OS PILOTOS

SÃO PAULO (3 de 4) – Estou escrevendo muito, prometo ser mais breve.

Já ouvi de muitos pilotos, muitos, uma queixa mais do que pertinente. A molecada que corre hoje é ruim demais. E totalmente despreparada. Longe, muito longe, de ser o caso de Sondermann, que teve uma carreira sólida, que andou de kart, que correu na F-Renault (foi lá que o conheci, em 2002), que fez um monte de coisa.

O fim das categorias de base está levando alguns garotos do kart para os caça-níqueis (Stock Jr., Mini Challenge, sei lá o que mais) e, depois, para a Montana e a Stock. Muitas vezes, passa-se também por regionais de Marcas, ou de carros bacanas. Em nenhuma dessas categorias se aprende alguma coisa.

Não há mais uma padrão, isso é claro. Um plano de carreira. Hoje, é importante ter bons relacionamentos. “Network”. Para arrancar dinheiro de empresas dispostas a agradar um ou outro, fazer negócios. É o pai que tem a firma que distribui não sei o quê, e tem um filhote que gosta de carro, e aí fecha um patrocínio com um fornecedor, garante o business do vendedor desde que ele banque a brincadeira do rebento, e assim vamos. Virar piloto é fácil. Tirar carteirinha na CBA não demanda muito esforço. Quase nenhum. As exigências técnicas são sobrepostas pela capacidade financeira.

O resultado é que só chegam a correr nas categorias mais endinheiradas aqueles que são mais… endinheirados.

Com toda a carga de preconceito que esta minha próxima assertiva carrega, reconheçamos nela algum traço de realidade: garotinho endinheirado, filhinho de papai, que nunca precisou tirar nota boa na escola e nunca andou de ônibus, é geralmente um ser insuportável. Arrogante, metido a besta, acostumado com a impunidade.

De novo, recorro por antecipação aos pilotos de verdade para que me defendam.

Mas procurem conhecer o tipo de gente que forma, hoje, o universo das corridas midiático-corporativas que compõem a elite do automobilismo nacional. Eu costumo brincar que o centro desse universo são os escritórios bacanas dos marqueteiros da Vila Olímpia. Estou errado?

Bem, esse comportamento que se vê nas ruas das maiores cidades, nas baladas mais exclusivas, nos Porsches e Ferraris, nas lojas de importados da Avenida Europa, diante das vitrines do Iguatemi, se reproduz nas pistas. Há uma total falta de respeito pelos adversários, um total desconhecimento de princípios básicos de esportividade e decência na competição. São agressivos, hostis, intolerantes, impacientes. Perguntem aos pilotos o que eles acham de seus colegas. Procurem em fóruns, ou facebooks, ou orkuts, ou twitters, as trocas de gentilezas entre pilotos. Procurem saber o que um pensa do outro. Leiam estes depoimentos aqui, tomados pelo Américo Teixeira Jr. com a molecada da Copa Vicar em 2009. Vejam o depoimento do Cássio Homem de Mello no blog do Victor Martins.

A maioria não tem a menor — repito, a menor — condição de guiar esses carros. Pode até adquirir, com o tempo. Mas eles chegam despreparados, crus, sem escola, sem nada. Acham que do kart indoor para uma Maserati que o papi-milionário aluga é um passinho só. E não é.

O Brasil não tem pilotos, em resumo. Hoje, corrida de carro se resume a um conjunto de eventos corporativos. É hobby de gente rica. Que joga pólo, aquele de cavalo, num fim de semana; no outro, vai para Portugal andar de Porsche. Eu sei que pode parecer meio rude dizer essas coisas. Mas ninguém precisa se ofender. Se eu fosse milionário, também iria para Portugal andar de Porsche — dispensaria o pólo, porém, que acho uma babaquice. Mas, antes, me prepararia para isso. Faria cursos de pilotagem. Começaria lá embaixo. Aprenderia.

A molecada acha que não precisa aprender nada. Sem citar nomes, nem episódios específicos, afirmo sem nenhum medo de errar que a maioria dos acidentes graves que se veem por aí são motivados por toques desnecessários ou desleais, típicos de quem não tem experiência nenhuma de nada, de quem não mede consequências, de quem pega o carrinho do papi-milionário no fim de semana e vai para a estrada mais próxima com algum tonto no banco do carona para gravar o velocímetro e colocar no YouTube.

E, de vez em quando, corre em autódromos.

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Leduard
Leduard
13 anos atrás

Falta de educação misturado a muito dinheiro gera aberrações. No âmbito do ser humano o resultado é a idiotice. Infelizmente o Brasil está cheio de tais tipos.

José Brabham
José Brabham
13 anos atrás

Encerrou sua trilogia com chave de ouro! Parabéns!

zeabreu
zeabreu
13 anos atrás

Foram-se os tempos em que a formação do piloto começava pelo kart e depois pelas categorias escola:formula ford,formula vw,formula fiat,formula 2,formula 3,formula renault, e depois de alguns anos é que escolhia a categoria que queria seguir.Tempos em que as fábricas nacionais apoiavam as categorias escola.Vide a carreira do grande Senna, que somente correu de kart no brasil antes de seguir carreira internacional.Saiu do brasil e foi para a formula ford inglesa e depois decolou.O que falta no nosso automobilismo é uma categoria escola, para formar a garotada antes de entrar em carros com 400/500hp.

Clezio Soares da Fonseca
Clezio Soares da Fonseca
13 anos atrás

Boa Flavio ! É tudo isso que você disse e muito, muito mais. Vou ser repetitivo mas, tomemos como exemplos de pilotagens a disputa do GP da França F1 1979 com René Arnoux Vs Gilles Vileneuve e se puderem, analisem cada centena de metros percorridos e verão as sutilezas de habilidades dos dois pilotos, as malícias do Gilles como se estivesse jogando xadrez com Karpov e o René como se fosse um Tiger Woods no golfe. O que está acontecendo hoje em dia no automobilismo tanto nacional quanto internacional, é a semente que aquele pilantra do Jean Marie Balestre plantou quando fêz aquela patifaria junto com o Prost, por conta disso, os pupilos da CBA e de suas federações, relembraram e voltaram a adotar a velha lei do Gerson.

Jose Donatelli
Jose Donatelli
13 anos atrás

Mudanças, em geral, ocorrem após mobilizações consequentes às comoções, que lamentavelmente custam muito sofrimento. Vivemos outro momento muito triste, que nos leva outro companheiro de oficio. Ato continuo, a temporada de caça às bruxas se estabelece. Críticas ao evento, CBA, carro, resgate… Quando todos estes só podem atuar nas prevenções e consequências de um acidente como esse. Deveriam fazê-lo melhor, mas não poderão evita-los totalmente.

Os autódromos podem e devem ser melhorados. Interlagos pode ter a chancela da FIA, mas o corredor murado da reta é estreito, ultrapassado e perigoso. Não há escape. A curva do Café pode ser alterada, a reta não. A chicane “da moto” não é uma boa soluçao, porque, ainda que mais lentamente, direciona o carro para o muro. Uma soluçao melhor, seria um “S” ao contrário, em direçao ao traçado antigo. Porém, se Interlagos precisa de reformas, todas as nossas pistas precisam, ainda mais.

O projeto do “light” já tem 10 anos, mas em termos de segurança, está apenas atrás do novo carro. Se fosse condenado, praticamente todos os demais carros do automobilismo no país, também seriam. É claro que tem que ser evoluído, mas não foi este o fator decisivo. O resgate demorou pouco mais de 30 segundos, a ambulância, pouco mais de um minuto e o Dr. Dino é um médico competente e experiente.

Hoje, já existem recursos técnicos, que permitiriam até que o diretor de prova desligasse e parasse os carros, mas não há pista, engenharia, regra, comissário ou resgate, que confiram a um corpo humano, resistência suficiente a um impacto semelhante a esse. Não existe nenhuma mudança que impeça um carro de parar no meio da pista, após uma colisão ou rodada. Em qualquer categoria do mundo, um carro parado, colhido a uma velocidade como ocorreu com o Gustavo e Rafael, comprometerá seriamente o piloto.

Como o piloto é sempre a parte mais exposta, é também o mais preservado das criticas nestas situações. Se a pista, os carros e as autoridades não mudaram – e precisam mudar! – desde o acidente com o Rafael, a atitude dos pilotos também não.

Na pista, como fora dela, Gustavo era um gentleman. Numa das melhores declarações de um piloto que já ouvi ele compara uma disputa leal na pista, como uma prova de natação, “onde um nadador mais rápido, não dá um soco no outro para ultrapassá-lo”. Justo ele, que já havia sido tocado desnecessariamente na prova, ficou parado no meio da mesma pista, na mesma curva, da mesma categoria, com o mesmo carro, no mesmo evento e, não acredito em coincidências assim, com o mesmo conjunto de atitudes perigosas dos pilotos, que vitimou o Rafa.

A “light” – como a Mini, como era a “Jr.” e a “Racing” – é prodiga em acidentes, disputas e toques desleais e desnecessários. Quem fica no autódromo depois da “Stockona”, sabe que assistirá a acidentes e situações bizarras. O automobilismo profissional, por principio, exige responsabilidade com os patrocinadores e público. Os profissionais da “V8” raramente se envolvem em acidentes sérios. Há muitos anos não existem vitimas fatais e, talvez não por acaso, a última também não possuía vinculo profissional com seus patrocinadores, assim como acontece em geral na “light”.

Quando os pilotos aspirantes às poucas vagas remuneradas do automobilismo brasileiro forem “profissionais”, lembrarão que a primeira coisa para ser bem-sucedidos nas corridas, é termina-las. Fazendo a parte deles, estarão também mais seguros e menos suscetíveis às pistas que não serão reformadas, aos carros que não serão atualizados, às mudanças que não dependem só deles. Não há estrutura, que suporte a estupidez.

Flavio Gomes
Flavio Gomes
Reply to  Jose Donatelli
13 anos atrás

Perfeito.

Paulo
Paulo
13 anos atrás

O grande problema do automobilismo, pólo, badminton ou qualquer outra merda de atividade esportiva ou não em nosso País é a imensa falta de educação de grande parte de nossa população, ninguém respeita mais ninguém e obviamente boa coisa não pode dar, né ?

Marcelo
Marcelo
13 anos atrás

“dispensaria o pólo” foi ótima, realmente é muito chato, basta perguntar para o cavalo.

Rodrigo
Rodrigo
13 anos atrás

PERFEITO!!! Mas isso é culpa de uma sociedade consumista e de famílias sem base moral nenhuma!! Na minha época (tenho 33 anos) um aluno ir para a diretoria era um absurdo!!! Todo mundo morria de medo: vou levar esculacho do meu pai, minha mãe vai me bater, vou levar esporro do diretor(a)… Alías só a cara de bravo do meu pai me botava terror…Hoje… Os imbecis gritam com professores e diretores como se tivessem lá para mimar seu filhote, fazem barbaridades no trânsito com seus pimpolhos presenciando tudo… Sacaneam e trapaceam e ainda contam para seus filhos de “como papai é esperto”… Como o René Simões disse um dia: “Estão criando um monstro”, mas na verdade são muitos, MILHARES deles!!

Hugo
Hugo
13 anos atrás

Fenômenos parecidos ocorrem não só no automobilismo brasileiro, mas na sociedade brasileira em geral…temos hordas de filhinhos de papai, gente de 20, 30, 40 anos com comportamento de crianças e psicopatas…veja o atropelador de bicicletas no RS…vejo semelhanças comportamentais nesse pessoal todo..não há honra, não há valores, não há respeito…é uma geração perdida na minha opinião, cabe a nós educar nossos filhos para que não virem esses monstros no futuro

JOSE GERALDO MACHADO ANTUNES
JOSE GERALDO MACHADO ANTUNES
13 anos atrás

PARABÉNS, FLAVIO, concordo com tudo, em gênero, número e grau, com o que você, inteligente e ousadamente escreveu. MAIS UMA VEZ, PARABÉNS!!!

Fabio do Carmo
Fabio do Carmo
13 anos atrás

Boa Flavio, nao exagerou em nada, soh falou a verdade! Na minha epoca o Paulista de Kart tinha o Antonio Pizzonia, Adre Nicastro, Andre Prioste, Joao Paulo Oliveira, Sergio Jimenez, Tuka Rocha, Ruben Carrapatoso, Felipe Massa, Rafael Mattos, Augusto Junior, Pedro Araujo, entre outros tantos excelentes pilotos que nao vou lembrar!

Poxa, era foda andar no ritimo dessa mulecada ai em cima, o nivel era altissimo, comparavel ao mundial de kart, vc tinha q andar no limite o tempo todo, sem cometer o minimo erro, aprendiasse de mais, era otimo! Aih esse kras iam pras categorias de Formula, minha nossa, o grid ficava nivelado por cima mesmo, se alguem quisesse ser competitivo, tinha que ser competente, rapido, ter conhecimento tecnico…. eh por isso que essa leva aih ganhou tanta coisa fora do Brasil, F-3 Inglesa, F-Renault Inglesa, Italiana, F-Vauxhal Inglesa, F-3000 Europeia, Mundial de Kart, F-Mazda, F-3 Japonesa, etc etc etc, enfim, pilotos de verdade!!

E hoje? Bom, o Flavio jah disse tudo!

hendrix
hendrix
13 anos atrás

resgate filmado por espectadores, dá pra ver q ele morreu na pista

http://www.youtube.com/watch?v=4IfCUY8LJMM

hendrix
hendrix
13 anos atrás

eu queria saber quem é o piloto q joga o falecido pra fora.

acho q a culpa ñ é do café e sim dos pilotinhos maconheiros dos papais-endinheirados

+ como já disse, a culpa será jogada no colo do falecido pelo pneu direito traseiro colocado erroneamente.

depois do pela do gavião pondo a culpa no café pode ate ser uma jogada de mídia pra tal obra (obviamente faraônica e caríssima) ser bancada pela prefeitura.

nada é de graça nem o pão nem a cachaça

Michel Mendonca
Michel Mendonca
13 anos atrás

Já vi disso de perto…

Acompanhei uma etapa da Copa Clio aqui em Vitoria, uns 5 anos atrás…

O piloto da equipe em que eu estava no box, chegou no meio do warm up, com uma cara de ressaca daquelas!!! Depois soube que virou a noite na balada do evento…bebendo todas!!!

E foi direto pra pista…

Paulo Fonseca
Paulo Fonseca
13 anos atrás

Recorrer as imagens, fotografias, perícias , laudos, em seguida responsabilizar os administradores do local do evento, e como responsábilidade objetiva, os organizadores do evento.
Basta tão somente um sentença,para que sejam poupadas vidas de pilotos, fotográfos,jornalistas, público, mecânicos, todos que fazem parte de um espetáculo.
Chegou o momento de buscar um solução plausível.
Lamento profundamente a morte do piloto.
Minhas condolências para sua família e, respeito para todos que gostam de autombilismo.

galileu
galileu
13 anos atrás

trabalhei com o pai do cassio em uma concessionaria chevrolet, é um cara integro, bom piloto, se fosse eu o pai do cassio, não mais o deixaria pilotar essa porcaria argentina que nos foi empurrada goela abaixo.
porque o sr edgardo não nos vendeu o projeto da tc 2000 que é sucesso em seu país, ao invez dessa porcaria?
concordo contigo flavio, tem muleque metido a piloto que não tem condição de dirigir esses carros com mais de 350 cavalos.
tem pseudos pilotos que não tem condição nem noção de guiar em grupo, já que são maldosos e não respeitam os adversários.
no tempo em que corri de opala, havia respeito, todos nós eramos amigos, não,havia essa deslealdade toda que hoje se vê,
o papi tem grana compra o brinquedo para o filho que aprendeu a guiar no play station, fez corridinhas de kart in door com os amigos, e por ele ter mais grana e bancar a brincadeira ai deixam ganhar, ele ele se acha o piloto.
antigamente existiam as categorias: Estreantes e NOvatos, PC piloto de competição e POC
piloto oficila de competição o candidato só subia de categoria se conseguisse 5 bons resultados naquele ano; hoje não, sei se isso existe ainda.
um pequeno exemplo sem citar nomes:
Conheci uma pessoa que era cronometrista e namorada de um piloto da stock na época dos opalas, brigaram e ela jurou que poria tempo nele nas pistas, tirou carteira de piloto com um Xr3 conversivel, (olhem ai absurdo, (não vou mendionar o instrutor pois ele já faleceu),
comprou um stock car, bateu no primeiro treino para conhecer o carro, consertou, treinou e não classificou para sua primeira corrida, mas acabou largando mesmo assim, chegou trocentas voltas atrás, na sua 2ª ou 3ª corrida, saiu para a pista no domingo com pneus de chuva e estampou na curva 3, quebrou a bacia, acabou ali 2 carreiras: a de piloto e de modelo.

ANTONIO CHAMBEL
ANTONIO CHAMBEL
13 anos atrás

Caro Amigo Flavio

Essa sua cônica Piloto está realmente maravilhosa, Ela é a mais fiel fotografia do atual automobilismo nacional. Sou de uma época que eu corria de Kart Senior e assistia ao meu lado a formação de uma geração de Rubinho, Tony, Helinho, e junto com eles o Max que vc pode notar que é um carinha bem diferente daquele tipo por vc descrito. Lembro de ver no alambrado do kartódromo: a mãe do tony, o pai do Rubinho, o velho Wilson pai do Max, todos eles figuras que lutavam com dificuldade para manter o sonho dos filhos e poder mostrar o talento deles para o mundo. Que saudades desse tempo.

MSM
MSM
13 anos atrás

Infelizmente, os vícios não estão só nas pistas, é só ver nas ruas e estradas, como a intolerância, o desrespeito e a impaciência, transformam vários ricos e pobres em animais descontrolados quando estão dirigindo.

Marcelo Pacheco
Marcelo Pacheco
13 anos atrás

Nunca tinha ouvido falar que Edu Guedes, aquele que é chef de cozinha, havia sido piloto, para entrar direto na GT3 a bordo de u potente porsche, ou da mesma categoria, o Constantino Jr, dono da Gol.

galileu
galileu
Reply to  Marcelo Pacheco
13 anos atrás

o constantino já é piloto a muito tempo, inclusive de formula.

Roberto Ross
Roberto Ross
13 anos atrás

Sou piloto a pelo menos 20 anos e o que vejo é o nível técnico ser substituído pelo arrojo desleal, não há mais ultrapassagens premeditadas, estudadas e sim em muitos casos a covardia, sim a covardia, por que piloto sabe muito bem a consequência de um toque no local certo, na posição da pista e na velocidade que esta. A benevolência, por que não dizer a irresponsabilidade de alguns comissários e diretores de provas, salvo raras exceções, que não punem o piloto por atitude antidesportiva, principalmente em categorias onde não estão em evidencia como as categorias de acesso.
Tente andar com a viseira aberta nas 3 primeiras voltas e respirara pedaços de fibra e de carro de tanto são os toques, alguns leais sim!
A formação por escolas de pilotagem que permitem ao aluno com poucas aulas serem graduados para competir com carros de mais de 300hp, (leve em consideração a relação peso potencia, para um carro de rua seria algo em torno de 500hp).
Participe de um Briefing e veja a orientação de alguns Diretores de Prova, não duram mais do que 5 minutos, quando muito alguns informam a hora da largada e a condição meteorológica. Em largada lançada não há punição por queima de largada com medo de interferir em minutos televisivos.
No Campeonato Paulista então a situação é pior, crianças nos boxes, visitantes sem credenciais circulando, onde carros passam a mais de 100Km/h. Quando alguém colocará um radar de meros R$ 500,00 (meia inscrição) no box para controlar e punir a velocidade de acesso em vez da cena patética dos comissários abanando os braços para o piloto diminuir a velocidade.
Tente localizar no box algum extintor de incêndio.
Nos últimos cinco anos, se muito, houve apenas uma fiscalização no equipamento do piloto, validade do capacete, validade do macacão, utilização de sapatilhas anti-fogo e não sapatilha “marca fashion” de couro e plástico e luvas.
Para não falar nas condições da pista, reze para seu carro nunca quebrar no mato seco que cerca a pista. É fogo certo.
Infelizmente outros casos como o que ocorreu domingo irão acontecer com as mesmas, ou próximas, consequências.

Rubim
Rubim
13 anos atrás

esse vídeos ilustram um pouco o nível de segurança da NASCAR em acidentes parecidos com o de ontem:

Eric Martin (2002) este foi fatal (acho que carro nenhum salvaria ele):

http://www.youtube.com/watch?v=awI4JsGqbgs

Dario Franchitti (2008) apesar da velocidade bem maior em relação às “montanas'” e do estrago na porta ter sido grande o franchitti saiu andando, só com o pé torcido, No final do vídeo tem um cara mostrando a “gaiola” dos carros da NASCAR e da pra ver enorme diferença das usadas na stock :

http://www.youtube.com/watch?v=RrhZOGU6vZc

max
max
13 anos atrás

Acredito que o Tiago Geronimi (esse que deu o primeiro toque) tem uma parcelinha de culpa sim… estava atrás, deu um “totó” na traseira esquerda, em plena aceleração, com chuva, para mim isso é descontrole emocional, meio que “pessoal”, ou ele pensa que está na Nascar, aonde os toques são maiores e consequencias menores???

max
max
13 anos atrás

Flavio, não existem mais pilotos de carreira no Brasil, você tem razão. Outro dia eu li uma entrevista de uma tal aí que corre no Brasileiro de SupeBike, caiu e quebrou o femur (um dos principais pilotos). O cidadão tem 23 anos e descobriu a 2 que era isso que queria fazer da vida… filhinho de papai, será???

willian
willian
13 anos atrás

Desculpe se eu estiver indo contra sua vontade, FG, mas ao ler esse post não teve como não se lembrar daquele tonto que é patrocinado pela Garoto…

mario aquino
mario aquino
13 anos atrás

Eu sempre fui ver automobilismo porque o meu irmão mais velho sempre foi maluco por corridas, destruiu o primeiro carro que comprei, fazendo curvas alucinadas aqui no alto da Serra da Cantareira, e ainda com alcool na cabeça, isto depois de fazer o curso do Marazzi e ter sido aprovado.
Resumo da ópera, automobilismo sempre foi um esporte de meio dementes, e quando em sempre tem um demente completo no meio, sem contar as grandes vaidades que sempre existiram no meio, vide pessoas ruins e más que existem em qualquer meio profissional. Nos dias atuais, onde a educação que a minha geração tem passado para a nova geração é aquela de respeito nenhum, vantagem todas e soberba absoluta, especialmente entre os ricos, mas também entre os pobres, qualquer pobre hoje que porte um celular não mais se sente pobre e passa a sofrer do complexo da elevadíssima auto-estima, perdendo toda a sua humildade.
A verdade é que nunca gostei de automobilismo por isto tudo, na década de 70 eu me lembro daquele magote de vaidosos caminhando pela pista, tinha mais gente na pista na hora da largada do que na arquibancada, e cada um que estava ali na pista sentia-se superior, não importando se estava atrapalhando ou não.
Tinha gente na pista e até cito nomes: Pedro V.Delamare/Reynaldo Campello e outros mais que estavam ali só para aparecer, não tinham nenhum propósito esportivo, sómente acontecer, e isto me parece que não mudou em nada.

galileu
galileu
Reply to  mario aquino
13 anos atrás

criticar pedro vitor de lamnare e reynaldo campelo? vai torcer pro arranca toco de piracicaba,

Luciano Monteiro
Luciano Monteiro
13 anos atrás

Caro Gomes, temo que um dos exemplos que você citou quase a título de chacota fosse, se viável, a solução para o automobilismo brasileiro. Falo das corridas em Portugal.

Acompanhei o evento do Porsche GT3 Brasil no Estoril, semana passada, e de lá voltei um pouco mais esclarecido, do ponto de vista automobilístico, sobre as diferenças entre o primeiro e o terceiro mundo – algo que para você, claro, nada tem de novo.

Um autódromo “velho”, de 1972, com uma infra-estrutura de dar inveja a qualquer dos 14 ou 15 do Brasil. A pista, salvo poucas alterações (feitas em nome da segurança) é praticamente a mesma que o público do Brasil “visita”, via YouTube ou DVDs, para rever a corrida de F1 de 1985. Quem já esteve no Algarve, o que não é meu caso, relata que é incomparável.

Talvez seja essa, caro Gomes, a solução para o automobilismo brasileiro, ao menos no que diz respeito às condições dos autódromos – levar as categorias daqui para o primeiro mundo. Não sei se foi esse o intuito da visita que Carlos Col teria feito à pista do Algarve semana passada, horas antes de visitar o evento do Porsche GT3 Brasil no Estoril.

Parece que, também no automobilismo, o Brasil só tem como dar certo lá fora.

Wallace Michel
Wallace Michel
Reply to  Luciano Monteiro
13 anos atrás

Desde quando a Porsche GT3 Brasil é categoria automobilística profissional?

Guilherme Corrêa
Guilherme Corrêa
13 anos atrás

É só olhar para do meio do grid para trás (tirando alguns pilotos de verdade) que já sabemos quem é quem
att
Guilherme Corrêa

Leonardo Farias
Leonardo Farias
13 anos atrás

Flavio, suas colocações e indagações a cerca do automobilismo nacional estão cobertas de razão, te parabenizo pelo profissional que é e da minha parte endosso o discurso por melhorias.

E mais, esta mais do que na hora de surgir investigações jornalísticas sérias sobre algumas das praticas sujas da CBA, VICAR e toda essa cambada de incompetentes.

edu
edu
13 anos atrás

lamentavel e veridico o que vc falou e tambem vergonhoso mas nao é só os riquinhos que sao irresponssaveis os jovens andam por ai com carros que parecem discotecas sem habilitaçao e muitas vezes alcoolizados fazendo da via publica o quintal de casa

Joca
Joca
13 anos atrás

Estou a anos nesse negócio para dizer que cansei de ouvir pilotos (no meu ver não importa a categoria entrou em um carro de corrida é piloto que é dividido em nivel) dizerem que querem segurança etc…, mas quando entram dentro do carro esquecem segurança, toques, loucuras etc.. sem contar que em algumas rodas se formam grupinhos que dizem que vão mudar, vão brigar por melhorias etc.., mas quando chega a hora tiram o corpo fora.
Vamos ser realistas no meu ver não há segurança no automibilismo brasileiro( a começar pelo resgate que na maioria das vezes é voluntário) em qualquer categoria, mas é um esporte de alto risco que dizemos a nossa familia, filhos esposas que não tem perigo comigo não vai acontecer nada e as vezes acontece.

alex
alex
13 anos atrás

Estamos regredindo aos primórdios do automobilismo, há 80, 90 anos atrás quando era lugar-comum encontrar nobres, filhos de magnatas, reis e nababos brincando de correr de automóvel. Só que eles tinham, ao menos, mais educação.

R/T
R/T
13 anos atrás

Algumas figuras do grid dessas categorias costumam vir pro litoral, e sem citar nomes, soube de histórias sérias a respeito dessas figuras, histórias que seriam comprovadas sem esforço pela CBA caso o antidoping valesse pra alguma coisa, são histórias em que os envolvidos são frequentadores da Ilhabela e do Sirena, onde se fartam de desilados e “bala” e daquela substancia em forma de pó

Esses são minoria, e são conhecidos dentro do meio, principalmente por suas aventuras etilicas, mas é injustificavel que não se faça nada e essas figuras ainda participem de corridas

Antonio Contreras
Antonio Contreras
13 anos atrás

Tocam os adversários como fazem no vídeo game, pensando que não vai acontecer nada.

Temos a Classic Cup como exemplo de pilotos que se respeitam.

André Mello
André Mello
Reply to  Antonio Contreras
13 anos atrás

Antonio, eu corro na Classic Cup e realmente existe este respeito, a maioria dos pilotos joga limpo, porém acho que somos mais cautelosos primeiro porque não somos pilotos profissionais, nao vivemos disso, pagamos para correr e se batermos o carro o prejuizo é todo nosso, 99% dos pilotos corre pagando do proprio bolso, ninguem tem patrocinio para colocar outro carro na pista na prova seguinte caso aconteça uma batida com avarias na corrida anterior.

Flavio Bragatto
Flavio Bragatto
Reply to  Antonio Contreras
13 anos atrás

Mas a resposta para isto é simples:

Não há uma corrida no calendário em que os pilotos se matem por R$1 milhão. Nem sei se há premios, mas se houverem, com certeza, tem uns 3 zeros a menos.

Mario Mesquita
Mario Mesquita
13 anos atrás

Ou seja, cinquenta, sessenta anos de automobilismo nacional jogado no lixo. Que merda…