CEVERT, 50

SÃO PAULO – Hoje faz 50 anos que morreu François Cevert, em Watkins Glen. O Carlos Sato mandou este breve (e belo) documentário. Merece ser visto.

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CATAR COQUINHO (1)

Verstappen: 30 poles na carreira, superando Fangio

SÃO PAULO (vamos lá!) – Max > Senna (em vitórias), Max > Fangio (em poles). Começo assim, como se fosse o presidente do fã-clube de Max Verstappen, apenas para que as pessoas tenham uma ideia mais bem fundamentada sobre o piloto que estamos tendo a sorte de ver em atividade.

O holandês fez a pole para o GP do Catar, que acontece domingo, e amanhã deve conquistar o título de 2023 por antecipação. Precisa apenas chegar entre os seis primeiros na Sprint, a quarta minicorrida da temporada. Foi a 30ª pole de sua carreira, tornando-se o nono piloto com mais poles na história. Estava empatado com Juan Manuel Fangio. São dez neste ano.

Os números impressionam e, por favor, resistam à tentação de dizer que ele só consegue tudo isso porque tem o melhor carro blablablá. Pilotos que sabem desfrutar dos melhores carros são aqueles que entraram para a história, como Schumacher, Senna, Vettel, Hamilton — para ficar nos contemporâneos. E carro não fica bom sozinho. Nem anda sozinho. Os muitos companheiros desses senhores tiveram carros iguais. E não conseguiram nem chegar perto dos parceiros. E, como sempre, basta citar Sergio Pérez para reforçar o que se pensa sobre Verstappen. O mexicano, hoje, ficou de novo no Q2. Larga em 13º.

Festa com mecânicos: décima pole no ano

O GP do Catar é uma corrida noturna e será disputado pela segunda vez na história. A outra foi em 2021, ano ainda pandêmico. De lá para cá reasfaltaram o belo circuito e construíram boxes e instalações de paddock das mil e uma noites. Dinheiro não falta. Se não lembram, teve uma Copa do Mundo outro dia por lá.

Os treinos começaram no fim de tarde, pelo horário local, com muita areia na pista e um calor de aborrecer camelos. “Está bom para meu pai”, brincou Carlos Sainz, filho de um dos maiores pilotos de rali de todos os tempos. Na medida em que os carros iam andando, o traçado ficava mais limpo e veloz. Os primeiros tempos foram marcados na casa de 1min37s. A pole de Verstappen, em 1min23s778, algumas horas depois.

Vamos a um resumo rápido em caixinhas, porque daqui a pouco tem live no YouTube:

Alonso: bom início e muito calor

Q1 – Alonso foi o primeiro piloto a fazer um tempo bom, na casa de 1min25s, numa sessão que teve muitas voltas canceladas porque a turma estava excedendo os limites da pista. A curva 5 era a grande vilã. Verstappen, Norris, Alonso e Piastri foram os quatro primeiros. Sargeant, Stroll, Lawson, Magnussen e Zhou foram os eliminados. Algumas observações, aqui. O americano da Williams andou bem, até, dentro das circunstâncias. Deixou de passar ao Q2 por apenas 0s092, derrubado justamente por seu companheiro Alexander Albon. Hülkenberg fez o nono tempo, o que mostra como Magnussen foi mal. E Stroll tomou 1s3 de Verstappen, sendo degolado logo de cara. Nos boxes, irritado, empurrou seu preparador físico. Na entrevista pós-classificação, fez isso aí embaixo. Esse moço saiu do prumo. Não se espantem se resolver parar de correr de uma hora para outra.

Q2 – Verstappen abriu os trabalhos com 1min24s748, uma ótima volta. Mas logo as Mercedes se aproximaram. A McLaren também. Faltando três minutos para o fim da sessão, os carros papaia estavam em primeiro e segundo. Max reagiu, voltou à ponta, mas acabou superado no fim por Hamilton, com 1min24s281. Tsunoda, Sainz (a 0s947 de Lewis), Pérez (a 1s081, com volta cancelada por exceder os limites da pista), Albon e Hülkenberg foram os eliminados. Vexame da Ferrari com Sainz, que estava contrariado com o desempenho de seu carro e disse que não ficou surpreso de ter empacado no Q2. Já Pérez, outra decepção, não sabia o que dizer. “É difícil explicar”, falou o chefe Christian Horner sobre a diferença de desempenho entre seus dois pilotos. É mesmo.

Sainz: eliminado no Q2

Q3 – Norris começou bem com uma volta em 1min24s088, mas ela foi rapidamente cancelada, ou “deletada”, como vocês humanos dizem. O mesmo motivo de sempre: sair dos limites da pista. Mas seu tempo foi superado por Verstappen na primeira saída do holandês, com 1min23s778. Colocou 0s7 em Piastri, então segundo. Russell se aproximou um pouco, 0s6 atrás. Hamilton veio em seguida, 0s5. Na segunda saída da maioria, erros aqui e ali, algumas escorregadelas e trapalhadas e no fim Lando teve outra volta anulada, assim como seu companheiro Piastri, que só foi saber disso quando estava sendo entrevistado como terceiro no grid. Deu risada e levou na boa. Até tirou a foto oficial dos três primeiros, embora tenha caído para o sexto lugar. Max não fechou a segunda volta. O grid está aí embaixo.

Max e Russell na primeira fila domingo: amanhã tem Sprint

ROLÊ ALEATÓRIO – Algumas informações curiosas. Sete equipes estiveram representadas no Q3, apenas três delas com seus dois pilotos: Mercedes, Alpine e McLaren. As outras: Alfa Romeo, Red Bull, Ferrari e Aston Martin. Alonso é o único piloto no ano que foi ao Q3 em todas as 17 etapas do campeonato. Pérez e Stroll, juntos, somam 16 passagens à fase final da classificação. Entre as equipes, a Ferrari tem 30 aparições no Q3, seguida da Mercedes com 28 e de McLaren, Aston Martin e Red Bull com 24.

SPRINT – Amanhã sai o grid da Sprint e a corridinha será realizada às 14h30, horário de Brasília. Como já dito, Verstappen precisa de três pontinhos para encerrar matematicamente a fatura. Falando de Sprint, faltam duas ainda neste ano, depois da de Lusail: em Austin e Interlagos. Max vai se juntar a outros cinco tricampeões no panteão da F-1: Jack Brabham (1959, 1960 e 1966), Jackie Stewart (1969, 1971 e 1973), Niki Lauda (1975, 1977 e 1984), Nelson Piquet (1981, 1983 e 1987) e Ayrton Senna (1988, 1990 e 1991).

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FOTO DO DIA

SÃO PAULO (bom caminho) – Campeão da F-3, Gabriel Bortoleto, 18, foi incluído no programa de jovens pilotos da McLaren. Seu tutor na equipe será o ex-piloto Emanuele Pirro. Bortoleto começou a correr de monopostos em 2020 na F-4 Italiana. Ganhou corridas em Monza e Mugello. Aí foi para a FRECA (a Fórmula Regional da Alpine), onde correu em 2021 e 2022. Nesta temporada, pela Trident, conquistou o título que o colocou no radar da F-1.

A McLaren começou seu programa de desenvolvimento de pilotos em abril deste ano. A ideia é pegar a molecada desde o kart, se for o caso. Hoje, informa a equipe, fazem parte desse time Pato O’Ward (24 anos, que corre na Indy pela própria McLaren), Ryo Hirakawa (29 anos, que correr na Toyota no WEC e foi escolhido como piloto reserva para o ano que vem; de jovem não tem nada) e Ugo Ugochukwu (kartista americano de origem nigeriana, 13 anos). O time também assinou por um ano com Brando Badoer, 17 anos, filho de Luca Badoer, que corre na F-4 da Itália.

Bortoleto vai correr na F-2 no ano que vem. Não sei onde ainda. Mas a McLaren, claro, vai ajudar a encontrar um lugar bom.

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ENCHE O TANQUE

Liubliana, Eslovênia. O carro? Bom, acho que está mais perto do que vocês imaginam.

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BIRD

Bird (de óculos) e Marinho: maior carro de corrida de todos os tempos

SÃO PAULO – Quem conta é o Crispim.

A Vemag tinha uma grande equipe e pelo menos dois pilotos, Marinho e Bird, fora de série. Faziam muitas corridas longas. Eram 24 horas aqui, mil milhas ali, 500 quilômetros acolá.

Tinha aquelas largadas Le Mans, piloto de um lado, carro do outro. Geralmente largava de noite, Interlagos é frio pra burro. Aí nossos carros ficavam lá parados esperando para largar, o óleo decantava, e toca descer na pista para balançar os carros, misturar o óleo, o motor pegar. Quando a gente saía já tinha gente lá no fim da reta. Aí ia pegando, pegando, limpava um cilindro, limpava o outro e ia falhando até a curva dois, depois limpava tudo.

Carro nenhum faz corrida longa assim sem parar nos boxes um monte de vezes. E trocávamos tudo, é o Crispim que está contando, a gente parava e trocava pneu, vela, abastecia, e precisava trocar lona de freio, também, a gente tirava o freio inteiro, panela, sapata, tambor, e colocava outro.

Mas isso demorava, porque o freio chegava muito quente e a gente precisava usar luva de amianto, para não queimar a mão, e era difícil com aquelas luvas grossas mexer nas ferramentas, tirar os parafusos, os pinos, colocar o conjunto novo. Então o Bird reclamou um dia que isso demorava muito e a gente perdia muito tempo, e explicamos que era por causa das luvas, porque pra tirar tudo a gente ia queimar as mãos, era impossível, e com aquelas luvas a gente não conseguia segurar as ferramentas direito para tirar as coisas, precisava esfriar um pouco, era complicado.

Então o Bird disse, na próxima vez que tiver de parar me mandem uma placa umas duas voltas antes, e não precisa colocar luva pra trocar nada, vai chegar tudo frio. Como frio, Bird? E ele disse pra fazermos o que ele tinha dito, então demos a placa e na volta seguinte ele parou. Interlagos era grande, tinha oito quilômetros. Quando ele parou tiramos as rodas e fomos no freio com a luva pra arrancar tudo, e ele gritou de dentro do carro para tirarmos as luvas, que era pra trocar mais rápido, e a gente tirou com medo de queimar a mão, e quando fomos no freio eles estavam gelados. Era de noite, Interlagos é frio pra burro.

Como ele fez isso?, perguntei. O Bird deu quase duas voltas sem usar o freio pra esfriar. Como assim, não freou? Ele não freou. O problema é que o tempo de volta não mudou.

Quem conta agora sou eu.

Faz tanto tempo que nem sei se lembro quanto, mas tinha uma agência do Bamerindus na Onze de Junho e em frente dela uma loja de carros usados. Então troquei um cheque no banco e quando saía vi na loja um carro amarelo com uma faixa verde no capô, e era um Interlagos.

Então atravessei a rua e como nunca tinha comprado um carro na vida perguntei ao vendedor quanto é, como se estivesse na feira. Eu não teria dinheiro, de qualquer maneira, porque tinha 18 ou 19 anos e com 18 ou 19 anos a gente não tem dinheiro.

Então o vendedor me perguntou se eu sabia que carro era aquele e eu sabia, é um Interlagos amarelo com uma faixa verde no capô, respondi, quanto é?, insisti, e ele me mandou esperar, foi a uma gaveta no fundo da loja, tirou uma carteira com um documento e me trouxe, olha aqui de quem era, e estava escrito no documento Bird Clemente.

Eu tinha 18 ou 19 anos e sabia quem era o Bird Clemente, claro que sabia, tinha visto correr em Interlagos, era mais garoto ainda, conhecia o Bird Clemente das capas das revistas e das histórias que meu pai contava, só não sabia que o Bird se chamava Bird, mesmo, porque achava que era um apelido. Um apelido bem apropriado para um piloto, inclusive.

Esse carro era do Bird Clemente, disse o vendedor, enfatizando o Clemente como se houvesse outros Birds por aí. E quanto é?, perguntei de novo ignorando a informação, agora para irritar o vendedor, porque ele queria aumentar o preço, claro, e ao mesmo tempo queria jogar na minha cara que aos 18 ou 19 anos eu não teria dinheiro para comprar carro algum, muito menos o Interlagos amarelo com uma faixa verde no capô do Bird Clemente.

Então ele fechou o documento com força, não iria perder tempo com alguém que tinha 18 ou 19 anos, que não teria dinheiro para comprar um Interlagos amarelo com uma faixa verde no capô e que não sabia quem era o Bird Clemente.

Mas eu sabia quem era o Bird Clemente, e como ele não me disse quanto era aquele carro, virei as costas e disse, isso aí vivia apanhando de DKW, e fui embora.

Muitos anos depois conheci o Bird e soube que o nome dele era homenagem a um explorador do Polo Sul ou do Polo Norte ou de ambos, e era um Bird com Y, o que fazia dele outra coisa que não um pássaro. Bird, o pássaro, sempre dizia que o DKW de 1961 das Mil Milhas foi o maior carro de corrida que guiou na vida, e ele falava “nosso carro” com a mesma entonação que o Crispim diz até hoje, “nosso carro”, com um sentimento de posse inabalável e infinito, porque aquele era o carro deles, do Bird, do Marinho, do Crispim, do Jorge Lettry, da Vemag, e era branco com o número grandão na bolota preta, e de tanto eles dizerem “nosso carro” nas eternas tardes e noites em que contavam essas histórias eu, de vez em quando, vejo suas fotos e falo para mim mesmo que nosso carro era o mais lindo de todos, o melhor carro de corrida do mundo.

Vem aqui, pô, ele dizia no telefone nos últimos anos, e eu fui algumas, menos do que deveria. O Crispim, sim, vivia lá. Vou almoçar no Bird, ele avisava. Virou artista, faz retratos dos amigos com lápis, fez o meu. Vem aqui, pô, eu não ia sempre, mas sabia que ele estaria por ali, agora um pouco mais frágil, como um passarinho, e saber que estaria por ali era o bastante, o Crispim sempre voltava com notícias, estava tudo bem.

Pássaros, voam, porém, e o Bird voou de vez, com seus suspensórios, seu sorriso tímido, seu ouvido esquerdo que não escutava nada porque eu fiquei quase surdo, Flavinho, o escapamento do nosso carro era desse lado, você precisava ouvir.

BIRD CLEMENTE foi um mestre no que fez, o primeiro piloto profissional do Brasil, um dos 50 escolhidos pela “Autosport” inglesa para a lista dos melhores pilotos do mundo que não chegaram à Fórmula 1. A lista está aqui. Está entre Carlos Sainz, o pai, e Valentino Rossi. Sua história, hoje, foi contada em diversos textos fartos de informações e imagens. Algumas dessas fotos estão aqui, no seu site oficial. No “Bandeira Quadriculada” de Paulo Peralta é possível encontrar um perfil bem completo, com todas suas provas e resultados entre 1958, quando começou a correr, e 1974, quando parou. Bird faria 86 anos em dezembro. Morreu na noite de domingo em São Paulo.

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ANDRETTI (QUASE) LÁ

Andretti + Cadillac = F-1. Ou não…

SÃO PAULO (feito) – A FIA anunciou hoje que aceitou a candidatura da Andretti Global a uma vaga no Mundial de F-1. As demais propostas, de Carlin, Hitech, Formula Equal e LKYSUNZ, não atenderam às exigências do, digamos, “caderno de encargos” da entidade.

Agora, a Andretti precisa negociar algumas questões comerciais com a FOM, a Liberty e as outras equipes. Mas é questão de tempo para que seja oficialmente declarada como 11ª participante do campeonato. Para estreia, possivelmente, em 2025. Ou, talvez, em 2026, com o novo regulamento de motores.

A associação com a GM, através da marca Cadillac, pesou a favor de Michael Andretti, claro. Mas toda sua capacidade de trabalho, presença em oito categorias, expertise nas pistas e história no automobilismo contaram bastante, claro. Além da grana: o grupo tem os US$ 200 milhões exigidos como taxa de diluição, que serão divididos entre as equipes atuais, e lastro financeiro que garante uma longa vida na categoria.

É uma ótima notícia. Desde 2017, os grids dos GPs da F-1 têm apenas 20 carros. Ninguém acha que voltaremos aos anos 80/90, quando qualquer maluco montava um F-1 no fundo da garagem, comprava um motor e um câmbio e disputava o campeonato. Era divertido e coisa boa saiu daquela loucura. Mas os tempos são outros, os custos são outros, tudo é outro. Assim, a chegada de uma nova equipe deve ser saudada. E que comecem as especulações sobre os pilotos!

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#SOMOSTODOSLOGAN

SÃO PAULO (a conferir) – Para quem não entende inglês ou não está a fim de ouvir o chefe da Williams, James Vowles, vamos lá. Esse tuíte — ou esse X — aí em cima é de hoje de manhã. Diante dos boatos, especulações, rumores, mexericos, zunzunzuns e alcovitices que circulam na imprensa sobre o futuro de Logan Sargeant, ele resolveu vir a público expressar seu apoio ao piloto norte-americano. Uma espécie de #SomosTodosLogan, para o menino não entrar em parafuso de vez. Um resumo do que ele disse, primeiro, e volto depois:

“Logan tem objetivos claros até o final do ano e sabe quais são. Queremos que ele consiga atingi-los. Queremos ele no nosso carro no ano que vem. Isso [que está acontecendo neste ano] tem muito a ver com a gente. Pegamos um piloto direto da F-2, sem nenhum teste significativo, demos a ele um dia e meio de testes no Bahrein e dissemos: tenha uma boa temporada. É um desafio terrível para qualquer estreante. Logan tem demonstrado vários sinais positivos. É preciso dizer, antes de mais nada e principalmente, que seu carro não tem as mesmas especificações aerodinâmicas que o de Alex [Albon]. As atualizações que fizemos foram para o carro de Alex, mas não para o dele, por várias razões ligadas ao andamento do campeonato. O progresso que ele está fazendo é visível. Em Suzuka estava andando a um décimo de Alex, numa pista difícil, quando aconteceu o acidente. Vamos continuar a trabalhar com Logan e a investir nele, porque queremos que ele se saia bem como resultado da jornada em que está conosco. A Williams tem um programa de jovens pilotos e vai continuar investindo nele. Só no momento em que todos chegarmos à conclusão de que chegamos ao fim desse caminho é que vamos tomar decisões. Mas ainda não estamos nem perto disso.”

Muito bem. São belas palavras, uma defesa do piloto que, levada ao pé da letra, faz todo sentido. De fato a Williams pegou o garoto muito verde, ele quase não testou e é difícil a vida para quem chega assim na F-1. Mas alguns chegam e se viram. Lawson, por exemplo. E não destroem carros, nem passam vergonha.

Fui olhar o que cada um deles fez antes de sentar num F-1 para seu primeiro GP. Sargeant, 22 anos, andou no carro da Williams pela primeira vez no final de 2021 em Abu Dhabi, no teste de novatos. Foram 486 km percorridos. Na ocasião, tinha terminado sua terceira temporada na F-3. Correu em 2019 (pela Carlin), 2020 (na Prema) e 2021 (na Charouz). Nesse período, conseguiu três vitórias, dez pódios e três poles. Foi terceiro colocado no campeonato em 2020.

Em 2022, foi para a F-2. Fez uma temporada razoável, com duas vitórias, quatro pódios e duas poles. Terminou em quarto. Pela mesma Williams, participou de quatro treinos livres nos GPs dos EUA, México, Brasil e Abu Dhabi, totalizando 96 voltas e 465 km. Encerrado o Mundial, fez de novo um dia de treinos em Yas Marina, mais 433 km. Contratado no começo de 2023 para ser titular, cumpriu um dia e meio de pré-temporada no Bahrein, com mais 1.239 km no lombo. No total, antes de alinhar no mesmo Bahrein para a primeira corrida no meio de gente grande, foram 2.623 km de experiência. É pouco.

Aí a gente vai ver o tal do Lawson, 21 primaveras completadas em fevereiro. Em 2021, fez o teste de novatos em Abu Dhabi pela AlphaTauri, 660 km. No ano passado, participou dos treinos livres nos GPs da Bélgica e do México pela AlphaTauri e de Abu Dhabi pela Red Bull, mais 298 km no total. Pela mesma Red Bull, de novo em Yas Marina, mais 586 km para fechar o ano. Deu 1.544 km. Aí chamam o moleque na Holanda numa fogueira danada, porque Ricciardo quebrou a mão, vai direto para a classificação com chuva, não comete nenhum erro, segue em Monza, Marina Bay e Suzuka, e já tem dois pontos e um Q3 no currículo, obtidos em Singapura. Não quebrou uma asa.

Sargeant disputou 16 GPs, chegou ao Q3 apenas uma vez (na Holanda) e seu melhor resultado até agora é um 11º lugar. Suas inúmeras batidas ao longo do ano já causaram um prejuízo de US$ 3 milhões à Williams em peças de reposição, funilaria e pintura. A franquia do seguro dele é altíssima. Sabe como é, jovem, menos de 25, pouco tempo de carta…

Tudo que Vowles disse é verdade: Sargeant precisa de apoio, a equipe pode ter se precipitado em colocá-lo como titular sem estar preparado para tal, o carro é diferente do de Albon, ele é bonzinho e querido etc. e tal. Mas é fraco. Por isso, por mais que o time tenha saído em sua defesa — e eu faria o mesmo, porque a fritura na F-1 é cruel e nem todo mundo é como Helmut Marko ou Flavio Briatore –, é muito difícil que ele permaneça no ano que vem. Tem prazo até o fim da temporada para, como disse o chefe, atingir certos objetivos.

Não sei quais são. Mas ninguém deve esperar por milagres. O rapaz precisa, antes de tudo, colocar a cabeça no lugar e se acalmar. Depois, mostrar do que é capaz. Receio que não seja de muita coisa. Assim, a vaga continua aberta para 2024. E Felipe Drugovich segue sendo um dos nomes cotados para ela. É a única aberta, inclusive.

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LADALAND

Chegada gloriosa!

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SOBRE ONTEM DE MADRUGADA

A IMAGEM DA CORRIDA

Verstappen e seus mecânicos: vitória em equipe

SÃO PAULO (merecido) – A vitória de Verstappen em Suzuka foi tão tranquila e natural que, da pista, não emergiu nenhuma imagem muito marcante da corrida. A Red Bull foi campeã ontem. Muita gente acha que carro bom surge por geração espontânea e sorte do piloto que tem a chance de recebê-lo ao início de uma temporada. Não é assim. F-1 é trabalho de equipe, com muita gente envolvida. E, de verdade, cada um tem seu quinhão numa vitória dessas. Milhares de pessoas trabalham numa equipe, nos autódromos e nas fábricas. O que vemos pela TV é apenas o cume dessa pirâmide.

Por isso a escolha dessa imagem aí em cima. Que seja interpretada como uma homenagem mais do que justa aos trabalhadores do automobilismo. E que todos recebam o devido reconhecimento e desfrutem dos louros da conquista!

(Frase horrível, mas é isso aí.)

O NÚMERO DO JAPÃO

33

…pontos fez a McLaren em Suzuka, com o segundo e o terceiro lugares de Norris e Piastri. Foi a melhor performance da equipe no ano. Nas últimas oito corridas, desde a estreia do carro novo na Áustria, o time fez 155 pontos. Até o Canadá, oitava etapa do campeonato, tinham sido apenas 17. A média das primeiras oito corridas, que era de 2,12 pontos por GP, subiu para 19,37. Quase dez vezes mais.

Os números acima mostram que é possível corrigir a rota mesmo depois de um início de campeonato ruim. A gente costuma dizer que carro mal nascido não tem jeito, geralmente as emendas ficam piores que o soneto. A Mercedes tem dado mostras disso desde o ano passado. É verdade, claro. Carro que nasce ruim, normalmente, morre ruim. Mas a McLaren conseguiu mudar radicalmente os conceitos aplicados no modelo que começou a temporada e fez um carro praticamente novo. Com teto de custos e tudo. É um caso a ser estudado.

Vejam a Aston Martin, em oposição ao exemplo dos papaias. Começou muito bem o ano e nas mesmas oito primeiras corridas marcou 154 pontos, média de 19,25 por GP. Desde então, também em oito provas, foram 67 pontos — a média caiu para 8,37. Deve-se considerar aqui o fato de que a Aston Martin é equipe de um piloto só. Alonso fez 174 dos 221 pontos da equipe (78,7%). Stroll marcou 47 e zerou nas últimas quatro. É um peso morto. Por isso, não se espantem se a McLaren terminar o campeonato na frente da Aston Martin. Mesmo tendo jogado no lixo oito corridas com o carro antigo.

McLaren festeja em Suzuka: como dar a volta por cima numa temporada

Oscar Piastri subiu ao pódio pela primeira vez, já em seu ano de estreia na F-1. É um ótimo piloto. A McLaren fez bem em investir nele para tirá-lo da Alpine. Mas ir ao pódio no primeiro ano não é algo raríssimo na história da categoria. Muita gente já conseguiu, e de cabeça cito aqui Senna, Hamilton, Magnussen, Kubica, Wurz, Ralf Schumacher… De qualquer maneira, fazia algum tempo que um estreante não levava um troféu. O último, acreditem, foi Stroll. Quando defendia a Williams, em 2017, foi terceiro colocado no GP do Azerbaijão.

E para encerrar a ode à McLaren, vamos à…

FRASE DE SUZUKA

“OK, terminamos longe de Max. Mas não tão longe assim.”

Lando Norris

A diferença de Verstappen para o inglês, ao fim da corrida, foi de 19s3. É uma distância enorme. Mas o que Lando quis dizer é que, na real, essa vantagem poderia ter sido bem menor se ele não tivesse sido atrapalhado por Pérez durante um safety-car virtual, quando ele saía dos boxes. Na 13ª volta, Norris estava 5s334 atrás de Max. Na 15ª, 9s911. Foi mais uma das lambanças do mexicano na corrida.

Pérez, finalmente, abandona: só bobagens

Checo parou nos boxes nas voltas 2, 12, 13 e 14. Na última delas, ficou dentro do carro. Tinha sido punido por bater em Magnussen. E foi por isso que a Red Bull o manteve sentado no cockpit por mais de 40 minutos, até a 40ª volta. O time mandou os mecânicos arrumarem o carro todo estropiado para que ele voltasse à pista quando desse. Apenas para pagar o “time penalty”. Segundo a explicação da equipe, a decisão foi essa porque o regulamento esportivo diz que uma punição, se não for paga na corrida em que foi aplicada, “pode ser carregada para a etapa seguinte”. Na dúvida, para evitar a possibilidade de Pérez, por exemplo, perder posições no grid no Catar, a multa foi paga.

Mas, para mim, foi castigo, mesmo.

Caixinhas, agora?

Michael vence na França e é penta em 2002: faltavam seis GPs

SCHUMACHER VIVE – Como não foi campeão em Suzuka, Verstappen manteve vivo mais um recorde impressionante de Michael Schumacher. Ele foi o piloto que se sagrou campeão com maior antecedência na história, seis provas antes do final de uma temporada. Foi em 2002, ao vencer o GP da França em Magny-Cours — 11ª etapa daquele Mundial, que teve 17 corridas. Foi sua oitava vitória num ano em que também estabeleceu outra marca jamais repetida: subir ao pódio em todas as provas de um campeonato. Verstappen deixou escapar essa possibilidade com o quinto lugar de Singapura. Max deve ser campeão no Catar. Precisa de apenas três pontos. Conseguindo, terá conquistado o tri cinco provas antes do fim do campeonato.

TRETA FRANCESA – A Alpine mandou Gasly entregar o nono lugar a Ocon na última volta da corrida. Pierre tinha pedido passagem para tentar alcançar Alonso, não conseguiu e o time ordenou que devolvesse a posição ao companheiro. Fez isso. Mas ficou furioso, mandou o dedo do meio pelas câmeras para todo mundo ver e nas entrevistas soltou seus cães em direção à chefia que ninguém sabe direito qual é. Totalmente desnecessário. Nono ou décimo, é tudo igual. As coisas vão muito mal na Alpine. É um time que perdeu totalmente a relevância.

SÓ PREJU – Achei isso aí em cima no Instagram. Com base em valores aproximados de peças que compõem um carro de F-1, alguém fez as contas do prejuízo que cada piloto causou à sua equipe com batidas em geral neste ano. Os cálculos vão até Singapura. Portanto, Logan Sargeant já aumentou o rombo depois de mais duas pancadas no Japão: na classificação e na corrida. Até a prova anterior, o estrago do norte-americano nas finanças da Williams estava quase em US$ 2,8 milhões. Verstappen, por sua vez, é o funcionário ideal. Não traz despesas e ganha corridas.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS do troféu que acende as luzinhas! A um beijo, ele se ilumina com as cores da bandeira do país do vencedor. Uma boa ideia, simples e simpática. Que obriga o cara que ganha a corrida a demonstrar algum afeto e ternura no pódio. Bem legal.

NÃO GOSTAMOS da tolerância da Williams com Sargeant. O rapaz não tem a menor condição de seguir na F-1. Atrapalha muito uma equipe que mostra sinais de recuperação depois de anos na miséria técnica absoluta. James Vowles, chefe do time, falou que o Logan segue até o fim da temporada. É um atraso. Se a equipe pensa em substituí-lo em 2024, que o faça logo. Assim, quem assumir o cockpit chega um pouco mais preparado à próxima temporada.

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ENCHE O TANQUE

SÃO PAULO (já tô com saudades…) – Uns dois meses atrás mandei um e-mail para um blogueiro que sempre aparece por aqui pedindo dicas de onde ficar em Paris. Ele sugeriu Saint-Germain-des-Prés. Ficamos lá. Nada como falar com quem conhece. E esse mesmo blogueiro me mandou a foto do postinho abaixo. Tem talento para fotografia e literatura. Vou até indicar a uns amigos. A mensagem dele está abaixo.

Salve, Flavio. Mais um posto para sua coleção. Este aqui na foto parece um pouco tétrico (e o é), mas neste espaço, além dos três tipos de combustível, o cara ainda troca o óleo, faz mecânica e lava o carro. Fica em Paris, na esquina do boulevard Raspail com a rue Boissonade, logo ao lado da Fondation Cartier para a Arte Contemporânea. Forte abraço, JR Duran.

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VERSTAPPEN: ATÉ ONDE ELE VAI? (BEM, MERDINHAS #139)

Max Verstappen já tem três títulos mundiais, é o mais jovem vencedor de GP da história, o terceiro com mais vitórias, o piloto que ganhou mais corridas na mesma temporada, aquele que venceu mais...