REALI
SÃO PAULO – Trabalhei oito anos na Jovem Pan. Tecnicamente, pois, fui colega de Reali Jr. Tecnicamente, porque o vi raríssimas vezes. Nenhuma em Paris. Uma ou outra em suas passagens por São Paulo.
Certas pessoas eu prefiro não conhecer pessoalmente, por grandes demais. A distância, presto minha reverência íntima e anônima. Como poderia eu, um nada, me apresentar ao Reali? Como poderia eu, um nada, ir a sua casa em Paris?
Não, não.
Reali era uma voz e uma máquina de escrever (Remington? Olivetti?), o correspondente da Jovem Pan e do “Estadão” em Paris por décadas. Curiosa relação, pois Reali se autoexilou prevendo que teria problemas com a ditadura, e foi para Paris para ser correspondente de dois veículos reconhecidamente conservadores. Uma versão paulistana dos comunistas de Roberto Marinho — vocês cuidem dos seus, ele dizia aos generais; dos meus, cuido eu.
Portanto, não fui amigo de Reali Jr. Sequer leitor, porque nunca li o “Estadão”. Os jornais da minha infância, adolescência, juventude, foram outros.
Fui um ouvinte de Reali Jr. Ele tinha a missão, todas as manhãs, de dar a temperatura em Paris e, junto à Maison de la Radio, de la Radiô, contar as últimas da Europa. Durante muitos anos, como sempre fizeram todos os correspondentes estrangeiros de todos os veículos de comunicação do mundo, lendo para nós o que a imprensa local dizia; contando o que via; tomando o pulso do continente distante.
E recebendo gente. Reali, contam seus amigos, fez de sua casa uma espécie de embaixada brasileira em Paris. Nunca tive coragem de visitá-lo, sempre me achei apenas um ouvinte, que tenho eu para fazer na casa do Reali? Quem sou eu?
Jovem Pan Paris volta a chamar sua sede em São Paulo, Brasil. Ótimo, Reali, obrigado pelas notícias, já podemos seguir com nossa vidinha besta aqui em São Paulo, Brasil.
Gostava muito de ouvir nos sábados de manhã o programa Jovem Pan no Mundo da Bola, apresentado pelo Flavio Prado uns 10 anos atrás (não gosto mais do Flavio, o Prado) e gostava muito de ouvir os comentários do Reali Jr. sobre como andava o campeonato frances, a seleção local, mas principalmente das dicas de turismo do que fazer ou conhecer na França, um espetáculo. Reali Jr. estava para Paris o que Paulo Francis estava para Nova York.
Caro Flávio,
Suas palavras sobre o Realli Jr foram bem sinceras e muito bonitas. Não teria, e nem tive, coragem de ir na casa de uma pessoa que não conheço, se bem que eu o escutei por quase 35 anos diariamente até seu afastamento.
Um forte abraço,
Asnésio Cindon
Uma grande perda. Admirável jornalista e pessoa.
C’est la vie…..uns morrem outros nascem, outros vivem mais, outros vivem menos, morrem, se nasce…..temos sempre que ter em mente que um dia iremos, pois a cada dia envelhecemos e desabrochamos….uma filosofia oriental infalível que os ocidentais teimam em tampar com peneira esta verdade…
“As margens do Sena, junto à Maison de la Radio…”, é uma de minhas “madeleines” afetivas da infância, adolescência e tempos de faculdade, ouvindo a JP pela manhã. Narciso Vernizzi, “o homem do tempo”, o “Show de Rádio”, de Estevam Sangirardi e equipe, depois das narração do grande José Silvério… É, o tempo passa, as lembranças ficam: é chavão, mas é verdade.
Viveu e, cumprindo seu papel, nos informou.
Em 1998, durante a copa da França, eu e minha companheira tivemos a alegria de encontrá-lo, gentil, permitiu uma foto ao seu lado e, humilde, perguntou se se suas dicas estavam sendo úteis em nossa estada.
Agradeço à toda ajuda que deu aos companheiros que tiveram que fugir dos trogloditas que foram donos do país de 1964 a 1985.
Uma perda sentida que foi um pouquinho aliviada com o gol marcado pelo Jael.
Flavinho …… parabéns pela homenagem ao Reali jr…….Eu chorei ao saber hoje de manhã pois também não o conheci pessoalmente mas todas as manhãs principalmente quando tomava o café da manhã com minha esposa podiamos comentar a temperatura em Paris e principalmente lembar quando nosso GUGA ganhou Roland Garrox em 2007 …
A Jovem Pan com certeza vai relembrar ….
Saudades da Maison da la radio juntoao SENNA….. SAUDADES UM CIDADÃO DE BAURU….
De fato, “as margens do Sena, junto à maison de la radiô os termômetros marcam… (pausa): 9 graus”, é uma das frases-vinhetas mais marcantes do radio. Como hoje raramente ouço a Pan, que acho uma emissora meio asquerosa, para não dizer hipócrita, não fiquei sabendo dessa perda. Fiquei sabendo por esse blog que sabe tudo. Bem, ele parecia ser um cara bem legal mesmo.
Uma vez, visitando Paris, vi lá no alto da Torre Eiffel há uma indicação dos diversos prédios em volta e um deles era a Maison de la Radio (que realmente fica às margens do Sena). Quando desci, fiz questão de caminhar até lá para passar em frente, só para ver aquele lugar que ouvia falar todo dia e foi uma sensação muito boa vê-lo, mas pela única razão de que imaginava aquele lugar todo dia de manhã indo para o colégio. Mas se não fosse pelo Reali, nem ligaria pro prédio.
O livro é imperdível. Leitura rápida e agradável. A parte sobre as aventuras de carro pela França (seriam em Ladas ?) junto com o Luiz Fernando Veríssimo é hilária. Eu, nos meus 40 e poucos anos, aos poucos vou perdendo referências da rádio e TV. Hoje foi o Reali Junior, antes, os grandes Narciso Vernizzi, Antonio Carvalho, Muíbo César… e quem serão os próximos a nos tornar menos informados da boa informação ?
“Jovem Pan Paris volta a chamar sua sede em São Paulo, Brasil” …até arrepia
um vez li um livro aonde menciona que o pai de Reali Jr. ajudou a combater a espionagem nazista no Brasil durante a 2ª guerra
A Radio Jovem Pan voltou a chamar sua sede em São Paulo – Brasil pela voz deste homem pela ultima vez….
Assim como o Lombardi que se foi o ano passado, os substitutos são só imitações. Reali é um homem que Deus fez e jogou a forma fora.
Convém lembrar também que deu guarida aos exilados do regime militar, como Covas, Serra entre outros.
Uma lembrança e tanto, da minha estada pelo interior de São Paulo, as manhãs, na hora do café, um pouco antes de partir para o trabalho, eram sempre preenchidas pelas notícias e comentários de Reali Jr, juntamente com a indefectível maison de la de radio. Boas lembranças… E a vida segue o seu curso natural!
Sua maior virtude abrigar (salvar) todos os exilados do Brasil da Ditadura Militar. A Cristiana
deve estar triste porque o seo Elpídio nos deixou.
Apesar de já estar fora do ar há algum tempo, tínhamos sempre a esperança de voltar a ouvi-lo. Uma perda irreparável para o jornalismo e para nós, simples ouvintes e fãs.
Bela homenagem! Voce realmente tem o dom da palavra
Conheci o Reali na livraria Cultura, durante o lançamento de seu livro As Margens do Sena””. Minhas manhãs não serão mais as mesmas.
Que triste fim de semana!!
Passa um dos maiores repórteres que a imprensa brasileira já teve. Dono de um texto primoroso, elegante, o Reali marcou minha infância e juventude, pois minha mãe ouve Jovem Pan o dia inteiro até hoje.
Mesmo depois de adulto, mantive o hábito de escutar diariamente o Jornal da Manhã. Todo dia, lá pelas 06:10 e depois umas 07:00 da manhã, adorava escutar a temperatura de Paris junto a Maison de La Radio e as notícias da Europa.
Pois é, primeiro o Narciso Vernizzi, agora o Reali Júnior. A Jovem Pan não será mais a mesma…
http://twitpic.com/4isp0f
ouvi entrevistas dele ja, puta cara gigante e puta cara simples…. acho que é dos grandes genios serem meio que alheios ao seu tamanho. pena msm.
Entrevista dele no Juca Entrevista:
http://youtu.be/Ka80R8BO0pk
Bela homenagem!
Mais um belo texto seu, que fase!.
Agora você e muitos mais devem estar lendo e ouvindo o Estadão, que etá cada vez melhor.
Com o respeito de um grande fã do Reali e teu…
O mundo tá ficando cada dia pior…só coisas boas nos dão adeus…
Muita tristeza!
Não ouvir: “junto à Maison de la Radio” , assim como os comentários de Reali Jr. deixará minhas manhãs menos elegantes.
Fui ouvinte e admirador deste “alferes” de nossa nação.
Abraços!
David Magno
Às Margens do Sena, Reali conta diversas passagens de sua vida. Muito bom, recomendo.
Caramba, tomei um susto quando entrei agora há pouco aqui no blog e vi aparecer só o título do post e o início da foto. Logo pensei, ainda mais quando começo a ler: “putz, morreu?”… fui no site do Estadão e tá lá a notícia longa: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,morre-em-sp-o-jornalista-reali-junior,704026,0.htm
Bela homenagem…
Mais um bom combatente neste mundo das letras e notícias que se vai… ouvi algumas vezes nas ondas da Jovem Pan, acho que li mais nas páginas não tanto do Estadão, mas por vezes quando seus textos pingavam na filial Jornal da Tarde…
Certamente já há reservada uma Olivetti ou uma Remington e, também, um bom estúdio radiofônico à disposição… descanse em paz, “seo” Reali…
Linda homenagem a quem nos fazia companhia pelas manhã de todos os dias na Jovem Pan, vai com Deus