O MAIS LONGO DOS DIAS (3)
LE MANS – Por volta das 18h daqui, portanto umas três horas atrás, começou a circular a informação da morte de Allan Simonsen após o acidente logo no início das 24 Horas. Quase ninguém estava sabendo. Estou numa das instalações luxuosíssimas que a Audi monta em Le Mans, de onde se vê parte da reta que emerge da curva Porsche e a chicane dupla batizada de Ford, que leva à reta dos boxes.
Notícia ruim corre rápido e logo boa parte das pessoas já estava sabendo, enquanto que outra parte, ao menos neste local aqui, cheio de convidados VIP, não estava se importando muito.
Fato é que a morte de Simonsen não comoveu muita gente e foi recebida com certa naturalidade, talvez por ser um piloto desconhecido, de uma categoria menos importante, a GT Am. O dinamarquês, de 34 anos, corria pela Aston Martin oficial e estava em sua sétima edição das 24 Horas. A equipe cogitou tirar seus outros dois carros da prova, entre eles o de Bruno Senna, mas a própria família de Simonsem pediu que o time fosse em frente.
A batida aconteceu às 15h09 locais, 9 minutos depois da largada, e segundo o ACO Allan morreu pouco depois de dar entrada no centro médico do circuito, que tem cruzes enormes na fachada estilizada e colorida, feitas de pastilhas cerâmicas. Foi a primeira morte em Le Mans desde 1997.
A corrida ficou bastante tempo, quase uma hora, sob bandeira amarela e com safety-car. O acidente nem pareceu tão grave. Mas não há imagens, ao menos até agora, do momento da batida. O guard-rail precisou ser refeito, e isso causou a demora para a relargada em movimento.
Depois de uma morte na pista, me parece meio surreal tudo mais que acontece até o final de qualquer corrida. Nessa aqui, ainda mais. Simonsen morreu na primeira hora de uma prova que dura 24. Durasse 2 horas, desconfio que sua morte teria maior impacto. Mas amanhã, quando provavelmente os três R18 da Audi receberem a bandeirada, será que ela já terá sido esquecida?
O normal seria um final de corrida nada festivo. O clima nos boxes é de consternação, óbvio. Mas a maratona segue, este é o mais longo dos dias para todos que estão trabalhando nos 56 carros que largaram. Aos poucos, a imagem da tragédia vai desaparecendo da mente de todos, que têm seus pilotos e carros para levar até o momento em que o Rolex zerar. E serão inevitáveis alguns abraços e sorrisos (e lágrimas, como não?) pela missão cumprida.
Mas, sem querer fazer drama, tudo parece ter perdido um pouco o sentido, mesmo.
A VIDA SEGUE……….SABEMOS QUE A MORTE FAZ PARTE ETC….. MAS FIQUEI ENOJADO COM SORRISOS DURANTE E NO FINAL DA PROVA……. O SER HUMANO É DEPRIMENTE….
ACABA COM SEU PLANETA E NÃO TEM RESPEITO ALGUM PELO SEU SEMELHANTE…..O PILOTO BRASILEIRO ERA SO ALEGRIA NO PODIO…… FAZENDO PIADINHAS QUE AGORA ESTA RICO COM O PREMIO…… LAMENTAVEL…..
Desculpe fugir do assunto do post, mas nem tanto. Uma morte faz as coisas meio que perderem o sentido e foi uma morte que começou a mudar minha opinião sobre essa onda de manifestações no país: a morte do menino em Ribeirão Preto, o primeiro cadáver da mal chamada primavera brasileira. Quando se está derrubando uma ditadura, é quase inevitável que um cadáver apareça. Mas, poxa, que bonito que as pessoas tenham resolvido ir às ruas, reclamar, xingar, cobrar. Deveria ser assim sempre. O que não cola é tanta violência contra a própria população e o patrimônio público e privado, num país democrático, ainda que injusto.
Moro em Belo Horizonte, e o que aconteceu aqui no sábado foi profundamente lamentável. Tem gente se aproveitando disso tudo pra instalar um clima ruim no país. Não é possível que simples vândalos enfrentem, durante horas, a Polícia Militar, a Força Nacional de Segurança e o Exército. Atacaram até a UFMG!!! Querem mais educação? Atacando uma universidade?
Caro Flávio Gomes, discordei de você nos últimos dias (sem você saber, claro) sobre o teor das manifestações, te achei preconceituoso e esquerdão demais. Mas tendo, agora, a concordar que a coisa perdeu o rumo (se é que já teve), embora talvez por motivos diferentes.
Enfim, debater é lindo, quebrar tudo é coisa de doente.
Aposto em problema de projeto, não de falha mecânica.
Zebra traiçoeira, correção e o carro realmente respondeu rápido, demais até pra ele. Que coisa! Azar extremo, pqp!
Aquela zebra é traiçoeira até no jogo Forza Motorsport 4!
Na opinião desse piloto de videogame que vos fala, deveriam retirar aquela zebra de lá, afastar e suavisar o ângulo de impacto daquele guard-rail, instalado em um ângulo muito fechado em relação à pista, provável causa da morte de Allan Simonsen
Quem viu o que temos de imagem do acidente, dá para notar a “panca” quase que perpendicular ao muro foi violentíssima, acarretando uma desaceleração brutal.
Será que o guard rail retorcido não tem culpa pelos graves ferimentos do piloto? O carro ficou inteiro mas justamente a porta foi arrancada…
Eu acho muito provável, assim como no caso do Kubica, um guard rail mal colocado, ou sem manutenção, pode mesmo ter sido o fator determinante da morte.
Putz! Estava achando tanta coisa menos relacionando algo com a porta. Afinal foi a direita… Mas depois q li seu comentário o volante inglês do lado inverso desceu como um raio!
Uma triste fatalidade, mas olhando de outra maneira, quantas horas, por quantos pilotos essa corrida teve desde 1997 sem fatalidades? sempre se pode melhorar, mas espero que não venha uma reação 100% emocional, volte para os anos 70-60-50 para analisar o que era isso, e essa atitude de esquecer do que aconteceu e continuar correndo…
Não quero parecer insensível a morte de uma pessoa jovem de uma maneira tola como essa, mas talvez esteja sendo, mas temos que lidar com a morte durante a toda a vida, faz parte…
Sei lá, cara, acho que alguns conceitos podem ser revistos.
Quando o Ratzemberger moreu, ninguém cogitou parar a corrida.
Depois que Senna morreu levantou-se essa questão. Mas mesmo assim tudo continuou igual.
Se tivesse aocntecido com Schumacher seria do mesmo jeito, assim como irá acontecer se amanhã a vítima for o Vettel ou o Alonso.
A grana que envolve esses eventos é muito alta. Mas será que alguem iria a falência se o evento fosse interrompido e reiniciado no próximo fim de semana?
Será que o mundo iria acabar se algumas pessoas ficassem milhares ou milhões de dolares menos ricas por respeito à vitima?
O Allan Simonsen, para quem acompanha corridas de GT, não era um piloto desconhecido. Corria nos principais campeonatos na Europa e Oceania. Teve passagem pelo FIA GT, vencendo corridas e tudo mais. Tão rápido era, que foi escolhido pela Aston Martin para ser o piloto profissional a ocupar o #95 na LMGTE-AM.
Um grande piloto que se foi num acidente meio besta, com apenas 10 minutos de prova. Mas enfim, automobilismo é um esporte de risco e tem disso as vezes.
Ele foi piloto de v8 australiano também, aliás deteve o recorde de Bathurst durante muito tempo. Era um piloto bastante experiente em carros de turismo.
Já passou da hora de criarem uma alternativa aos guard rails, quantos pilotos mais perderemos em batidas nos guard rails?. Mas muito estranho esse carro da Aston, parece ser muito arisco, os dois acidentes foram por excesso de correção pela saída de traseira, de repente a traseira gruda e a frente tá apontada pro outro lado… Apesar de pouco conhecido no Brasil, melhor nos lembrarmos dos momentos alegres do Simonsen, como o recorde de Bathurst:
http://www.youtube.com/watch?v=XM4QpKaTNtc&sns=em
Como dizia meu avô, os bons, ou dormem dormindo, ou morrem fazendo o que amam.
Foi na curva que antecede as sequencias das grandes retas… no “GT5” eu passo por ali sempre rápido, a pancada deve ter sido violentíssima, haja pescoço e HANS para aguentar o tranco.
Que Deus console a Família
Imperador
A coisa é assim mesmo, quando Ratzenberger morreu nada mudou no “meu” Brasil, porém no dia seguinte…
Que a favorita Aston Martin vença em sua categoria e dedique a vitória ao piloto Simonsem.
Imaginem como esta a família do Bruno Senna, o rapaz morreu em um carro semelhante ao que o filho pilota nessa prova.
Que a família de Allan Simonsen encontre forças nessa hora. Duro demais perder a vida aos 34 anos, que fique em paz onde estiver!
Cara, vc mesmo ja disse algo assim umas vezes por aqui. Os caras que estao dentro dos carros, sabem dos riscos, que pode acontecer qualquer coisa a qualquer momento. Não ha pq parar a corrida. That’s racing.
Esse fato de a corrida não ser cancelada já é histórico nas 24h de Le Mans.
Mesmo no desastre de 1955, a corrida continuou. A última morte durante uma corrida foi Jo Gartner em 1986, quando acidente foi as 2 da manhã. Neste caso também a corrida foi até o fim.
O carro chicoteou quando passou na zebra e pelo jeito ele teve azar de bater em algo sem barreira de pneus para amortecer a pancada. Deus o tenha!
Para os que não estão companhando a prova e podem achar estranho a escapada, a prova começou com pista umida com leve garoa e a batida foi na 3 volta.
Todos os carros largaram com pneus lisos e as zebras molhadas explicam o acidente.
Triste, mas o “show” continua.
Por mais que seja encantador e belo o espetáculo, a morte de algum piloto durante uma corrida, sempre deixará a vitória com gosto amargo .
Mesmo se fosse um piloto de maior prestigio , ou se o acidente fosse mais brutal , o show iria continuar. Em 69 houve um acidente que custou a vida de John Woolfe.
E a corrida continuou normalmente. Porém a fatalidade ficou em segundo plano , pois na corrida ocorreu uma das batalhas mais ferozes : Ford x Porsche. E a adrenalina da disputa e a duração da prova, creio que nem falaram muito do acidente que ocorreu logo do começo.
Uma mancha de sangue nesta edição de Lemans.
Nem tanto… Pelo contrario, por causa deste acidente – ou sendo ele o maior motivo ou estopim – as largadas passaram a ser com os pilotos afivelados.
Eu entendo que existe muita coisa envolvida em uma corrida como Le Mans. Muito trabalho, muito dinheiro investido mas não me conformo dela não ser cancelada depois de uma tragédia como essa. Teve um acidente? O piloto morreu? Conserta o guard-rail que estragou e vamos em frente porque o Rolex continua marcando o tempo. Penso que se o mesmo ocorresse em uma corrida da Stock Car brasileira, estaríamos todos indignados. Porém é Le Mans… O charme é outro. A própria família do Simonsen pediu para a Aston Martin continuar então eu devia encarar o acidente como só uma fatalidade. Não consigo.
Eu também não… :(
Triste… Mais triste ainda a prova continuar. Horrendo. Correr durante 23h51min sabendo que um colega morreu ali, na pista, numa curva que todos passarão centenas de vezes? Mórbido. Qual a sua opinião/sentimento sobre esse tópico (continuar ou não a disputa), Flávio?
De fato, a morte de um cara desconhecido em uma categoria menos importante, não muda muito a vida de muita gente, muda a vida da família e dos amigos, como em qualquer morte. Se a família dele pediu que continuassem, é porque sua dor seria maior ainda ao ver tanta gente menos próxima sendo abatida também. LeMans é a última sobrevivente de uma era de heróis, de quando era mais bonito vencer onde mais risco de vida se corria. Talvez por isso não tenham cogitado cancelar a prova, morrer faz parte do negócio, assim como a morte de alguém que esteja escalando o everest não faz com que as demais expedições cancelem seus planos. Neste caso não é só o dinheiro que está acima da vida, os sonhos de quem sobrevive também estão, mesmo que manchados.
Um cara MORREU, o ROLEX vai zerar. Sei não, esse mundo tá estranho. Enfim.
uma dúvida: quando o piloto morre durante a prova, ela não teria que ser cancelada?
Acho que na Itália, sim. Existe uma determinação legal pra que se interrompa a prova em caso de morte na pista. Por isso disseram que o Senna morreu no hospital, mas na França acho que não, segue o jogo.
Triste :(
Trise :(
Que acidente besta. Mas o show deve continuar.
Estranho, parece que perdeu aderencia quando pegou a zebra e o carro embicou.
Triste.