JEDDAH ON FIRE (2)
SÃO PAULO (brincando com fogo) – Não me considero um fatalista/alarmista, mas julgo absurdo o prosseguimento das atividades em Jedá depois de ler o comunicado acima, dos organizadores do GP da Arábia Saudita. O texto fala literalmente em ataque às instalações da Aramco. É um texto oficial. Mesmo assumindo que houve um atentado — as versões disponíveis falam em drones e mísseis –, a F-1 decidiu seguir o jogo, confiando nas autoridades sauditas.
Outro comunicado, este da categoria em si, diz: “A F-1 está em contato com as autoridades relevantes depois da situação verificada hoje. As autoridades confirmaram que o evento pode continuar conforme o planejado, permanecerão em contato com as equipes e seguirão monitorando a situação de perto”.
Notem que a F-1 não usa a palavra “ataque”. Prefere “situação”. A situação é que a menos de 20 km do circuito bombeiros, neste momento, tentam apagar o incêndio em tanques de petróleo supostamente atacados por rebeldes houthis que lutam no Iêmen contra a Arábia Saudita. Enquanto isso, na pista, 20 carros participaram do segundo treino livre para a segunda etapa do Mundial.
Eis o resultado, com a Ferrari voltando a andar na frente, como fizera na primeira sessão, ainda com a luz do dia. Charles Leclerc foi o mais rápido com 1min30s074, mesmo tendo perdido quase meia hora de treino depois de tocar o muro com a roda dianteira esquerda de seu carro. O parceiro Carlos Sainz também lambeu o muro e andou pouco. Ficou em terceiro. Entre os dois, Max Verstappen, 0s140 mais lento que o monegasco.
Foram apenas alguns dos incidentes do segundo treino livre, que teve também uma quebra de Kevin Magnussen e outra de Yuki Tsunoda. Para o dinamarquês da Haas, o prejuízo foi maior. Ele não conseguiu fechar volta no primeiro treino e andou pouco no segundo. Como não correu em Jedá no ano passado, terá pouco tempo de pista para se adaptar a um circuito tinhoso por ter média de velocidade muito alta, curvas à farta — 27 — e muros muito próximos.
A sessão noturna começou com atraso de 15 minutos porque os chefes de equipe se reuniram com a direção da F-1 para entender direito o que estava acontecendo no depósito da Aramco. A fumaça negra do incêndio foi sentida por todos no paddock. Stefano Domenicali, CEO da Liberty, disse que as atividades estavam mantidas. “Nos sentimos seguros”, falou.
Nem todo mundo tinha a mesma percepção. Sergio Pérez, segundo relatos, era um dos mais preocupados com a situação. O guru da Red Bull Helmut Marko, com toda fineza que lhe é peculiar, fez troça. “Não sei por que Checo está nervoso. No México não é muito mais seguro do que aqui”, disse o austríaco do olho de vidro e cara de mau.
A Mercedes voltou a ficar atrás das duas equipes mais fortes deste início de temporada, com Hamilton em quinto, 0s439 atrás de Leclerc, e Russell em sexto, a 0s590. Seus carros continuam saltitando na pista, vítimas do efeito “porpoising” — a interrupção do fluxo de ar sob o assoalho por frações de segundo porque batem muito no asfalto.
A equipe está usando em Jedá uma asa traseira menos carregada, para reduzir o arrasto aerodinâmico. Melhorou um pouco, mas não muito. Lewis e George seguem com dificuldades para acompanhar as duplas de Ferrari e Red Bull, que são as favoritas à pole amanhã e à vitória no domingo. Hamilton pediu até a troca de seu banco no meio da segunda sessão, para tentar melhorar a posição no cockpit.
É provável que nada aconteça nos próximos dois dias que possa colocar as vidas de todos no autódromo em risco. Tomara. Medidas extras de segurança, óbvio, estão sendo tomadas pelas autoridades sauditas. Mas o simples fato de ter havido um ataque tão próximo ao local do evento na abertura dos trabalhos deveria ser levado mais a sério pela F-1.
Após o treino, todos os pilotos foram à direção da F-1 para conversar sobre o assunto e discutir quais medidas poderão ser tomadas a partir da evolução do quadro de tensão. As entrevistas do final da noite foram canceladas.
O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem falou que “o alvo deles é a infraestrutura, não civis ou, claro, o autódromo”. “Checamos todos os fatos e recebemos a garantia de que este é um lugar seguro. Vamos correr”, determinou o dirigente, nascido nos Emirados Árabes Unidos.
Será? O próprio presidente da FIA, praticamente um local, assume que está fazendo um GP numa zona de conflito militar. Faz sentido?
É sobre isso que vamos conversar mais tarde, às 19h, no “Fórmula Gomes” em nosso canal no YouTube. Espero todos lá!
Por isso que corrida de carros são para pessoas corajosas!!! Tem ps4…ps5…Xbox…PC…p quem acha perigoso se expor!!!
E o patrocínio de cigarros é considerado nocivo. Que hipocrisia!
Desse jeito, o cancelado GP da Rússia vai ser remarcado para a Ucrânia, talvez em Kiev ou Mariupol. Haja irresponsabilidade. O dinheiro é quem manda.
Vamos esperar as explicações do porquê da realização da corrida numa área de conflito, patrocinada por uma sanguinária ditadura.
A verdade é a seguinte : quem tem botão , tem medo…
Mas é muita grana envolvida , para correr da briga …
Rezar e correr…é isso aí
que frase infeliz que o caolha soltou, nossa senhora. sujeito ruim esse helmut marko.
É um otário
A F1 nunca ligou para essas questões políticas. Mísseis voando e a organização dirá que são fogos comemorando a volta mais rápida, a vitória, o pódio…
Comunicado com palavras muito bem escolhidas. Vai ser interessante ver o que a mídia em geral vai falar sobre isso.Como a Arábia Saudita é parceira dos EUA, não será dada muita atenção a essa “situação”.
Tem uma entrevista bem interessante que o Glenn Greenwald deu ao Luís Nassif, há umas duas semanas, onde ele fala sobre o envolvimento dos EUA na Ucrânia. Link para entrevista
Da uma olhada na foto dos pilotos da Hass. Eles ainda estão com o patrocínio da Ural Kali na perna do macacão. Será que ainda tá entrando uns rubros lá?
Bem observado. Mas aquilo é a manga do macacão caída sobre a perna. Ele está vestido até a cintura. Será que passou batido? Ou alguém vacilou e pegou um macacão antigo, a escrita é muito grande para ter passado batido. Nessa foto dos dois não aparece, e dá para ver os bordados que costuraram por cima das marcas da Uralkali, inclusive no braço.
Nessa aqui da para ver melhor os “remendos”.
Flavinho Gomes saudações !
Você sabe, como todos que já participaram de qualquer tipo de corrida, que estando no local jamais se volta e o que nos cerca de perigo a adrenalina dá um jeito.
Prevejo uma vitória do Hamilton ( não como torcedor) pois tem equipe fraquejando em seus projetos e o mais gritante, a pilotagem está um horror.
A pista não permite agressividade e teremos no mínimos 4 bandeiras amarelas, 3 vermelhas e o piloto com mais técnica vencerá…No caso, Hamilton, disparado !!!
abs
Flavio Padilha
Mãe Dinah. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
its the end of the world as we know it .. and i feel fine
FG, a palavra “situação” – inclusive “situation”, em inglês, com o mesmo uso – tem a conotação de “ocorrência” no jargão policial/militar, que pode significar algo relevante em andamento para essas forças. Por exemplo, dizemos “tem uma situação em andamento no Atacadão da Vila Guilherme” para dizer que há um assalto, ataque etc ocorrendo. Ouso fazer esse adendo aqui para você.
Claro, faz sentido. Mas não ser explícito aqui tem uma razão. Conheço esses comunicados.
Fórmula 1 sendo Fórmula 1: “The show must go on”
A F1 tá cag*ndo para o quê acontece no mundo. Foi assim na época do apartheid na África do Sul e em outras situações. Tentou aparecer bem na foto com o cancelamento da corrida na Rússia. E só. O que importa, é o dinheiro entrando. Se amanhã um ataque desses atinge a pista, e acerta alguns, quem vai se responsabilizar ? Rola a bola, que tem muito jogo ainda.