EXPORTAR É O QUE IMPORTA

PEQUIM (nem paga IPI) – Está vendo a moça da direita aí na foto? Seu nome é Jun Gao, tem 39 anos, e em 1992, nos Jogos de Barcelona, ganhou uma medalha de prata. Para a China. Hoje, defende a equipe americana. Crystal Xi Huang é a outra garota, esta americana, descendente de chineses, claro.

A história de Jun Gao é curiosa. Ela não gosta de jogar ping… digo, tênis de mesa. “Meus pais me mandaram para uma escola em Pequim, e na China não se diz ‘não’ aos pais”, declarou ao “USA Today” no ano passado (não, não tenho o recorte guardado, está na biografia dela). Depois da medalha de Barcelona, parou de jogar. Casou-se com um programador de computadores americano, Frank Chang, ganhou cidadania nova, foi convidada pelos EUA para jogar pelo país em 1997 e está aqui, de volta à China, mas com outra bandeira no peito. O detalhe é que o uniforme que enverga é chinês: a equipe americana de tênis de mesa, vejam como são as coisas, é patrocinada pela marca esportiva Li Ning, que pertence ao ex-ginasta chinês que acendeu a pira no Ninho de Pássaro sexta-feira passada (a Nara Alves escreveu sobre a marca, uma mistura de Nike com adidas; leia aqui).

A China tem um zilhão de praticantes de ping… digo, tênis de mesa, e a equipe nacional, apenas seis representantes. Sobram chineses e chinesas boas de raquetinha, então o negócio é exportar. Como as regras olímpicas de nacionalidade não são lá muito rigorosas — basta lembrar que a Geórgia disputou o vôlei de praia, no feminino e no masculino, com duplas brasileiras que não têm a menor idéia do que seja a Ossétia do Sul — , muitos países vieram buscar gente aqui para representá-los na modalidade.

Bati o olho na lista de inscritos para as provas individuais de tênis de mesa. Há chineses e chinesas vestindo as camisas da Austrália, Áustria, Canadá, Congo, República Dominicana, Espanha, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Polônia, Estados Unidos, Argentina e Ucrânia.

Me parece uma esculhambação uma chinesa na delegação do Congo.

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Daniel
Daniel
15 anos atrás

Também jogo tênis de mesa, é uma matéria interessante e boa para explicar como a china domina este esporte que é mais jogado lah do q o futebol aki, em uma entrevista a Zhang Yining(1º colocada no feminino) disse que a china importa jogadores para aumentar o nivel dos outros paises, aumentar aumenta, mas que fica chato…issu fica… lembrando que o técnico da seleção brasileira é chinês, mas o melhor brasileiro eh moreno e cearense, e venceu o atual campeão olimpico pela 2º vês… abraços flavio e parabéns pela cobertura blogistica que está cada dia mais interessante

regi nat rock
regi nat rock
15 anos atrás

é tanto post , nos horarios mais malucos que fica dificil manter-se atualizado, mas não dá pra deixar passar essa. Dú e Erick.. nem cadeia, nem AA… vcs vão direto pro sanatório e depois, pro hosp das clinicas fazer transplante de fígado !!

Eric
Eric
15 anos atrás

O problema Dú é que se cruzarem os dados vamos para a cadeia???Nunca.

Vamos direto para o AA.

Marcelo Witt
Marcelo Witt
15 anos atrás

Mas não é só São Paulo que faz isso com os jogos abertos. Aqui em SC, temos 3 cidades que são as que compraram o maior número de vitórias nos JASC. Ah, desculpem, compraram não, apenas gastaram mais dinheiro para pagar os melhores atletas, também não importando de onde fossem… se investissem esse dinheiro em prol da população… mas que coisa hein, seja municipal, estadual, federal, ou até internacional, como as coisas sempre são parecidas, não é mesmo???

Dú
15 anos atrás

Belair, esse nem é o problema, Eric e Eu driblamos a máquina. O duro é qualquer lugar perguntarem: Vai Nota Fiscal Paulista?
Será que um dia vão cruzar os dados com declaração de IR?
Tecnologia tem!
Já os contadores, é como balança de açougue e super mercado.
Experimenta discar o celular ao lado da balança digital quando estiver sendo usada.

sérgio barros
sérgio barros
15 anos atrás

Flávio,
isso não é tão recente e tão longe….

Há vários anos cidades contratam atletas “de fora” para representá´-las nos Jogos Abertos do Interior, que ainda é um grande acontecimento esportivo.

Lembro na década de 80, quando ainda lutava judô, e que Santos terminava em segundo lugar repetidamente, e São Caetano em primeiro. Só que São Caetano não tinha tradição nem “produção” de atletas e esporte que correspondesse ao resultado final. Daí percebeu-se que eles contratavam atletas de fora, alguns até já famosos.

De alguns anos para cá, descambou de vez e se vê até quem já foi a Olimpíadas e um dia já foi profissional – algo triste para um evento que primava em revelar novos valores e incentivar a prática esportiva entre a comunidade das cidades.

Vecchio
Vecchio
15 anos atrás

Acredito que é melhor um autêntico chinês do que qualquer “Nike” ou “Adidas” falso. Viva o Li Ning autêntico !!!

Carlos Fraga
Carlos Fraga
15 anos atrás

Flávio, vc é impagável

“qualquer valor que estiver escrito no meu contra-cheque, é pouco”

Belair
15 anos atrás

Carái, agora vai tê um monte de neguim sabendo QUANTAS o Dú tomô, cacete… é mais uma maneira de aplicar a lei seca.

Wilton Pinheiro
Wilton Pinheiro
15 anos atrás

Como você falou, na primeira reportagem sobre as olimpiadas,
que nada mais lhe surpreendia, após ver a abertura das olimpiadas em Moscou com o ursinho, porque agora você esta
admirado com a exportação de atletas??

RESPOSTA DO FG

Eu realmente me enganei naquele texto. Ainda tem coisa que me surpreende, sim. Como a chatice de alguns leitores.

Dú
15 anos atrás

E aqui, a cada ping de cerveja, agua mineral, e demais engarrafados, vai ter um contador ligado direto a dona Receita.
Pong para controlar evasão de impostos.

clébio bahia
clébio bahia
15 anos atrás

No tenis de mesa, para jogar o mundial por um país, é preciso ser naturalizado a mais de 5 anos, deve ser alguma norma da ITTF, mas não sei se vale nas olimpíadas.
Ainda nesse esporte, que eu pratico e admiro muito, e não sei porque quem não pratica chama de ping pong na intenção de “pirraçar “.
Vale ressaltar a quantidade de chineses naturalizados, é absurda, inclusive, na América do Sul, tem um, naquele país cheio de cabeludos, tirados à europeus, só assim mesmo para tentarem nos vencer.
Ahhh, outro detalhe, a China é tão forte, mas tão forte, que cada país pode levar 3 atletas, e com isso, nas olimpiadas, não teremos o nº 3, 7, 18, 24 porque são chineses e a delegação já está saturada, lembrando que atletas como o Monteiro ou o Hoyama, nº 66 e 155 respectivamente participam.
Lá os caras detonam mesmo!

Jonny'O
15 anos atrás

Parabéns Flávio pelo grande trabalho “Olimpico”.

Uma visão sempre marcante e por vezes desconcertante do que se passa despercebido .

Agora essa coisa de naturalização pode até estar dentro das leis do esporte ,mas que é um exagero e estão tirando proveito a torto e a direito é brincadeira .

Acho que não dá nem para comemorar uma medalha assim ,fica até ridículo .

Rodrigo Moraes
Rodrigo Moraes
15 anos atrás

Concordo com a opinião do LM Guimarães: deveria haver alguma regulamentação pra essas mudanças de camisa. Acho que é um direito do ser humano mudar-se de país, buscar uma melhor condição de vida, e daí representar esse novo país como sendo seu. Mas não é isso o que acontece. Aliás, acontece o mesmo aqui dentro do Brasil, mais especificamente no Estado de SP, onde há os Jogos Abertos, disputados por cidades, e muitas cidades contratam atletas de outros lugares só pra constar medalha, sendo que muitos sequer sabem onde fica a cidade que defendem.

Em contrapartida, agradeço, a essa falta de regulamentação, a oportunidade de ver aquela Cristine Santanna jogando volei de areia pela Geórgia. Ô, lá em casa!

wanderlei
wanderlei
15 anos atrás

Gomes,
dia desses, por acaso, andei lendo seus textos, pela primeira vez.
Gostei de todos. É bem por aí – o que dizem nos comentários anteriores. Parabéns. Estou de olho em suas manifestações.
um abraço

Ronald
Ronald
15 anos atrás

Uma congolesa com traços orientais?? Nunca viste uma? Bom, acho que não existe mesmo.Deve ser a tal da globalização….

Kempes
Kempes
15 anos atrás

Ia ser uma boa importar uns chineses p/ jogar no lugar do Hugo Hoyama…assim o Brasil ñ passaria vergonha em mais um esporte…viva o mundo globalizado…

Pedro de Oliveira
Pedro de Oliveira
15 anos atrás

Deixa o pessoal jogar! Como vocês são chatos.

Milton
Milton
15 anos atrás

Agora eu entendi porque que os geraldinos chineses aplaudiam maqueiro e locutor de estádio…”anything is fake”…

Ubaldir jr.
Ubaldir jr.
15 anos atrás

Verdade. Esse negócio de globalização não combina muito quando o assunto é esporte.
Deixe eu aproveitar a oportunidade e parabenizar mais uma vez o Gomes por seu trabalho. Por incrível que pareça, o seu blog (ou blig, vá lá)é o local mais agradável de se acompanhar as curiosidades e manchetes olímpicas, dando um banho nos sites das todas poderosas empresas de mídia brasileiras.
Parabéns. Quando o assunto é política, não sou muito alinhado às suas idéias não, mas você, em questões profissionais, é “o cara”.
Abraços a todos.

Huang
Huang
15 anos atrás

E os “brasileiros” que servem seleções estrangeiras no vôlei de praia? no futebol?

Cristiano Azevedo
Cristiano Azevedo
15 anos atrás

“Anything is possible” é o slogan da marca Li-Ning.

Marcus V.
Marcus V.
15 anos atrás

Ei Flávio, muito bom seu texto. Parabéns!

Roger Ferreira
Roger Ferreira
15 anos atrás

Esses jogos de Pequim são o maior exemplo da hipocrisia (agora globalizada) das nações. Tudo é programado para funcionar da maneira que esses dominadores de 1,3 bilhões de tristes chineses (verdadeiros robos). É facil fazer um campeão quando se pega uma criança de 6 anos em um pais pobre e se prepara com fortunas como se vivesse em um pais de primeiro mundo (digo imperialista) e o restante do povo passa miséria. Nós aqui devemos dar medalhas de lata, alumínio (reciclado), papelão e plástico pet aos nossos esportistas. Esses sim lutam sozinhos e são campeões quando pegam um quarto, quinto, décimo lugar porque espelham a realidade do nosso país. Um povo esforçado e abandonado que constrói sua força com o amor dos pais e muito sacrificio individual.

Luiz Manoel Guimarães
Luiz Manoel Guimarães
15 anos atrás

Por que na delegação do Congo, cara-pálida? É esculhambação geral mesmo. Puro negócio. Não que deva haver a obrigação de se ter nascido no país que se vá representar, mas acredito que deveria haver uma ligação significativa, representada, por exemplo, por pelo menos cinco anos de naturalização, domínio fluente do idioma etc. O que se vê são atletas formados com recursos de uma nação (Cuba, por ex.), mas defendendo outras. Uma sacanagem. E, aproveitando, avise aos seus pupilos no Grande Prêmio que qualquer cifra ou número em geral menor do que dois deve ser expresso no singular. Eles estão escrevendo coisas como “1,5 milhões”. Depõe contra, e muito, a qualidade do site. Abraços.