NAS ASAS
SÃO PAULO (escapei dessa) – Pousar no velho aeroporto de Kai Tak, em Hong Kong, não era exatamente tarefa das mais fáceis. Para ninguém. Para pilotos, que eram obrigados a fazer uma curva maluca para aprumar em baixíssima altitude depois de desviar das montanhas, lambendo prédios e brigando com o vento. Para passageiros, que ficavam desesperados cada vez que uma rajada lateral pegava a ave de jeito. E para quem estava em terra, que a cada cinco minutos olhava para o céu e via um avião prestes a cair. Segundo relatos, não aconteceram muitos acidentes nesse aeroporto, desativado em 1998. Rodolfo Picolé mandou o vídeo.
Estive uma vez em Hong Kong, já nem lembro o ano. Mas não pousei nesse aí não, e sim no novo aeroporto construído numa ilha artificial, mais amigável para quem pilota aviões. Achei aquele enclave ultracapitalista em território chinês uma bosta. OK, passei só algumas horas lá, numa daquelas escalas de dez ou 12 horas para seguir, não lembro bem, para o Japão, para a Malásia, ou talvez para a China. Talvez o julgamento seja superficial. Mas a impressão que tive foi que havia um skyline com prédios fabulosos e, duas ruas para trás, edifícios enormes onde milhões de pessoas moram empilhadas em quitinetes indecentes. Se acham que estou exagerando, é só olhar isso aqui.
Fica a pergunta para a blogaiada: alguém já pousou em Kai Tak?
Tinha que ter muito braço pra pousar um Jumbo ou um Concorde nesse aeroporto. Mais insano ainda, depois da curva, é o avião iniciando o pouso com vento lateral pra complicar tudo de vez. O que devia ter de arremetida nessa pista…
O Dc10 da Alitalia era lindo
Se se impressionaram com as imagens das moradias em Hong Kong, então sugiro que procurem um dia ver uma favela no nordeste do Brasil!!! Isso aí é luxo!!!
Tirando a chance real de matar centenas de pessoas. Devia ser legal pra cacete pro piloto pousar aí. Imagino que seja por essas coisas que o cara sonha em ser piloto.
Estive em Hong Kong por duas oportunidades, já utilizando o aeroporto moderno (ainda bem!).
Sim, Hong Kong tem uma desigualdade assustadora, é um dos metros quadrados mais caros do mundo (se não for o mais caro), e há cortiços verticais gigantescos aglomerando pessoas como animais.
Os mais pobres chegam a ter como “casa” uma gaiola de um beliche. http://www.weirdasianews.com/2009/11/21/hong-kong-citizens-living-cages-literally/
Porém, conversando com chineses, me responderam que essas pessoas se sujeitam à esse tipo de vida porque a vida no campo é ainda pior.
Nos últimos 20 anos, a China é disparado o país com maior crescimento no número de milionários/bilionários, e a grande parte deles enriqueceram com indústrias semi-escravagistas em regiões industriais (Shenzhen e Ghangzhou, por exemplo), mas os ricos optam pelas cidades mais “ocidentais” como Hong Kong e Shanghai para viver luxuosamente, numa ostentação que não vi em nenhum outro lugar do mundo.
Há uma verdadeira disputa, entre os multimilionários chineses, de quem faz maior extravagância, e as grandes marcas europeias e americanas do mercado do alto luxo adoram esses consumidores.
Tive a oportunidade de morar em Genebra, e as grandes joalherias/relojoarias tinham pelo menos um atendente chinês para atender exclusivamente esse público, que torravam milhares de francos para ostentar no braço um Paket Phillippe.
O mundo está ridículo.
Pousei duas vezes. Uma à noite na aproximação Norte, onde não é feita a famosa curva a 5s do pouso, mas se voa um bom tempo à altura das janelas das “quitinetes”. Da segunda vez pousei na aproximação Sul, bem mais emocionante – e foi de dia. Saudades de Kai Tak, fiquei também um bom tempo vendo os pousos enquanto esperava meu voo…
Flavio,
Kai Tak teve diversos acidentes e incidentes, desde os muitos “strikes” (toques) de turbina e ponta de asa com a pista, ate´747 varando a pista e caindo no mar, e me lembro de outro Wide Body, não me lembro qual, derrapando e indo parar no gramado. Só não me lembro de acidentes com fatalidades.
Infelizmente, ou felizmente, nunca pousei em Kai Tak, hoje desativado: virou um bairro.
Kay Tak era o paraiso dos “spotters” de aviação
Fui trader durante vários anos e pousava em Kai Tak várias vezes por ano . A primeira achei q iríamos bater num prédio , e numa outra oportunidade num 747 vindo de Johanesburg fomos obrigados a arremeter, assustador ! Mas adorava durante as decolagens a noite ver o luminoso da Ferrari c o cavalinho numa autorizada ao lado da cabeceira da pista ! Bons tempos…
Já pousei em Kai Tak 3x. Meus pais eram tripulantes da saudosa VARIG. 1995, 1996 e 1997. A Varig tinha baseamento em Honk Kong para tripulantes.
O voo fazia a rota GIG-GRU-Johanesburg-Bangkok-Hong Kong, e os tripulantes baseados em Hong Kong levavam o voo só até Johanesburg. De lá, uma tripulação que não estava baseada em Hong Kong assumiam o voo e levavam o avião de volta pro Brasil. Ótimos tempos! Boas lembranças de uma aviação que não existe mais.
Fiz essa perna até Jo’burg.
Fui em Hong Kong uma vez, também não me lembro o ano (entre 1992 a 1994), mas acho que não foi nesse aeroporto, pois tanto o pouso como a decolagem foi tranquila. Durante a visita, infelizmente não deu para contemplar o Victoria Harbour de noite por causa da neblina.
Pousar numa espelunca dessas é sinal de muito desapego à vida, num nível que só monges budistas devem ser capazes
Sorte para o Mundo que o Comunismo foi desativado ainda antes que Kai Tak.
Típico comentário idiota de quem não tem nada a dizer, mas quer participar de qualquer jeito.
Putz, até o Concorde?
Loucura. Ou o cara Kai ou se Taka no chão.
Típico comentário idiota de quem não tem nada a dizer, mas quer participar de qualquer jeito.
Muito ódio no coração deste ex-casal….
Esses últimos minutos ou segundos me lembram de estar transitando pela Av. Bandeirantes, ali na cabeceira de Congonhas…a gente de carro e um avião a alguns “poucos” metros sobre nossas cabeças…
Adoram falar mal de Congonhas (que não é nenhuma maravilha)…. Mas esse aeroporto feito pelos ingleses… pelamor…
uma experiência inesquecivel! do tempo em que a Asia era um mundo realmente à parte.
Cada pouso com vento lateral naquela pista devia fazer crescer uma quantidade enorme de cabelo no peito…
Nessas horas é que nós, pilotos, justificamos o salário que recebemos…A vida não é só apertar botão, não…
Meu camarada, sou piloto de linha aérea e não é só nessas horas que “justifico” o meu salário, não. “Justifico” meu salário à partir do momento em que visto meu uniforme.
Se vc pensa assim, melhor refletir BEM sobre sua carreira, que mto provável deve estar no início.
Esse lixo que vocês recebem pra jogar a vida fora? Ô dó…
Prezado Carlos, sou arquiteto e apesar de não passar por momentos que necessitem de uma habilidade física um pouco maior, me deparo diariamente com problemas que exigem habilidade técnica e intelectual. Diariamente justifico meus ganhos tendo que conciliar segurança, conforto, salubridade e principalmente custos para que todos os outros profissionais possam desfrutar de um local para justificarem os salários.