SOBRE ONTEM À TARDE

A IMAGEM DA CORRIDA

Horas depois, as desclassificações: pódio perdido para Hamilton

SÃO PAULO (mais ou menos…) – Quando não tem nada de muito marcante, sempre fico em dúvida sobre qual foto usar para ilustrar um GP — aquela imagem única, emblemática, esteticamente incrível, dessas que só o bom fotojornalismo produz. Do pacotão da corrida de ontem em Austin, poderia colocar aqui alguma coisa da Williams, que fez pontos com dois carros pela primeira vez desde a Hungria/2021 (Latifi foi sétimo e Russell, oitavo!). Ou mesmo um retratinho de Tsunoda com chapéu de caubói, porque desde o GP da China de 2012 que um japonês não fazia a melhor volta de uma corrida — no caso, Kamui Kobayashi, então na Sauber. Verstappen comemorando? Putz, foi a 15ª vitória no ano. Repetitivo. Bandeirada? Idem. Pódio? Não são espetaculares, as fotos de pódio. Em geral, protocolares.

Então, fiquemos com o “breaking” da F-1, uma coisa meio institucional, mas importante. Quase quatro horas depois da prova saiu a decisão que desclassificou Hamilton e Leclerc. Como o inglês chegou em segundo e fez sua melhor corrida no ano, tem um peso. Mexeu forte, inclusive, na classificação do Mundial.

Lewis não deu muita bola para a perda de um troféu — tem muitos. E regra é regra, como disse Toto Wolff. No caso, medir o desgaste da prancha de madeira exige apenas uma régua numa mão e o regulamento no outro. Quanto pode? Um milímetro? Se for mais, tá fora. Um centímetro? Se for menos, tá dentro. Não tem muita discussão. Tanto que Mercedes e Ferrari nem discutiram. E Lewis mandou…

A FRASE DE AUSTIN

“É claro que é chato ser desclassificado depois da corrida. Mas isso não apaga nem um pouco o progresso que fizemos neste fim de semana.”

LEWIS HAMILTON
Lewis: troféu devolvido, mas animado com o carro

Muita gente na Mercedes acha até que Hamilton poderia lutar pela vitória em Austin. Ele terminou a prova apenas 2s225 atrás de Verstappen. Sim, sabemos que Max largou em sexto e Lewis, em terceiro. Ainda assim, talvez uma estratégia mais refinada pudesse colocar o inglês na briga de verdade. O problema é que a Mercedes saiu para uma parada. E quando resolveu mudar para duas, esticou o primeiro stint de Hamilton cerca de três voltas, nas quais o desempenho dos pneus caiu barbaramente.

Some-se a isso uma má largada e a perda de tempo num dos pit stops e, de fato, é possível que Hamilton pudesse ao menos sonhar com uma vitória, principalmente porque Verstappen tinha problemas de freios que prejudicaram seu ritmo.

Mas não esqueçam: sábado, em 19 voltas, Max enfiou 10s em Hamilton na Sprint. Ganhar dele, neste ano, só em circunstâncias muito especiais. As de Austin, como se viu, não foram suficientemente especiais.

O NÚMERO DOS EUA

30

…anos se passaram desde a última vez que um piloto estadunidense marcou pontos na F-1. A façanha foi de Michael Andretti, terceiro colocado no GP da Itália de 1993 pela McLaren. Ele, então, deixou a categoria. Com as desclassificações de Hamilton e Leclerc, Logan Sargeant, da Williams, subiu para décimo e fez seu primeiro pontinho no Mundial, encerrando o jejum dos EUA.

Depois de Andretti e antes de Sargeant, apenas dois norte-americanos (eu uso as duas formas, embora “estadunidense” seja mais preciso) correram na F-1: Scott Speed (28 GPs pela Toro Rosso em 2006 e 2007) e Alexander Rossi (cinco aparições em 2015 pela Marussia). Ambos passaram em branco.

A Williams saiu muito no lucro após a decisão dos comissários, já que seus dois pilotos subiram para a zona de pontos. Além de Sargeant, Albon também entrou — em nono. A equipe, de certa forma, corria em casa. Embora tenha sido fundada por um inglês e sua sede fique na Inglaterra, ela hoje pertence a um fundo de investimentos dos EUA.

E agora umas caixinhas, para animar a festa.

FITTI DENTRO – A segunda-feira foi de notícias envolvendo os “Fittipaldi Brothers”, como gostam de ser chamados nas redes sociais. Pietro vai correr na Indy, pela equipe RLL (Rahal Letterman Lanigan), uma ótima notícia para ele. Desde 2019 o rapaz ocupa a função de piloto de testes da Haas, mas nesse tempo todo conseguiu disputar apenas dois GPs — Sakhir e Abu Dhabi/2020, no lugar do chamuscado Romain Grosjean. Nunca foi considerado para uma vaga de titular. Paralelamente, correu no WEC, DTM, Stock, F-3 Asiática, ELMS, IMSA e até na própria Indy — fez seis provas em 2018 e mais três em 2021. Um saltimbanco que, agora, lança âncora nos EUA. Não foi oficializada sua saída da Haas. Mas será. Os calendários são incompatíveis.

FITTI FORA – Para seu irmão Enzo, as notícias não são tão boas. Helmut Marko avisou que o a Red Bull só terá dois pilotos na F-2 no ano que vem, o franco-argelino Isack Hadjar e o espanhol Josep María Martí. Enzo, portanto, deixa o programa de jovens talentos da marca de energéticos. A temporada da F-2 ainda não acabou, e o jovem Fittipaldi ainda não sabe se segue na categoria no ano que vem.

VAIAS – O público em Austin, formado em parte por imigrantes e/ou turistas mexicanos, vaiou Verstappen no pódio aos gritos de “Checo! Checo!”. Uma deselegância de torcedores fundamentalmente jecas — e os mexicanos são cafonas ao extremo em suas manifestações supostamente patrióticas. Max não se deu ao trabalho de comentar. O que Pérez teve a comemorar foi a desclassificação de Hamilton. Em segundo no Mundial, a diferença para o inglês tinha caído de 30 para 19 pontos. Como Lewis perdeu o segundo lugar na corrida, Checo subiu de quinto para quarto e, na tabela, abriu 39 pontos para o rival.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de ver Yuki Tsunoda chegando nos pontos e cumprindo a missão, na última volta, de fazer o ponto extra da melhor volta da corrida. Ele foi o décimo colocado na pista e subiu para oitavo com as desclassificações de Hamilton e Leclerc. “Quando me pediram para trocar pneu no fim, quase tive um ataque do coração!”, contou. Ele tinha alguma folga, e a AlphaTauri o chamou para colocar macios e cravar todo mundo. Cravou.

NÃO GOSTAMOS da estratégia de apenas uma parada para Charles Leclerc. Deu evidentemente errado. E a Ferrari não percebeu isso a tempo de mudar os planos — como fez a Mercedes, por exemplo. Largando na pole, o monegasco terminou em sexto. Para piorar, acabou desclassificado.

Comentar

EN TEJAS (3)

ALERTA DE ATUALIZAÇÃO: quase quatro horas após o fim da corrida, Lewis Hamilton (segundo colocado) e Charles Leclerc (sexto) foram desclassificados porque as pranchas de madeira sob o assoalho de seus carros apresentou desgaste maior que o permitido. Assim, o resultado foi alterado e o texto, idem.

Verstappen, 50 vitórias: agora, os alvos são Prost e Vettel

SÃO PAULO (para poucos…) – Max Verstappen teve paciência para vencer o tático GP dos EUA hoje no Texas. Largando em sexto, depois de uma punição na sexta-feira que lhe tirou a pole, precisou de meia corrida para assumir a ponta em Austin. Jogou com a estratégia de pneus dele e dos outros, e com a gestão da borracha. Não arriscou muito. Soube esperar o momento certo de tomar o controle da prova. Quando o fez, não teve muito com que se preocupar. Caminhou célere para a 50ª vitória de sua carreira. E a ela chegou.

Faltam quatro etapas para o fim do Mundial. Nas estatísticas, Max tem à frente, em número de vitórias, apenas quatro pilotos: Lewis Hamilton (103), Michael Schumacher (91), Sebastian Vettel (53) e Alain Prost (51). Deve fechar o ano à frente do francês, pelo menos. Se passar o alemão que se aposentou no ano passado, ninguém deve se espantar. É um fenômeno de desempenho, frieza, talento e precisão. Não se sabe onde vai chegar quando pendurar o capacete. Ainda que não solte rojões, nem comova multidões com carisma inigualável, pode ser que atinja o topo do topo: o melhor de todos os tempos.

Eu que não duvido.

E vamos à história desse GP texano, que não foi grande coisa, mas mostrou, mais uma vez, a capacidade da Red Bull e de Verstappen de lidar com a adversidade e, de um limão siciliano, fazer uma deliciosa macarronada com molho cremoso e delicado. E que teve, como visto na caixona vermelha acima, seu resultado alterado cerca de quatro horas depois do final, com as desclassificações de Hamilton e Leclerc.

Norris, líder no início: boa largada e pódio merecido

Com sol e calor, o GP dos EUA começou com a informação dos organizadores de que 432 mil ingressos foram vendidos para os três dias do evento. De fato as arquibancadas estavam cheias. Foi a segunda prova realizada no país neste ano. Ainda tem mais uma, em Las Vegas.

De décimo no grid para sexto ao fim da primeira volta, Oscar Piastri foi quem largou melhor entre os 16 no grid — quatro almas largaram dos boxes, as duplas da Haas e da Aston Martin. O australiano, porém, só foi protagonista no comecinho da prova de Austin. Acabaria abandonando a corrida, com um vazamento de água. Resultado de um esfrega-esfrega com Ocon, que também abandonou. Olho lá na frente, então.

Leclerc se preocupou tanto em se defender e manter a pose de pole-position que acabou sendo superado por Norris, companheiro de Piastri. O inglês da McLaren, segundo no grid, assumiu a ponta nos primeiros metros da prova e se mandou.

Observação sempre relevante, antes de seguir: todos os pilotos largaram com pneus médios – OK, nem todos; as exceções foram Hülkenberg e Stroll, dois dos que saíram dos boxes. Mas é importante dizer porque, ao final das 56 voltas nos EUA, a escolha pelos compostos médios e duros acabaria tendo alguma influência no resultado final.

Verstappen ganhou apenas uma posição na largada, avançando de sexto para quinto. Começou a prova discretamente, sem incomodar ninguém. Ficou ali calminho, assobiando e escutando Duran Duran no toca-fitas Bosch modelo Rio de Janeiro instalado no cockpit. Sem o tradicional e incrível amplificador Tojo, é bom que se diga, preterido por causa do peso. À frente dele, Hamilton mergulhou para cima de Sainz e ganhou a terceira posição. Norris, Leclerc, Lewis, Sainz e Max eram os cinco primeiros na volta 5.

Ao final dela, a volta 5, Verstappen passou pelo espanhol sem muito esforço para assumir o quarto lugar. Naquele momento, tocava “Save a Prayer” no sonzão de seu Red Bull.  A fita do Duran Duran era C90, suficiente para a corrida toda. E Rio de Janeiro, como se sabe, tem auto reverse.

A Ferrari não enchia os olhos de ninguém, mesmo. Tanto que logo depois Hamilton passou por Leclerc com enorme facilidade, assumindo o segundo lugar. O monegasco suspirou e olhou no retrovisor. Ouvia, a distância, alguma música conhecida. Era “Hungry Like the Wolff”, saberia depois. Saía dos alto-falantes Bravox triaxiais do carro de Verstappen, que já vinha colado nele.

Foi na 11ª volta que Max passou por Charlinho. A música ainda não tinha terminado. A próxima era “The Reflex”. “Gostei dessa!”, disse o piloto pelo rádio. “Foi mesmo uma ótima ultrapassagem, Max”, respondeu o engenheiro. “Tô falando da música, GP”, respondeu o piloto. “GP” é como ele chama Gianpiero Lambiase, que fica em contato com ele a corrida toda. “Também gosto, Max. O que vem agora?”, devolveu GP. “É o Hamilton! U-hu!”, informou Verstappen. “Não, Max. A próxima música…”, corrigiu o engenheiro. “Ah, deixa eu ver… ‘New Moon on Monday’, tá escrito aqui na caixinha.” “Também gosto dessa, Max”, vibrou o parceiro de todas as horas.

Na volta 17, Verstappen parou. Colocou mais um jogo de pneus médios e caiu para nono. “Você tem certeza, Max?”, perguntou Lambiase. “Sim, ‘New Moon on Monday’, tá escrito aqui.” “Não, Max, certeza que era para colocar médios? Assim vamos ter de parar de novo.” “Ah, sei lá… Ouve, ouve, vou aumentar o volume aqui. Tem Dolby, mano! Esse Rio de Janeiro é foda!”

Tive alguns. É foda, mesmo.

Alegria com os mecânicos: temporada impecável de Verstappen

No rastro da parada de Max, os pit stops começaram a ser feitos em ritmo frenético. Na 18ª volta, o líder Norris parou também. Colocou pneus duros, insinuando que poderia fazer apenas uma visita aos boxes. Hamilton assumiu a liderança. Pérez, mais atrás, parou e espetou um jogo de pneus médios. Pelo rádio, a Red Bull informou a Verstappen que Lewis poderia estar numa estratégia de apenas uma parada. “Ah, é? Legal… Olha só! Tenho uma coisa pra te dizer, GP!”, falou Max. “O quê? Vamos de macios no fim?” “Não, não! ‘The Wild Boys’ é a próxima, adoro essa!” Foi quando Christian Horner entrou no rádio colocando um ponto final àquele papinho aranha de adolescentes gravando cassetes nas tardes de domingo. E deu-lhe uma senhora bronca: “Max, você só levou essa fita? Duran Duran, sério isso? Na próxima parada temos duas opções pra você. Simple Minds ou Supertramp”, avisou. “Supertramp”, respondeu o piloto.

Quando Lewis trocou seus pneus, colocando um jogo de duros possivelmente para ir até o fim da corrida, perdeu a posição para Verstappen. A parada foi ruim. Leclerc assumiu a liderança, porém sem pit stops. Norris vinha em segundo e Max, em terceiro. Charlinho era o único na pista que não tinha parado, ainda. Sua estratégia — desastrosa, ver-se-ia depois — era de apenas uma troca. Foi para o box na volta 24 e Landinho retomou a ponta. A corrida estava entre ele, se fizesse apenas uma parada, e Verstappen.

Max chegou em Norris na volta 27. E exatamente na metade da prova, na 28ª, passou o britânico do time papaia. “Viram? Viram?”, gritou no rádio. “’A Matter of Feeling’, é linda…”, suspirou o chefe da Red Bull. “Chris, eu passei o Norris! Eu tô em primeiro, é sobre isso…”, reclamou o piloto. “Steal away in the mooooorning…”, seguiu cantando Horner, os olhos fechados, a cabeça gingando para um lado e para o outro, lembrando aqueles dias encantados dos anos 80, sem se importar minimamente com o entusiasmo de seu piloto.

Hamilton à frente da Ferrari: segundo em Austin, mas desclassificado

Em segundo, Norris teria a corrida na mão, se não precisasse parar de novo. Atrás de Verstappen, passou a dedurar o rival. “Ele saiu da pista, olha lá no teipe!”, gritou. “OK, Lando”, ouviu de volta, da equipe. “Ele tá virando a fita sem o auto reverse, olha lá na on-board dele!”, insistiu. “OK, Lando.” “Ele fez tchau pra uma mina na arquibancada e tem namorada, olhá lá!”, seguiu. “OK, Lando.”

Para ganhar a prova, teoricamente, Verstappen precisaria abrir mais de 20s para Norris, para colocar um segundo jogo de pneus e – vá lá – trocar a fita do Duran Duran para a sugerida por Christian Horner, a do Supertramp. Isso, claro, considerando uma hipotética estratégia de apenas um pit stop do inglês do carro #4. Seis voltas depois de passar por Norris, porém, sua diferença para o inglês da McLaren era de apenas 3s4. Não conseguia abrir muita coisa. Então – surpresa! –, Lando foi para os boxes na volta 35. Ué, não era uma parada só? Em tese, sim. Mas, pelo jeito, a borracha não aguentou. Colocou duros, de novo.

E, aí, acabou a brincadeira.

Primeira vitória após o tri: máquina de vencer

“Pessoal, cadê o Landinho?”, perguntou Max, ao assumir a liderança. “Vou parar também.” Foi o que fez, na volta seguinte. Colocou pneus duros, para voltar à frente de Norris. E voltou, com pouco menos de 2s de vantagem. A corrida ficou para ele. À sua frente, Hamilton, Pérez e Leclerc ainda teriam de fazer uma segunda parada cada. Não precisaria passar ninguém.

Pérez foi para os boxes na 38ª volta, e Lewis parou na 39ª, exatamente enquanto Max ultrapassava Leclerc. E, assim, o tricampeão assumiu a liderança de fato e de direito, com todos na pista tendo parado duas vezes. A dupla da Mercedes foi para a fase final da corrida com pneus médios. Hamilton era o quarto colocado e Russell, o nono. Max teria, no máximo, de monitorar Norris, o segundo. Leclerc ocupava a terceira posição.

Foi quando Verstappen reclamou pelo rádio. “Eu queria aquele disco gravado ao vivo em Paris, Chris. Você colocou ‘Breakfast in America’. É legal, mas não é ao vivo”, queixou-se, com razão. Pouco atrás, Hamilton, de pneus médios, passou a atacar Leclerc, com pneus duros. Valia um lugar no pódio. Lewis passou na volta 43. Havia uma chance de buscar Norris, que tinha pneus duros. A diferença esbarrava nos 4s.

“Dá pra ir até o fim?”, voltou Verstappen ao rádio. “Claro, Max. Esses pneus aguentam”, tranquilizou-o Lambiase. “Tô falando de ‘Take the Long Way Home’, que começou agora. Quanto tempo tem?” O engenheiro foi ao Google: “Cinco minutos e nove segundos, Max, menos de quatro voltas”, calculou. “Ah, então vai ter de tocar outra…”, lamentou o piloto.

Na volta 49, com pneus melhores, Hamilton partiu para cima de Norris e, com alguma dificuldade, conseguiu passar o garoto mclariano. Assumiu o segundo lugar e, para ganhar a corrida, teria de escalar uma montanha de 5s para o líder Verstappen. Impossível. O pódio parecia montado, com Lando em terceiro, mesmo. Sainz e Leclerc, este com pneus em frangalhos, vinham em quarto e quinto.

Max reclamou bastante dos freios até o fim da corrida e chegou a gritar com o pessoal da equipe para não falar com ele quando estivesse brecando o carro. Mas, sem maiores problemas, acabou recebendo a bandeira quadriculada em primeiro, pela 15ª vez no ano, em 18 corridas. Igualou seu próprio recorde de vitórias na mesma temporada, que havia estabelecido no ano passado.

As desclassificações de Hamilton e Leclerc alçaram à zona de pontos a dupla da Williams. Albon ficou em nono e Sargeant, em décimo. Foi o primeiro ponto do americano na categoria, e os primeiros pontos de um piloto nascido no país desde o terceiro lugar de Michael Andretti no GP da Itália de 1993. Norris herdou o segundo posto de Lewis e Sainz ficou com a terceira posição no pódio. Em sétimo, Stroll voltou a pontuar depois de cinco corridas no zero. Mesmo assim, sua Aston Martin perdeu o quarto lugar entre as equipes para a ascendente McLaren. Por fim, Tsunoda registrou a melhor volta de um GP pela primeira vez na carreira. Fez quatro pontinhos do oitavo lugar (tinha sido décimo e subiu duas posições com as desclassificações) e mais o extra pela volta mais rápida.

Esteve longe de ser a melhor corrida de todos os tempos, esse GP dos EUA. Mas, mais uma vez, Verstappen e a Red Bull deram uma aula. Desta vez, de paciência e estratégia. Ao fim, Horner parabenizou Verstappen no rádio. E perguntou qual música estava tocando quando ele recebeu a bandeirada, afinal de contas, na fita do Supertramp.

“The Logical Song”, arriscaria eu.

Comentar

EN TEJAS (2)

Verstappen: sexta vitória em Sprints

SÃO PAULO (tudo como dantes…) – Sem nenhuma dificuldade, Max Verstappen venceu a Sprint do GP dos EUA em Austin. Colocou mais oito pontos no bolso e recebeu uma plaquinha comemorativa para deixar na estante. Foi a 11ª Sprint da história. Max ganhou seis delas. A F-1 inventou as corridas curtas na temporada de 2021. Foram três naquele ano, mais três em 2022 e, nesta temporada, serão seis no total. Interlagos fecha a sequência. Os outros vencedores de Sprints, para quem certamente irá perguntar: Valtteri Bottas (duas), George Russell, Sergio Pérez e Oscar Piastri (uma cada).

Hoje, Hamilton foi o segundo e Leclerc, o terceiro. Como se sabe, o que acontece na Sprint fica na Sprint. Diferentemente dos anos anteriores, a corridinha não interfere mais no grid de domingo. Este foi definido ontem, e Leclerc larga na pole amanhã para o GP dos EUA. Verstappen parte em sexto e, mesmo assim, é favoritíssimo à vitória.

Mas vamos contar a história rápida desse, como diz o Fábio Seixas, “Pequeno Prêmio” norte-americano.

Largada em Austin: só Sainz com macios

O grid da provinha texana fora definido algumas horas antes com Verstappen na pole, Leclerc em segundo, Hamilton em terceiro e Norris em quarto. Russell, oitavo, perdeu três posições por ter atrapalhado Leclerc e caiu para 11º. Na largada, o único piloto com pneus macios era Sainz, sexto no grid. Todos os demais escolheram os médios.

Verstappen largou bem, mas foi atacado por Leclerc. Se defendeu, e quem aproveitou a refrega foi Hamilton, que acabou passando o monegasco. A Mercedes, toda espevitada, largou bem também com Russell, que recuperou as três posições que perdera no grid ainda na primeira volta.

Lewis não deixou Max escapar muito, o que não deixou de ser uma surpresa no início da prova. Neste ano, o mais habitual foi ver o holandês desaparecer rapidamente na frente. Com um novo assoalho, já parte dos estudos para o carro do ano que vem, o time alemão deu a sensação de que melhorou bem em Austin.

Sainz: enquanto pneus duraram, foi bem

Vendo Hamilton muito perto pelo espelho, Verstappen entrou no rádio e observou: “Minha dirigibilidade não está lá grandes coisas”. Sim, juro que ele falou “dirigibilidade”. “Talvez você tenha levado uma lufada de vento, Max”, respondeu o engenheiro. Juro que ele falou “lufada”.

Na volta 6, porém, o tricampeão conseguiu abrir mais de 1s sobre o inglês, evitando assim ataques com asa móvel. Aí sim, as coisas voltaram ao normal. Foi embora, desapareceu. Russell, com o outro Mercedão, recebeu um pênalti de 5s por ter passado Piastri pelos jardins de Austin. Verstappen, Hamilton, Leclerc, Sainz, Norris, Pérez, Russell e Gasly eram os oito primeiros. A corrida teria 19 voltas.

Norris passou Sainz na décima volta, quando os pneus macios do espanhol da Ferrari começaram a abrir o bico. Foi para quarto, mas estava muito longe de Leclerc, o terceiro, para almejar uma medalha de honra ao mérito. Pérez passou na volta seguinte, jogando Sainz para sexto.

Albon, nono: mais um pouquinho pegava o ponto de Russell

E nada mais aconteceu. Verstappen recebeu a quadriculada com 9s465 de vantagem para Hamilton. Leclerc, Norris, Pérez, Sainz, Russell e Gasly fecharam a zona de pontuação, que vai até o oitavo na Sprint. Por causa da punição, Jorginho e Pierre trocaram de posição.

Max saiu do carro que nem suado estava. Disse que a prova de amanhã será “divertida”. Para ele, certamente. Para aqueles que serão trucidados mais uma vez, menos. De qualquer forma, ainda temos uma briga pelo vice-campeonato em curso. Pérez chegou a Austin 30 pontos à frente de Hamilton. Com o resultado da Sprint, a diferença caiu para 27. Checo, dizem as línguas ferinas que espalham veneno pelo paddock, foi intimado pela Red Bull a ficar pelo menos em segundo no Mundial. Caso contrário, terá de pedir o seguro-desemprego no final do ano.

Final em Austin: só um abandono, de Stroll
Comentar

EN TEJAS (1)

Leclerc: pole surpreendente nos EUA

SÃO PAULO (reta final) – Pela terceira vez no ano, Charles Leclerc largará na pole-position de um GP. Será domingo no GP dos EUA, 18ª corrida do Mundial. O grid foi definido nesta tarde. Como é a quinta etapa da temporada com Sprint, a prova curta de sábado, agora todo mundo esquece o que aconteceu hoje e se concentra na pauleira do sábado.

Todos, menos Leclerc. O ferrarista, que está completando 100 GPs pelo time de Maranello, fez a 21ª pole de sua carreira contando com um bom desempenho de seu carro e, também, com uma leve pisada na bola do tricampeão Max Verstappen, da Red Bull. O holandês, no Q3, fez uma volta melhor que a do rival. Mas ela foi cancelada porque o piloto excedeu os limites da pista — uma das mazelas da F-1 moderna, esse cancelamento em série de voltas rápidas.

Vamos, então, a um resumo do dia em Austin. Lá no fim, algumas caixinhas com informações aleatórias desta semana.

Alonso, fora no Q1: Aston Martin desabou

Um calor desgraçado marcou a sexta-feira texana da F-1, com a abertura dos trabalhos em Austin. Tanto no treino livre único quanto na classificação, os termômetros ultrapassaram a casa dos 35°C, numa secura danada (umidade relativa do ar mal passando dos 10%) e mais de 40°C no asfalto — que para irritar ainda mais os pilotos é um dos mais ondulados do calendário.

O Q1 teve alguns nomes incomuns aparecendo na primeira posição, como Hülkenberg e Gasly no início. Pilotos mais assíduos no alto da tabela, como Sainz e Verstappen, também ocuparam a ponta. Mas quem ficou na frente ao final da primeira fase da classificação foi Hamilton, que tem um histórico dos mais interessantes nessa pista — cinco vitórias e três poles. Seu tempo: 1min35s091.

A zona da degola teve uma enorme surpresa: Fernando Alonso. Em 17º, o espanhol deixou de ir ao Q3 pela primeira vez no ano. O desempenho da Aston Martin desabou na segunda metade da temporada. As razões ainda não estão muito claras. Também entre os eliminados ficaram Hülkenberg, em 16º, e, depois de Alonso, Albon, Stroll e Sargeant.

Verstappen: aposta no ritmo de corrida

No Q2, as primeiras voltas foram ligeiramente piores que as melhores registradas no Q1. Hamilton, por exemplo, foi 0s7 mais lento do que ele mesmo na primeira tentativa. Verstappen manteve-se em P1 por vários minutos com 1min35s491, 0s4 pior que Lewis na primeira parte da sessão classificatória. Curioso, porque em geral as pistas vão melhorando volta a volta, com mais borracha no asfalto. As altas temperaturas talvez explicassem a dificuldade de repetir a performance de minutos antes. Quanto mais quente o piso, mais escorregadio fica. E quanto mais se anda de lado, escorregando, mais rapidamente os pneus acabam.

Quem conseguiu baixar bem o tempo foi Leclerc, com 1min35s004. Terminou em primeiro. Verstappen ficou 0s004 atrás dele, também melhorando bastante. Hamilton não evoluiu muito e acabou o Q2 em terceiro. Passaram ao Q3 cinco duplas: de Red Bull, Ferrari, Mercedes, Alpine e McLaren. Tsunoda, Zhou, Bottas, Magnussen e Ricciardo — este voltando à AlphaTauri depois da mão quebrada na Holanda — empacaram no segundo segmento da classificação.

Ricciardo de volta: ficou no Q2

Com 1min34s829, Leclerc foi o primeiro piloto a baixar de 1min35s no fim de semana. Foi muito boa, sua primeira volta rápida no Q3. Colocou 0s252 sobre Verstappen, que vinha tendo dificuldades principalmente nos dois primeiros setores do traçado americano. No terceiro, descontava.

Depois da primeira bateria de voltas, o holandês era o terceiro, ainda atrás de Hamilton — que ficou a apenas 0s056 do monegasco da Ferrari. Max fechou sua volta disparando cobras e lagartos contra a equipe — aparentemente, reclamou da proximidade para Pérez no final de sua volta voadora, o que pode ter gerado alguma turbulência em certos pontos do circuito.

E no tudo ou nada da segunda rodada de voltas rápidas, quase deu Verstappen. Leclerc melhorou seu tempo para 1min34s723 e o holandês o superou por 0s005. Mas perdeu a volta por passar dos limites da pista na curva 19. Ficou pistola da vida, mas não adiantou muito. Os comissários foram implacáveis. Caiu para sexto. Charlinho ficou em primeiro e terá a seu lado na primeira fila Lando Norris, da McLaren. Hamilton, Sainz, Russell, Verstappen, Gasly, Ocon, Pérez e Piastri ficaram nas dez primeiras colocações.

Na tela, a volta cancelada de Verstappen; na pista, Hamilton vai ao P3

Amanhã às 14h30 (horário de Brasília) acontece a classificação de tiro curto que define o grid da Sprint. Esta, com 19 voltas, terá sua largada às 19h. Mas vamos ficar de olho na prova de domingo, claro. Verstappen tem um carro ótimo para a prova. Largando em sexto, irritado, tende a dar mais um showzinho.

Que é tudo que vem fazendo neste ano, diga-se.

Andretti: no túnel de vento

JÁ TEM ATÉ CARRO – Michael Andretti está em Austin e não esconde de ninguém a indignação com a demora para a aprovação do ingresso de sua equipe na F-1, uma vez que o pleito já foi aceito pela FIA. Faltam a Liberty e as outras equipes. “Para mim é um mistério [essa reação]”, reclamou. E adiantou: semana que vem, coloca um carro com as especificações de 2023 em túnel de vento. Disse que espera estrear em 2025. Mas que se for preciso esperar por 2026, OK. Sobre pilotos, afirmou categoricamente que um deles será norte-americano (Colton Herta é o preferido) e o outro será “alguém experiente”. E ao comentar as negociações sobre motores, falou que o acordo feito com a Renault meses atrás deve expirar antes de ser colocado em operação, mas que isso não preocupa: “Há outras opções”.

Doohan: treino confirmado no México

NOVATO – Jack Doohan será um dos pilotos a Alpine no primeiro treino livre para o GP do México, semana que vem. E repete a dose em Abu Dhabi. Aos 20 anos de idade, o australiano é atual quarto colocado na F-2 e já fez dois treinos livres pelo time francês no ano passado — nas mesmas pistas.

ASTON, AUDI & LANCE – Há um diz-que-diz nas redes sociais sobre o futuro de Aston Martin e Audi. A primeira já estaria vendida para o governo da Arábia Saudita e a segunda teria desistido da F-1 — sua estreia, assumindo a Sauber, está marcada para 2026. Aviso aos caros leitores: não acreditem em tudo que andam escrevendo por aí. Outro boato que circula sem filtro: alguém disse que soube não sei bem por quem que Lance Stroll teria dito para seu pai que não queria correr mais, aí ficou de castigo e o pai não deixou. Vale o mesmo alerta: não acreditem em tudo que andam dizendo por aí.

Comentar

FOTO DO DIA

O capacete de Pierre Gasly neste fim de semana lembra François Cevert, que morreu há 50 anos, nos treinos para o GP dos EUA em Watkins Glen. Linda homenagem. Bem melhor que esse festival de “stars & stripes”, chapéus de caubói, botas de couro de jacaré, estrelas de xerife e fivelas de cinto gigantescas que permeiam a corrida de Austin.

Comentar

KOMBI DO DIA

SÃO PAULO (mas essa pintura…) – O Paulo Artur Santos Leite, dando seus pulos em Milwaukee, mandou a foto. O texto está mais abaixo.

Enquando vadiava hoje no histórico Mercado Público no centro da bela cidade de Milwaukee, Wisconsin, encontrei uma simpática Senhora que mereceu uma fotografia. Se for perguntar o que estou fazendo aqui, digo apenas que estou a trabalho, a única justificativa para vir conhecer essa maravilha de cidade até então desconhecida. Vamos lá. A simpática Senhora da fotografia passou por cirurgia plástica, transformando-a em uma linda e também simpática sorveteria vegana. A cirurgia a esticou ao ponto de ela virar 90 graus para facilitar no atendimento aos clientes da sorveteria, como eu. Também levou umas aplicações de botox na pintura azul claro, ficando um primor de beleza e brilho.

Comentar

AINDA DÁ

SÃO PAULO (prestação de serviço) – Reproduzo o press-release que recebi da organização do GP de São Paulo (argh). Ainda dá para comprar ingressos, mas corram.

Uma última chance será dada àqueles que não conseguiram adquirir seu ingresso para o GP São Paulo de Fórmula 1 deste ano. Nesta sexta-feira, 20/10, ao meio-dia, haverá uma venda extraordinária de ingressos. Serão poucos ingressos, para os setores “A”, “M”, “D”, “H”, “R”, “G”, Pit Stop Club e Heineken Village (Gramado e Estrela).

Os ingressos são remanescentes de algumas compras de meia-entrada cujo benefício não pôde ser comprovado e de pequenas reservas de agências que não foram confirmadas até a data estipulada.

A venda será realizada pela Eventim, tiqueteira oficial do evento. Como o número é pequeno, a expectativa é que se esgotem rapidamente.

O Formula 1 Rolex Grande Prêmio de São Paulo 2023 será disputado nos dias 3, 4 e 5 de novembro, no autódromo de Interlagos.

Comentar

NO COMMENTS

Organização do GP dos EUA: “Drugostroll”, “Riccardo”… Detalhes aqui.

Comentar

LEGIÃO URBANA

A gente percebe que está envelhecendo quando vê um carro que considera NOVO com placa preta!

Comentar

KOMBI DO DIA

Achado do meu amigo Douglas Nascimento, do “São Paulo Antiga”. Se o dono quiser vender, eu compro. E deixo exatamente como está.

Comentar

Blog do Flavio Gomes
no Youtube
MAIS VISTO
00:01

#parimatch #shorts #Parilivemotor

Seja membro deste canal e ganhe benefícios: https://www.youtube.com/channel/UCepUf0u6f8JS3yq4NPXHW3g/join...

1:22:54

VERSTAPPEN: ATÉ ONDE ELE VAI? (BEM, MERDINHAS #139)

Max Verstappen já tem três títulos mundiais, é o mais jovem vencedor de GP da história, o terceiro com mais vitórias, o piloto que ganhou mais corridas na mesma temporada, aquele que venceu mais...