ADEUS ÀS PASTILHAS
SÃO PAULO (que vida era aquela?) – O Victor Lagrotta manda o link para a notícia da demolição da antiga rodoviária de São Paulo, que funcionou na Luz entre 1961 e 1982 e, agora, dará lugar ao Teatro da Dança, parte dos planos para revitalizar aquela que é uma das áreas mais estupradas da cidade. É ali o coração da Cracolândia, que dá medo em quem passa e deveria causar vergonha nos governantes, que cagam e andam para a situação apocalíptica do bairro, da cidade, do país.
O Hélvio Romero, brilhante fotógrafo da Agência Estado, colocou no ar este ensaio sobre a demolição. A foto que ilustra este post é dele. O prédio era todo de pastilhas, e pertencia, se não me equivoco, a um dos sócios da “Folha de S.Paulo”, Carlos Caldeira. O prédio da “Folha” também era todinho de pastilhas coloridas,do chão ao teto, e quando eu trabalhava lá a lenda que corria era que Caldeira e Octavio Frias teriam recebido milhões de pastilhas como pagamento de não sei o quê. E usaram aquela merda para levantar os prédios sem gastar muito. Um horror, embaralhava a vista, eu deveria ter processado a “Folha” porque hoje uso óculos. Pior é que faz três dias que esqueci em casa.
A rodoviária tinha essa cúpula colorida de acrílico, acho que era acrílico. Era um edifício horrível. Não creio que sua arquitetura deixará alguma saudade. Mas eu me lembrarei para sempre dos tempos em que morava em Campinas e pegava o Cometão para ver a Portuguesa jogar no Canindé toda semana. Saía da rodoviária de lá, que foi derrubada outro dia, também, e descia no palácio das pastilhas e dos acrílicos. Caminhava até a estação Luz do metrô, descia na Ponte Pequena (hoje Armênia) e cortava caminho pelo terreno baldio ao lado da Escola Federal para chegar à rua da Piscina, que também mudou de nome.
A rodoviária de Campinas foi implodida, a de São Paulo está sendo derrubada, a Cometa foi vendida, a Luz virou Cracolândia, a Ponte Pequena agora é Armênia, o terreno baldio foi ocupado por um shopping, a rua da Piscina mudou de nome.
Só eu e a Portuguesa continuamos os mesmos.
Esssa foi a primeira imagem que eu vi e me marcou ate hoje, quando eu e minha famila chegamos do interior e desembarcamos na estaçao julio prestes
Flavio, apesar de ser são-paulino (atualmente desanimado) , fico feliz em saber que alguém ainda torce pela LUSA.
Muito bom Flávio! Meus parabéns pelo texto… Nostálgico!
Flávio, muito legal este post. Sou de Campinas e fiz o percurso entre as duas rodoviárias várias vezes. “C’est La Vie”.
Em tempo, o chopp do Giovanetti continua o mesmo também.
A rodoviária de CPS foi abaixo, mas agora tá com cara de 11 de setembro!!! O entulho de concreto todo retorcido, parece ataque terrorista nos WTC!!! Tudo exposto para os olhos……..
Falando em Lusa, que história é essa de trator enterrado no estádio? Não era sapo enterrado que dava azar? :)
A últma vez que utilizei a antiga rodoviária foi em 1982, quando fui ao Rio assistir ao GP Brasil de F1.
É verdade, Flavinho. A poupança Bamerindus NÃO continua numa boa (o Bamerindus nem existe mais), o Carandiru foi implodido, pararam de fabricar o Santana… é muita “mudernitude” pra cabeça da gente, sô!
Lá em cima eu quis dizer “Minha mãe” no início…
Abraços
Minha falava muito dessa antiga rodoviária. Ela ia muito para São José do Rio Preto, terra dela, de Cometa tbm. Eu lembro q eu ia muito ai quando virou galeria, eu particularmente gostava do local, apesar de estranho. E quanto a antiga rodoviária de Campinas, muitas histórias foram à baixo na implosão, mas o local era feio demais, Campinas merecia algo melhor, como hoje realmente tem.
Abraços
A rodoviária de Campinas espelhou os mandos e desmandos de nossos políticos, pois funcionou por mais de quarenta anos inacabada e com aquele aspecto de filme de terror, agora foi pro chão…
Por outro lado, temos duas coisas em comum, já moramos em Campinas e torcemos, digo, sofremos por dois times de futebol, vc pela Portuguesa e eu pela Ponte Preta, aliás somos os verdadeiros torcedores fiéis, pois mesmo com “meio” título da Lusa e cinco “vices” da macaca, ainda somos fanáticos (isso não tem explicação).
Flavio, a Portuguesa sim continua a mesma, continua não ganhando nada, você acho que mudou muito, você tinha cabelo? abraço.
Alguém já viu um busão ter que fazer baliza para estacionar na plataforma de embarque de uma rodoviária? Pois é, em Campinas era assim…
Agora, na chamada nova “roscoviária” tudo mudou! rs
Antigamente na rodoviária de Campo Grande-MS também era assim, não sei se tem outra agora.
É, era muito pequeno para ter usado a antiga rodoviária, tinha só 6 anos quando ela fechou, já estou na geração Tietê… mas lembro de passar muitas vezes de ônibus ali pela Duque de Caxias e ver aquele prédio com aquele telhado multicolorido, esquisito…
Mas metrô Armênia, antiga Ponte Pequena, foi muito meu caminho e de meu pai para o Canindé, seguindo reto pela Pedro Vicente, passando em frente à Federal e contornando um “templo sagrado” para um adepto dos ônibus que tanto amamos, a garagem Araguaia da CMTC, depois da CCTC. Nem a garagem é mais a mesma, está apenas um imenso terreno fantasma, abandonado às traças, ratos, baratas e quetais…
Aliás, FG, nem a nossa Portuguesa é mais a mesma, porque já se foi o tempo (nem tanto assim, o que são 12, 15 anos?) que um Fluminense viria para um jogo como ontem com o fiofó na mão com medo de tomar pau e levaria mesmo um vareio em campo. Até isso mudou… e, como geralmente acontece, para pior…
A gente que ainda é teimoso com o que se gosta, mesmo que fique velho saudosista (e olha que com 34 anos, não dá para dizer que tá velho), hehehehehe…
Ainda bem que vão colocar aquilo “na chom”!
Aqui em Campinas fizeram o mesmo na semana retrasada. Demoliram a antiga rodoviária que, mesmo quando funcionava, já era um depósito de drogados e gente da pior espécie. Eu só não estive já para ver com meus próprios olhos pq a distancia mínima era 500m (não dava pra ver).
rs, muito pertinente seu comentário, uma vez que realmente a lusa continua a mesma, sempre perdendo.
eu era estágiário em um escritório de advogados aí em sampa e sempre ia ver uns processos em campinas, pegava o cometa. sempre gostei daqueles ônibus e sua fama de andadores.
Uma coisa legal de seu blog são os comentários, tem sempre um monte de história
Gomes, isso so mostra como estamos ficando velhos.
Quanta nostalgia.
FG, de todos os lugares que vc citou, só sobrou a Escola Federal, onde passei os melhores momentos da minha existência!!!
uhauahuah vc nunca responde mesmo… soh falando uma grande besteira… ja disse em outro post q vc deveria vir morar em Campinas, onde ainda poderia dirigir seus carros antigos pela cidade… não sabia que vc morou aqui… vai esperar o trem bala pra vir pra cá? muda a agencia ue… nao iria se arrepender hehe…
Deixando de lado o estilo do prédio o que mais me lembro da rodoviária era o anúncio das saída dos onibus :
“Casas Pernambucanas informam as próximas partidas …”
E as Casas Pernambucanas ainda existem !
Flávio, tenho de reconhecer que você escreve incrivelmente bem. E às vezes se supera nos posts mais despretenciosos…
parabéns e um abraço,
Coisa linda a união kitsch de pastilhas e acrílico, o material referência dos anos 1970. Deixará saudades sim. E as fotos são sensacionais. Parabéns por, a partir dessa coisa trivial que é falar de carros e seus desdobramentos, chegar a outros temas, sempre muito bem sacados e conduzidos. Razão do sucesso do blog. Valeu!
Em uma lanchonete dessa Rodoviária vi Caetano Veloso cantando “Alegria, Alegria”, no Festival da Record de 1967. Foi aí também que à luz do “sol nas bancas de revista” (creio que em 10 de outubro desse mesmo ano), vi a famosa foto do “Chê” – do cadáver, digo – estendido em uma maca com os olhos vidrados. Naquele tempo o barbudo ainda exalava uma aura romântica e a gente achava o supra-sumo do existencialismo contestar o uso de lenço e de documento.
PONTE PEQUENA!!!!!! Sempre quando vou a SP e uso o Metrô e passo pela estação Armênia, fico tentando lembrar o antigo nome dela.
Também me lembro bem dessa rodoviária. Quando tinha meus 10/11 anos morava em Jacareí e adorava ir a SP com meu pai, que comprava relógios na galeria Pajé pra revender na fábrica onde ele trabalhava.
Isso foi pelos idos de 1976, 1977…
Acordava cedinho e íamos de Pássaro Marrom até essa rodoviária antiga, mas logo inauguraram o terminal Tietê.
O tempo voa….
Implodiram a rodoviária de Campinas? Que tristeza!
eh q vc nao viu a nova… aquele esqueleto nao prestava pra mais nada… nunca prestou… aquela rodoviária era uma aberração…
Salta na Ponte Pequena, desce a Pedro Vicente, cruza a Cruzeiro do Sul. Fiz isso centenas de vezes, quando estudava na Escola Técnica.
Aliás, estive no coração do império, NY, e achei uma lojinha que acho que te agradaria. Chama-se Russian Souvenirs, ou algo assim.
O dono, um senhor já entrado nos 80, ucraniano, de inglês rústico, vende todo tipo de quinquilharia do glorioso regime, de buttons originais das olimpíadas de moscou a chapéus de couro e marta do antigo exército vermelho.
Incrível, o lugar. Daria pra passar umas boas horas à cata de quinquilharias, não fosse o dono um homem um tanto mal-humorado e desconfiado dos visitantes. Ainda assim, consegui bater um papo e ganhar uns cartões postais de brinde, ao contar que há muitos ucranianos aqui em Curitiba.
Nada é barato, mas nisso nosso amigo tá certo, porque aquilo vale muito mais que as bugigangas de plástico dos capitalistas.
Enfim, se fores a NY, apareça. Mas vá logo, que nosso amigo não parece ter herdeiros dispostos a manter o negócio. A loja fica na Rua 14 Leste, entre a 1.ª e a 2.ª avenidas (ou entre a 2.ª e 3.ª, já não me lembro bem).
Nos anos 80 e 90, haviam até carrinhos de ambulantes legais, em pontos turísticos (WTC, etc.), com venda de artigos made in Russia – as bonecas de madeira que se encaixavam umas nas outras, casacos e chapéus militares, e medalhas, muitas medalhas – como faziam medalhas na antiga URSS, deve ter sido este o motivo da derrocada do regime, não havia ferro e aço suficientes para tantas medalhas, rsrsrs…
Mas não faltam tentativas de alterar o nome da Portuguesa para Lusa.
“A rodoviária de Campinas foi implodida”
Implosão mixuruca, mas implosão. Boa parte da estrutura não desabou de maneira correta.
Sério? A implosão ainda foi mal-sucedida (vou copiar o dono do blog… malsucedida? mal sucedida?)?
Não viaja Flávio…
Vc mudou sim! Como não? E o cabelo?
Me lembro quando uma vez fui com meus pais levar a minha avó à rodoviária. Criança, tinha simpatia pela arquitetura kitsch deste prédio.
Espero que este espaço seja mesmo revitalizado. Acho que só no Brasil o centro das cidades, ao invés de dinâmicos e movimentados, são mal-conservados e perigosos.
Mon Dieu! Só no Brasil?! Você diz dos centros, inserido em que universo? O das cidades do mundo civilizado?…
No mundo inteiro, o problema se repete, colega, é a tendência das empresas procurarem espaços maiores, prédios mais modernos, e acesso mais fácil, e consequente abandono de vários prédios e regiões inteiras.
Aí é que entra a ação dos órgãos públicos e do Estado para revitalizar estas regiões. Ex. Porto Madero em Buenos Aires, a região portuária de Barcelona, etc.
A revitalização da região portuária de Buenos Aires deu o que falar. Como aqui, lá houve muita reação contra o “neoliberalismo” e a “privataria”. Gente retrógrada que preferia ver aquelas bibocas decadentes sendo sustentadas com dinheiro público.
Um primo meu tinha lá uma churrascaria e pagava o equivalente hoje a 100 reais de aluguel!… Menen foi crucificado e maldito pela ousadia em por fim à mamata – e à sujeira.
Hoje não passa um turista de bate-e-volta naquela cidade sem ir se maravilhar com os bares e restaurantes do porto. O tempo é senhor da verdade.
Voce trabalho na folha e não lembra que o predio da Barão de Limeira era tambem da mesma pastilha da rodoviaria, tá ficando velho e nem lembra das coisas mais em.
Você tem algum problema, não sabe ler?
Fico feliz de te respondido algo meu, fiz de proposito para ti pois sempre escrevo aqui e voce nem responde, obrigado adoro visitar todo dia aqui.
Nem que seja pra levar coice né? hehehe
Neguinho é doido mesmo. Fala bobagem só pro cara dizer qualquer coisa. Uma dica: é só falar mal do Domingos!
não bate que eu gamo kkkkkkkkkk
E quando se ia de trem p/ o Rio então???
Já passei, algumas vezes pela antiga rodoviária de Campinas. Dizem os locais que o prédio era destinado a uma maternidade (!!!), mas virou uma rodoviária. É outra que não vai deixar saudades…
Flavio,
implosões à parte, a antiga rodoviária de Campinas era uma verdadeira aberração. Começou a ser construída na década de 70 e nunca foi finalizada.
Dizem que ali deveria ser um hospital, pois o terreno pertencia à Maternidade de Campinas, mas ergueu-se a Rodoviária (antes, os ônibus paravam por ali, mas não havia um prédio).
A rodoviária se tornou um dos prédios mais horrendos que já vi na minha vida. Com pouca funcionalidade e com um aspecto de inacabado, que perdurou até a inauguração da nova rodoviária de Campinas, o terminal Magalhães Teixeira.
Essa sim, um pouco mais moderna, limpa, clara e com um aspecto de finalizada. A implosão da antiga se deu recentemente. Há boatos que um shopping será erguido por lá. A região não é das melhores, como o entorno da antiga rodoviária paulistana, esperemos que um novo edifício possa melhorar o ambiente.
Você morava onde em Campinas?! Hoje moro em São Paulo, e fiz esse trajeto (apenas na rodoviária do Tietê) diversas vezes. Mas já peguei Cometa (ou seria Cristália?) em Campinas para ver meu Bugre jogar no Canindé também!
Um abraço!
Rodoviárias no mundo inteiro, quase sempre, parecem que foram construídas para enfeiar e estragar o entorno em que estão.
E para piorar, as construídas entre os anos 60 e 80 geralmente não previam espaço para estacionamentos (Rio, SP-Luz, Santos – minha cidade, a antiga de Campinas, etc.), o que hoje é um sério agravante.
Á única rodoviária que acho bonita é a de Londrina, mas não vou lá há uns 10 anos, não sei como ela está hoje me dia. Quem pode falar a respeito?
Ah, aproveitando, e onde fica a nova Rodoviária de Campinas?
Será?
Um dos pontos positivos da antiga rodoviária de SP, era a “linha” dos ônibus … eles entravam por um lado e, seguindo reto, saiam pelo outro lado, sem a necessidade de manobrar … economizando tempo e espaço .. na época da construção da Rodoviária do Tiete, ela foi critica por não adotar esta configuração … O prédio da antiga rodoviária não tinha virado um out let ou coisa parecida ??
era um shopping de atacado de roupas dos coreanos. Acho que foi desapropriado ou permutado.
FG, obrigado pela menção e parabéns pelo texto, você fez uma limonada de um limão. Vão gastar trocentos mil~hoes no prédio, e qual é a verba para recuperar os viciados ? zero . Vai resolver o problema ? não, porque lembraram do prédio mas esqueceram-se das pessoas . Como sempre.
Acho que esse problema de vista que vocÊ tem é o mesmo que eu tenho que me impede de ver filme 3D . Fica tudo embaralhado.
Ah, e fazendo um comentário bem maldoso, namorei uma arquiteta de língua ferina , que comentou, ao passar em frente : ” existe o estilo art-decô , mas o prédio da rodoviária é art-baianô” . (prezados soteropolitanos e baianos, não levem a piada a sério, era só uma crise de TPM, e na verdade, o prédio era puro paulistanô) .
“Só eu e a portuguesa continuamos os mesmos” … temerosa comparação, não??
Abs.
Carlos
Bom, se o monstrengo vai dar lugar a um teatro e há planos de revitalização é sinal de que não estão cagando tanto. Menos mal.
Mais uma prova da gestão dinamica e eficiente do nosso tão injustamente criticado – por alguns – prefeito.
Mas há setores que se amofinam com a revitalização do centro. Quiçá a miséria seja o lastro de sua atuação política.