TEM COISA MAIS LINDA?
SÃO PAULO (eu queria ser arqueólogo) – Ari Antonio da Rocha é um ex-funcionário do departamento de estilo da Vemag que trabalhou diretamente no projeto do Fissore, a partir de 1960. Era apenas um garoto de 20 e poucos anos. Depois, fez o premiado Aruanda (veja neste link do excepcional site Carro Antigo, de Londrina, todos os protótipos já feitos no Brasil; vale como “Dica do Dia”, ou do ano, porque a página é demais). É um gênio. É um doce de pessoa, que todos os anos aparece no Blue Cloud para nos contar suas histórias e as histórias da indústria automobilística nacional.
Ontem, ele colocou no nosso grupo de discussões de vemagueiros esta imagem raríssima e valiosíssima do primeiro desenho do Fissore, datado de 1960. É bom lembrar que o carro foi apresentado no Salão de 1962, entrou em produção apenas em 1964 e foi fabricado até 1967, com pouco mais de 2.800 unidades montadas (uma delas está na minha garagem, e de lá não sai!).
A elegância das linhas, a enorme área envidraçada, a linha de cintura alta, os volumes bem definidos… No fim, a versão definitiva ficou muito parecida. É um dos carros mais belos do mundo. Resta, agora, o Ari aparecer por aqui para explicar que cazzo faz esse cara de armadura do lado do carro.
Salve Flavio
Belíssimo projeto. Bem mais que o resultado final, que é puro “sabonete Lux” (opinião minha).
Lembra os carros da fábrica Vaillant, da história em quadrinhos.
Grande Flavinho,
É preciso fazer algumas correções, em relação a tudo o que foi dito nesses comentários.
A vida sempre foi muito generosa comigo: recebi sempre mais do que fiz por merecer.
Aprendi com meu pai, ainda criança, a valorizar as amizades acima dos bens materiais, mas a gentileza de todos, apesar de me sensibilizar, terminou por me atribuir projetos que não fiz (mesmo tendo acompanhado alguns deles bem de perto).
Gostaria muito de ter participado, mas não compunha a equipe de projeto do DKW-Fissore. Foi um trabalho do Mario Fissore e do Franco Maina, dois ‘amigos-irmãos’ com quem trabalhei na Itália, mas em 1965/66 e em outros veículos.
Na época do desenho apresentado eu estava começando a Faculdade e recém feito 18 anos. Os estudos, que mostrei no capítulo que publiquei no livro ‘ABC do Rendering Automotivo’, têm uma curiosidade interessante, pois foram realizados em Vitória, na Espanha, onde o Mario estava instalando a linha de montagem do caminhão Pegassus, que ele havia projetado.
Quanto à Brasília, também não fui autor, mas em 1970 conheci os desenhos pelas mãos do Márcio Piancastelli e do José Vicente ‘Jóta’ Martins, amigos de verdade e autores do projeto, ao qual se incorporou no desenvolvimento o Jorge Oba, de origem japonesa. Ainda anteontem, estive na casa do ‘Jóta’, conversando com ele e o Márcio sobre esse tempo, antes que chegassem alguns alunos da FEI que fizeram uma boa re-leitura do SP-2, como monografia de conclusão de curso. Achei que mereciam conhecer os autores desse excelente trabalho.
Quanto ao nome do ‘Aruanda’, deve ter havido uma confusão, porque contei que meus amigos faziam brincadeiras dizendo que era Ari+anda, mas na verdade é uma palavra do Candomblé, que equivale ao ‘Nirvana’ (do hinduismo) e poderia ser definida como “domínio da materia através da mente’.
Como e onde está o Aruanda hoje.
Depois de ter sido dado como perdido por quase 30 anos, o carro foi reencontrado, graças à grandeza do Oswaldo Petroni Júnior, o ‘Júnior Chaveiro’ de Itatinga-SP, que mesmo tendo possibilidade de me pedir qualquer preço para reaver o carrinho, disse que não teria que pagar para ter meu ‘filho’ de volta… Graças a ele voltei a ter fé na humanidade!!!
A restauração já começou neste final de ano, com o Ricardo Opi. Logo após fazer uma palestra para executivos de uma empresa ligada ao setor automotivo, fui procurado por um dos digrigentes que me anunciou que eles iriam financiar a restauração. Depois, acho que se arrependeram e foi o maior silêncio. Como se trata de valores acessíveis até para um aposentado (como eu), decidi encarar a coisa eu mesmo. Vamos ver até onde consigo chegar…
A propósito, respondendo à tua provocação, a armadura que não tem nada a ver com o carro, foi pedida por um Diretor de Vemag, para mostrar que era um projeto feito na Europa. Enfim…
Abraço
Ari Rocha
Ari, torço para que tenha dado tudo certo, você ja começou a restauração ?? Mande noticias
Abraço da duda tb ……. e a TV ainda esta nova !!!!
Junior
Em tempo, Flávio, segue o link para você confirmar:
http://dkw.com.br/com/dkw/index.php?option=com_content&view=article&id=33&Itemid=48.
Depois pesquise Elmo Estanho.
Flávio: lembrei de ter lido uma vez e confirmei. A carroceria do Fissore, moldada artesanalmente recebia o metal estanho, o mesmo metal utilizado nos elmos ou armaduras da Idade Média. Daí tem toda lógica a armadura aparecer ao lado da ilustração do carro. Fissore também é cultura !
Eu pensei que era protótipo de uniforme para andar de 69.Pelo menos é bem aristocrático!
A armadura é para dar um clima de requinte, que na época era coisa de realeza inglesa.
O Cine Bristol aqui em SP tinha umas armaduras tb, lembra?
Puta abraço
Edu
Fg,
OLha só que bacana,aqui na minha cidade,Ivoti,tem uma loja de usados com um Fissore,não sei o ano,que está a venda…O carro tá meio descaracterizado,mas nada absurdo,creio que uma boa pesquisa sobre ele valaha a pena,se o preço for convidativo…E se não tiver a mecânica original,dá-se um jeito,afinal de contas,moro do lado daquele cara especializado em DKW,em Novo Hamburgo.
Taí,me deu vontade de conferir ao vivo e a cores…Me aguarde,te mando mais informações em breve !!!
Mário
PS: esse é o mais adorável Vemag na minha opinião (não que os outros não o sejam,mas a raridade e o estilo falam mais alto ao meu coração…)
Caramba ! E eu que não sabia que o Fissore tinha saido da prancheta do Ari !!!! Tá explicado porque era tão bonito para a sua epoca (ainda é um carro bonito, hoje).
Antonio
Tira uma foto do seu carro e bota no blog acho que pessoal vai gostar de ver.
Uma obra de ARTE!!
conheci o Ari aqui em Viçosa-MG, realmente pessoa adorável, um dos melhores papos que ja tive, contou estorias de qdo testou um jaguar E-type com tanta emoção que faz voce mesmo se sentir dirigindo ao escutar… enfim uma estoria atras da outra…. alias a explicação do nome Aruanda… era uma junção de palavras Ari+anda… pelo menos foi o que ele me disse… abs
Hg
ja ouvi falar que os tedescos da baviera vieram ao brasil e plagiaram a linha das colunas e dai sai o 2002 style
sera verdade
jc sete lagoas
FG,
acho que agora é pertinente: você conhece algo sobre o Belcar bordô número 5, visto há poucos dias em um final de tarde, parado em frente a uma casa numa rua paralela à Diógenes?
RESPOSTA DO FG:
Sim, conheço o carro. Não sei por que o dono o decorou com faixas e números. Mas, em geral, é um bom Belcar.
Umas perguntinhas: que fim levou o Aruanda? Será que ainda existe? Me lembro que o carro era apenas uma maquete (sem mecânica definida). Chegaram a colocar alguma mecânica?
Sobre desenho e estilo nacional, tem um forum internacional buscando informação do SP-2. quem puder responda. O link é :
http://www.ultimatecarpage.com/forum/classic-cars/38121-brazilian-volkswagen-sp2.html
O Fissori era realmente muito bonito (e ainda é), mas nasceu com dois sérios problemas: peso e preço. A “enorme área envidraçada” aumentava muito o peso do carro, para andar com aquele motorzinho. E o preço de um zero, na época, equivalia a carros bem maiores e mais confortáveis com Simca e Itamaraty.
Que cabeça, também escrevi 69 no museu, é o 96!!!! Carro número 96. Vou começar a ler o que escrevo antes de clicar em “Enviar”.
Eu não pensei quando citei torcida organizada no meu último comentário. Pra ser sincero, DETESTO torcidas organizadas, acho que elas são as maiores culpadas em tirar a possibilidade de irmos ao estádio com nossas famílias, pra mim a maioria dos integrantes são bandidos.
Então, pra não chamar assim a torcida do 96, e agora também do 69, prefiro chamar de qualquer coisa diferente, torcida fiel, torcida unida, ou somente torcida. Mas torcida organizada na minha opinião não caiu bem, então peço desculpas.
Sei que não tem nada a ver com o post, mas ao ler meu próprio comentário este termo me incomodou, me fez lembrar de uma coisa que não gosto nem um pouco. Mas se achar impróprio Flavio, tudo bem se não autorizar. Talves isso tudo seja besteira, mas me incomodou, fazer o que.
Abraços.
Flavio, claro que você já leu mas só para constar e também pra quem tiver interesse, talves eu esteja atrasado e isso já tenha até sido noticiado mas vamos correr esse risco.
http://quatrorodas.abril.com.br/classicos/brasileiros/conteudo_139904.shtml
Nesse site acima tem toda a reportagem sobre o Fissore, e como eu suspeitava, 2489 unidades produzidas é muito pouco.
E pra minha surpresa, o carro da reportagem era do Flavio Gomes, seus carros são famosos mesmo hein? Reportagens, entrevistas e até torcida organizada, o 69 no museu. São verdadeiras celebridades neste mundo de 4 rodas. A cada dia me surpreendo mais, parabéns.
Posso estar atrasado, pode ser que todo mundo já tenha lido a reportagem né, mas antes tarde do que nunca!!
Parabéns Flávio!!
1. Meu pai teve um fissore, andávamos por todos os cantos, e ele adorava ouvir canções e sons de pássaros ao volante; tudo em um “super potente” toca-fitas.
2. Toda mulher sonha em se casar com um arqueólogo, pois a medida que vão envelhecendo, costumam receber mais atenção de seus consortes.
Eu adoro o Fissore, se não me engano foi pouco produzido, se comparado aos outros DKWs, to enganado? Seguindo esse raciocínio, é uma pena né, deveria ter sido produzido por mais tempo e em maior quantidade. Carro muito lindo.
Posso explicar a armadura, naquela época era dificil fazer um carro blindado por isto se usavam armaduras, rs.
Belo carro, um dos mais bonitos nacionais sem duvida.
No site da Aruanda, em Protótipos Nacionais na página 6 tem o Nigo que foi construído no início da década de 80 por dois amigos o Ilton Pacheco e João Pacheco com mecânica Opala 4 cilindros e com chapas de alumínio e todo vermelho. Este carrinho fez muito sucesso aqui em Brasíila naquela época e chamava a atenção por onde passava e havia sumido daqui.
A boa notícia é que me encontrei com o João Pacheco e o carro encontra-se todo restaurado por seu irmão lá na Paraíba.
O interessante nele é que quando virava as rodas o pára-lamas virava junto com elas e foi matéria da Motor 3 em 1984.
Jovino
Ao Mario Aquino
A Brasilia foi projetada pelo Piancastelli,um japones não sei o que lá OTA e mais um….Os mesmos do SP2.
Zé Rodrigo e o blog inteiro:
Esse carro já foi colocado um motor 4 cilindros e dois tempos.
Dentro da Vemag,não sei precisar o ano.
Mas era só um experimental.
De fato o Fissore é um carro muito bonito até hoje.
Merecia um motor melhor, sem dúvida.
(Sem ofensa, seu FG, por favor)
:-)))
Caramba, o Ari Rocha é um cara que admiro, tem um putsa currículo como designer. É de dar inveja!Participei de um concurso de design automotivo há algum tempo, e ele era um dos jurados, fui limado,….
Este desenho está em um livro sobre design automotivo, (mais especificamente sobre renderings) e está na parte da história do automobilismo… ele tem histórias meus amigos, muitas….
Parece que o Ari Rocha projetou a Brasília também
Acho que o cara de armadura é um “homem-referência”, para dar noção das dimensões.
Este site de Londrina é Sensacional.
http://www.carroantigo.com/portugues/indice_ccal.htm
O Beppe, que ao vivo nos contou um pouco de sua História.