ÁLBUM (SOBRE RODAS) DE FAMÍLIA

SÃO PAULO (desovando…) – Material enviado pelo jornalista Rafael Motta, de Santos, ainda no final do ano passado. Vamos começar a esvaziar a caixa de correio! A história do avô dele é muito bacana. Para ver as fotos em tamanho maior, basta clicar nelas!

Meu avô materno, Alberto Motta, sempre teve profissões ligadas a veículos. Começou a trabalhar aos 12 anos nas Indústrias Franco do Amaral, em Santos, que fabricavam produtos como banana em flocos (“Banana Flakes”). Ainda criança, dirigia jipes ou caminhonetes em serviços internos da empresa. Tirou carta às vésperas de fazer 18. A data da primeira habilitação era 29 de abril de 1949. Foi taxista, motorista de caminhões-tanque na Esso, fazia entregas e reposição de mercadorias na Nestlé e trabalhou como consultor técnico de uma extinta concessionária Volkswagen, a Pinhal. Ali, chegou a inspetor de qualidade de serviços — ele “revisava a revisão” dos carros, que só depois disso saíam de lá. Dirigiu até 2020, quando chegou a pandemia, e morreu no ano seguinte, a um mês de fazer 90 anos. Uma foto dele é do início dos anos 1950, em que aparece ao lado de um Chevrolet, um dos carros com o qual foi chofer de praça. O ponto era na esquina das avenidas Marechal Deodoro e Bernardino de Campos (o Canal 2), no Gonzaga. Outra é de meados da década de 1950, carregando um caminhão-tanque. Muito provavelmente, na Ilha Barnabé, situada na região portuária de Santos e que ainda hoje abriga tanques com produtos químicos. Ele ia e voltava de São Paulo duas vezes por dia pela única ligação disponível, a Via Anchieta. Na terceira, aparecem meu tio, minha mãe e minha avó em uma viagem ao Museu do Ipiranga, em São Paulo, com o primeiro carro da família: um Fusca, que meu avô comprou, usado, em 1969. Vô Alberto só teve carros da Volkswagen: depois, três Brasílias, outro Fusca, um Voyage, um Gol 1000, um Gol City e um Fox — que aparece na quarta foto, no dia do meu aniversário em 2017, na qual estamos minha mãe, meus avós, eu e, no reflexo da porta, minha mulher, que fez o registro. Ele era mais de exemplos do que de palavras, mas, vez ou outra, repetia o que aprendeu em um curso de aperfeiçoamento na Pinhal (onde recebeu o catálogo de cores para 1980 da Brasília, na última imagem): “Se um cliente é bem atendido, diz isso para oito pessoas. Se mal atendido, para 15”. Um lema para a vida, fazer as coisas direito.

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Fabio Renato De Oliveira
Fabio Renato De Oliveira
3 meses atrás

Já pensou em fazer um compilado destas histórias..de vida..de carros…de vida com carros!?

Rafael Motta
Rafael Motta
3 meses atrás

Obrigado, Flavio.

O crítico
O crítico
3 meses atrás

Impressionante a paleta de cores da Brasília: 14! Mais do que o dobro das oferecidas para a maioria dos carros contemporâneos. Minhas favoritas são a bege Jamaica, verde pampa e azul Mônaco. Infelizmente, o mundo ficou muito cinza…

Flavio Mardegan
Flavio Mardegan
Reply to  O crítico
3 meses atrás

Concordo contigo!!! Hoje só tem uma cor de acabamento interno e tres cores: branco, preto e cinza..as vezes um vermelho, azul ou verde e só…como era legal poder escolher entre tantas opções! e isso num carro mais popular como a Brasilia!!!

frank
frank
3 meses atrás

parabens!