(VÃO SE) CATAR

SÃO PAULO (o deserto que atravessei) – A F-1 vai aonde o dinheiro está. Isso não é novidade na história da categoria e na composição de seus calendários ao longo de décadas. Alguns furos n’água foram registrados nos últimos anos, como as já esquecidas corridas da Índia e da Coreia do Sul — o que será que foi feito daqueles autódromos? Mas muitos territórios desbravados por Bernie Ecclestone se mostraram rentáveis, como Malásia, Bahrein, Singapura e Abu Dhabi, por exemplo.

Não vejo mal nenhum nisso em sua essência, já que há muito tempo todos os esportes são tratados primeiro como negócios, depois como competições. Faz parte, como se diz. Ruim é quando o esporte é deixado para segundo plano. E isso, muitas vezes, leva a aberrações como Abu Dhabi e sua pista medíocre, ou Paul Ricard, ou ainda aquela porcaria de “infield” de Indianápolis.

Mas é caminho sem volta, então resta suspirar e seguir em frente. OK, Catar, agora. Losail é uma pista já usada faz tempo na MotoGP e foi a solução encontrada para tapar o buraco aberto com a desistência de Suzuka neste ano. Será lá a 20ª etapa do Mundial desta temporada, que se encerra com três provas no mundo árabe. Depois do GP do Catar, teremos Arábia Saudita e Abu Dhabi. É lá que está a grana, é para lá que vai a F-1.

Mas a Liberty aproveitou o momento e assinou um contrato de dez anos com o país, que no ano que vem recebe uma Copa do Mundo — outro exemplo de “vamos atrás do dinheiro e o esporte que se dane”. A partir de 2023, não se sabe ainda se em Losail ou em alguma outra pista inventada, serão dez anos de corridas no pequeno país do Golfo Pérsico que possui gigantescas reservas de petróleo e gás natural.

O campeonato é mundial e as ondas mercantis o arrastam para onde é possível ganhar alguma coisa e dar respostas aos acionistas das empresas que o controlam. Do mesmo jeito que o Catar é atraente pelo lado financeiro, a pequena Holanda também se tornou um porto lucrativo por causa de Verstappen e voltou a fazer parte da temporada. Tem lugar para todo mundo, desde que as caixas registradoras tilintem.

Pena que falta a África nesse tabuleiro.

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Comentarista Crítico
Comentarista Crítico
2 anos atrás

Que pista HORRÍVEL a da Arábia Saudita.

Barreto
Barreto
2 anos atrás

Quando leio estas notícias o cérebro começa a ouvir a introdução de Money do Pink Floyd.
Aquela mistura genial de caixa registradora e solo de guitarra.

SanderElias
SanderElias
2 anos atrás

A F1 é comercial. Seus pilotos ganham muito. As equipes investem milhões. Tem todo o show business. A F1 lógico que tem que ir onde tem recursos para cobrir todo esse investimento. Onde se vendem Ferraris, Mercedes, Aston Martin,….Onde está os potenciais investidores e compradores.

Paulo F.
Paulo F.
2 anos atrás

Em épocas mais remotas havia corridas em Trípoli e no Marrocos. Não deixa de ser África.

Marcelo Rodrigues
Marcelo Rodrigues
2 anos atrás

Flavio,

Em uma primeira análise mais por cima, Qatar e Arábia Saudita favorecem mais qual carro? Mercedes ou Red Bull?

Valmir Passos
Valmir Passos
2 anos atrás

Faz parte. Money talks. Pelo menos a pista é legal.

Paulao
Paulao
2 anos atrás

Verdade, negócios em primeiro lugar, paciência. Sim, faz muita falta a África, inclusive me lembrou do famigerado GP da África do Sul em plena época do apartheid, quando todo mundo dos esportes boicotava e a F1 teimava em fazer eventos lá.

Sandro
Sandro
2 anos atrás

Realmente falta a África. Talvez um dia a F-1 volte ao continente africano. GP na África do Sul, em Kyalami. 92 e 93 foram as únicas temporadas que a F-1 esteve nas Américas, na Europa, na África, na Ásia e na Oceania.
A F-1 é “apolitica”. Corre onde paga bem. Até 85 corria na África do Sul em pleno regime de apartheid!
Hamilton teria o visto de trabalho ou turista negado pelas autoridades sul-africanas se competisse nos anos 70/80!
Nos anos 70 e 80, nas ditaduras militares brasilo-argentina teve corrida como se essas duas nações estivessem em momento de paz! Exemplo: teve corrida extra-campeonato para inaugurar o Autódromo de Brasília com o polêmico e pomposo nome de “Grande Prêmio Presidente Medici”!
A F-1 sempre fez vista grossa para muita coisa!
Bahrein, Catar e Abu Dhabi mostram a força do petróleo e do gás natural na economia local e mundial. Além da Arábia Saudita. Mas… e quando o petróleo acabar ou estiver acabando? Como será o mundo em 2100? Qual a nova matriz energética que substituirá o ouro negro? Difícil saber!
Money talks!

Markonikov
Markonikov
2 anos atrás

Motivo pelo o qual eu nunca vou torcer para esse holandês racista …

RICARDO BIGLIAZZI
RICARDO BIGLIAZZI
2 anos atrás

Grana!!!! F-1 = GRANA.

Que a pista e prova sejam boas e a Evento seja realizado em grande estilo.

Estamos aqui para acompanhar, na TV e no BLOG.

OBS.: Vai ser uma prova noturna?? No site da F-1 ainda não está atualizado e a prova aparece como “TBC”, logicamente sem a definição de local e horário. Acho que deve ser, vou ver algumas fotos da ultima corrida de motos para tirar a duvida…

Vinicius
Vinicius
2 anos atrás

Considerando que fatores como desrespeito aos direitos humanos pelos governos locais são desprezados sempre na escolha das sedes das corridas de F1 e de outros eventos esportivos, que ao menos a pista seja capaz de fornecer uma corrida decente. Já bastam aquele cruzamento de kartódromo com fliperama que é Abu Dhabi, ou Paul Ricard e suas zebras que dão tontura.

LH
LH
2 anos atrás

Que pena. Ainda tinha esperanças que aquele anel externo do Bahrein voltaria esse ano. Não sei se pelas circunstâncias loucas ou se porque o circuito ficou bom, mas foi uma corridaça no ano passado.

Fábio Mendes
Fábio Mendes
2 anos atrás

Poderiam trazer de volta o GP da África do Sul em Kyalami.
As últimas corridas por essas bandas foram em 1992 e 1993.
Teve corridas nos anos 60, mas principalmente dos anos 70 à 80, era um bom circuito.
Mas mostra também quem a F1 estava lá pelos negócios, pois era em plena época de Apartheid.