesito. Tive de criar outros.
Eu sabia o que queria ser desde muito pequeno, mas esse vespertino, adequadamente chamado “Jornal da Tarde”, só me fez ter certeza e pressa para que chegasse logo a faculdade e a hora de colocar minhas palavras e meu nome nele. Lia Roberto Avallone e Alberto Helena Jr. na “Bola de Papel”, a coluna diária que dizia o que eu deveria pensar sobre o futebol e o mundo. Lia Lourenço Diaféria e invejava aquela escrita elegante e cotidiana. Lia até os reaças bélicos que sempre trabalharam no grupo, embora o “JT” tenha sido criado por um humanista brilhante como Mino Carta. Com 11, 12 anos, não sabia direito o que era um reaça. Eles não me influenciaram. Mino, sim.
Lia o “Divirta-se” e escolhia os filmes que não veria. Lia o “Jornal do Carro” e escolhia os carros que não teria. Lia, lia, lia. E quando o irmão mais velho liberava a edição de esportes, que se chamava “Edição de Esportes”, lia palavra por palavra, as crônicas dos jogos, as atuações com notas comentadas para cada jogador, xingava quem dava notas ruins para nossos jogadores, detinha-me por minutos a fio nos gols desenhados por Gepp e Maia, depois recortava o que achava interessante, colava em cadernos, registrava meu mundo.
Quando, anos depois, fui entrevistado para uma vaga na “Folha”, disse aos entrevistadores que não lia a “Folha”, mas sim o “JT”, e que achava a “Folha” uma bosta. Não exatamente com estas palavras. Mas ficou claro que achava a “Folha” uma bosta, e fui contratado.
Nunca trabalhei no “JT”, e depois de alguns anos deixei de lê-lo, também. A corrida fratricida para pegar a “Edição de Esportes” primeiro se perdeu no tempo e tornou-se desnecessária, porque na redação, pela manhã, eu era o primeiro a pegar o exemplar do “JT”, então apenas para ver o que eles tinham dado e a gente, não. O jornal da tarde, àquela altura, já era matinal. E fazia parte do time deles, não do meu. A relação passou a ser de respeito, não mais de companheirismo.
Ainda assim, a memória guardava algumas capas de dar raiva, porque a gente nunca faria igual. Sarriá, 1982. Jânio “é isso aí” prefeito. A página negra das Diretas que não passaram. O nariz do Maluf que não parava de crescer.
Hoje, o grupo informou que quarta-feira, dia 31, o “JT” circula pela última vez. Vítima da internet, dirão.
Não.
O “JT” é vítima de outra coisa. Aquele “JT” criado em 1966 e que me fez gostar de ler nos anos 70 era melhor do que qualquer jornal que se faz hoje. Melhor, mais moderno, criativo, nervoso. E quem faz um jornal bom, moderno, criativo, nervoso, são jornalistas bons, modernos, criativos, nervosos.
Esses são cada vez mais raros, e é isso que vai matar o jornal impresso, não a internet.
O JT era muito bom, simples, objetivo. Falava de carros no jornal do carro, falava de esportes no caderno de esportes. Simples, né!?!?!?!?
Aprecio Flavio Gomes, jornalista escritor, por raras e admiráveis qualidades, sabe escrever como poucos e dá coices como ninguém ousa.
[…] seus blogs a respeito. Seguindo a ordem em que apareceram no meu Google Reader: Mauro Beting, Flávio Gomes, Luís Augusto Símon, Dagomir Marquezi, Cley Scholtz (Reclames do Estadão), Eduardo […]
Me faz lembrar da FOLHA DA TARDE… até hoje não entendo bem porque esse jornal era o preferido do meu pai, quase analfabeto… O FT deve ter morrido de constrangimento quando surgiu o JT… Bem, não passa dia sem se encontrar erros de digitação ou de conjugação nos jornais, mesmo nos grandes regionais. Cadê os revisores? Ou o pior, cadê o tempo para o próprio jornalista fazer a revisão do seu texto? A culpa é da internet sim!, que nos suga todo tempo lendo 80% de coisas desimportantes nos faces e twits e blogs (não este, excelente) da vida. Bem, será uma pena não existir mais jornal impresso. Quanto a não existir mais livro impresso, não ligo: já tem livro impresso suficiente para eu ler em 3 ou 4 reencarnações. Valeu FG!
O JT fez parte de minha vida, também.Meu pai trabalhou neste jornal, nas décadas de 70 e 80, no setor de artes.Aos Sábados, no prédio da Caetano Álvares, quando era possível ele me levava ao trabalho.Quantas vezes eu não enchi a paciência dele e de seus colegas, incluindo Gepp e Maia, remexendo nas gavetas dos arquivos de ilustrações.Bons tempos!
Flávio gosto muito do seu trabalho.
Soube que acabaram de matar o Diário do Povo de Campinas?
http://correio.rac.com.br/_conteudo/2012/11/capa/campinas_e_rmc/7558-diario-do-povo-estreia-na-web.html
Sim.
Comecei a ler o JT quando ele já não era mais vespertino, acho que foi por volta de 1987, 1988… Comprava sempre às quartas, dia de Jornal do Carro, que colecionei assiduamente de 1989, quando a Ford lançou os Escort 1.8, até 2010, quando já não havia mais espaço na estante aqui de casa para tantas caixas (que guardo até hoje).
Pena que mesmo o Jornal do Carro já não era mais o mesmo. As reportagens ficaram cada vez mais superficiais e até o tamnho do tablóide foi encolhendo. Mesmo agora, que passará a ser encartado no Estadão, não irei mais colecionar. O encanto se perdeu no passado. Mesmo assim, corri na banca e comprei a última edição. O teste de hoje: “Fiat 500 versus Smart”. Até que foi bacana…
O que vai matar os jornais impressos não é a internet, é o preço que se vendem. A falta de jornalistas nervosos se deve ao “calmante” mensal que recebem. O mensalão do jornalismo aos jornalistas. Não me refiro a você, você escreve de esportes.
Eu escrevo de tudo.
Ahhh, seus textos são excelentes! Parabéns!
Alguém sabe onde anda este garoto hoje?
Esse cara vive em Floripa
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/-8YsZhLHPhWY/T_WlwxKrcHI/AAAAAAAANW8/T6DtplzaYGI/s1600/BRA_DC.jpg&imgrefurl=http://www.midiamundo.com/2012_07_01_archive.html&h=953&w=700&sz=217&tbnid=behESRVNQrB_XM:&tbnh=93&tbnw=68&zoom=1&usg=__RGEH-Z_GaM_Uo0-KsqfJth7HsC0=&docid=LXqO3tW0M8VE1M&hl=pt-BR&sa=X&ei=M9yRUMGjC4eQ9gT_n4DwCQ&ved=0CEEQ9QEwBQ&dur=1002
Ai Ai Ai, quanto tempo de vida inda resta ao Estadão?
Não importa o que, onde e como. Cedo ou tarde, vai terminar.
Flavio Gomes, parabéns pelas últimas linhas deste post. Sean Malstrom diz há anos, lá nos EUA, exatamente o que você disse sobre “a morte dos jornais”: não é a internet que os matam mas sim sua (falta de) QUALIDADE.
Belo comentário, Flavio; sou da sua geração e o JT marcou minha juventude.
Apenas faltou lembrar do jornalista Mario Lucio Marinho, que dirigia a melhor seção de esportes dos jornais de SP.
Concordo, era meu jornal, o JT , lia quase tudo que vc disse e no final gostava dos quadrinhos do Zé do Boné !! Até o Luciano Huck tinha uma coluna lá chamada “Circulando” ….e a mais criativa capa de jornal, Sarriá …Itália 3 X Brasil 2
É profundo o baque que estou sentindo. Impossível fazer algum comentário porque estaria muito abaixo do que está se passando em mim neste momento em que tomo conhecimento desta triste notícia.
Nunca gostei de ler jornal impresso.
O formato “jornal” é para leitura apenas dos realmente habilidosos. Lembro-me de ver em jornais sendo lidos em ônibus e metrô nas minhas idas e vindas por São Paulo e julgava impossível, um papel daquele tamanho, pairar aberto daquela forma permitindo sua leitura. Mas, mesmo em casa, havia outra coisa que detestava nos jornais impressos. A tinta que deixavam no meu dedo.
Mas, eu li. No ginásio, entre 5a. e 8a. séries, a professora de português Cerinéia fazia-nos comprar o Jornal da Tarde às terças-feiras e, destacava algumas notícias para estudarmos.
Tínhamos de responder a perguntas que nos permitiam recontar a matéria de outra forma. Eram as perguntas básicas: O que? Por que? Onde? Quem? Como? Quando? Quanto? Estas eram seguidas por: Há fotos? Descreva: e ainda uma análise de vocabulário. Se você encontrasse alguma palavra desconhecida, deveria procurar no dicionário.
Quinta-feira era o dia da “Chamada Oral do Jornal”. Você era chamado à frente da sala para responder a uma ou duas das perguntas e ela, a professora, ainda escolhia duas palavras a exmo para você explicar o significado.
O Jornal da Tarde marcou uma fase da minha vida. Ajudou-me a aprender a escrever. Amanhã, não mais.
Professora Cerinéia… Que ótimo!
Excelente
Amigo Flavio,
Belíssimo texto! Fica aqui mais um gesto de admiração ao amigo…
Confesso que meu pai assinava a Folha, não tinha JT em casa, mas lembro da chegada após do almoço no meu prédio..
Infelizmente Flavinho a velocidade da internet x impressão do jornal ainda não foi acertada.
Mas acredito que a reedição de um jornal entregue no período da tarde (como era o JT a uns 20 anos atrás) poderia ser a solução. Pegaria as informações da tarde anterior com a manhã do mesmo dia. Não sei Flavinho sobre a velocidade de impressão etc. tenho desconhecimento de rotina de jornal…
Abraços,
Marcelo
Meu pai lia todos os dias o JT e o Noticias Populares. e eu tambem lia os dois depois que meu pai terminava (era regra em casa : ninguem podia mexer nos jornais antes do meu pai). foi graças a esses dois jornais que peguei o gosto pela leitura. o NP já se foi, o JT está indo. meu pai tambem se foi. e minha infância tambem vai morrendo aos poucos. la se vai mais um pedaço dela junto com o enterro do JT.
Flavio, somos mais ou menos da mesma idade e lembro-me de 100% das coisas que disse sobre o JT. Incrivel os desenhos do Gepp e Maia, que, se nao me engano, fizeram o Maluf tambem… Eram um tempo bacana porque so de esportes em SP, alem da Edicao do JT, timha a Gazeta Esportiva e o azul Popular da Tarde. O que era legal no JT eh que por ser vespertino trazia todo o detalhes dos jogos da noite que tanto o Eastado como a folha nao traziam por fecharem muito cedo.. eh chato ver o JT ir embora mas eh chato tambem ver como ficou e como esta se despedindo… lembro-me que a capa de da copa de 1982 que eu mesmo comprei, vi enuqdrada no gabinete do entao vereador Brasil Vitta, deveria ter feito o mesmo… arte pura arte.. mas que bom que temos todas essas recordacoes.. que bom que vivemos para ve-las e para nunca mais deixar-las sair..
Sergio
O do Maluf faziam uma carricatura do Maluf com nariz de Pinochio em contagem regressiva “Falta X dias para a Paulipetro achar petróleo…
Harry
Verdade Harry, na ultima o nariz atravessava a contra-capa e a capa com o Palacio do Planalto na ponta.. sensacional!!
Comentário típico de gente desinformada. O “JT” não é vespertino há mais de 25 anos.
Não mesmo. Aliás não existe mais jornal vespertino no Brasil, no Rio de Janeiro tentaram um tal de Q! que durou só 4 meses, ele saía às 4h30 da tarde e só vendia nas estações de trem e metrô e em algumas bancas muito estratégicas.
Lembro deste dia ( parcialmente, depois do jogo) Estava de férias e eu e meus amigos em Copacabana, na casa de um deles…muita festa, muita breja e aí veio o jogo…..O Brasil perdeu, o copo encheu e daí foi uma deprê só!!! Foi a última seleção que realmente me emocionou! No dia seguinte estava tão mal que fui, perdido no centro do Rio, comprar um equipamento de pesca para aplacar o desconforto d’alma….Só peguei cocoroca, em frente ao antigo Rio’s ( atual Porcão). Passei perto de um mendigo, morador da orla e deixei as famingeradas criaturas para deleite daquele esquálido ser….O mundo está ficando chato e os bons momentos e os bons valores estão indo para o saco! ( Em tempo: Belíssimo texto Gomov!)
FG, belo post. Meus pais, também jornalistas, um pouco mais “experientes” que você (não vamos cometer a deselegância de usar outros adjetivos relativos à idade, não é mesmo?), trabalharam no JT por muito tempo – talvez uns 17 anos no caso do pai, certamente mais de 10 no caso da mãe. Hoje, já tendo virado a barreira dos 30, lembro com um misto de saudade e certa nostalgia algumas tardes inteiras que passei brincando na redação, criança de tudo, enquanto meus pais trabalhavam no plantão. Outros tempos, certamente. Se fechar os olhos, acho que consigo lembrar de muita coisa, incluindo do (péssimo!) sanduíche que era vendido para a redação, que para mim soava como iguaria. A “crônica de uma morte anunciada” não faz dela coisa menor ou menos doída. Acabei não virando jornalista na vida, tendo tomado o rumo dos avós advogados. Mas hoje, chegando ao escritório, ouvi a notícia no rádio e o coração ficou apertado que só… A única coisa que resta a fazer agora é tocar um tango argentino. Grande abraço.
Esta capa do Sarriá me traz outra lembrança ruim.
Horas depois do jogo Brasil 2 X 3 Itália tive um problema de saúde (cheguei a pensar que era por causa da derrota, tamanha era minha frustração com a desclassificação) que se arrastou por seis meses e quase tirou a minha vida.
Neste período estive internado por quase 4 meses no total e meus raros momentos de diversão era quando tinha em mãos um exemplar do JT.
As enfermeiras reclamavam que o jornal manchava o lençol, mas eu jamais abria mão de ler TODAS AS PALAVRAS da edição – inclusive o Editorial.
Pobre do meu pai que se desdobrava (quando era possível) para levar o jornal até o hospital, driblando a vigilância (os horários para visita na enfermaria eram rígidos) só para atender este pedido insólito de um moleque de 17 anos.
O velho partiu desta para melhor há 2 meses. E agora o JT se junta a ele.
E a vida segue. Bola pra frente.
Bela história!
pois é, a questão principal é o conteúdo. não importa se na internet ou impresso, estamos muito em falta de conteúdo de qualidade.
nem precisa ser profissional pra perceber isso, sou engenheiro.
outra coisa: ô Mino Carta FDP, sô! que legado o sujeito tem! a cada dia que passa descubro que sou leitor antigo do cara… (apesar de, belorizontino que sou, não ter tido o JT como referência de leitura)
Gostava do JT. Meu pai costumava comprar às segundas. Eu adorava o estilo mais leve, em comparação ao Estadão, seu irmão mais velho. Sempre lia as críticas do Rubens Ewald Filho sobre o filmão que passaria na Tela Quente (quando Tela Quente era de parar o Brasil) e a coluna de games, quando ficava sabendo das novidades do Super Nintendo antes que saíssem nas revistas.
Tenho o exemplar com a tragédia do Sarriá, com essa capa antológica. Por sorte meu pai guardou.e eu, que não sou bobo, preservo até hoje. Jamais usaria uma obra-prima do jornalismo como banheiro de cachorro.
Cara…
Só um comentário:
GENIAL!
FG, eu tenho 30 anos… Lembro de quando meu pai, zelador, recebia os jornais pela manhã, e achava a leitura da Folha e do Estado chatas, coisas de adulto… Lia o JT por achar mais fácil… E depois, mais dinâmico, menos formal… As coberturas esportivas muito bem feitas, o modo como tratavam do cotidiano paulistano… O advogado do leitor, que por várias vezes intercedeu em causas que mandava para o jornal… Mas ainda acredito nos bons e raros JORNALISTAS!
Matar o irmão de raiva me faz lembrar de uma época em que eu comprava biscoito de polvilho para comer na hora de dormir. Meu irmão ficava possesso com o barulho da mastigação e a gente sempre acabava brigando. Eu era feliz e não sabia.
A cada dia que passa tenho tenho mais certeza de que tenho “Saudade dos tempos que não vivi”. Nasci em um mundo chato, em que o tempo passa rápido, os carros não são tão legais como antigamente, um tempo em que todo mundo é serio, não se pode brincar, não pode falar palavrão, não pode tirar meleca do nariz.
Parabéns a você Flavio, que tinha o prazer de ir correndo pra casa só pra saber as noticias do dia, parabéns pro meu Pai, parabéns pra todos que viveram esses dias.
concordo com o FG, em 1999 entrei para a faculdade de comunicação social e a ideia era fazer jornalismo, com o sonho de poder fazer a diferença, contar a verdade e como todo jovem, ajudar a mudar o mundo.
O que eu vi foram professores cuzões sem inspiração que nos ensinavam que nós não temos opinião, e sim o veículo.
O povo que ia fazer jornalismo era também uma galera burguesinha que se acha intelectual por ter optado um curso sem nunca ter lido bosta nenhuma na vida, nem sabiam o que ocorria no mundo, formadora de panelas e preconceituosas. Escolhi Rádio e TV, e sim, são poucos jornalistas hoje que são criativos modernos e com sangue nos olhos.
Gay Talese fala que um bom jornalista tem que ser um outsider e hoje todos eles querem ser amigos de políticos e empresários, são na verdade propagandistas editoriais.
Meu pai foi um dos editores do JT, nos bom tempos. Vou compartilhar com ele os elogios.
Parece que o Jornal do Carro vai continuar.
Sim, ele será agregado no Estadão às quartas.
Li muito o JT, melhor caderno de carros (a bem da verdade acho que foi ele que consolidou esse negocio de Caderno de Carros) e um caderno de esportes bem legal (comparado aos que existem hoje pode ser considerado o caderno de esportes mais imparcial que existiu no Universo).
Segue o jogo… tudo esta mudando… algumas coisas para pior… como se costuma dizer… desgraças acontecem em série… mas depois tudo volta ao normal.
Imperador
Comecei na mesma idade, mas não na mesma época ler o JT por influência de meu pai…adorava a seção dos filmes que passariam no fim de semana nos canais abertos, nem existiam canais a cabo…porque eu assistiria a estes filmes com meu pai ou pelo menos tentaria…pois “pecava” mais do que assistia, mas o legal mesmo era ficar até tarde acordado com meu pai assistindo estes filmes e o “Comando da madrugada”…era místico, mágico….
E o caderno do JT era o mais completo que tinha…além de um grande jornal…
onde está escrito “pecava” é na verdade “PESCAVA”, ato de cochilar…rs!
As coisas mudam, o mundo muda. Hoje em dia não faz mais sentido ler notícias em um jornal de papel. Se tornou algo totalmente obsoleto e sim, por causa da internet!
É uma pena.Já não se fazem mais jornais e jornalistas como antigamente.
Tu és O CARA.
Que texto! Repito: QUE TEXTO!
Parabéns!
Flávio não costumo comentar por aqui, mas sua frase sobre a falta de jornalistas bons, modernos, criativos, nervosos, se encaixa em algo que tenho pensado ultimamente.
O jornalismo brasileiro, ou melhor dizendo, os jornalistas brasileiros não estão ficando muito “coxinhas”, muito cheios de “não me toques”?
Abraço e prabéns pelo blog!
Sim, estão. E não só eles.
Compare as letras dos Racionais MCs com as letras do Projota. Antes era mãe solteira, tiro, cadeia, polícia. Agora é “olhando sofá no site das Casas Bahia” e arrumar grana pra pagar a faculdade.
E isso é legal, significa que o país melhorou. É superlegal! Mas também acarreta uma diluição ideológica, inclusive dos jornalistas. Os novatos com os quais lido hoje são completamente diferentes, e sim piores, que os de 10 anos atrás.
País melhor, jovens piores. Que ironia.
A manchete mais maravilhosa de primeira página do JT, com duplo sentido, foi quando morreu Tom Jobim:
O Brasil perde o Tom
Se esse jornal REALMENTE prestasse,não teria falido.Simples assim.
E se você fosse homem, usaria seu nome, e não um nick ridículo pra expressar opinião absolutamente irrelevante. Não tem o que dizer (como é claramente seu caso) não diga nada.
cara, o jt vai deixar saudades (adoro o jornal do carro, em cima de todas as mesas de agencias de automoveis) e essa capa escolhida reflete bem os anos 80, sem antecipar algumas coisas pessimas dos anos 2000 (os anos 90, para mim, eh que fizeram a decada perdida) mas uma coisa eh certa, puta texto sensacional ! soh posso dizer que voce estava inspirado de verdade, gostaria eu de ter escrito esse texto…
abracos e GO LUSA !!!!
Leiam “O Castelo Âmbar”.
JT era o jornal mais reacionário de todos os tempos. Chico Lang (lembram da coluna “Bola Solta”, onde o ilustre corinthiano xingava o Senna toda segunda-feira?), Carlinhos Brickman, Olavo de Carvalho (astrólogo ultrarreacionário e carola metido a filósofo), enfim… a redação era uma verdadeira seleção de direita.
E esta linha conservadora não foi uma fantástica conjuminação de coincidências, o objetivo da empresa era fazer um matutino mais à esquerda e um vespertino mais à direita, tentando agradar gregos e troianos.
Falei um monte de merda! Confundi o Jornal da Tarde com a Folha da Tarde! tsc-tsc.
Creio haver alguma confusão.
Esclarecida acima.
Gostaria que tivessem jornais no Brasil como,por exemplo,o “The Guardian”.Seria
uma maravilha.Mas,ainda bem que o Jornal do Carro não acabou.Vai continuar
circulando no Estadão.
Realmente com esse seu comentário, me trouxe de volta tambem meus tempos infancia. Me lembro como se fosse hoje, quando as vezes passava as tardes na casa de meus avós, que ele sempre pedia para que eu fosse comprar o Jornal da Tarde. que era o que ele lia. Realmente as ediçao de esportes era o maximo, com os gols como vc disse, desenhados. Um bom jornal, e se nao me engano a ediçao de esportes só saia as segundas. Saudades desse tempo.
Em situação diferente, a Gazeta Esportiva se foi também. Estão digitalizando, http://www.acervogazeta.com.br/acervo-jornais/.
Foi o jornal que mais cobriu o esporte a motor, desde autorama até F1, com o grande Salvador Sendin.
Que tristeza me vem à memoria quando vejo esta foto Flávio, aquela seleção era phoda!!
Já se achavam campeões da copa. Na véspera do jogo, estavam discutindo como iriam pegar a Polônia já classificada e sem Boniek.
Jogaram de salto alto contra a Itália. Mereceram perder. Os Deuses do Futebol fizeram justiça!
Primeiro o Diário Popular transforma-se naquela coisa amorfa do Diário de SP, acabaram com o Jornal do Brasil, agora o Jornal da Tarde (se bem que estava na uti e respirava por aparelhos). Bem não sobrou um.
Belo texto Gomov.
Sem contar o Notícias Populares, o único jornal do grupo Folha que era realmente bom.
Belo texto Flavinho, JT deixara saudades. um abraço
Nossa, soube disso agora. Qual foi a razão pra terem fechado o JT? Fora do assunto, assisti aos primeiros episódios daquela série “The Real Football Factories” que a ESPN está passando. Aliás, a ESPN do nosso FG está mandando muitíssimo bem com elas, parabéns!!
É estarrecedor o que as organizadas fazem. No Youtube tem o episódio das organizadas brasileiras. Mostra aquilo que todo mundo sabe: essas torcidas são, na verdade, fachadas para acobertar todo tipo de atividade criminosa. Aquele imbecil presidente da Mancha Verde apareceu treinando Muay Thai e dizendo que usa os valores da luta para inflamar seus “soldados” e que luta para bater nos outros mesmo. Porra, eu, que treinei Karate uma vida toda, levando a sério e observando o código de conduta que uma arte marcial tem, fiquei morrendo de vontade de encontrar esse indivíduo na rua e partir pra cima dele, pra ver se ele é tão fodão mesmo contra alguém que sabe lutar também. E mostrou os caras com armas de todo tipo no ônibus.
Quero saber uma coisa, e o FG que trabalha na ESPN talvez responda: se essa série cair nas mãos do MP não será possível fechar essas organizações do mal e mandar todo mundo envolvido pra jaula? É chocante. Recomendo que assistam. E fiquem indignados também.