E OUTRO LADO AINDA

SÃO PAULO (são muitos) – “O principal problema é que o carro não tem tecnologia suficiente para andar na chuva.” A frase é de Galid Osman, piloto da Montana que, curiosamente, eu esculhambei aqui menos de um mês atrás no episódio do Diego Nunes, o piloto da Stock que acha legal andar de moto a 300 km/h na estrada no meio de outros carros. Faça-se um parêntese. Na verdade, naquela ocasião foi o irmão do piloto a vítima de meu “bullying” bloguístico, pela mensagem que mandou. Galid, o piloto, me telefonou à época para se desculpar e foi muito gentil. Fechado o parêntese.

Mas isso não importa. Importam, sim, os depoimentos dos pilotos da Montana sobre essa questão da visibilidade dos carros. O diretor de prova, Sérgio Berti, afirmou ao Felipe Paranhos que havia condições para dar a largada. De fato já vi corrida com muito mais água do que essa. O problema é que os pilotos, nesses carros, não enxergam. Isso precisa ser urgentemente resolvido. Não se pode lançar pilotos em voo cego com carros de 350 hp.

Podem estar achando que estamos falando demais desse caso. Que acidentes acontecem e tal. Bem, sobre isso, tudo que posso dizer é que o bom jornalismo nos obriga a ouvir todos, e é o que estamos fazendo no Grande Prêmio, num trabalho exemplar da nossa equipe. Todos têm direito à palavra: médicos, pilotos, dirigentes, direção de prova, construtores, ex-pilotos. Todas as partes estão sendo ouvidas, exceto a curva, pobre curva do Café, indefesa e silenciosa.

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João P.
João P.
12 anos atrás

O video fala por si no quesito porrada sem consequências. E foi feia a coisa! Mas o piloto saiu andando.

http://www.youtube.com/watch?v=eykIxzmSi9E

galileu
galileu
12 anos atrás

flavio, voce disse que o galid osman ligou e pediu desculpas?
porque ele não pediu desculpas para nós blogueiros que fomos chamados de zé ninguem e invejosos e que não podiámos,possuir nem uma moto 125?
esse cara´tá de sacanagem

Flavio Gomes
Flavio Gomes
Reply to  galileu
12 anos atrás

Quem escreveu aquele texto foi o irmão dele. O Osman Galid ligou pedindo desculpas em nome do irmão.

André
André
12 anos atrás

Para-brisa de vidro não é muito seguro em caso de acidente. Na verdade deveria se buscar uma terceira opção.
André / Piloto no http://www.f1bc.com

pacheco
pacheco
12 anos atrás

Fazendo um lembrete. Não é de hoje e em varias vezes muitos criticam o Cacá por ser filho de quem é , por ter facilidades e etc….
Mas não é de hoje que ele é um dos poucos pilotos que não se omite.

Abraços a todos

Allan
Allan
12 anos atrás

Enquanto algo não for feito – recuo do muro com área de escape, ou mesmo o uso de algum S antes do Café (isso só em Interlagos, mas e as outras pistas?), uso obrigatório de Hans e carros mais deformáveis com célula de sobrevivência, o assunto está em voga. Afinal semana que vem tem corrida, e pode acontecer de novo, né?

Antonio Manuel da Silva
Antonio Manuel da Silva
12 anos atrás

Onde anda o promotor que queria prender o Massa na corrida de Interlagos no ano passado?
Não cabe aí uma ação contra o autódromo ou contra os seus administradores?
Manifeste-se quem entende do assunto em questão.

JackSpeed
JackSpeed
12 anos atrás

alguem sabe qual a motorização usada nessa categoria?de onde vem esse motor?a curva é inocente,poderia ter acontecido na entrada de uma reta!

Dilor
Dilor
Reply to  JackSpeed
12 anos atrás

Corrida sem curva é arrancada!

galileu
galileu
Reply to  JackSpeed
12 anos atrás

chevrolet americano com bloco de ferro, (de aluminio só na principal), gera 350 cv para não quebrar, (foi amansado) eram os antigos motores dos nascar que viravam 7000 rpm, hoje viram uns 5000 e olhe lá,.
como eu disse mais acima, todas as curvas são perigosas, dependem de uma série de fatores para serem vencidas ou não.

Clezio Soares da Fonseca
Clezio Soares da Fonseca
12 anos atrás

Gostaria de dar uma sugestão pertinente a esse assunto: Por que não pegar esses diretores de pista, colocá-los como passageiros nessas bolhas assassinas durante os treinos de classificação quando São Pedro resolver lavar o paraíso a baldadas? É muito facil dar opinião estando dentro da torre de cronometragem, numa sala com ar condicionado e cafézinho à vontade além de pestiscos fornecidos pelos apoiadores do evento.

André Micheloto
André Micheloto
12 anos atrás

Indefesa e silenciosa. Que no final, ache-se uma solução definitiva sem que a mutilem ou mesmo, sem que mutilem a arquibancada para uma área de escape.

Porque só quem já acompanhou uma corrida no setor A sabe o valor daquele lugar. Já assisti algumas corridas na Europa, e duvido que se encontre fácil por aí uma vista e frisson como o de lá.

Confio no resultado disso tudo se os de bom senso se fizerem ouvir.

fernando amaral
fernando amaral
Reply to  André Micheloto
12 anos atrás

Concordo totalmente, que bom alguém que é espectador veio dizer o quanto é importante aquele setor de arquibancada – aliás, temos que relevar justamente que registros importantes do acidente e do resgate foram feitos por espectadores naquele ponto do setor A. É um paradoxo isso ter acontecido, mas esse setor é mesmo excelente para o espectador que vai ao autódromo para ver e sentir o espetáculo no próprio corpo, que é a essência de assistir uma corrida de carros – será uma grande perda se retalharem o setor A.

Ainda bem que o inoperante, até agora, diretor administrativo do autódromo (que pela primeira vez vi respondendo a um repórter, no caso a uma da Globo no jornal matutino) se mostrou contra essa alteração.

Os pilotos da categoria principal que estão exigindo área de escape no externo do Café o estão fazendo exclusivamente para preservar a imagem da categoria – tentando esconder outros motivos, não relacionados à pista em si, que culminaram nas mortes de dois pilotos em 3 anos.

Guest
12 anos atrás

Além disso, fiquei estupefato com as declarações do chefe da equipe do Sondermann, no Grande Prêmio:

“Murillo Macedo, chefe da equipe J Star, de Gustavo Sondermann, explicou ao Grande Prêmio que montar o pneu invertido é uma prática das equipes com respaldo da Goodyear, fornecedora oficial da categoria

‘É uma prática recorrente, e temos o respaldo da Goodyear para colocar o pneu desta forma. Não causa nenhum problema na questão de segurança’, declarou Macedo. Quando perguntado sobre o quanto a prática ajuda o piloto no ganho de desempenho, o chefe da equipe desconversou: ‘Digamos que seja algo meio sigiloso.’

Ainda na segunda-feira (4), o GP procurou a Goodyear para falar sobre o assunto. A empresa, entretanto, não se manifestou a respeito da questão de o pneu ter sido colocado no sentido inverso ao normal, alegando não haver ‘condições técnicas’ de responder sobre o tema.”

Se a própria fabricante não sabe explicar por que existe um sentido de instalação de um pneu, como confiar em seu produto? Ainda bem que os pneus de meu carro são de outra fábrica…

Aldemir Gouveia
Aldemir Gouveia
12 anos atrás

o prblema da visibilidade é o vidro de policarbonato ou lacsan ,.(é assim que se escreve) que fica embaçado com a chuva/temperatura baixa. ando de CTM aqui no Ceará e em dia de chuva é complicado enxergar 100 mt’s a frente.

Flavio Bragatto
Flavio Bragatto
12 anos atrás

Gomes, comentarei apenas a sua ultima frase:

“Quem cala consente”

A curva é culpada.

Papagaio
Papagaio
12 anos atrás

Pelo bem do automobilismo, por favor continue falando…

valdomiro lysenko
valdomiro lysenko
12 anos atrás

Existem fotos do lado direito, após a batida?

Abraço

marinap
marinap
12 anos atrás

pode continuar falando… so assim vamos ter alguma resoulcao. sao jornalistas integros e preocupados co a verdade e nao com o proprio bumbum de ouro como voce que precisamos para fazer desta tragedia que foi perder meu amigao uma coisa melhor! assim nao da para ficar. aproveitemos agora pq brasileiro tem memoria curta e jaja fica tudo igual.

galileu
galileu
Reply to  marinap
12 anos atrás

fernando a maioria desses que voce citou são pilotos de carros dianteiros, quando eles se vêm em situaçoes assim, ficam com medo, isso nunca ocorreu com pilotos da decada de 70/80.

rubem rodriguez gonzalez
rubem rodriguez gonzalez
12 anos atrás

Gaiolas de projeto argentino ultrapassado e com tecnologia de 1950, metalurgia é coisa séria. solda é um processo delicado que envolve tecnicas adequadas e materiais rigorosamente dentro das especificações.
Flávio, com tecnico mecânico com amplo conhecimento de metalurgia posso arriscar um palpite que têm tudo para ser uma linha de investigação, a saber:

O carro/gaiola do Rafael Speráfico desmanchou igual a manteiga no sol, ou seja não resistiu a impacto pra lá de prevísivel na categoria que estava inserido, ou seja demonstrou pouca rigidez estrutural e incapacidade de garantir uma deformação progressiva adequada, causando ferimentos mortais no piloto. Deveria deformar, mas nem tanto… Parece que por uma solução simplista aonde a tecnologia e os calculos estruturais nem passaram na porta, aumentaram a rigidez estrutural das porcas gaiolas e agora realmente ela resistem bem demais , só que não deformam, não dissipam energia. São um tanque caindo do terceiro andar.

Em suma Flávio, o primeiro caso matou por “flacidez” estrutural e o segundo por rigidez excessiva, em ambos os casos é demonstrado de forma cabal a baixíssima tecnologia aplicada nessas gaiolas aonde são instalados conjuntos mecânicos de altíssima potência, uma temeridade comparável aos “festivais de arrancada” (sic) que campeiam Brasilzão afora sem nenhum tipo de inspeção de segurança, contando apenas com um convênio informal com São Cristovão…. é muito pouco…….

fernando amaral
fernando amaral
Reply to  rubem rodriguez gonzalez
12 anos atrás

essa tese da “flacidez” e da excessiva rigidez estruturais é muito interessante, dado as duas fatalidades terem acontecido com o mesmo tipo de chassi.

se a comissão de “sumidades automobilísticas” criada pelo sr. Pinteiro realmente se ativer ao modo de investigação “aeronáutico” com esse último acidente, deverá obrigatoriamente considerar essa hipótese.

também ajuda a esclarecer que o problema não é com a pista somente, como querem insistentemente demonstrar alguns pilotos protagonistas da categoria principal – Bueno, Burti e Maluhy, que exigem criação de área de escape no Café.

galileu
galileu
Reply to  rubem rodriguez gonzalez
12 anos atrás

rubem, faltava o seu comentário para como técnico em metalurgia, atestar tudo o que eu já disse sobre esas famigeradas gaiolas, acompanho a fabricação delas desde o inicio do processo.
vou falar mais, a fibra de vidro desses carros é uma verdadeira casca de ovo, feito por um cara que não tem a minima noção de reforços extruturais, uma bolha não é igual a outra. e elas sim sofrem todo um processo de ajustes para casar com a tubulação, quem as monta tem que fazer muitos ajustes para os paineis se ajustarem, é um lima daqui, corta dali, infinito, e não fazer ajustes nas soldas das gailoas como já comentaram, elas são gabaritadas, e o seu erro está no projeto.

Mauro Batera
Mauro Batera
12 anos atrás

Na minha opinião a Curva do Café é a menos culpada, pois ela existe a 70 anos, idade do autódromo de Interlagos, Certo?!

As fatalidades são recentes, que na minha opinião foram causadas por fragilidades mecânicas nas corridas de carros, e por não utilizarem a chicane no caso das motos.

Ridículo culparem a Curva do Café!

João Neroni
João Neroni
12 anos atrás

Flávio, ontem no programa Linha de Chegada, fiquei surpreendido com a posição do Berti, do Gerente de Interlagos, do Giaffone e do Paulo Gomes (principalmente deste pela subserviência à CBA).

O Cacá também estava no programa e sempre que pôde intervir, chamava a atenção para o fato das “otoridades” não levarem em conta as reclamações dos pilotos. Principalmente na questão da visibilidade. Criticou muito esta questão.

Abraços

Muller
Muller
12 anos atrás

Tem também o caso do push-to-pass, que segundo o próprio Gallid muito piloto nunca tinha usado na vida antes do domingo.

Aí você tem: pilotos estreantes e/ou inexperientes, uma chuva que embaça o vidro de policarbonato, um dispositivo que dá +50cv de vez (e com 40 min de treino na quinta pra poder se familiarizar – que nem todo piloto pôde aproveitar, como o próprio Gallid) usado provavelmente por todos os pilotos ali na largada… ia dar merda, mesmo.

marcão
marcão
12 anos atrás

Vc tem razão quando fala que só a curva do café é que não se defende…

Ela sempre esteve lá, uma hora sem muro de concreto, com os pacotes de capim, depois os muros de concreto e alguma área de escape, que até carros de resgate ficavam lá, depois com as barreiras de pneus, e de uns tempos pra cá colocaram essa “mércadoria” lá, um muro de metal que sem a manutenção periódica e sem as capas de proteção, perdeu rápidamente a sua eficiencia em absorver impactos. Se algum dia teve isso. Será que alguem testou isso lá? Que eu saiba ou me lembre, não, nenhum tipo de teste foi feito.. A unica coisa que vi fazerem é testar com uma máquina escavadeira que empurrava o muro pra tráz e parava, uma pessoa colocava algo ao lado do muro e saia, ai a máquina dava ré, e esse objeto voltava junto com o muro, assim fizeram um monte de vezes em vários locais do muro… Acho que esse foi o teste. Então, isso foi um pouco antes da F-1 do ano passado…Há, e tiraram a pequena área de escape que tinha lá!!!!
Bom,, é preciso urgencia nas providencias, e pelo que estamos vendo até agora nada…
Quem faz a besteira é quem dirige e tem a responsabilidade de cuidar do “templo” ou dessas invenções mirabolantes que aparecem por lá, como aquela grama artificial do lago…
Se eles precisarem tem uma ou duas latinhas de cola de sapateiro aqui em casa, posso levar pros caras colarem as falhas.. Será que precisa licitar isso também?
Escutei hoje que o Pinteiro vai segurar a bandeira amarela lá no templo. É verdade? e se chover? ele vai ficar lá tomando chuva? Cada coisa que a gente escuta…. Esse povo alem de pensar que somos todos idíotas ainda acham que nossos ouvidos são penico….

galileu
galileu
Reply to  marcão
12 anos atrás

se ele fizer isso, será um caso de pinteiro molhado rsrsrsrsr

moacir
moacir
12 anos atrás

“Não se pode lançar pilotos em voo cego com carros de 350 hp.”

Che, tu tá muito complicado para esses caras da CBA entenderem. Começa de forma mais simples.

Algo do tipo “Isto aqui é um carro. Não, do lado do extintor. Isso”.

Bruno Terena
Bruno Terena
12 anos atrás

No caso dos vidros, vai da equipe. A Red Bull por exemplo colocou os vidros de verdade com desembaçador e mais pesados no Lugar do Policarbonato que é mais leve para garantir alguma visibilidade em caso de chuva ( que não aconteceu). Claro que é um problema cronico do Stock e o Vidro não resolve todo o Problema, mas já ajuda.

É só a Gloriosa CBA ou a VICAR criar uma regra tornando o Vidro obrigatório.

galileu
galileu
Reply to  Bruno Terena
12 anos atrás

não vou nem responder de quem partiu essa ideia absurda de colocar policarbonato em vez de vidros, e porque foi feito isso.
sei que formam os pilotos e donos de equipe, e o porque o fizeram.e onde foi a reunião.

foca
foca
12 anos atrás

olas,
não tá falando de mais não, acho até de menos, até pq não existe automobilismo sem público mas automobilismo sem CBA sim. jornalismo faz parte importante da bagaça toda e um bom jornalismo pode mudar pra melhor muita coisa. a stock/cba que se liguem pq desse jeito os patrocínios/globo vão embora já-já.