VERSTAPPENSTONE (2)
SÃO PAULO (foi bacana!) – Se Max Verstappen entrou na lista de cinco maiores vencedores da história domingo passado na Áustria, hoje ingressou no grupo dos dez pilotos que mais fizeram pole-positions na história. O holandês larga na frente amanhã para o GP da Inglaterra. São 27 poles agora, sete delas neste ano, cinco seguidas. Deixou para trás nas estatísticas o bicampeão Mika Hakkinen. À frente dele, agora, o próximo alvo é ninguém menos que Juan Manuel Fangio, com 29.
A surpresa do sábado em Silverstone foi a McLaren, com Lando Norris em segundo e Oscar Piastri em terceiro no grid. Carro atualizado, pintura cromada especial, tudo funcionando direitinho, a equipe inglesa fez jus à história de 14 vitórias no circuito que recebeu o primeiro GP da F-1, em 1950. OK, a última foi em 2008, mas história é história.
Já Alexander Albon, o mascotinho da torcida no fim de semana, ficou com a oitava colocação com a Williams. Por conta do que fizera nos dois treinos livres de ontem e no terceiro hoje, com uma segunda colocação na chuvosa sessão – que teve alguns minutos de pista seca –, Albon se tornou a maior atração da classificação em Silverstone. E se virou bem.
Quando começou o Q1, nuvens carregadas pairavam sobre o autódromo. Mas não chovia. A pista, porém, mantinha alguns pontos úmidos e a baixa temperatura, 21°C, sem sol, indicava que não iria secar num passe de mágica. Pisar fora do trilho poderia ser fatal. Zebras também eram traiçoeiras.
E Hamilton rodou na sua primeira tentativa de volta rápida, mostrando como o traçado estava tinhoso. Não bateu em nada e não atolou. Verstappen fechou uma volta cronometrada em 1min33s535, tendo andado na casa de 1min27s no seco. Foi cauteloso. Logo depois, Alonso entrou na casa de 1min31s e, em seguida, fez 1min30s730. Na sequência, Max baixou esse tempo em 0s011.
Com a pista mudando muito na medida em que os carros iam passando, tirando água e esquentando os pneus, os tempos foram caindo e as posições se alterando freneticamente. Albon brigava com o carro e com o cronômetro, flertando com a eliminação. Quando conseguiu entrar na zona de classificação, a 6min do final do Q1, teve sua volta cancelada por exceder os limites de pista e caiu para a última posição. A carruagem da Cinderela da vez estava perto de virar abóbora.
E o céu não dava trégua em sua sanha ameaçadora. De vez em quando, mandava uns pingos parrudos como se dissesse: se eu quiser, estrago essa brincadeira aí embaixo. Faltando 3min11s para o fim, o carro de Magnussen parou perto da entrada dos boxes. Apagou de vez. E a direção de prova interrompeu a sessão. Naquele momento, estavam fora o próprio, Zhou, Sargeant, Bottas e Albon.
Não foi rápida a interrupção para a remoção do Haas de Magnussen e uma fila de espera pela liberação da pista se formou na saída dos boxes, Pérez à frente. O mexicano estava em 14º, correndo o risco de nem passar ao Q2, o que seria um vexame gigantesco. Além dele, quando veio sinal verde, pelo menos dois da zona de degola se viam sob intensa pressão: justamente a dupla da Williams, que tão bem andara nos treinos livres.
Algo curioso aconteceu enquanto a sessão não era reiniciada. Verstappen foi sair de sua garagem e cometeu a barbeiragem do século. Bateu na mureta dos boxes e arrebentou a asa dianteira. Foi puxado de volta, colocou um bico novo e retornou à fila. Colocou a culpa na “falta de grip”. “Não entendi, Max”, falou seu engenheiro pelo rádio. “Está gripado e espirrou na hora?” O holandês nem respondeu.
Todos foram à luta quando a pista foi liberada, exceto o desafortunado Magnussen, que não tinha carro para isso. O asfalto parecia mais seco. Pérez entrou na casa de 1min29s e Albon e Sargeant também fizeram boas voltas, ficando em primeiro e segundo por brevíssimos instantes. Norris também pulou para a ponta. Todo mundo melhorava seus tempos. E o que aconteceu? Pérez fora. De novo. Pela quinta vez consecutiva, fora da fase final da classificação. Desta vez, nem ao Q2 foi. O fato de ter sido o primeiro a sair dos boxes após a bandeira vermelha acabou com suas pretensões. Muito tempo parado, a temperatura dos pneus caiu, a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, Checo? Quase todos que vinham atrás foram melhores que ele, pegando a pista numa condição melhor. As exceções foram os eliminados Tsunoda, Zhou, De Vries e Magnussen, claro.
Norris terminou o Q1 em primeiro com 1min28s917, seguido por Leclerc, Russell, Hamilton e Verstappen. E Albon, ufa!, terminou em sétimo. E Sargeant, uau!, em 13º. E Leclerc e Sainz tretaram na saída de box e na abertura da volta, um xingando o outro pelo rádio. E deu para ver que as coisas andam tensas na Ferrari. E Verstappen e Hamilton quase se pegaram preparando suas voltas rápidas. E quando a quadriculada determinou o fim do Q1, Bottas, que tinha feito o 11º tempo, parou o carro no meio da pista, ficando fora da segunda parte das atividades. E a chuva não voltava, mas o céu seguia gargalhando lá de cima, podendo mandar água a qualquer momento.
Nesse cenário incerto começou o Q2, com trechos muito escorregadios e, creiam, o sol aparecendo em aqui e ali. A primeira volta rápida cronometrada foi de Alonso, na casa de 1min30s660. Mas durou pouco seu P1, quase nada. McLaren, Alpine, Red Bull, Mercedes e até a Haas superaram a volta do espanhol da Aston Martin. Fazer um bom tempo era questão de acertar o momento de entrar na pista e encaixar uma volta impecável, além de chegar à temperatura ideal dos pneus. El Fodón del Coche Verdón percebeu, seguiu na pista e cravou 1min29s052, voltando à primeira posição. Com quem sem segundo? Albon! Albon! U-hu!!!!
A temperatura do asfalto, que estava na casa dos 21°C no início da classificação, subiu para 25°C no final do Q2, com a rara aparição do sol. O céu se encheu de atormentar os pilotos e as nuvens foram embora. A pista, assim, melhorou barbaramente, e os tempos voltaram a despencar. Norris, Hamilton, Piastri, Verstappen e Russell deixaram Alonso para trás de novo.
Os últimos dois minutos foram frenéticos. Verstappen quebrou a banca e fez 1min27s702, deixando a McLaren em segundo e terceiro com Piastri e Norris — mais uma equipe pedindo autorização para participar da festa. Albon acabou em quarto. A Mercedes passou na bacia das almas com Hamilton em oitavo e Russell em décimo. Hülkenberg, Stroll, Ocon, Sargeant e Bottas, que nem andou, foram os cortados.
Sete equipes diferentes no Q3 é algo que merece menção. A primeira bateria de voltas rápidas viu oito pilotos na casa de 1min27s, já com o asfalto totalmente seco. O tempo de Verstappen, porém, destoava dos demais: 1min27s084, nada menos do que 0s633 à frente de Hamilton, então segundo colocado – de forma surpreendente, até. De Lewis a Norris, em décimo, 0s7. Um baita equilíbrio. Do segundo para trás, rigorosamente tudo podia acontecer. Do segundo para a frente, era só tentar adivinhar qual seria o tempo da pole de Max.
Leclerc foi o primeiro a abrir volta rápida na segunda fornada. Começou bem, mas não bateu o tempo de Verstappen. Quem levantou a torcida nas arquibancadas foi Norris, com uma volta espetacular em 1min26s961, pulando para a primeira colocação. O único que poderia derrubar seu tempo era mesmo Verstappen. E ele foi lá e cravou: 1min26s720, 0s241 mais rápido que o inglês da McLaren.
Norris larga ao lado do líder do Mundial, em segundo. É sua terceira presença na primeira fila na F-1. Foi segundo no grid na Áustria em 2021 e pole na Rússia no mesmo ano – a última pole do time papaia na categoria. Em terceiro, seu companheiro Piastri, 0s372 atrás de Verstappen, com excelente desempenho. McLaren em segundo e terceiro num grid, depois de um início de temporada tão ruim? Sim, uma proeza e uma recompensa à equipe que, pelo menos, soube mudar o rumo conceitual de seu carro, que era uma porcaria. Algo que a Mercedes não conseguiu fazer.
Leclerc foi o quarto, seguido por seu companheiro ferrarista Sainz, com os dois carros mercêdicos em sexto e sétimo – Russel à frente de Hamilton. Albon, nosso herói, larga em oitavo. Não está ruim, longe disso. Mas ficou aquela sensação de que a Williams podia um pouquinho mais. Reclamar, porém, estava fora de questão. O tailandês repetiu a oitava posição que conseguira na Austrália neste ano. Vai buscar uns pontinhos, que é o que dá para fazer. Completaram o top-10 um discreto Alonso em nono e Gasly em décimo. A diferença da pole para o tempo do francês da Alpine foi de 0s969.
Verstappen vai atrás, amanhã, de sua sexta vitória seguida. Deve conseguir sem dificuldades, em condições normais de temperatura e pressão. Em condições anormais, também. Mas a prova deve ser divertida com McLaren, Ferrari e Mercedes se estapeando pelos outros dois lugares no pódio. Que, desta vez, Pérez não vai alcançar.
A corrida começa às 11h e não se esqueçam de assistir ao “Fórmula Gomes” no YouTube às 19h ao vivo!
E las torillas de Chesperito eston a asar
Ótimo texto Flávio, como de costume! Tomara que tenhamos Mclaren no podium
Norris e Russel … que geração a ilha produziu … espero que prosperem
Que papelão do Perez, mesmo sendo o primeiro a abrir volta, não justifica ficar pelo caminho com o carro que tem. Ainda na sessão rabugento, o Giafone dizer que a Red Bul em anos anteriores era azarão para justificar a diferença de poles X vitórias do Verstapen é daquelas de corar… a Mercedes foi superior por bons anos mas o termo azarao para a Red Bull é um exagero enorme
Com o carro que tem Perez pode chegar em segundo mesmo largando na última posição do grid, é arriscado, mas emocionante e espetacular.
Não sei se é impressão minha, mas parece que o Perez só “acorda” na segunda metade da corrida. Aí ele começa a escalar o pelotão e chega bem posicionado. Diferente do Verstapen que já nas primeiras voltas briga na frente.
A impressão que temos e que Max sempre tem uma folga , Norris fêz
uma volta espetacular , aí vem o estraga prazer e crava 2 decimos a menos.
Acho que vai assim até final do ano….
Go McLaren go !
Top 3 amanhã: M. Verstappen, L. Hamilton e L. Norris.
Decepção: F. Alonso.
Já dá para abrir as apostas de quando Checo cai?
Fangio ainda é o nono pole man, que boludo, acredito que em percentuais deva ser top 5 em muitos quesitos .
Vou torcer para o Norris acertar a largada para poder avaliar o real potencial da McLaren.
A pergunta que não quer calar.:sem Verstapen, a RedBull seria tudo isso? O melhor carro disparado do ano? Duvido! Pra quem diz que piloto não faz diferença.
Albon muito bom!
Oitavo lugar!
Williams GP 799!
McLaren não foi McLata hoje! P2 e P3!
Pérez: quinto quali seguido que não vai o Q3! E Verstappen está em outro patamar!
Bottas desclassificado! O regulamento exige 1 litro de gasolina para análise laboratorial, mesmo que o carro tenha pane seca! Foi P11 no Q1 e tomou um DSQ! Bota na conta do Hamilton! Em 2011 Lewis foi pole no Canadá com pouquíssima gasolina no tanque! A McLaren sofreu pane seca na volta de retorno! A pole valeu mas depois disso a FIA mudou a regra: tem que sobrar, no mínimo, 1 litro de combustível!
Mercedes: que fase, hein! Que venha 2024!
Rapaz, e Aston Martin tá com cara de que já deu o que tinha que dar. A ver como reage Alonso se continuar assim
Muito bom ver a Mclaren de volta na briga da meiuca pra frente. Só achei meio boboca o Zak Brown , abraçando todo mundo na equipe.
Na fase atual da maclaren era para a zak sair dando beijo na boca do pessoal kkkkk
Com Verstappen merecidamente tricampeão (alguém ainda duvida?), gostaria muito de ver uma zebra com Norris, Piastri ou Albon vencendo a corrida.
Apesar do péssimo desempenho de Perez na classificação, deve terminar entre 4o. e 7o. Com algum safety car favorável, pega um pódio.
Isso mesmo Flazao
Classificação interessado, eletrizante
Amanha Perez da show,vai ao pódio
Só se for um show de degustação de tequilas…
Admiro seu otimismo.
Já seu conhecimento de corridas de F1 beira o pífio.
Perfeito texto do escriba Lusitano.
Flavinho tu é lusitano??? No duro?
Tu é bobo?
Faz sentido! Isso explica muita coisa!
Brilhante !
Diante de TODOS os últimos vexames (desnecessário enumerar), Pérez deveria ser substituído esse ano. Mas isso não acontecerá.Porém, acho difícil ele continuar na Red Bull ano que vem. Fica a pergunta: quem será o companheiro do Garoto Enxaqueca em 2024? Espero que não seja o Ricciardo: a fila andou.
Abrindo um parágrafo para frisar a ruindade do mexicano esse ano. O Sargento Logan (o Mazepin de 2023) larga na frente do Pérez.
Perez. Assim não dá. Norris largando mais uma vez em ótima posição, não pode por tudo a perder na primeira volta. Corrida vai ser interessante, a partir da segunda posição
Com esse carro a Mercedes parece querer ter razão, não ser feliz. E vai ficar sem os dois…
Ótima classificação. A história sendo escrita.
Não sei o que ficou melhor: a passagem drummoniana ” e agora Checo”, ou a transcrição do rádio com o “espirrou”.
Ótimo!
Pelo fim dos limites de pista.
Está atrasado.
Tadinhos.
Rumo ao Octa…