O DONO DO TEMPO

SÃO PAULO (até o fim) – O futebol tem o poder de aprisionar o tempo. Só um jogo de futebol, e somente ele, nos dá a noção quase imediata do que é passado, presente e futuro. Porque o passado a gente costuma esquecer, o presente nunca parece o suficiente, o futuro é algo tão distante e incerto que quando ele chega, a gente não percebe.

No futebol, não. Quando começa um jogo, aqueles minutos em que você ficou na arquibancada esperando começar passam imediatamente a fazer parte do passado, e você sabe disso. A bola na trave é passado, e você sabe disso no chute seguinte, aquele que o goleiro pegou. Esse é o presente, o goleiro pegou. E será passado de novo no próximo gol perdido, no impedimento mal marcado, na falta que não foi.

O jogo está zero a zero, e você sabe que dali a uma hora, 30 minutos, 15, o futuro terá chegado, e não será zero a zero, talvez até seja, mas você saberá que ele, o futuro, chegou, e não é um futuro distante, longínquo e imprevisível, não haverá incerteza alguma quando o juiz apitar, num jogo de futebol o futuro tem hora para chegar, e você pode, então, abraçar todas as dimensões do tempo que são incompreensíveis fora de um estádio.

Futebol não tem outra importância que não seja essa, a chance de viver uma alegria instantânea que dali a alguns minutos pode ser a maior das tristezas, esse jogo de passado-presente-futuro que se resolve em 90 minutos, com um intervalo para respirar.

Ontem fui o mais feliz dos seres humanos a cada gol do meu time, a cada gol do outro, e o pior dos miseráveis quando tudo acabou, quando o futuro chegou. É só um campeonato, uma bola e um gramado, já passou, é passado, mas na hora em que vi esse menino chorando no jornal, a dor voltou para o presente, porque a graça está aí: sorrir, chorar, sorrir, sofrer, e depois esquecer.

Porque a gente sempre esquece, daqui a pouco começa outro campeonato, o sorriso volta, as lágrimas ficam para trás, não há nada, mesmo, mais parecido com a vida do que um jogo de futebol. O menino da foto, os meus meninos que estavam do lado dele debaixo de chuva, todos os meninos do mundo aprendem a viver assim.

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Gustavo Rodrigues Mariano
Gustavo Rodrigues Mariano
13 anos atrás

verdade, Flavio, um jogo de futel aprisiona o tempo, Esquecemos o que passou e curtimos o hoje, Valeu!

carretera
carretera
15 anos atrás

Ao 6-3-3, Orlandinho…

Melhor ser cabeça de Leão que rabo de bambi…

Carretera

carretera
carretera
15 anos atrás

Pois é Fg, nossa sina é cruel! sempre garfados ou surrupiados, além dessas surpresas tristes dos 47′ do 2º tempo.

Só aquela vez que o Armando errou a conta até cinco nos favoreceu.

Localize o guri e diga que futebol é uma caixinha de surpresas, que o jogo só acaba quando termina, e sei lá mais qual chavão radiofonico que exista.
melhor, leve ele para dar uma volta no camarada # meianov pra ele descobrir outras coisas boas na vida, além de ser um dos LEÕES DA FABULOSA

Roberto
Roberto
15 anos atrás

Prezado Flavio,

me permita um acréscimo ao seu belíssimo post sobre o tempo – trantando da vitória(?) da Lusa no domingo (eu só li depois, acho que inclusive já é notícia velha).

Não, não vou perder tempo para sacanear você e seu time pela derrota (até porque, como vascaíno que sou, também estou na segundona e temos laços patrícios em comum).

O que machuca na foto do menino não é exatamente o tempo. O caráter inexorável do tempo no estádio de futebol é, sim, marcante, decisivo, por vezes cruel.

No estádio de futebol, somos todos iguais.

Você é pai… eu sou pai… muitas vezes, ouvimos que só entenderíamos os nossos pais quando também o fôssemos. Talvez seja verdade para muitos aspectos da vida.

Você certamente manda seus filhos para uma boa escola, preocupado em que eles tenham uma educação adequada e que se formem como pessoas e profissionais. Eles se preocupam com a prova de amanhã ou com a professora chata.

Você quer que eles comam bem, de forma saudável – eles querem batata frita.

Eles querem andar no carro novo – você quer consertá-lo e fazer sobrar algum para pagar o IPVA.

Eles querem um mega master hiper plus videogame – você quer que eles escutem beatles.

Eles querem viajar para algum lugar – você quer saber se esse lugar tem condições de recebê-los de forma adequada.

Eles, um dia, quiseram usar a chupeta para dormir – você quis que eles largassem essa porcaria, porque estraga os dentes e o pediatra recomendou.

Daqui a pouco, eles vão querer tirar habilitação – você vai querer saber se eles estão preparados para dirigir.

No entanto, o estádio é o único lugar do mundo em que pais e filhos têm, rigorosamente, a mesma preocupação.

No estádio, a preocupação é se o juiz vai dar aquele impedimento. Se o lateral vai acertar o cruzamento. Se o cabeça de área vai parar de mancar e ir para o jogo, como macho. Se aquele armador habilidoso vai parar de toquinhos inúteis e ir para cima. Se vai chover. Se a chuva vai deixar o campo pesado. Se fulano já tem cartão amarelo. Se o ponta deles está acabando com o nosso lateral. Se (a besta d)o técnico não está vendo que o centro avante não está jogando nada. Se o adversário fez gol.

Naqueles 90 minutos, nós somos rigorosamente iguais a eles. Aos nossos filhos. Aos nossos pais.

Todos nós estivemos, estamos ou estaremos, iguais àquele menino da foto com a camisa da Lusa. E, naquele momento, você foi igual. Talvez um pouco menos, mas igual.

O seu filho chora a perda como o fim do mundo e você se pega preocupado em fazê-lo ver que a vida é mais que isso. E que outros jogos virão. Mas aí, meu caro, o encanto dos 90 minutos acabou. Você voltou a ser pai. Você voltou a ser diferente dos seus filhos.

Por isso que aquela foto tocou tanta gente. Aquele garoto é um retrato vivo, colorido, de cada um de nós – pelo menos, por 90 minutos.

Receba o cordial (e solidário) abraço do leitor,

Roberto.

PS: Portuguesa X Vasco – dia15/08, Canindé. Vamos comer tremoços, ó pá?

Marcelo
Marcelo
15 anos atrás

Flávio, texto iluminado. Devia ser publicado, reproduzido, distribuído na porta dos estádios. Notável mesmo.

mara nunes
mara nunes
15 anos atrás

É flavinho sei como é sentir essa tristeza, por varios motivos, mais o futebol é assim mesmo.Lembro q em 2001 parecia q o mundo tinha acabado, mais aqla dor passou e um ano depois parecia q eu era a pessoa mais feliz do universo.
No final do ano q vem vcs vão estar chorando de alegria por uma classificação para a libertadores,quem sabe.

Guga Silva
Guga Silva
15 anos atrás

o zagueiro da macaca tava vendido !!!!!!!!!

Albino Castro
Albino Castro
15 anos atrás

Meninos, como fui, torcedor da Lusa, aprendemos muito da vida nas canchas de futebol. Chorei derrotado e chorei de alegria, pela primeira vez na vida, numa volta olímpica. Até os 14 anos não sabia que era possível chorar a não ser por tristeza. Voltaremos a chorar de alegria pela Lusa, vc, eu e o garoto da foto. Melhor ainda debaixo de chuva.

Manuel H.M. Moreira
Manuel H.M. Moreira
15 anos atrás

Alguns clubes e suas torcidas se vangloriam de terem as maiores torcidas,outras de terem conquistados todos os titulos possíveis ,outros o maior numeros de sócios e por aí a fora…A Portuguesa ,não tem nada disso…Ela tem um bem maior que tudo isso ,tem você , como torcedor.
Abraço do seu amigo Mané e de todos Manézinhos..

Andréa Wolffenbüttel
Andréa Wolffenbüttel
15 anos atrás

Oi, Flávio, sou apaixonada pela Lusa e, mesmo três dias depois, a foto desse meu pequeno colega de sofrimento cortou meu coração e trouxe lágrimas aos olhos.
Eu estava no Canindé e foi muito duro… a chuva continuava a cair, os carros continuavam passando na Marginal, os locutores continuavam gritando nas rádios, o placar eletrônico continuava marcando a vitória da Portuguesa, mas aquele momento ficou parado dentro da alma, não queria passar. E ainda não passou.

herminio fernandes
15 anos atrás

parabens flavinho…apesar que vindo de vc nao e novidade…

Oliver Ferko
Oliver Ferko
15 anos atrás

Chorei de novo…..aliás desde domingo choro essa “safadeza” que fizeram com a minha grande Portuguesa!
Mas a Justiça Divina ainda nos mostrará a verdade e o nosso momento chegará, mesmo que contra tudo e contra todos!
PORTUGUESA TE AMO DEMAIS!!!!! NUNCA JOGARÁ SOZINHA!

João Kohl
João Kohl
15 anos atrás

Todos nós torcedores e amantes do esporte já sofremos por amor as nossas cores. A torcida lusa foi do paraíso ao inferno e a foto bem mostra isso, mas o testo do FG é preciso. Quem acompanhou tudo de perto então… sentiu em cada palavra… calar fundo. Parabéns Flávio.
A Portuguesa faz um belo campeonato e é gratificante ver a força do Canindé pulsante.
Parabéns a todos da Portuguesa também.

Renato Mello
Renato Mello
15 anos atrás

Flávio,
confesso: nunca gostei da Portuguesa, pelos incríveis azares que meu GALO sempre deu contra esse time. Mas entre não gostar e deixar de solidarizar com o que considero uma sacanagem – só perdendo, creio, pra aquela do Castrilli frente ao Corinthians – , é bem diferente. Fizeram de um TUDO pra o Santos classificar. A Portuguesa fez o seu papel bravamente durante todo o paulista. No Canindé e fora. O Santos, sabe-se DEUS porque, jogou contra o Oeste no PACAEMBU, sendo que deveria jogar no interior. E não é fácil jogar lá, haja vista que o palmeiras empatou em 1×1, e todos os times que lá foram tomaram sufoco. Resultado: o santos venceu o Oeste facilmente. A Portuguesa foi prejudicada.
Esse garoto da foto, assim como os seus, como vários outros, têm muitos motivos mais para chorar: é que dessa forma, impedem que um trabalho de reconstrução que estão tentando fazer no canindé possa ser concluído. Dessa forma, realmente fica difícil…
Por méritos quem realmente mereceu foi a Lusa.
Fica aqui a solidariedade de um atleticano que, assim como você pena hoje, penou naquele domingo em 1996… mas com respeito, vendo um grande jogo. Dos 2 times. Assim como neste domingo, daquela vez a lusa também mereceu, como o meu GALO. O jogo se restringiu ao campo…
Desta vez, SÓ a Lusa mereceu. “Bastidores”, pelo jeito, decidiram, né… acontece… mas caiu de pé ao menos.
Um abraço,
Renato Mello

Ricardo
Ricardo
15 anos atrás

Belissimo texto Flavio definiu tudo, essa é a beleza não só do futebol mas do esporte em geral, eu tenho apenas 22 anos, adoro ir ao estadio, acompanho a Ferroviaria de Araraquara, vulga ferrinha sempre, assistia aos jogos quando ela estava na 4 divisão, na época B1 de Sp, e esse texto definiu tudo o que foi o ultimo jogo aqui em araraq, no sábado, sofrimento, tristeza, alegria, tudo passageiro…. emoção a flor da pele… e q a ferrinha não caia pra terceira, oooo sofrimento, mais isso que é o gostoso, depois tudo passa….

Roberto Almeida
Roberto Almeida
15 anos atrás

Parabéns Flávio, não pelo time, mas pelo belo texto!

Michelle Abilio Teixeira
15 anos atrás

Flávio,

Parabéns pelo texto! Em poucos minutos sentin todas essas emoções pela Lusa! Coisas da Lusa?! Destino?!

Crianças, jovens, adultos e velhos… todos saíram do Canindé na maior tempestade interna, tristeza, choro, decepção!

Obs: Vou copiar o seu texto no meu blog, com todos os créditos, posso?
Abs.

RESPOSTA DO FG:

Claro que pode, Michelle…

Carlos Afonso
Carlos Afonso
15 anos atrás

Acreditem, volto sempre a esta pagina desde domingo para ler esses comoventes depoimentos. De repente , o coração luso resolveu falar e temos acima inumeros depoimentos emocionados.Em especial o seu (FG) e o de Rodrigo tocaram mais e passaram a ser referencia.
Continuemos todos felizes.

Ed
Ed
15 anos atrás

Admiro quem consegue escrever algo assim sobre futebol porque, eu mesmo nunca consegui achar graça no esporte bretão. Aliás, o único esporte inventado pelos ingleses que é minha paixão é o Rallye (com essa grafia inglesa, ou “rally”americana ou “rali”, abrasileirado). Por sinal, não lembro de ter visto muita coisa sobre rallies neste blog. Mas já sobre futebol…. o que eu estou fazendo aqui??

Pinho
Pinho
15 anos atrás

belíssimo o texto.

imagino que todos que gostam de futebol já passaram por situações semelhantes…. todos… sem exceção! nossos times vivem “aprontando das suas”…

mas a vida dá voltas… trabalhar e prosperar.

saudações alviverdes.

Marcos Gaspar Carvalho
15 anos atrás

Flávio,
Desnecessário dizer que o texto é fantástico, até agora são 135 comentários e são só elogios.
Guardo sempre seus textos sobre a Lusa no meu computador, desde aquele sobre a morte do Denner até esse de ontem.
Digno mesmo de aplausos o comentário do Rodrigo, também o salvei aqui.
Lamento o comentário do Fernando em 06/04/09 as 22:15hs, não vai entender nunca como é bom ser torcedor da Portuguesa.
Estive no Canindé domingo com meu pai, meus três irmãos e meus filhos Bruno (7 anos) e Bianca (3 anos). Saímos de lá todos tristes e ensopados debaixo daquele temporal, mas ao chegar no carro e ligar na Eldorado-Espn percebi que havia alguém em pior situação do que eu. Você! deu pra perceber na sua voz a tristeza e ainda ter que encarar a apresentação do programa até às 20:00hs, não deve ter sido nada fácil.

Abraço

Rogerio
Rogerio
15 anos atrás

FG fiquei emocionado ao ler o texto, pois também estava lá.

Quanto ao comentário de alguns, insinuando nosso torcedor a mudar de time, etc, etc…., além de mostrar que não entenderam o texto, não tem sensibilidade nenhuma.

Segue para eles um fato que ocorreu comigo:
Por volta de 4 ou 5 anos atrás, eu e meu pai fomos almoçar com um antigo amigo, que veio acompanhado de um rapaz que trabalhava na mesma empresa que ele.Quando veio o assunto ¨futebol¨ e falamos que somos LUSA, esse rapaz logo comentou, como conseguem torcer para um time de segunda divisão?, resposta do meu pai, como você consegue morar em um país de terceiro mundo?

flavio gomes
flavio gomes
15 anos atrás

este menino é o mateus , e vale ouro, me lmebro do meu filho o rogeiro do site almalusa quando tinha 14 anos e estava no jogo contra o bahia e lusa foi rebaixada la em mogi mirim quando acabou o jogo ele correu em minha direçao e me abraçou e começou a chorar e eu idiota nao conseguia falar para ele, como doi ver uma criança chorar

mateus um dia a lusa vai ter um grande presidente , que nunca vai virar acostas para torcida rubro verde, e com certeza este dia vai chegar e todos vamos se orgulhar de torcer para portuguesa

força mateus o teu choro nao sera em vao.

Ricardo Burgos
Ricardo Burgos
15 anos atrás

Grande Flávio Gomes!!
Tenho 31 anos de vida e de amor a Portuguesa incondicionais!
Sou neto de portugueses e meu avô sempre me levou ao Canindé mesmo morando em Campinas e hoje, sou eu quem o levo.
Nos falamos por telefone ao longo da semana e no domingo (ou dia do jogo) ele parece uma criança…….sentado em sua sala, com o boné, radinho e ansioso para irmos ao jogo, seja onde for!
Apenas conto isso para fazer coro a muitos comentários consequentes de seu excepcional artigo e para demonstrar aqueles que não conhecem o que é ser Rubro-Verde, como é bom AMAR INCONDICIONALMENTE algo.
E nós AMAMOS A PORTUGUESA e dificilmente passa pela cabeça do homem médio, diria torcedor comum de outros times, o que representa esse sentimento.
Chorei muito no domingo ao lado de namorada, avô, primos, mas tenho muita esperança e fé, amor nem se fale, de que a vez da PORTUGUESA vai chegar e isto está cada vez mais perto!
Ao garoto que chora e a todos que derramaram suas lágrimas em meio ao dilúvio que tomou conta de nossa casa no último domingo, assim que o suspeitíssimo jogo de Campinas terminou, bem como aqueles que pelo mundo choraram por nossas cores………..força….vocês são Rubro-Verdes!
Como eu te amo Portuguesa
VAI PORTUGUESA QUE A NOSSA FÉ TE EMPURRA!!!!!

Rogério Magalhães
Rogério Magalhães
15 anos atrás

Quando acabou o jogo domingo, aquela melancólica chuva a cair na cachola, só queria saber de chegar logo à sede da Leões, tomar uma cerva para tentar consolar… na verdade, me roía por dentro do porquê nossa Lusa fez 2 a 0 como quis e se acomodou com a vantagem, mesmo com tudo mostrando que era possível fazer mais e mais… enfim, estava lá, conversando com um, com outro, explicando para aqueles que não conseguiam matematicamente entender que aquele gol que o Heverton perdeu aos 47 não resolveria nada, porque o maldito 3 a 2 em Campinas nos obrigava a fazer 4 a 1, porque 3 a 1 empatava tudo e ia para o confronto direto.

De repente, vejo o Matheus chegar lá chorando. Esse garoto, junto com outros lá, filhos de tantos outros, eu sempre brinco que estão formando o “Comando Mirim”, sempre agitando. Mas tava ali chorando.

Fui embora do Canindé quase 10 da noite. Cheguei em casa mais de 11 da noite. Como o caminho foi doloroso, pensando em tudo… em casa, ligo o computador para atualizar minhas tabelas (sim, meu hobby é ter tabelas de um monte de campeonatos). Entro na comunidade da Lusa no orkut vejo um link para uma foto num tópico. E caio exatamente nessa foto que você colocou aqui. Vejo meu amigo Prof. César, outro doente pela Lusa que está sempre com os três filhos lá, com esse mesmo semblante abatido que eu estava. E entendo porque o Matheus chegou à Leões daquele jeito. Para uma criança é mais complicado – e muitas vezes acho que é melhor mesmo que seja assim – para segurar o sentimento de tristeza. A gente que já viu tanta coisa, essa tendência a que nossos fins em campeonatos que temos tudo para finalmente chegar lá se acabarem com requintes de crueldade, como disse um amigo.

Como eu acabei dizendo não sei onde, acho que nunca uma vitória foi tão dolorida, de machucar a alma, por no fim das contas não ter valido nada em termos práticos.

Mas tudo bem. Acho que a gente já deveria estar bem calejado com essa sina de “time do improvável”, em que tudo que você imagina que não possa acontecer, acontece, para o bem ou para o mal… essa tristeza na alma passa, quando o juiz apitar o início de jogo em 9 de maio, lá em Goiânia. E certamente, louco que sou por esse manto sagrado rubro-verde, mais uma vez estarei lá, 14 horas de ônibus depois, pulsando meu amor por essa Portuguesa.

E dia 12 de maio, contra o Fortaleza, certamente vou encontrar os dois da foto, o Matheus e o Prof. César, novamente alegres, confiantes e prontos para outra longa batalha, porque torcer pela Portuguesa não é um simples ato, é extensão da nossa própria existência.

Is this…

Reinaldo Melo
Reinaldo Melo
15 anos atrás

Melhor texto que eu li sobre o futebol.

alexandre marques
15 anos atrás

OBRIGADO ,SAO 15.00 HORAS TERÇA FEIRA 07 04 09,NÃO CONSEGUIA CHORAR DESDE DOMINGO…

jose
jose
15 anos atrás

FG, não vou aqui repetir o óbvio, ou seja, seu talento para escrever sobre sentimento.

Quero apenas lhe dizer uma palavra.

OBRIGADO.

Germano
Germano
15 anos atrás

Pois é companheiro Luso…..sofremos tanto que teremos caminho livre quando partirmos desta para melhor…….torcer pra nossa LUSA é sofrer calado, é dar e não receber….tenho 42 anos e sei muito bem o que é isso……e tenho 02 filhos de 15 e 14 anos que já tem esse sangue, não tem jeito, apenas os levei uma vez e eles se apaixonaram e nunca mais deixaram de torcer…e olha que motivos pra trocar de time não faltam….esse menino que agora chora é nosso futuro, sem esse futuro nossa Lusa não existiria….não desanimem, temos que mudar esse quadro isso sim!!!

Roberto
Roberto
15 anos atrás

Pois é companheiro Luso…..sofremos tanto que teremos caminho livre quando partirmos desta para melhor…….torcer pra nossa LUSA é sofrer calado, é dar e não receber….tenho 42 anos e sei muito bem o que é isso……e tenho 02 filhos de 15 e 14 anos que já tem esse sangue, não tem jeito, apenas os levei uma vez e eles se apaixonaram e nunca mais deixaram de torcer…e olha que motivos pra trocar de time não faltam….esse menino que agora chora é nosso futuro, sem esse futuro nossa Lusa não existiria….não desanimem, temos que mudar esse quadro isso sim!!!

Ricardo (Jundiaí-SP)
Ricardo (Jundiaí-SP)
15 anos atrás

Flávio, ainda estou com uma terrível dor de garganta de tanto gritar apoiando o time no jogo do último domingo.
Como você disse, o presente vira passado e o futuro vira presente. E o nosso presente agora é o nosso futuro na série B.
Vamos nos unir (time+torcida+diretoria) e buscar nossa classificação para a série A.

Abraços,

Ricardo !!!
LUSA SEMPRE !!!

Roberto Carlos
Roberto Carlos
15 anos atrás

Boa tarde, Flávio.

Sou santista, mas no fundinho estava feliz com a classificação da Lusa. Tanto que já fui muito vezes ao Canindé do que à Vila Belmiro. Eu entendo o menino da foto. A única vez que o futebol me fez chorar foi na eliminação da Portuguesa no campeonato Paulista de 1998. Aquele jog onde o juiz argentino inventou um penalty. Vendo o Cesar injustiçado daquele jeito, chorando, eu chorei também. Mas passa, tudo passa.

Parabéns pelo texto.

Rodrigo Duarte
Rodrigo Duarte
15 anos atrás

Lindo texto Flávio, parece texto de historiador. E concordo com você, no estádio, e isso com certeza serve para todos os torcedores, você vive intensamente o passado, presente e futuro, relacionados com alegria e tristeza, durante 90 minutos. Por curiosidade, faço faculdade de História, me identifiquei bastante com o texto.

jotaefe
jotaefe
15 anos atrás

Sei o que é sofrer por futebol.
Meu time, o tradicional tricolor das Laranjeiras, já chegou ao fundo do poço indo para 3ª divisão do Campeonato Brasileiro. Vivi um inferno.Voce escreveu certo quando afirmou renovar suas esperanças no próximo campeonato.
O que é um gesto tresloucado de um zagueiro.Decidiu a sorte de uma equipe.Comparo a um piloto.Faz a pole, larga na frente, segue na liderança até a última volta e quebra.
Já vimos várias situações assim.
Voce escreveu bem, como sempre, quando fica emotivo.
Agora nada se compara àquela que voce escreveu sobre a Copacabana de sua infância.
Sinceramente, naquela fiquei emocionado, pincipalmente por ter morado naquele bairro.

leonardo melo
leonardo melo
15 anos atrás

Grade flavio…

é isso ae!!! mais a dor vai acabar!! a serie b vai ser nosa!

Thiago Pellegrini
Thiago Pellegrini
15 anos atrás

Sou palmeirense e me pego muitas vezes torcendo pela Portuguesa, por tudo que acontece com ela, sua torcida apaixonada, suas melancolias. Torci muito no domingo para que o Santos ficasse de fora, para a Lusa ter uma alegria. Porém pensei em tudo o que a diretoria fez este ano, 3 técnicos em menos de 3 meses. Mereceu ficar de fora por isso, não que os outros clubes não o façam, mas é que tudo já é mais difícil para a Portuguesa e ainda com seus dirigentes mais do que incopetentes atrapalhando dá nisso. Uma pena, um clube grande ficando a cada dia que passa mais esquecido, pois todos no mundo do futebol só lembram da Portuguesa quando acontecem essas tragédias.

marco julio santana
marco julio santana
15 anos atrás

Por este texto, por tudo o que conheço do Flávio Gomes(bem pouco por sinal), só posso dizer: O F.G é foda. Porra ,tô com os olhos mareados.
Sou corintiano. Este ano vou ser Lusa

Saganski
Saganski
15 anos atrás

sou santista e tambem acho que pagaram pro
zagueirão meter a mão na bola aos 45 do segundo tempo hehe.
Foi muito providencial… providencial demais…

mas tambem não posso deixar de te lembrar que a Lusa
não se classificou porque nao quis…
vi os melhores momentos e a Lusa poderia ter feito uns 5
se jogasse com mais seriedade… se acomodaram demais
no segundo tempo achando que tava tudo ganho.

enfim… fico feliz pelo Santos…

belissimo texto.

Roger Uchida
Roger Uchida
15 anos atrás

Respeitosamente venho elogiar essa prosa que mais se parece com verso de tão belo e poético.
Sou torcedor do Santos FC, mas depois de ler esse texto, redefino-me como apenas um simpatizante, pois torcedores, como você, sabem, entendem e exprimem sua paixão por algo que aos olhos de alguns é prosaico.

Marcos Lauro
15 anos atrás

Eu estava num táxi quando o Santos fez o gol salvador. Aquela baita chuva, torrencial, e o tiozinho do táxi me tira as mãos do volante para comemorar! E eu pensando: “Poe essa mão de volta no volante, pelamordedeus…”! hahahaah

artur
artur
15 anos atrás

Beleza de texto, lembrei do tempo da ilha da madeira ( para os mais novos era como se conhecia o Canindé) pos as artibancadas eram feitas de madeira. Assiste vários jogos nesse tempo com meu pai . Tempos lindissímos, lembranças maravilhosas. A Fotografia desse garoto me fez lembrar das idas ao Canindé com meu pai.

Artur

Roberto
Roberto
15 anos atrás

Sou Palmeirense , mas me simpatiso com dois clubes de São Paulo, a Luzinha e o Peixe.
Pena que vamos mandar o Santos pro saco!!!!!!!
Abraço a todos .

Racer-X
Racer-X
15 anos atrás

A Portuguesa é igual ao América aqui no Rio: É o segundo time de todo mundo. De qualquer forma, a camisa é bonita. : )

Denise
Denise
15 anos atrás

Flávio,

Nem de longe sou fã de futebol, minha paixão é toda da F1… mas é impossível não se emocionar com o seu texto.

Lindo texto. Maravilhosa foto.

Mandou muito bem, garoto!

Beijos!

Rafael Andrade
15 anos atrás

Parabéns pelo texto FG, tá excelente.
Mas, não sei você como lusitano como viu o lance do penalti santista, mas na minha opinião de quem gosta e acompanha o futebol a quase 20 anos, posso apostar que tal infração não seria marcada na outra área (a favor da Ponte), mais uma vez o grande se prevaleceu sobre a Lusa de forma irregular, mais uma vez voces torcedores da Portuguesa tem que ver seu time fazer um trabalho brilhante e cair por um erro de arbitragem – sim, pq além de apostar que ele não marcaria o penalti do outro lado, vi falta do Rodrigo Souto sobre o zagueiro Jean no lance. Enfim, como disse o Trajano ontem no Linha de Passe, a frase “Há coisas que só acontecem ao Botafogo”, pode ganhar nova versão, uma versão lusa. Abraço Flávio!

Paulo Mina
Paulo Mina
15 anos atrás

Comecei a ir ao Canindé com uns 4 anos de idade, meu pai me levava com ele e meus irmãos, quantas e quantas vezes eu entrei no gramado de mão dada com os jogadores, quantas vezes fui feliz e voltei meio put… quantas vezes fui zoado na escola, (vc é o único torcedor da Lusa que eu conheço, ouví isso na pós essa semana de novo) quantas vezes fui meio desconfiado e voltei feliz, ligando para casa pedindo para preparar o vinho, pois iríamos comemorar uma simples vitória em cima de um corinthians ou são paulo, e quantas vezes falei que o Sardinha era sócio do Pacheco, quantas vezes chinguei os jogadores e depois de 5 minutos os aplaudia e quantas vezes peguei o carro e fui ver jogos no interios de SP, quantas vezes comi bolinho de batatalhau e tomei cerveja antes de entrar no jogo e quantas vezes…

Passei momentos inesquecíveis naquelas arquibancadas, principalmente quando era mais novo, hoje levo meus filhos para verem alguns jogos, menos até do que eles gostariam, pois não sei se aguentaria ver meus filhos na pele desse garoto, tento passar que é legal torcer mas sempre sem muita paixão, (isso deve ser impossível).

Torcer pela Lusa não é fácil, como não deve ser fácil torcer pela seleção da Venezuela quando joga contra a do Brasil, nem por isso os venezuelanos deixam de torcer pelos jogadores de seu país.

Torcer pela Lusa como já foi dito é amar, muito além de um time, mas a nossa família, nossa origem, se orgulhar do que somos, hoje vamos ao estádio em três gerações eu, meu pai e meus filhos, todos unidos pelo o que? a Lusa não nos dá nada além do convívio que temos lá quando vamos ao estádio, acho que é apenas um pretesto para ficarmos mais tempo juntos e como forma de respeito por ela nos unir, nós a retrebuimos com amor.

Abraços

Renato Policano
Renato Policano
15 anos atrás

O tempo realmente é uma areia no tempo quando paramos para observar certos fatos… America, acho que faz uns 4 anos, pois percebi que trabalhava em outra empresa e estou a 4 nesta. Para finalizar, o texto do Rodrigo é sensacional e emociona e da saudades do meu maior idolo e pai.

Charles Nisz
Charles Nisz
15 anos atrás

Fala Gomes
Fiz um texto inspirado na foto:
http://charlesnisz.wordpress.com/2009/04/07/a-lusa-e-nietzsche/

Ignacio
Ignacio
15 anos atrás

Kamarada Gomes, não é muito melhor agirmos desta forma do que as vezes falarmos algumas coisas sem pensar (como o gde. adversário do Vila Souza, et. etc.), parabéns pelo texto, senti o que vc descreve várias vezes, em 95 por exemplo um juiz nos tirou um título maravilhoso, sem falar em outras vezes que fomos tirados de combate em favor do “famoso trio de ferro” como aconteceu com vcs e aquele malfadado Castrilli que tomara que tenha parado de roubar os outros. A cena que a foto mostra e comovente, mas acredite já vi este mesmo garoto que esta com as cores rubro-verdes(isto é só um alusão) vestido de alvinegro. Acredite!
1 abraço Kamarada e viva o Meianov a Brawn dos Clássicos!!

Marcelo David
Marcelo David
15 anos atrás

Ir com meu pai ao Maracanã pela primeira vez, num Vasco x Flamengo – que perdemos, aliás; ir a São Januário com ele, naquelas tardes de domingo irretocáveis; refazer o caminho para lá, chorando, sozinho, pelas ruas de São Cristóvão, por prometer a mim mesmo que iria a todos os jogos daquele campeonato que meu pai, graças ao sedã branco, não pôde terminar. Pois eu fui a todos os jogos, por ele, pelo Vasco, e fomos campeões. Alguns dirão que foi “só uma Taça Guanabara” mas, pra mim, nem um Mundial valeria tanto.

Eu não tenho palavras pra descrever o que senti ao ler seu texto. Voltei no tempo… por exemplo, fui até a final da Libertadores de 1998, quando vi, em São Januário, meu Vasco ser campeão; e dez anos depois, no mesmo Estádio, do mesmo lugar, o vi caindo pra Série B.

Valeu mesmo, Flavio. Você me proporcionou, com esse texto, um início de dia dos mais emocionantes e saudosos.