HARD RACE CAFÉ (3)

Verstappen: nove vitórias em 14 Sprints

SÃO PAULO (tá bom, mas tá ruim) – Faltavam oito voltas para o fim da Sprint de hoje na escaldante Miami, e o engenheiro de Max Verstappen entrou no seu rádio. Ele estava em primeiro. “Max, como vai, tudo bem? Por favor, você poderia nos dizer como está o automóvel, se está do seu agrado, confortável?” “Tá uma merda”, respondeu o piloto. “Como ontem na classificação.”

Verstappen ganhou a minicorrida de 19 voltas, colocando mais oito pontos no bolso e chegando a nove vitórias em Sprints — desde 2021, foram realizadas 14. Quando recebeu a bandeirada, o engenheiro — Gianpiero Lambiase, aka GP — voltou ao rádio para dar os parabéns ao seu piloto. “Foi legal, mas precisa melhorar”, devolveu o holandês.

Essas coisas, na minha modesta visão, humilham os adversários. Ontem, com o carro ruim, Max fez a pole para a Sprint da Flórida. Hoje, com o carro ruim, ganhou a provinha. Daqui a pouco será realizada a classificação para o GP de Miami, sexta etapa do Mundial. A corrida de verdade será realizada amanhã às 17h. O normal: fazer a pole e vencer de novo. É como a Red Bull funciona em tempos de crise. Impressionante.

Largada: lá no meio, enrosco com Hamilton, Alonso, Stroll e Norris

A Sprint foi realizada com sol e calor, 29°C em Miami, 45°C no asfalto em torno do estádio de futebol americano batizado com o nome de uma rede de lanchonetes, o Hard Rock Café. Já teve aqui em São Paulo, sabiam? Mas foi de um um picareta que se apropriou do nome, não quis nem saber, pendurou umas guitarras velhas na parede e montou a sua. Um belo dia os americanos donos do negócio original processaram o cabra, que quebrou. Não achei nada na internet sobre esse episódio, se alguém encontrar manda aqui nos comentários. Admiro caras como esse. Hoje, parece que há algumas lojas franqueadas no Brasil, mas não tenho certeza quais são, nem onde ficam.

Vamos à Sprint.

Verstappen, da pole, largou bem, como de hábito. E logo na primeira volta um safety-car foi acionado porque uma treta no pelotão da merda deu merda. Hamilton viu um buraco por dentro na primeira curva, mergulhou, Alonso estava ao seu lado, no meio da pista, e à esquerda dos dois estavam Norris e Stroll. Um bateu no outro que bateu no outro e o saldo foi Norris e Stroll fora, Alonso caindo para último e Hamilton se safando. Coisa de corrida, ninguém precisa sair procurando culpados. Largada é assim, e quando você está no meio do grid, essas coisas acontecem com frequência.

A relargada se deu na quarta volta com Max, Leclerc, Ricciardo, Pérez, Sainz, Piastri, Hülkenberg e Magnussen nas oito primeiras colocações. O dinamarquês da Haas fizera ótima largada, ganhando seis posições. Tsunoda, em décimo, e Sargeant, em 12º, também. Esses dois foram os únicos que optaram pelos pneus macios para a corridinha. Os demais foram com médios.

Ricciardo, quarto: o grande nome do sábado

Na quinta volta, Pérez passou Ricardão e por ali ficaria até o final. A briga pelo oitavo lugar acabou sendo a mais emocionante da tarde, com Hamilton se engalfinhando com Magnussen e Tsunoda na espreita. Kevin, não se sabe se a mando da equipe ou por puro companheirismo, cometeu diversas irregularidades. Saiu da pista, ganhou vantagem, empurrou Lewis para fora, foi uma barbaridade. Levou várias punições. O fato é que com seu comportamento de Coringa de filme, o parceiro Hulk se mandou e conseguiu terminar em sétimo.

Lewis recebeu a bandeirada em oitavo, mas também ele cometeu uma infração, excedendo a velocidade dentro dos boxes quando o safety-car estava na pista — os pilotos tiveram de passar uma vez pelo pit-lane. Assim, perdeu o pontinho para Tsunoda, da Não Precisa da Minha Via Não. A equipe, ex-Minardi, Toro Rosso e AlphaTauri, foi a quem mais festejou no sábado. Ricciardo terminou em quarto, segurou a posição com muita competência mesmo sob ataque da Ferrari de Sainz e levou seus primeiros cinco pontos na temporada. Renasceu, o sorridente canguru. Até quando, não sabemos ainda.

Verstappen, Leclerc e Pérez ganharam as medalhas dos três primeiros, entregues por Zinedine Zidane, o craque francês que levantou a taça em 1998 no Stade de France. Ricciardo, Sainz, Piastri, Hülkenberg e Tsunoda fecharam o grupo dos que pontuaram. Hamilton, ao comentar a dura batalha com Magnussen, elogiou o colega. “Ele aceitou as punições e foi honesto com isso. Gosto muito de disputas difíceis e admiro quem trabalha para sua equipe.”

Na entrevista pós-Sprint, Max voltou a resmungar: “Não foi perfeito, mas pelo menos agora a gente pode mexer no carro”. De fato, neste ano os carros não entram em regime de Parque Fechado após a corrida curta e podem ser melhorados antes da classificação. Verstappen fez a pole e venceu a Sprint. Eu, piloto fosse, diria: “Melhor estraga”.

Mas eles vão melhorar a bagaça. E não vão estragar nada.

Caixinhas para atualizar alguns assuntos:

AINDA NÃO – James Vowles, chefe da Williams, negou de pés juntos que a equipe (ou a Mercedes, a seu pedido) tenha requisitado uma superlicença para Andrea “Kimi” Antonelli, 17, correr a partir de Ímola no lugar de Sargeant. “O que estamos fazendo é trabalhar na nossa dupla para 2025 e 2026, já que queremos entrar no novo regulamento com pilotos que já estejam na equipe”, disse. A Williams quer que Albon fique. Pode até receber Antonelli no ano que vem, a julgar pelas declarações de Vowles. Gasly também está de olho ali. Mas não se surpreendam se o jovem italiano assumir um dos carros do time de Grove ainda neste ano. Paralelamente, a Mercedes segue atrás de um substituto para Hamilton. Se não for seu precoce pupilo, certamente vai colocar o rapaz na Williams.

FÉRIAS – Especula-se todo tipo de coisa para o futuro de Adrian Newey, mas em suas primeiras declarações depois do anúncio de que vai sair da Red Bull o projetista inglês deixou no ar a possiblidade de, simplesmente, parar. Ou, pelo menos, tirar férias, longas férias. Ele falou, resumidamente, que precisa descansar. Meu palpite: desaparece nos próximos meses para aparecer lá por abril do ano que vem na Ferrari.

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Max PS
Max PS
12 dias atrás

Para descontrair: a F1 está vivendo uma relação de trabalho inversa, deve ter muita equipe enviando o curriculum vitae para o Adrian Newey! =D. No final das contas, também acho que ele vai curtir a quarentena – fazer uns croquis quando estiver entediado, e depois assume o posto na Ferrari.

O crítico
O crítico
13 dias atrás

Achei essa reportagem sobre quando fechou o daqui. Vão fazer 10 anos no final do mês: https://www.otempo.com.br/cidades/hard-rock-cafe-de-bh-fecha-as-portas-apos-oito-anos-de-funcionamento-1.853770

Paulo F.
Paulo F.
13 dias atrás

Sugestão: cada vez que o Max reclamar que o carro tá ruim 5kg de lastro adicionado. Fica bom rapidinho, rs!

De resto: as regras valem para uns e não para outros. Limites de pista , velocidades no lane. 50 km/h pode. 50,00001km/h, 5 segundos de penalidade 50,00002? Drive thru e não leva fritas no combo! Quando os comissários decidem corrida e campeonato (ooops isso é um filme que já passou) esta na hora de mudar os comissários e o livro de regras; e meus parabéns ao Ricciardo, se continuar nessa tocada o contrato da Audi é dele e não do Sainz.“Carreras son Carreras!” como Fangio proclamou, não Sprints…
E por fim: no quesito limite de pista bom mesmo era no velho Interlagos (ai que dor no coração), passou na lavadeira (era assim que se chamava à época) suspensão quebrava! Como no oval, pegou muro azar o seu. F1 esta ficando um mimimi só!

Michel Nobre
Michel Nobre
13 dias atrás

Tem hard rock em Florianopolis e Porto Alegre tambem, desde poucos anos atrás, depois da pandemia, ja fui nelas e em Gramado. Caro mas muito bom, minha esposa adora!

Marcos Bassi
Marcos Bassi
13 dias atrás

Esse caso do Hard Rock em São Paulo é antiga? Só achei anúncio de abrir na Avenida Cidade Jardim em 2020. Se foi por aí…mas não achei nada sobre fechamento. Em tempo…as 4 unidades no Brasil…Curitiba, Ribeirão Preto, Gramado e Fortaleza.

Marcos Bassi
Marcos Bassi
Reply to  Flavio Gomes
13 dias atrás

Curioso que você tá procurando uma coisa (ainda nem sinal) e acaba caindo em outras. Não sabia que a Rock Dreams tinha por sócio um tal de Reginaldo Leme e um tal de Ciro José. Você deve ter comido por lá…

O crítico
O crítico
Reply to  Marcos Bassi
13 dias atrás

Aqui em Beagá (na verdade em Nova Lima, vizinha mais rica da capital) também teve um, não faço ideia se desse mesmo camarada ou de algum empreendedor local. Ficava no prédio construído no local mais alto da região, com uma vista espetacular. Também tinha guitarras nas paredes, mesas em terraço ao ar livre, palco para shows e era bem agradável de se frequentar. Mas fechou já há uns bons anos, talvez pelo nesmo motivo do paulistano. Ah, e me lembro de ler sobre um no Rio, creio que na Barra.

Marcos Bassi
Marcos Bassi
Reply to  O crítico
13 dias atrás

Na Barra era o verdadeiro e foi o primeiro…fechou. Da segunda tentativa de abertura das redes aqui…Curitiba foi a primeira…

O crítico
O crítico
Reply to  Marcos Bassi
12 dias atrás

Achei esta outra reportagem sobre o fechamento da daqui, que chegou a ser a única no país depois que a do Rio fechou em 2010. Era do grupo, mesmo: https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/05/28/internas_economia,533550/hard-rock-cafe-em-nova-lima-fecha-as-portas-apos-oito-anos-de-funcionamento.shtml

Marcos Bassi
Marcos Bassi
13 dias atrás

Se não fechou…tem um Hard Rock no Batel em Curitiba…quanto a corrida…deixa pra lá…

Marcus
Marcus
13 dias atrás

Magnussen se consolidou como o Sergio Ramos da F1: canalha, mau caráter. Deveria sumir do grid.