FABIANA NA PRAÇA
PEQUIM (city-tour) – Hoje cedo meu companheiro de quarto Mendel Bydlowski, reporterzaço da ESPN Brasil, foi escalado para pegar a Fabiana Murer e seu técnico, Élson, na Vila Olímpica e levar os dois para a Praça da Paz Celestial e para a Cidade Proibida, fazer um tour, dar uma olhada na cidade. Fui junto para segurar a câmera, ajudar na produção, essas coisas.
Uma simpatia, a Fabiana. E muito boa atleta. Foi medalha de ouro no Pan no salto com vara, uma grande surpresa, diga-se. O Brasil não tem grande tradição no salto com vara. A gente foi conversando bastante no caminho. Ela falou sobre o material de que é feita a vara (no caso dela, fibra de vidro; as primeiras eram de bambu), que trouxe dez para Pequim, que cada uma custa 500 dólares, que na Vila todo mundo come no McDonald’s, que o apartamento é muito legal e arrumadinho, e quando passamos pelo Ninho e pelo Cubo, que ela não tinha visto ainda, achou o máximo. E são mesmo o máximo, essas arenas.
Aí chegamos a Tian’anmei e demos uma volta. Entramos por um parque que dá acesso à Cidade Proibida e paramos para tomar um café. Eu e o Élson, claro. Atleta não toma muito café. Mas era uma casa de chá, dentro do parque. Perguntei se a Fabiana queria um chá. Nem pensar. Atleta tem de tomar cuidado. Vai saber o que tem nesses chás?
Tomamos um café, eu e o Élson. Mendel e Fabiana ficaram na água mineral. O açúcar veio em pedras de cristal. Café tomado e conta paga, entramos na Cidade Proibida. Na praça que fica diante dos portões, na verdade. Tem um videozinho aqui. Tiramos fotos e compramos umas besteiras. Eu comprei, os outros são sensatos, só deram risada. Sou meio consumista, essas barraquinhas de besteiras me pegam de jeito. Comprei dois relógios, um amuleto e uma bolsa de lona com uma estrela vermelha e algo escrito embaixo que não tenho idéia do que seja. “Tonto”, pode ser. “Como é que você foi comprar esta merda?”, também pode ser.
Comprei também um amuleto e dei para a Fabiana, que muito simpática pendurou na sua credencial e abriu um sorriso lindo — moça sorridente está aí. É para dar sorte. Todo amuleto é para dar sorte, suponho. Tomara que esse dê sorte a ela.
Em 1999 os jogos panamericanos juvenis de atletismo estavam marcados e agendados para acontecer em Miami. Quando a comunidade cubana de Miami (conhecidos como “guzanos”) soube que os atletas de Cuba seriam recebidos e competiriam em Miami começaram um boicote com protestos anti-Fidel que resultaram na desistênica da cidade em sediar os jogos para evitar confrontos ou tumultos.
Naquele momento Tampa estava começando uma campanha para sediar as olimpíadas de 2012. E eu estava começando meu mestrado na University of South Florida, em Tampa. Em uma classe de Economia Regional, estive em contato com a companhia que queria transformar os trilhos urbanos obsoletos em solução de transporte coletivo para demonstrar a viabilidade da cidade para receber os jogos olímpicos. Nesse ambiente “olímpico” Tampa se apressou em se oferecer como opção para o fiasco proporcionado por Miami, que se declarou impotente para sediar o evento por causa das manifestações da “comunidade cubana de Miami”.
E aí começaram os improvisos de última hora para organizar o evento. Um anúncio buscava voluntários para trabalhar como tradutores Português-Espanhol-Inglês. Para um brasileiro que acabava de chegar à cidade, excelente oportunidade para se ambientar, e assim fui escalado para acompanhar a delegação brasileira. Entre um jantar e outro, muitas competições de um esporte que, admito, não é minha especialidade.
E aí, numa terça-feira à noite, tarde, depois das 22 horas, final do salto com vara. Todo mundo com sono. Quase ninguém assistindo, uma meia-dúzia de gatos pingados apenas, a maioria das próprias delegações. Uma brasileira ganha prata. Sem carinho, sem coberta, sem fotógrafo, sem jornalista, sem registro nenhum: a brasileira sobe ao pódio enrolada na bandeira brasileira e eu e um amigo brasileiro somos as únicas pessoas de fora daquele meio a testemunhar a cena. Meu amigo comenta que “Senna fazia na frente das câmeras para o mundo todo, fazer isso na frente das câmeras é fácil. Depois disso cansamos de ver na TV atletas brazucas fazendo coisas parecidas. Mas levar a bandeira brasileira ao pódio quando se sabe que não há nenhuma pessoa assistindo ou se importando com isso… isso sim é aula de brasilidade. Ela fez isso por ela mesma, pelo seu orgulho de ser brasileira, pelo amor à bandeira.”
Quando se vive fora do Brasil, quase qualquer coisa toca um sentido de patriotismo altamente sensível pela distância da pátria. Mas nada, em mais de 10 anos fora do Brasil, foi comparável à sensação que essa anônima atleta me proporcionou naquela noite vazia. Ficamos os dois bobos lá, tentando segurar as lágrimas… Nunca mais esqueci o nome dessa anônima atleta: Fabiana Muhrer (http://www.gbrathletics.com/ic/paj.htm). Uma simpatia a moça.
Putz, FG, vou te contar…
Pena, mas pena mesmo que esteja tão ocupado e que não possa comentar cada post seu.
Bem lá pra baixo num post, logo quando voce viajou, pedi pra voce mostrar aquela China real, falar de histórias fora do padrão, pra nos apresentar aquilo que nunca ninguem mostra.
Até brinquei dizendo “Senta que lá vem história”.
Mas kamarada… Voce está se superando.
Cada um de seus posts parece um dos “Diários de Viagem”.
Cada um com uma faceta dessa verdade que desfila pelos teus olhos, e que voce gentilmente partilha com a gente.
Duca mesmo, FG. Um post melhor do que outro, todos imperdíveis e deliciosos.
Que voce é um pseudo-piloto-jornalista-comunista-multimídia-braço-duro todo mundo sabia, nenhuma novidade.
Mas quando tem chance, tempo e principalmente quando expatriado, torna-se um admirável cronista do cotidiano.
Voce sabe que invejo esse seu talento, mas nem poderia ser diferente.
Essa sua habilidade e timing perfeitos em pegar um fato simples, ou uma emoção corriqueira, ou uma cena comum e tranformar em palavras é de matar um cara prolixo como eu.
Continua, FG. Continua.
Despeja aí tudo o que rola, que ficamos daqui assistindo e lendo uma Olimpíada que só quem te lê viu.
Voce é muito, mas muito bom mesmo no que voce faz.
E partilha emoções como poucos. Parabéns.
PS1: Se conseguir aumento graças ao escrito, quero minha parte em dinheiro.
PS2: Puxa saco o cacête. Grande escrivinhador, péssimo piloto.
Gostei do “ooooooooooo”
“Brasileiro é tão bonzinho…”
A Fabiana é uma das mais lindas atletas da delegação. Torço por uma prata ou bronze, já que o ouro (ainda) é da russa.
Londres será diferente.
Reportagem legal….. pena que Vocë nâo tirou fotos das tranqueradas que comprou ou da banquinha . . . .
Gente boa, excelente atleta e muito bonita!
A moça é uma simpatia mesmo Vi uma reportagem com ela e a recordista do salto, a russa Yelena Isinbayeva e foi muito legal. Ela merece uma boa Olimpíada !
Será nossa Fabiana Gurgel contra a russa Yelena Lada…
Esqueci de comentar, o que era aquele muleque com um rasgo na calça enquanto vocês entravam na cidade proibida???? muito engraçado!! se tiver a foto dele posta ai por que foi muito hilario!!!
Eu assisti a reportagem, muito boa, pena que ela tinha q treinar e não pode conhecer mais coisas. PArabens e sorte para ela.
Belíssimo dia que vc passou aí em Pequim…rs…Show de bola…Aliás, estamos acompanhado aqui teu blog e tuas matérias na ESPN Brasil…muito bom mesmo…Parabéns…vc merece estar aí…abração…
hi!!
quase não acompanho a programação esportiva, com exceção da F1. Mas essa moça é especial, super simpática e com uma determinação ímpar. Saiu do Brasil, treina no exterior com uma das melhores ou a melhor do mundo no salto. Que ela supere sua companheira! parabéns para ela e toda boa sorte!
Muito bons os seus posts sobre a Olimpiada! Parabens! Vc e (estou sem acento aqui, desculpe) realmente um jornalista diferenciado!
A proposito, fui no Caninde domingo com meu pai. Ele sempre pagou minha entrada (olha que ja tenho 25 anos) mas ontem fui eu que paguei. Claro, era dia dos pais. Mas ele se emocionou. Nunca imaginou que o filho torceria pela Lusa por conta das tentacoes dos titulos dos clubes chamados grandes.
Bom, quanto a nossa Lusa, rapaz, jogou muito bem! Poderia ter feito mais. Se jogarmos assim fora de casa, nao iremos cair e ainda daremos trabalho. Parece que o Espinoza organizou o time.
Vamos aguardar porque a Lusa, vc sabe, quando vc acha que ela vai, ela perde e vice-versa.
Abracos e boa estadia em Pequim.
Acabo de assistir a matéria na ESPN…Bastante simpática a Fabiana. Nao sei se era você mesmo, mas realmente parecia que alguém não muito alto segurava a câmera no momento de uma entrevista com ela.
abraço e parabéns!
Manda muito bem ela, estou torcendo para que venha a medalha!
O bacana é que se ela não for bem podemos culpar você e seu amuleto, Gomes! (rs)
Passou reportagem na TV das bolotas douradas, são 9 fileiras horizontais com 9 bolotas cada, totalizando 81, as que ficam ao alcance dos turistas ja desbotaram. Todo mundo que entra na Cidade Proibida quer tocar nas bolotas para dar sorte. FG, se você não esfregou as bolotas douradas do chineses corre lá, senão ja viu né. Ontem passou um Lada branco caindo os pedaços em frente de casa, lembrei de você na hora…
Eu vi uma vez que na entrada dessa Cidade Proibida tem uma série de bolotas na porta de entrada que são banhadas a ouro e todos que ali passam dão uma esfregada na mão sobre as bolotas que dizem que fazendo isso se aumenta a longevidade…
“O Brasil não tem tradição no salto com vara”.
Infelizmente, Fla!
Taí um esporte que me afeiçôo.
Bração, ops, quer dizer, abração!
Hahahaha filmagem atenta essa em, eis que aparece uma chinesa de saia. Fantástica a cobertura das olimpiadas, eu que trabalho e estudo não to tendo tempo de assistir nada, só nos fins de semana e olhe la. Mais to sabendo e vendo coisa mais interessante que a maioria das pessoas que conheço, só por aqui.
Abraço
Acho a Fabiana Murer o máximo !!
legal! FAbiana é um desses expoentes q sugem do nada, por merito proprio, nessa nossa potencia olimpica de araque!
a rede bobo uma vez fez uma materia “caras” com ela, parece ser gente boa!!!