ORANGE JUICE (2)

Mais uma na conta: 17 poles na carreira, quatro na temporada

SÃO PAULO (a hora dele) – Max Verstappen, a fórceps, fez a pole para o GP da Holanda confirmando sua superioridade abissal no Mundial de F-1 deste ano. Foi sua quarta na temporada e 17ª na carreira, o que o coloca entre os 20 maiores “polemen” da categoria, ao lado de Jackie Stewart nas estatísticas. Seu tempo foi apenas 0s021 melhor que o de Charles Leclerc, da Ferrari, que larga em segundo.

É um grande passo para vencer de novo em casa e fazer mais uma festa diante de seus torcedores. Que, claro, foram ao delírio nas velhas arquibancadas de Zandvoort, tingidas de laranja e encharcadas de cerveja.

Festa nas arquibancadas: todo mundo de laranja

O verão ainda sorri para a Europa e foi com sol e temperatura lambendo os 27°C que começou a classificação nos Países Baixos. Como a Ferrari repetira no último treino livre seu bom desempenho de ontem, os já conformados torcedores vermelhos esperavam pelo menos uma pequena alegria no sábado holandês.

Mas o adversário seria duro… O povo no circuito vibrou pela primeira vez no dia quando Verstappen, no Q1, fez sua primeira boa volta da classificação com 1min11s317. O primeiro embate com os carros vermelhos foi amplamente favorável ao piloto da Red Bull. A primeira volta rápida de Sainz foi 0s450 pior que a de Max e a de Leclerc, 0s808. Charlinho se aproximou logo depois, mas ainda ficou atrás, uma diferença de 0s126.

A dificuldade de todos, na primeira parte da classificação, era fazer uma volta limpa. Como a pista é curta e estreita, a todo instante os pilotos encontravam tráfego pela frente – ou alguém saindo dos boxes para aquecer pneu, ou alguém voltando, depois de fazer tempo. Nesse tipo de circuito, é inevitável ser atrapalhado em algum momento quando está todo mundo fazendo a mesma coisa.

Fumaça na pista: sinalizadores atrapalharam o treino

Ao final do Q1, Max se manteve em primeiro e Hamilton, 0s014 atrás, terminou em segundo. Algumas surpresas houve, não se pode negar. Tsunoda foi o terceiro, a 0s110 do holandês. Norris ficou em quinto. Stroll, em sétimo. E Albon, em décimo. Os eliminados foram Bottas, em franca queda na segunda metade do campeonato, Magnussen (errou na sua volta rápida), Ricciardo (melancólico, seu desempenho), Vettel (outro que no fim da volta escorregou na areia e se deu mal) e Latifi (o de sempre).

O Q2 mal tinha começado e uma bandeira vermelha foi acionada. Alguém jogou um sinalizador no meio da pista, daqueles que soltam fumaça – laranja, claro. O único prejudicado foi Albon, que já tinha entrado na pista e gastou um jogo de pneus à toa.

De quebra, alguns pombos à beira do traçado deixavam os pilotos espantados com sua coragem columbina. Por eles passavam voando os carros, mas permaneciam ciscando as aves, sem nenhuma afetação. Um fiscal de pista foi convocado para espantá-los, sem muito sucesso.

Os pombos: sem medo de carros velozes passando perto

Reiniciados os trabalhos, Verstappen foi logo para a pista e quebrou o cronômetro pela primeira vez no fim de semana, entrando na casa de 1min10s. Sendo preciso, 1min10s927. Isso com um jogo de pneus macios usados — o que lhe garantiu um novinho para amanhã que pode ser muito útil. Lewis, mais uma vez, chegou perto do holandês, a 0s148 de distância. A Ferrari, estranhamente, não repetia o rendimento dos treinos livres. Faltando dois minutos para o fim do Q2, Sainz era o sétimo e Leclerc, o nono. Então, os vermelhos acordaram. Ambos melhoraram bem seus tempos e o espanhol fechou o segundo segmento da classificação com o primeiro lugar, 1min10s814. Russell também deu um salto à frente e ficou em segundo, 0s010 atrás da Ferrari #55. Verstappen caiu para terceiro e Leclerc ficou em quarto.

Os degolados foram Gasly, Ocon, Alonso, Zhou e Albon. Stroll, Schumacher e Tsunoda, os três últimos classificados para o Q3, acabaram sendo os destaques do dia na “F-1 dos outros” – desbancando não só seus companheiros de equipe, como também a dupla da Alpine, que decepcionou.

Schumacher no Q3: boa atuação do alemão da Haas

Verstappen foi o primeiro a ir para a pista no Q3. Parecia que a intenção era estabelecer a altura do sarrafo, deixando para os demais a tarefa de superá-lo. Fez sua volta em 1min10s515, a melhor do fim de semana até então. Pérez, seu companheiro, fechou a sua logo depois e foi 0s562 mais lento. Desafio aceito, Leclerc foi para cima do tempo de Max e conseguiu batê-lo: 1min10s456, uma volta excepcional, 0s059 melhor que a do líder do Mundial. Hamilton e Sainz vieram a seguir, com Pérez em quinto.

A briga na segunda bateria de “flying laps” ficaria restrita à Ferrari #16 e ao Red Bull #1, com uma remota possibilidade de serem incomodados por Sainz e Hamilton, que vinham bem desde o início do dia. O monegasco fizera sua última pole na França. Max, uma corrida antes, na Áustria – em Spa registrou o melhor tempo, mas perdeu posições por troca de motor e a primeira colocação no grid foi herdada por Sainz.

Com menos de três minutos para a quadriculada, Leclerc e Verstappen voltaram à pista. Charlinho espremeu tudo que seu carro podia entregar e fez um temporal, 1min10s363. Max vinha logo atrás, cravou o pé no porão e bateu o tempo do rival: 1min10s342, meros 21 milésimos de segundo à frente do piloto do time vermelho. Sainz, com uma volta muito boa, fechou a classificação em terceiro a apenas 0s092 da pole.

O grid em Zandvoort: três primeiros muito próximos

Se alguém atrás deles tinha esperança de melhorar algo, ficou na intenção. Porque Pérez rodou em sua volta causando uma bandeira amarela e todos tiveram de tirar o pé. Hamilton ficou em quarto, seguido pelo mexicano e, depois, por Russell, Norris, Schumacher, Tsunoda e Stroll. “Mudamos muito o carro de ontem para hoje”, disse o pole-position, que ontem teve dificuldades nos dois treinos livres. “Fazer a pole aqui é incrível.”

Verstappen é o franco favorito à vitória, que pode ser desenhada a partir da largada. Saltando na frente, dificilmente alguém vai conseguir impedir sua décima vitória no ano. “Foi muito perto. Max fez um trabalho muito bom. Nosso carro foi melhorando e no Q3 estávamos perto da Red Bull. Mas a gente precisa fazer uma boa largada”, admitiu Leclerc.

Capacete como o do pai: cores que nunca andaram tão bem

Max está usando um capacete parecido com o de Jos Verstappen neste fim de semana. Com o pai, os torcedores holandeses nunca tiveram muitos motivos para festejar alguma coisa na F-1. Com o filho, é só alegria.

O GP da Holanda começa amanhã às 10h e terá 72 voltas. Mas às 19h estaremos em nosso modesto canal no YouTube para falar da classificação de hoje e de outros assuntos aleatórios. Como, por exemplo, a vitória da Lusa sobre o São Caetano no Canindé, para onde vou agora. Apareçam!

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João Carvalho
João Carvalho
1 ano atrás

Excelente cobertura do dia.

Obrigado pela existência desse blog!

ze otavio
Reply to  João Carvalho
1 ano atrás

do blog, da radio gomes, do bem merdinhas, da formula gomes, dos livros…

André
André
1 ano atrás

A equipe que ainda tiver vaga deveria olhar com bons olhos para o Mick Schumacher. O 8o tempo demonstra que, com um carro bom na mão, fará um excelente trabalho.

Fabio Burian
Fabio Burian
1 ano atrás

Max esta dirigindo o fino.

Somos sortudos de ver ao mesmo tempo dois dos maiores de todos correndo juntos.

Lewis e Max.

Sim. Max ao terminar a carreira nesse ritmo tera numeros absurdos na carreira tambem.

Podemos apreciar os dois sem ofensas de lado a lado.

Hoje em dia a f1 ta muito fla x flu.

CHAGAS
CHAGAS
1 ano atrás

Ah Perez, você nunca me decepciona.

Daniel
Daniel
1 ano atrás

Essa pista é ruim demais! Estreita e reta curta! Para os carros atuais não serve!

Edu Zeiro
Edu Zeiro
1 ano atrás

Sei não se o perezba não deu uma de filhote do motorista do Rolls, rodando de propósito para eliminar qualquer ameaça (das Mercedes, por que não) à pole do garoto enxaqueca. Aliás, nenhum comentário aqui à espremida que o perezba, após sair dos boxes, deu no Charles em Spa, claramente jogando o carro pra cima do monegasco. Mais uma vez desleal, mais uma vez sem punição.

ze otavio
Reply to  Edu Zeiro
1 ano atrás

boa, foi exatamente o que pensei…