BARCELONA, 5 DE JULHO DE 1982

SÃO PAULO (mudamos) – Estes dias, arrumando umas coisas velhas que estavam numa mala cheia dos meus 18 anos, encontrei o exemplar de “La Gazzetta dello Sport” de 6 de julho de 1982. Não que fosse fácil achar o jornal para comprar nas bancas da cidade. Tampouco dava para baixar na internet. A internet era algo que os criadores dos Jetsons ainda não haviam formatado direito. Talvez para a vigésima temporada da série, lá por 2012. Muito avançada para a época, aquela história de computadores interligados, ninguém iria entender direito.

Mas eu era o que se chamava de “penfriend”. Escrevia cartas para gente do mundo inteiro e recebia, também. A “Gazzetta” chegou pelo correio, com suas páginas cor-de-rosa. “Il Brasile siamo noi”, a manchete. O “JT” da foto, com a melhor capa de todos os tempos na imprensa mundial, esse eu não guardei.

E tudo começou, essa mala cheia do futebol dos meus 18 anos, quando, no início de 1982, comprei um exemplar caríssimo da “Onze” numa banca da praça Vilaboim, uma revista francesa de futebol que deve existir, ainda. Na sessão de cartas, encontrei alguns nomes e endereços de gente que queria trocar correspondência e criei minha própria rede de amigos.

O primeiro deles na Holanda, em Alkmaar, Martin Roberto Dom, nome esquisito que nunca fui capaz de encontrar décadas depois, nos googles e facebooks da vida. Martin, um dia, pegou um avião e veio para o Brasil. Adorava futebol e o Brasil. Deixou as malas na minha casa e foi viajar de ônibus pelo país. A caminho de Belém, conheceu uma menina linda com quem se casou sem ter conseguido trocar uma palavra com ela. Levou-a para a Holanda, chegamos a visitá-los em 1989, eles vieram de novo para cá, depois perdemo-nos no mundo. Espero que Martin Roberto Dom tenha uma vida feliz ao lado de sua linda menina-jambo que em três meses de Alkmaar já estava falando holandês fluentemente e cozinhando divinamente pratos da cozinha indonésia, que era a origem da família de Martin Roberto Dom.

Outro na Bélgica, de Östende, já um senhor, igualmente apaixonado pelo Brasil e pelo futebol brasileiro. Desse, que me mandava flâmulas, não lembro o nome, assim como não lembro o nome do rapaz no Japão que tinha um jornalzinho chamado “Japan Football Soccer”, na verdade uma “news letter” que ele escrevia à máquina, tirava xerox e mandava para seus “penfriends” no mundo, do qual eu era colunista — no início da minha carreira, quando mandava currículos para arrumar emprego, incluía “colunista do Japan Football Soccer” na relação de minhas atividades profissionais; é possível que tenha impressionado alguém. E tinha um menino na Itália, com quem trocava cartões postais de estádios, formei uma vasta coleção que ficava numa caixa de sapatos com divisões por países.

Holanda, Bélgica, Japão, Itália. Nesses países distantes viviam meus amigos de caneta, para quem escrevia cartas e as colocava em envelopes que tinham nas bordas pequenas faixas verdes e amarelas e, na frente (que eu sempre achava que era atrás; para mim, a frente do envelope sempre foi onde a gente coloca o remetente, é mais importante para quem recebe saber quem mandou, afinal aquele que vai receber é bem conhecido, em geral você mesmo, e foi um choque quando descobri que a frente, na verdade, é onde a gente coloca o destinatário), uma estampa azul onde se lia “Par Avion/Air Mail/Via Aérea”. E as cartas iam e vinham par avion, todas as semanas eu ia à pequena agência dos Correios na Escola Paulista de Medicina para enviar as minhas e, eventualmente, retirar algumas que chegavam em forma de pacotes embrulhados em papel pardo cheios de selos, que cuidadosamente eram removidos com o uso de uma técnica milenar, a de colocar papel higiênico molhado sobre os selos pela manhã para, na hora do almoço, descolá-los do papel pardo usando uma pinça sem rasgar nada.

Uma vez, vi num “Guerín Sportivo” que o italiano mandou um anúncio da luva de goleiro Uhlsport preta com borracha amarela, uma espécie de fetiche, era da mesma marca que o Zoff usava e eu jogava no gol. Lembro que o anúncio dizia “guanti da portiere”, e fiquei doido por aquela guanti da portiere, recortei o anúncio e mandei num envelope para o Martin Roberto Dom junto com alguns dólares que comprei com os trocos que tinha numa casa de câmbio no centro da cidade, rezando para que as divisas não fossem interceptadas pela Interpol. Meses depois veio um aviso da Receita Federal informando que havia chegado um pacote com uma guanti da portiere para mim enviado da Holanda, e é claro que os fiscais ficaram intrigados com aquilo e me convocaram a dar explicações.

Dei as explicações, mas a Receita não se convenceu e decidiu que eu teria de pagar um incalculável valor à guisa de impostos, e com lágrimas nos olhos, porque não tinha dinheiro, mandei que devolvessem o par de guanti da portiere à sua origem sem que ao menos pudesse vê-las, tocá-las, sentir seu cheiro de borracha e seu gosto de Sarriá.

É porque Sarriá já tinha acontecido, Barcelona, 5 de julho de 1982. Meses depois Martin Roberto Dom me trouxe as luvas, quando veio ao Brasil. Já éramos adultos. Sei lá, 20 anos. Eu já tinha carro e dirigia. Levei-o de carro à rodoviária, onde pegou o ônibus da linda garota de Belém.

Sarriá foi o jogo que me fez chorar pela primeira vez com o futebol, frase que li e ouvi várias vezes hoje das gentes da minha geração. Seleção brasileira era algo que nos empolgava, porque toda aquela turma jogava aqui. Sócrates, Zico, Falcão, Cerezo, Valdir Perez, Oscar, Leandro, Júnior, Serginho, Éder, esses caras eu xingava semanalmente pela TV ou na arquibancada. Mas em 1982, com Telê no banco, ramo de café no novo escudo da CBF e Topper na manga, eram eles que estavam na Espanha para, finalmente, mostrar o que nossa gente bronzeada era capaz de fazer.

Pela primeira vez, já quase maior de idade, tinha uma turma para ver os jogos da seleção bebendo e soltando rojões. Esse de 5 de julho foi numa pequena chácara que meu pai tinha em Valinhos, e sobre a TV Sharp da sala colocamos um rádio com o Silvio Luiz, porque odiávamos o Márcio Guedes e o Luciano do Valle era meio mala, aquele negócio de monopólio, e salvo engano foi a primeira Copa que a Globo teve com exclusividade, não era nada simpático.

O gol de Falcão, o empate que iria redimir o mundo de uma injustiça colossal, foi um dos momentos mais belos e breves da minha vida, as veias saltando de seus braços, o planeta aliviado, até que Paolo Rossi nos atirou no abismo, por que o Júnior estava dentro do gol?, e tudo acabou, a alegria acabou, o futebol acabou, o mundo acabou.

Atônitos, juntamos nossas lágrimas a pequenos copinhos de cachaça barata e cerveja já não muito gelada, e havia um campinho na chácara e resolvemos que, bêbados, iríamos purgar todos os pecados da humanidade jogando bola e mostrando como é que se fazia, como se aquele jogo do Sarriá ainda não tivesse terminado e coubesse a nós empatar de novo e, se possível, virar. Alguns já tinham carros, já tinham feito 18 anos, os carros de nossos pais também estavam ali na chácara, anoitecia em torno do campinho, e colocamos os carros todos em volta do gramado com os faróis acesos para, quem sabe, daquela forma, iluminar nossos caminhos, que ficaram tão escuros naquele 5 de julho de 1982.

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Nilmarques
Nilmarques
7 anos atrás

5 de Julho de 1982 a morte do futebol espetáculo, o futebol infelizmente nunca mais foi o mesmo.

Renato Broggio
Renato Broggio
7 anos atrás

Quando uma equipe que joga bola e encanta, mais não ganha, fica aquele sentimento de injustiça, a Itália também era um belíssimo time, talvez a sorte aquele dia estava com eles e não com a gente, nessa temporada da nba o warriors bateram o recorde de vitórias, mais não levaram o caneco, injustiça, sorte, felizmente quem viu guardara na lembrança, sabemos que só existe lugar ao sol para quem ganha!

Gislene
Gislene
11 anos atrás

Nossa, que delícia ler seu texto. Muito bem escrito como sempre. Parabéns!

Geraldo
Geraldo
Reply to  Gislene
7 anos atrás

Hoje mais cedo antes do almoço, de repente, do nada, me veio o pensamento “peraí, hoje é 5 de julho…Brasil X Itália em 82”. Dia eternirzado com a grande e insuperável tristeza dos doloridos 3×2, mas tambem de alegria…Aquela alegria inocente que tínhamos por simplesmente ver e viver a vida como ela é…transparente, única e gostosa de viver. Viver com pouco, porém ainda suficiente para dividí-lá com quem chamávamos de amigos. Flávio…belo texto…A parte do campinho me identifiquei imediatamente. Rssss….Obrigado!

Humberto
11 anos atrás

Eu tinha 10 anos e nem sabia direito de nada. Mas acho que aquela derrota abriu caminho pros “pragmáticos”

Zaki Roseiro
Zaki Roseiro
11 anos atrás

Excelente post, brilhante pois coloca o seu sentimento, sua lembrança do momento… O Brasil de 82 ali foi a o Brasil de 50, Hungria de 54, a Holanda de 74… Ou seja, o melhor perdeu, isso é o futebol. É importante que os mais novos respeitem o que passou, leiam e reflitam. Quem não viveu aquilo deve baixar as orelhas e ler o máximo possível antes de falar algo, ver os jogos desde antes da copa, entender o país em que vivíamos. Ali estávamos apenas a 12 anos de 1970 e a pressão era enorme sobre o técnico. Em 2014 estaremos a 12 anos de 2002 e o povinho não está nem aí para a Seleção. Sabe o que merecemos? Passar mais do que os 24 anos de jejum de 70-94. Foi uma grande seleção esta de 82, numa época de grandes seleções.

Eduardo Britto
Eduardo Britto
11 anos atrás

FG, sou de 63, acho que um ano mais velho que você. Também vivi a fase das cartas enviadas e recebidas com emoção. Par avión, posta restante, coleção de selos, cartas cheias de desenhos e colagens beirando a arte… Depois houve um hiato nas comunicações escritas, até essa maravilha chamada email ressuscitar o gosto pelas missivas. Sobre 82, tem um vídeo no youtube que mostra 10 GOLAÇOS feitos pela seleção na Espanha. Ele basta pra mostrar que aquele foi o melhor escrete canarinho ever depois de 70, tenha ganhado títulos ou não. Valeu!

OSKAR
OSKAR
11 anos atrás

Uma coisa que sempre me chamou a atenção: Cerezzo foi crucificado como responsavel por aquela derrota mas o maior culpado foi o Junior chegando atrasado no Paolo Rossi no primeiro gol, o segundo não lembro e no terceiro ele dava condição para o mesmo carrasco o que validou o gol e a derrota dolorida do time mais querido do Brasil!

locha primo do chunda
locha primo do chunda
11 anos atrás

seleçao mimada com conflito de interesses.. um goleiro careca e frangueiro, um zagueiro do atletico mineiro, time mais pé frio da galaxia e que nunca ganhou nada; dois laterais do flamengo( 1 pagodeiro nato e outro de perna fina);um camisa 10 que nunca soube sair de marcaçao, ate mesmo contra os bangus da vida, um centroavante grosso e um ponta esquerda galã completamente desequilibrados emocionalmente , todos sobre a batuta de um tecnico pitizento… nao tinha como dar certo….

marquinhos
marquinhos
Reply to  locha primo do chunda
10 anos atrás

Hahahahahahhaha, você deveria ser treinador de futebol, deve gostar daqueles caras que só sabem dar de bico pra frente e deve ter idéias maravilhosas de táticas de jogo hahahahahahahh. Pelo menos me fez rir bastante.

Marcelo de Andrade
Marcelo de Andrade
Reply to  locha primo do chunda
9 anos atrás

Nada como os anos, o tempo…
Pois não é que “o atletico mineiro, time mais pé frio da galaxia”, ganhou uma libertadores ano passado. E não foi na mão grande como o flamengo, não. E aí?

Ferdinandes
Ferdinandes
11 anos atrás

Se emocionar com futebol pode, com as vitorias do Senna, nao… E viva a incoerencia, ne, FG?

Ruy Vasconcelos - Fortaleza, CE
Ruy Vasconcelos - Fortaleza, CE
11 anos atrás

prezado flávio,

sarriá foi o momento mais decisivo para a formação do modo de ver futebol de quem anda dos 40 pros 50. e porque acreditávamos que íamos ganhar (e, mais que isto, que merecíamos ganhar! um pouco como compensação por ditadura e a mediocridade geral da vida e do país) com ainda mais glória e beleza que 70′, já que os de 82′ eram “o time do nosso tempo”. eram a ‘nossa’ expressão. falavam por nós, ainda mais que pelos outros brasileiros, onde quer que estivessem. e, assim, tínhamos atropelado os adversários da fase de grupos e triturado a argentina com maradona e tudo mais naquela estranha ‘segunda fase’. passar por uma itália que vinha mancando nas partidas – se classificara na bacia das almas – parecia não mais que rotina. e então veio a tragédia. mas de qualquer modo, com o passar do tempo, não desistimos daquele time, mesmo reconhecendo, ao longo dos anos (precisávamos crescer ainda um pouco) algumas debilidades ou pontos vulneráveis , aqui e lá; bem como as virtudes e o empenho do time italiano. sarriá foi um divisor de águas. e pensar que o estádio não há mais, e que foi o barcelona quem tirou as melhores lições daquele episódio. e, enquanto isso, bem ao contrário e por uma estranha dialética, hoje: ‘la italia siamo noi’.
muito bom seu texto – e também sob um ponto de vista estritamente literário. carradas de memórias suscitadas. (talvez pelo fato de eu também ter tido penfriends e a associação de ideias com 82′ passar por esse aspecto, entre muitos outros). e suscitou até uma espécie de texto-resposta/preparação, que, ao fim de tudo, reenvia ao seu:
http://afetivagem.blogspot.com.br/2012/07/fez-trinta-anos.html

Webston Moura
11 anos atrás

Um belo texto! Eu gosto de lembrar disso, pois eu tinha 12 anos e a seleção jogava bem como num sonho. Para um menino do interior do Ceará, que tinha todas as brincadeiras na liberdade da rua, dos campinhos de futebol e muitas outras atividades, tudo aquilo foi mais que importante. Com o tempo pude aceitar a derrota, racionalizar o fato. Mas, no fundo, eu adoraria que aquela seleção e o povo brasileiro daquele momento trouxessem uma vitória na bagagem. Isso teria sido bom para todos nós.

José Brabham
José Brabham
11 anos atrás

A Tragédia do Sarriá é o nosso Assassinato de Kennedy: todo mundo lembra em detalhes. Mas o primeiro jogo que eu chorei foi um que meu glorioso Bahia perdeu para o Santos no Estádio do Batistão em Aracaju em 1970…

Nivea Marco
Nivea Marco
11 anos atrás

Mais um texto lindo e emocionante!

Danilo Chamadoira
Danilo Chamadoira
11 anos atrás

nossa. maravilhoso esse texto, flavio. nem vou falar nada do meu 1982 para que eu continue ecoando no cérebro o seu relato daquele fatídico dia.
abraço.

Josmar
Josmar
11 anos atrás

Show de bola, FG! Agora, apenas um contraponto de uns camaradas que você conhece: http://www.esportefino.net/a-italia-de-82-era-um-otimo-time/. Abs!

felipe
11 anos atrás

bacana o texto…e as experiências.
abraço

Paulo Pestana
Paulo Pestana
11 anos atrás

Flávio, o autor da foto é o grande Reginaldo Manente.

vlamir antequera
vlamir antequera
11 anos atrás

Foi o último jogo de futebol a que assistí torcendo de verdade, depois desse jogo a emoção e o encanto acabaram, dando lugar ao ceticismo provocado pelas mudanças que ocorreram influenciadas pelo Marketing e pelo Dinheiro.
Nunca mais consegui torcer ou ao menos me emocionar com os jogos da Seleção.
Acho que estou ficando velho mesmo, me emocionei com o texto que me fez reviver com muita nitidez tudo que se passou naquele dia.
Parabéns.

Marcos Araujo
Marcos Araujo
Reply to  vlamir antequera
11 anos atrás

Eu também nunca mais torci pra porra de time nenhum depois daquele dia.

Marcos
Marcos
11 anos atrás

Lindo texto, Flavio. Sarriá é a lagrima de nossa geração, é a nossa historia. Nesse pais que fabrica e anula herois nacionais, a seleção de 82 é o nosso ‘Dream’, nossa convicção que podemos fazer a beleza do mundo.

Mesmo derrotada, essa seleção me fez – e faz – feliz.

Abraços a todos. Marcos

Luciano
Luciano
11 anos atrás

Caramba que texto fantástico.Estou aqui triste pelo que aconteceu ontem no jogo do Coxa com arbitragem e tudo mas este texto me deixou melhor. Me lembro de 1994 mas foi de alegria. Abraço.

fabiowendel
fabiowendel
11 anos atrás

Foi a única vez que chorei pelo futebol, tinha 9 anos e lembro do final do jogo, na defesa do Zoff na cabeçada do Oscar, gritei GOL, acaba o jogo e choro, lembro da minha mãe me abraçando e chorando junto e meu vizinho que assistia o jogo em casa me confortando pois fiquei arrasado…..um mundo que não volta mais, futebol, atitudes das pessoas, músicas, etc…valeu Flavio´!!

Gerson
Gerson
11 anos atrás

Como um cara que gosta de dirigir carros pode escrever desse jeito? São atividades incompatíveis.

Acarloz
Acarloz
11 anos atrás

Mais um ótimo texto, me trouxe lembranças muito boas também, parabéns !

Burrinho Batiquebra
Burrinho Batiquebra
11 anos atrás

Muita poética em torno de pouca coisa. Derrota justíssima para um time pipoqueiro. Quem joga com a displicência com que jogou o Toninho Cerezo no lance do gol da Itália só merece é levar fumo mesmo. Ganhou o time mais competitivo.

Felipe Goltz
Felipe Goltz
11 anos atrás

E tudo isso, todo esse ufanismo e nostalgia baratos, porque o Brasil-sil-sil perdeu para a Itália em 1982. Que grande hecatombe, essa derrota. Os jornalistas e cronistas esportivos daqui são tão babacas, mas tão babacas, que ainda hoje debulham-se em desespero, talvez perpetuamente, por esta partida. E o cazzo aconteceu há 30 anos! Até hoje vilanizam o Paolo Rossi, que deve estar cagando e andando para o que falam dele, como se o cara fosse “culpado”. Culpado do quê? Por marcar gols pelo país dele? Querem o quê? Ganhar todas as Copas do Mundo de futebol para sempre? Será que não dá para perder de vez em quando? Eu, hein…

Alvaro
Alvaro
11 anos atrás

Muito legal esse texto, emocionante mesmo, valeu

Tb não gosto desses textos defendendo regimes ditatoriais pseudo-socialistas
que não levam a coisa boa nenhuma, mas quando estás inspirado a falar
de coisas que valem a pena, mandas muito bem

Eric
Eric
11 anos atrás

Sou grato em poder conversar com vc pelo menos de vez em quando…mas como não se orgulhar de ser conhecido de uma enciclopedia ambulante…
Eu realmente me orgulho.E vamos para Mogi ou não????

Henrique
Henrique
11 anos atrás

Cara, sem palavras quanto ao texto. Só um (): eu sempre achei isso da frente dos envelopes também hahahahaha nao acredito que achei outro besta que pensa igual hahahaha vamos mudar o mundo!

Elpidio
Elpidio
11 anos atrás

Belíssimo texto, Flávio!
Me fez chorar pelo que eu era e senti, também, em 1982.
Hoje, entendo que o choro, mais que de decpção, foi de tristeza pela perda de um modelo de futebol, de time, de treinador (seu Telê era gênio dentro e fora do campo) e de jogadores que, se tivessem vencido a Copa de 82, talvez nos tivesse convencido, para sempre, que a arte do futebol sempre encantará muito mais do que esse jogo feio, esse tal de futebol de resultado praticado hoje.
De novo parabéns pelo texto.

Gus
Gus
11 anos atrás

Quando o cabra toca a escrever, somos presenteados com verdadeiros recitais literários….

Miguel Direito
Miguel Direito
11 anos atrás

Sou Português, tenho 42 anos, nunca fui ao Brasil (pena. Mas irei!) mas nesse dia, tinha eu 12 anos, chorei com a derrota da seleção do Brasil. Tenho saudades desse futebol. Essa derrota foi trágica porque tamanha foi a frustração Brasileira que a sua seleção passou a jogar de outra forma, nada romântica. Mas essa derrota é mais marcante que, por exemplo, a vitória no mundial 90, por penaltis.

Carlos Trivellato
Carlos Trivellato
11 anos atrás

Pois é, Flávio, temos quase a mesma idade, diferença de poucos meses. Nesse dia fatídico, eu estava em São Carlos, prestando vestibular. Para mim, a derrota não foi tão amarga, pois também estava torcendo para a Itália naquela copa, sabe como é, família italiana…
Também tinha minhas correspondências, mas era com um pessoal lá da Itália, para onde eu acabaria indo três anos depois, para a aventura de minha vida. “Ricordi”…

Maurício Freitas
Maurício Freitas
11 anos atrás

Essa derrota inspirou uma das melhores músicas do rock nacional: Inútil.
A última frase, cantada de forma apoteótica dizia:

“A gente joga bola e não consegue ganhar..
Inútil, a gente somos inútil.”

Era o sentimento reinante naquele final de ditadura militar.

elenise
elenise
11 anos atrás

flavinho, sempre leio seus posts e, normalmente, dou muita risada kkkkkkkk
esse, em especial, me fez lembrar de uma quase-festa que fizemos no dia 05 de julho de 1982 (minha irmã faz aniversário neste dia e pensávamos ter uma festa para comemorar as duas ocasiões)
foi a primeira vez que chorei por futebol e a última/única em que tive uma camisa da seleção (não tinha frescura da nike e minha mãe costurou um 15 nas costas – falcão era digno demais para ter uma camisa com o 15, então eu tive que ir atrás de um 1 e um 5 – diferentes, mas lindos na minha camisa que, infelizmente, não teve a mesma sorte que seu jornal e está perdida pelo mundo)
ontem eu chorei pelo timão, sou fraca quando me refiro à essa minha paixão branca e preta.
parabéns pelo seu texto – um dos melhores que já li por esses tempos (minha memória não é lá essas coisas)
abraço enorme e tin tin de sexta-feira

Toni
Toni
11 anos atrás

Até eu que sou português e já nem torço para o Brasil, chorei naquele dia com 11 anos de idade.
Foi a melhor selecção que eu vi jogar.

adriano
adriano
11 anos atrás

timaço ganhou da Escócia, da URSS se desintegando e do grande time da nova zelândia ,,, mas perdeu pra Itália, tipo era um curintcha que disputou com time pequeno. 1994 Hoolanda (vingança de 1994) e mais outros: Romário. Mazinho e mais 10

Alexandre - BH
Alexandre - BH
11 anos atrás

Ainda bem que, naquele tempo, eu estava muito mais preocupado em brincar de carrinho. Claro que também fiquei triste no fatídico 5 de julho, mas meu mundo não acabou. Pelo contrário, ele continuou como sempre foi, vivo e reduzido em escala que cabia no quintal de minha casa. Mas era enorme. Quando somos crianças, qualquer espaço aberto parece uma imensidão sem fim. E era naquele espaço que eu traçava longas estradas por onde as miniaturas levavam minha imaginação.

FTrack
FTrack
11 anos atrás

O menino da capa do JT, hoje:
http://www.ndonline.com.br/florianopolis/esportes/30847-jose-carlos-o-torcedor-simbolo-da-tragedia-do-sarria.html

Foi capa novamente na edição de 5/7 dos DOIS jornais de Florianópolis.

iverson
iverson
Reply to  FTrack
11 anos atrás

Tenho outro motivo para não esquecer esse dia. Foi o dia que minha avó faleceu. Eu tinha seis anos e não entendi muito bem o que aconteceu, mas lembro ainda hoje de ver o jogo na casa de minha outra avó, junto com meu avô (que se foi esse ano), e do meu aniversário, duas semanas depois, por causa disso, foi na casa dele.
Estou mesmo ficando velho…
Iverson

Veterano Veterinário de Veraneio
Veterano Veterinário de Veraneio
11 anos atrás

He, he… Muito legal o texto. Como é sua relação hoje em dia com o Márcio Guedes, colega de ESPN Brasil?

O Luciano sempre foi mala, o Galvão na época era melhor. Hoje está insuportável. Todos pioraram, inclusive o Sílvio Luiz, que eu adorava nos tempos do Campeonato Paulista na Record. Nesse início dos anos 80, ao lado do Sílvio Luiz, o meu narrador preferido era o José Carlos Cicarelli, da TV Cultura. Nunca mais ouvi falar dele… Por onde anda?

Já aquela seleção… Explica-se o trauma: foi a grande seleção brasileira que não foi campeã. Simples. Ninguém reclama de injustiça nas derrotas de 66, 74, 78, 86, 90, 2006 e 2010. Havia times adversários melhores nessas copas. Só em 98 é que podemos reclamar (e diz a lenda que o alvo das reclamações é o Pedro Bial…) de alguma injustiça. Mas, de fato, além de ser uma grande seleção essa de 82, havia mesmo um envolvimento muito maior da torcida e dos jogadores, muito mais próximos da realidade do país, do nosso cotidiano, uma maior identificação. Neguinho ganhava bem, mas não zilhões de euros e jogando num time da PQP que nem ele mesmo ouviu falar, só pro empresário embolsar a transferência.

O time tinha lá suas deficiências defensivas e Zico não jogou tudo o que se esperava dele, mas Falcão, Sócrates e Éder jogavam muita bola, dava gosto de ver. Se o Paolo Rossi não tivesse dado o título pra Itália (só isso!), o Falcão teria sido eleito o melhor do mundo.

Era um outro mundo… Os produtos que vc comprava no supermercado davam brindes, não era essa coisa esdrúxula de juntar e, além disso, pagar o brinde á parte. Outros tempos…

Rodrigo
Rodrigo
11 anos atrás

Não gosto dos teus textos quando defende o regime da Coréia do Norte e seus comedores de criancinhas, mas reconheço que foi o melhor texto que li esse ano. Muito bom. Já ta quase qualificado pra ser patrono da Feira do Livro daqui de Porto Alegre. Abraço.

Mario_fpolis
Mario_fpolis
11 anos atrás

Belo texto, cara, belíssimo texto.
A mistura de coisas, amizades que pareciam mais sinceras via carta do que via email, os rituais de passagem para a vida adulta, as tristezas. O inesquecível 82, só parecido com o trágico 86, a certeza de que não éramos tão infalíveis e muito menos invencíveis.
Belo texto, cara!

Iuri Jacob
Iuri Jacob
11 anos atrás

Simplesmente emocionante o seu texto, FG. Prefiro nem comentar muito, pois qualquer outro elogio seria absolutamente redundante. Um abraço.

Roberto Antonio
Roberto Antonio
11 anos atrás

Realmente fora da Globo a transmissão dessa copa do mundo de tão triste lembrança. Pela Copa, e pelo narrador e comentarista. Luciano do Valle já era chato (imaginem sendo Global!!!) e o Marcio Guedes, melhor nem comentar. Pior, não sei se você lembra, a Globo repassou os direitos (ou sei lá que tipo de acordo que foi) à TV Cultura. Só que à época, o pacote era completo, ou seja, simplesmente retransmitiram o que passava na Globo, com a dupla de narrador e comentarista. Mas, com o logo da TV Cultura.

Jonatas
Jonatas
11 anos atrás

Histórias.
Nessa época não tínhamos tv a cores em casa, mas na casa da minha avó tinha. Eu fiquei uns dias de castigo e não pude ver a alguns jogos, mas nesse dia minha avó pediu a minha mãe para deixar eu ir, porque alguns primos se reuniam lá…
Vibramos como loucos no golaço do Falcão e nos despedaçamos gol do Rossi e com as defesas quase impossíveis de Dino Zoff. Preferia ter visto a derrota em preto e branco mesmo.

Rodrigo
Rodrigo
11 anos atrás

Corroboro as palavras do Peter Losch, você é um chato com um dom fantástico…

E, como você diz, “tá cada dia melhor” quando não fala de política!!! Hehehhee

Sílvio - Cuiabá / MT
Sílvio - Cuiabá / MT
11 anos atrás

O Falcão não jogava no Brasil em 1.982. E sim no Roma.

Marcos Alvarenga
Marcos Alvarenga
11 anos atrás

Mais um texto pro seu Top 10, Flavio.

cleber
cleber
11 anos atrás

Boa cara,Seu texto é do fundo da alma.

Marcus Aurélio Pequim
Marcus Aurélio Pequim
11 anos atrás

Flavinho, você sempre me emociona com suas histórias e lembranças. Época maravilhosa de minha infância. Você é o jornalista que melhor escreve neste país porque você, nestas horas, não é jornalista, é o amigo de todos nós contando um pouco de você.

Quanto à esta Copa, a melhor de todas, nos lembramos apenas do Brasil. Mas haviam outras grandes seleções como Alemanha, França, Itália e Argentina. Com relação ao Brasil, lembro-me que quando a seleção jogava amistosos quartas-feiras, no Brasil (sim, naquela época nossos adversários vinham jogar aqui, não onde a Nike quer) o país parava para ver os jogos (que eram às nove da noite, não às dez). No entanto, como sempre neste país, havia muita gozação sobre a seleção, reclamações de que não havia ponta direita (a molecada de hoje nem sabe o que é ponta-direita, ponta-esquerda), xingávamos o Telê, etc.
De qualquer modo foi o melhor time de futebol que já vi jogar. tenho pena dos jornalistas novinhos, que não viveram aquela época, que acham maravilha extrema Barça, Espanha (chatíssima, sim sou chato, acho a Espanha ótima, mas chatíssima, sem brilho) e teimam em dizer que o futebol de hoje é o melhor, que o Iniesta é o “Don Fódon”, etc. Quem viu Zico, Sócrates, Júnior, Falcão e cia, jamais achará outro time melhor…
Agora esta capa do Jornal da Tarde é maravilhosa, quem viveu aquele dia, entende o que representa, somente quem viveu aquele dia…

Adriano
Adriano
11 anos atrás

Texto ducaray!!!