Nick pediu, o blog atende. (Como cantava Simonal, como cantava, putz!)
Nick pediu, o blog atende. (Como cantava Simonal, como cantava, putz!)
Flavio Gomes é jornalista, mas gosta mesmo é de dirigir (e pilotar) carros antigos.
Você lembra, lembraDaquele tempoEu tinha estrelas nos olhosUm jeito de heróiEra mais forte e velozQue qualquer mocinho de cowboyVocê lembra, lembraEu costumava andarBem mais de mil léguasPra poder buscarFlores de maio azuisE os seus cabelos enfeitarÁgua da fonteCansei de beberPra não envelhecerComo quisesseRoubar da manhãUm lindo por de solHoje, não colho maisAs flores de maioNem sou mais velozComo os heróisE talvez eu seja simplesmenteComo um sapato velhoMais ainda sirvoSe você quiserBasta você me calçarQue eu aqueço o frioDos seus pés
Vai na paz, Paulinho.
¡América despierta! (Para quem não conhece, a murga é o equivalente uruguaio — mal comparando — às nossas escolas de samba. O nome “murga” também define um ritmo musical espalhado pela América espanhola. No Uruguai, em especial, as murgas agregaram ao longo dos anos elementos teatrais, circenses e venezianos. São grupos de 13 a 17 integrantes que disputam o título do carnaval nas apresentações no Teatro de Verano. Os concursos oficiais acontecem desde 1910. O carnaval uruguaio, aliás, dura 40 dias, com desfiles de grupos de candombe e apresentações de murgas em tablados espalhados pelas ruas de todo o país — para entender, seriam os nossos, vá lá, bloquinhos. Os temas dos enredos variam de murga para murga, mas são sempre carregados de crítica política e humor. É a coisa mais linda, estética, musical e socialmente falando. Neste ano, a murga La Gran Muñeca fez um verdadeiro hino — que está no vídeo aí no alto ou a partir do minuto 27 de sua apresentação inteira no link –, embora tenha perdido o campeonato para o Agarrate Catalina — impecáveis, também. “Los Pueblos Originários” é maravilhoso.)
O texto abaixo foi escrito há exatos cinco anos. Nada mudou. SÃO PAULO (o tempo não para) – Ser jovem nos anos 80 não era muito fácil. A primeira metade foi vivida ainda sob uma ditadura militar já agonizante e caduca, tipo leão do Simba Safári, daqueles que não mordem mais ninguém, ridicularizada pelo andar da carruagem mundial. Apesar disso, da iminência daquilo tudo de cair de podre, a gente não falava o que pensava — porque ou não pensava, ou não sabia se podia falar. Era bem esquisito. A ditadura nos deixou ir às ruas pelas Diretas, mas no dia da votação um general fechou Brasília e saiu cavalgando pela Esplanada dos Ministérios até a porta do Congresso dizendo que quem mandava lá era ele. Do alazão para um tanque era um passo. Afinal, três anos antes eles tentaram explodir o Riocentro inteiro com milhares de pessoas dentro num show de 1° de maio. Quando parecia que os milicos preparavam a saída da tropa, pintava uma recaída como aquela — dois oficiais num Puma dispostos a mandar tudo pelos ares para que um novo golpe pudesse ser levado a cabo. Era bem esquisito. Bem esquisito. Já na segunda metade, mesmo com a derrota da emenda Dante de Oliveira, a sensação era de que alguma coisa iria mudar, finalmente. O presidente que preferia o cheiro de equinos ao do povo saiu bufando, deixou a faixa para ser entregue a Tancredo, mas Tancredo não apareceu, e no lugar dele veio Sarney, que era amigo dos militares, mas percebia que os ventos sopravam noutra direção, e de novo a gente não sabia direito o que ia acontecer naquela salada geral, presidente eleito morto, coronel do Maranhão no Planalto, inflação a mil, miséria por todos os lados, economia estagnada, dívida externa explodindo, desesperança por todos os lados. Aí aparece um bardo muito louco, magrinho e desbocado, enchendo a cara todas as noites e mergulhando em todo tipo de experiência química, sensorial, sexual e literária, cantando que suas piscinas estavam cheias de ratos, que nenhuma ideia correspondia aos fatos, que seu cartão de crédito era uma navalha, e como ninguém mais conseguia calar voz alguma, a sede de liberdade era muita, saía gritando em praça pública as barbaridades que falávamos — e fazíamos — escondidos, e então estava dada a senha, nossa “Grândola, Vila Morena” coletiva. Cazuza não se quis agente de revolução nenhuma, não pretendeu derrubar governos, nem doutrinar multidões. Mas foi quem melhor expressou aquilo que estava represado no peito de uma juventude castrada por seus pais, avós e professores. Seus versos despretensiosos eram o que queríamos dizer, só que não tínhamos talento algum para traduzir medos, angústias, incertezas. Ele tinha. Mentiras sinceras me interessam. Eu tô pedindo a tua mão, e um pouquinho do braço. Só um pouquinho de proteção ao maior abandonado. Nossas armas estão nas ruas, elas não matam ninguém. As crianças brincam com a violência nesse cinema sem tela que passa na cidade. Eu tenho tudo que você precisa e mais um pouco. Eu ouvia essas coisas no meio de 300 mil pessoas numa noite quente e úmida nos confins da Barra em 1985, quando o Barão tocou no Rock in Rio, vindas daquela figura agitada e colorida, e tentava entender o que estava acontecendo com a gente, para onde estávamos indo, exatamente. Mamãe tá certa, eu me dei mal na escola, foda-se! Porra, o cara falava foda-se em público, para 300 mil pessoas. Isso tinha um significado, claro. Eu jamais diria foda-se na frente dos meus pais, embora tivesse vontade, muitas vezes. Mas aquele cara lá em cima falava, e até onde se sabia, estava passando na TV, meu pai e minha mãe ouviram aquele foda-se, outros pais e mães, também. Já podia falar foda-se? Isso, sim, era uma revolução. E as coisas começaram a acontecer rápido a partir daquele foda-se. Desliga a razão da tomada, cantava Cazuza. Não se pode dizer que ele não fez isso. Namorou meninos e meninas, bebeu em quantidades industriais, o banheiro é a igreja de todos os bêbados, cantava, enlouqueceu no pó e no...
Sensacional. Cantava muito mesmo. Talvez o maior deste país.
Wilson Simonal chegou a ser o décimo segundo jogador da seleção brasileira de 70, ele atuou nos bastidores cantando e descontraindo aquela seleção.
Detalhe da distância entre microfone e boca, mesmo assim, há instantes com “fim de escala” !!! Esse cara foi, injustamente, cancelado em uma época sem Internet. Triste.
Brincava de cantar. Para o meu gosto, em se tratando de voz no Brasil, ele e Tim foram inigualáveis entre os homens, e a Elis é a maior intérprete entre as mulheres.
Legenda e envia para o Hamilton, acho que Ele vai adorar. Gosto muito do Simonal, cantava muito. Gosto do Simoninha também… segue o jogo