COMO RECOMEÇAR?

SÃO PAULO (que sol é esse?) – Sempre tem como começar de novo. Sempre. É o que a F-1 precisa fazer, se quiser sobreviver. Porque começar a temporada com 18 carrinhos vai ser patético. Autódromos monstruosos, reluzentes e luxuosíssimos, sem carros para correr neles… Nesse cenário, as idéias do espevitado Mosley são cada vez menos excêntricas, a do motor único inclusive.

Que pode ser motor-padrão, também — que se deixe quem quiser fazer o seu fazê-lo. Era assim nos anos 70 e 80, com Renault, Ferrari, BMW, Porsche. Mas havia uma base, uma espinha dorsal, a Cosworth (que entrou na briga de novo, pelo jeito), a quem qualquer time independente podia recorrer para montar seu carro. E tinha equipe saindo pelo ladrão.

A F-1 perdeu o freio do desenvolvimento ilimitado quando o dinheiro começou a jorrar sem controle, na euforia da grana fácil e farta. Sem exagero algum, o valor do atual motorhome da McLaren é mais ou menos o orçamento inteiro de um time médio de 20 anos atrás.

Tamanhas exigências de verbas afastaram da competição os… competidores! E entraram as corporações. Não se faz um campeonato de futebol apenas com estádios. Não se faz um campeonato de corridas apenas com autódromos. São necessários times, jogadores, equipes, pilotos. O erro básico dessa F-1 perdulária foi esse: dar atenção ao supérfluo (autódromos, motorhomes, jantares, apresentações, festas, uniformes, camarotes, paddock-clubs, VIPs, catracas eletrônicas, pulseirinhas) e esquecer o essencial (carros, mecânicos, equipes, torcedores, paixão por corridas).

A F-1, como o mundo em geral, ficou babaca. É algo que alguém como eu, que passou 18 anos viajando atrás de cada GP, começou a perceber há uns oito, dez anos. Uma diferença radical no comportamento de todos, no relacionamento com as equipes, na montagem do esquemão de coletivas, almoços, acessos, risadas. O marco definitivo dessa transição foi quando Eddie Jordan, com quem a gente se sentava para contar piadas e falar de corridas, vendeu sua equipe. Quando sai da turma um cara como o Eddie e entram almofadinhas como Nick Fry, é porque a turma acabou.

Ficaram todos babacas, viraram todos funcionários de grandes empresas, participantes do big business, e foram embora aqueles que, de fato, amavam o automobilismo.

E como recomeçar? Trazendo de volta à vida as equipes. Algumas delas, hoje, existem na GP2, por exemplo. Criando um regulamento que reduza o abismo entre corporações milionárias e times montados na garagem. Limitando o orçamento (olha o Max Mosley aí de novo), cortando as frescuras, correndo mais na Europa, em autódromos mais simples e próximos, deixando de lado essa palhaçada de correr em oásis deprimentes como Abu Dhabi, Bahrein e Cingapura, tentando reencontrar algo fundamental para que esse negócio continue a existir: paixão e simplicidade.

Parece ridículo falar em paixão e simplicidade nestes tempos de debêntures e derivativos, mas há certas coisas que só apaixonados conseguem fazer. E se eles estão recolhidos, amuados, vivendo de lembranças, as coisas não acontecem. Simples assim.

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CorredorX
CorredorX
15 anos atrás

Falando em Indy, o que será que a Honda vai fazer a respeito? Se os Japas debandarem de lá também, aí que nada vai sobrar mesmo.

Marco Vinicius Lage
Marco Vinicius Lage
15 anos atrás

Caro Flávio,

quando leio algo como o que escreveu ontem digo a meus amigos…queria ter escrito isso!!!!!

Brilhante, tocante, sensacional!!!!!

Parabéns pela antológica cronica.

Abraço,

Marco Vinicius Lage – Belo Horizonte

Mário Salustiano
Mário Salustiano
15 anos atrás

FG,

para falar em recomeço primeiro devemos todos fazer uma retrospectiva de forma sincera para com nós mesmos, será que só a F1 mudou nos ultimos anos e ficou selvagem em termos de ganhar dinheiro?? será que a F1 não é um reflexo da sociedade que vivemos hoje?? é fácil atirar pedras na decisão da cupula da Honda dizendo que lá só pensam em grana e não existe paixão, me detendo para ser mais direto só aqui, basta ler um pouco dos comentários, basta procurar nos posts, e surpresa descobrimos que cada um de nós a nossa maneira nos deixamos levar pela boa vida, pela “big boss way” , na verdade todos nós aqui temos culpa pelo que está acontecendo e ainda está por vir, hahaha, critico governos, sociedade, vizinhos, Honda, Max, Bernie,etc. aí desço na minha garagem e escolho na minha pequena coleção o que vou dirigir hoje para aliviar a mente, ahh dirão alguns eu trabalho muito para isso, só que pergunto aonde está o limite para o que eu faço extrapolar o que tiro do outro? “o que voce quer dizer com isso” podem me perguntar, bem com meu estilo de vida, cinquenta empregos, 14 horas de trabalho por dia, temos roupas em excesso, carros em excesso, casas em excesso, e ainda criticamos o governo por não resolver os problemas do meu vizinho coitado que tem muito menos, afinal eu trabalho muito, será que no senso de justiça de “seu” Bernie ele não acha certo cobrar as fabulas para manter o espetaculo dele, afinal ele trabalha muito, falei um monte e talvez não tenha nenhuma razão em meu ponto de vista, mas o mundo hoje deixou a muito de ser competitivo, ambicioso e se tornou extremamente GANANCIOSO e a F1 não é diferente
abs
Mário Salustiano

duque
duque
15 anos atrás

Muito romântico o seu comentário, Flavio !!! Agora, vai falar em recomeço com a Ferrari e a Mc Laren !!! Os caras vão rir da tua cara !!! O Luca de Montezemolo, nobre aristocrata piemontês, legítimo herdeiro da Dinastia de Savóia, só conhece uma palavra na vida: VITÓRIA !!! A qualquer custo, a qualquer preço, pisando em quem for preciso ser pisado !!! E o orgulho alemão ??? Sai de baixo: eles se acham os inventores supremos do automóvel !!! Mercedes, então, nem se diga !!! E associados, ainda, a Dennis e Mansur ??? RECOMEÇO com esses caras ??? RÁ, RÁ, RÁ !!!!!!!! Conta outra !!!!!

Tales
Tales
15 anos atrás

Compartilho da indignição de todo mundo com o lixo que é a F1 de hoje em dia, mas vou fazer o advogado do diabo: a culpa não é do Bernie E., nem das montadoras, nem dos circuitos no cu do mundo. A culpa é nossa. Somos nós que vemos a F1 degringolar ano após ano, e ainda assim continuamos assistindo às corridas, dando Ibope e justificando a inflação dos valores de publicidade envolvidos na categoria, que no fim das contas é o que leva à inflação de todo o resto.

O que precisava era ter um “Sindicato dos Fãs de F1”, que promovesse um boicote organizado à categoria, até que fossem implementadas medidas concretas pra se aumentar a competitividade e diminuir os custos.

Agora, se a situação não está ruim o suficiente pra merecer o nosso boicote, então somos nós que merecemos a F1 que temos.

Esse tão necessário Recomeço não vai vir de cima pra baixo. O Bernie não vai ter uma epifania que vai mudar os valores dele da noite pro dia, fazendo-o pensar em primeiro lugar no esporte e só depois no dinheiro. Quem tem que promover o Recomeço somos nós. Quem tem que mudar o foco somos nós. Quem tem que mudar o canal somos nós. A F1 morreu, viva a F1.

Paulo
Paulo
15 anos atrás

Ainda consigo ver muita emoção na formula 1, na minha tv vejo os verdadeiros pilotos, Gilles Villeneuve , Niki Lauda, Keke Rosberg, Alain Prost, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Nelson Piquet, Jacques Villeneuve, Clay Regazzoni, Jack Brabham , Jacky Ickx, Emerson Fittipaldi, Niki Lauda, José Carlos Pace, Jody Scheckter, James Hunt, Carlos Reutemann, etc….. vejo tudo isso graças ao velho e bom Video Cassete. da mesma forma que não veremos mais as seleções de 70 e 82, não veremos mais a verdadeira formula 1.

Bruno Pagiola
Bruno Pagiola
15 anos atrás

Do que adianta a F-1 obrigar as equipes a diminuirem e cortar os custos, se Bernie Ecclestone vai atrás de Árabes e Asiáticos ganhar pra ele a grana, cobrar quase 50 milhões de dólares (só para a equipe ter direito a participar da festa) por equipe. Ele disse que a F-1 atual não tem ultrapassagens, por que não enche o grid com os 26 carros de anos atrás, libera as equipes para comprarem chassis…Ou seja, sempre se dá uma tremenda volta no regulamento por que sempre Bernie não pode ceder aos milhões que explora de equipes e organizadores…só isso! Se vacilar, esse lance de motor único é um blefe para tentar tirar unzinho das montadoras, mas acho que não vai funcionar…A Honda já tirou o seu da reta…e vem mais por aí…

Heitor
Heitor
15 anos atrás

Falou e disse FG ! Quando o Flávio Gomes tá inspirado não tem chance prá ninguém ….

Lionel
15 anos atrás

É o pessoal já falou quase tudo e o Flávio também ….todo mundo REVOLTADO e EU mais ainda …me senti traído ..apunhalado pelas costas… ( pois estava mantendo contatos de negócios NORMAL até quarta feira com a HONDA ….) Mas o mundo das corridas é assim mesmo como disse o Flávio outro dia …”.raro aparecer um amigo de VERDADE nesse meio “.porisso que entendo as vezes o paviu curto do Flávio é que Êle já viu muita coisa….agora o sucesso do seu blog é ser autentico …café com leite ou feijão com arroz ….Flávio não se curva à nunhum PRESIDENTE BESTA de nenhuma MULTINACIONAL ….é complicado cada equipe é de um País…povos diferentes …costumes diferentes..Eu mesmo não acerto com japoneses …por enquanto …mas tenho esperanças de acertar….Só acho que a HONDA como disse o Flávio foi falta de PAIXÃO e gostaria de acrescentar FALTA DE CONTROLE, FALTA DE PLANEJAMENTO …..O Presidente errou em não tirar o FUINHA que errou em contratar Ross à peso de ouro …que errou em contratar mecanicos e técnicos tudo à peso de ouro ….BASTAVA UM BERG lá …..AGORA O PRESIDENTE ERROU EM PARAR era só cortar gastos de 440 para 150 e demitir incompetentes….como Eu disse ao PRESIDENTE IA ERRAR FEIO SE FECHASSE …O PREJUÍZO SERÁ DE BILHÕES …. abraços Lionel

Cristiano Seixas
Cristiano Seixas
15 anos atrás

FG, teu artigo está maravilhoso,
que heresia, a F1 tem palcos maravilhosos como Xangai, Sakhir e Istambul, mas sinto saudades de corridas em Brands Hatch e outras pistas das antigas, repletas de apaixonados pela velocidade.
Já percebeu que porre correr na Malásia, Bahrein, Abu Dhabi e até na China, os autódromos estão sempre vazios e pior aqueles caras não tem a paixão pela velocidade na veia que os brasileiros e europeus tem de sobra.
A F1 está mais babaca, ou melhor, o mundo está mais babaca, um mundo de aparências, onde temos que ter networking, que nada mais é do que puxar o saco, se enfiar em um terno e uma gravata, trabalhar no emprego que vc odeia, mas que paga um ótimo salário.
Flavinho está faltando paixão, tesão, no mundo e na F1.

João Daniel
João Daniel
15 anos atrás

Acompanho seus comentários sempre no programa das terças-feiras, mas desta vez digo que tenho que tirar o chapéu (ou boné), qualquer coisa. Parabéns. Resumistes nesta coluna tudo aquilo que observamos mas não conseguirmos dizer. Talvez a solução não seja colocando motor único, mas quem sabe reduzindo o número de mecânicos no box, reduzindo materiais, permitindo a venda da monocoque entre equipes?
Um abraço.

Olivaldo Weiler
Olivaldo Weiler
15 anos atrás

O que esses canalhas fizeram e estão fazendo com o esporte (F1, futebol, basquete etc) provará que dinheiro é bom mas não é tudo. Voltaremos as baratas, as bolas de capotão, ao futebol de várzea, o sonho dos magnatas acabou!!!! Acenderemos nosso maldito ouvindo Thin Lizzy e daremos gargalhadas!!!! Evidentemente cada um com seu ipod, notebook, celular de última geração, etc.

Marcelo
Marcelo
15 anos atrás

Motor padrão é interessante mas de difícil aceitação, o certo seria impôr limitações técnicas aos carros de uma maneria geral, tornando a categoria como a IRL, com chassi, motor e transmissão sendo obrigatoriamente compartilhada por pelo menos 3 equipes, dando chance às pequenas de pelo menos competir, como na Motogp, onde temos 1 equipe da fábrica e várias independentes.

Gustavo Terra
Gustavo Terra
15 anos atrás

Cara muito bom seu texto. Isso de querer tornar a F-1 um mega show mundial nao da, ou pelo menos não é algo estável.
O que queremos são carros velozes na pista, disputa em circuitos desafiadores e seguros, com equipes que se preocupem em fazer carros mais do que correr atrás de patrocinadores.

jefe rodolfo
jefe rodolfo
15 anos atrás

Hummm.. em 5 anos a F1 acaba, a menos que os árabes e indianos bilionário assumam de vez o gosto em brincar com autorama gigante.

Lucas Carioli
Lucas Carioli
15 anos atrás

Yeah man!!! Concordo contigo em cada vírgula!!!

renato pessuto
15 anos atrás

Flávio, fui cumprimentá-lo em Interlagos, na sexta-feira, na porta do box/restaturante da Ferrari, se não estou equivocado, e disse o seguinte: Sei que você não é piloto (pois todo mundo por alí queria ter o privilégio de dar de cara com um piloto, quem sabe um Massa ou Hamilton, e você retrocou: Sou sim; eu falei, mas piloto de DVW que não conta. Pois bem, lendo as matérias sobre a baixa da Honda e a opulência do pessoal da Mclaren, devo concordar, as corridas ficaram inteiramente em segundo plano. O oba-oba está acima de tudo e, sem perceber, viramos todos babacas. E mais, possivelmente fudidos e desempregados!

Pedro Cardoso
Pedro Cardoso
15 anos atrás

Inflacao! isso existe, nao e igual ao dinheiro virtual que gerou toda essa crise.motores para uma temporada eram $350.000, 30 anos atras.
Pela proposta do mosley motores da cosworth sairiam por 6 milhoes por temporada valor que acho razoavel.
A formula 1 nao vai morrer, formula 1 e o maximo do esporte a motor, sempre foi, o sonho de qualquer piloto e a formula 1, o esporte e acompanhado em todo mundo, os carros de formula 1 serao sempre os mais rapidos dentro de uma pista de corrida. Foi assim desde a criacao do campeonato.
Ja leio faz um bom tempo reportagens em que vovo bernie diz que a formula 1 nao pode depender das montadoras, elas entram e sai de acordo com o balancete anual.
Essa crise economica apenas simboliza o topo, o maximo de um capitalismo que agora tende a retroceder. Vejo num futuro nao tao longe, um campeonato com limite de custos, poucas montadoras, e mais equipes independentes, carros mais racionais, o mais rapidos monopostos, porem sem precisar utilizarar materias de naves que vao pra marte… sei la! so sei que tem que mudar

Daniel Alves
Daniel Alves
15 anos atrás

…completando….
Mas isso faz parte do conhecimento e aprendizado do imperfeito ser humano…..sendo assim, de onde viriam as paixões, pela aviação por exemplo?

@dren@do
@dren@do
15 anos atrás

O mais engraçado é que na MotoGP a Honda vai continuar competindo, por causa dos custos menores?Acho que não, dinheiro não é problema pra esses caras, mas acho que saíram por causa do vexame nestes últimos anos.
Mas eu torço muito para que o Ross Brawn consiga colocar o seu projeto nas pistas e que seja realmente um carro vencedor, pois ele, a Petrobrás, o Bruno Senna e até mesmo o Rubinho não mereciam um final de ano dessa forma….

Daniel Alves
Daniel Alves
15 anos atrás

Impressionante….
Tudo que você escreveu aqui é na sua totalidade o que penso da F1 e do mundo atualmente….tudo babaca.
Parece que isso aconteceu bem antes…Uma Copa do Mundo de futebol no país do basquete (1994) onde até lá o futebol é diferente….Sinceramente falando, fico triste pelo fato do mundo inteiro pagar o pato com tudo isso…alguns verão a vida ir embora e nem sequer tiveram chance de saber o que realmente estava acontecendo num mundo que de algum tempo pra cá começou a fazer campeonatos de futebol só com estádios, olimpíadas com piscinas modernas, etc mas sem atletas……gostaria que o mundo e a F1 voltassem a usar o famoso pirulito funcional ao invés de luzes piscantes acionadas por controles de outra galáxia….e olha que nem tenho 30 anos ainda hein FG…..

Daniel Nishikawa
Daniel Nishikawa
15 anos atrás

Somente um devaneio…

E se, ao invés de motores e câmbios padrão, a FIA adotasse uma carenagem padrão? A carenagem seria a mesma para todos, e o Grupo Técnico forneceria às equipes um gabarito com dimensões e furações padrão para que as equipes façam o desenho do chassi, seus componentes e a fixação dos braços e barras de suspensão.

Dessa forma, os túneis de vento 24h não teriam mais utilidade, reduzindo os custos, bem como a inesgotável criatividade dos projetistas para aumentar o downforce. Além disso, essa carenagem padrão seria desenhada para reduzir radicalmente o grip aerodinâmico, de forma a permitir ultrapassagens.

As equipes (sejam grandes fabricantes de carros ou não), concentrariam seus esforços de pesquisa somente nos componentes cuja tecnologia pode ser aproveitada em carros de rua (motores, transmissões, suspensões, freios, etc). Os avanços na aerodinâmica não são aproveitáveis nos carros de rua, dado que pouquíssimos carros de rua são fabricados para transportar apenas 1 pessoa.

Proibição de testes durante a temporada, com o aumento do número de etapas no campeonato não só como compensação, mas, principalmente, para que pilotos, engenheiros e mecânicos estejam sempre ocupados com as corridas, evitando violações à proibição de testes. Além disso, para coibir os testes, as carenagens seriam de propriedade da FIA, FOM, etc, sendo entregues aos times somente no momento do desembarque dos equipamentos nos autódromos nos quais serão disputadas as corridas.

Precisamos ser realistas. Propor controle de custos na F-1 é impraticável, portanto não vou defender tetos salariais ou orçamentários. Simplesmente não funciona. Só serviria para promover o popularmente conhecido como “pagamento por fora”. Regulamentos devem se subverter à realidade. Defender o contrário é como o caso de um sismólogo dirigir-se a um terremoto e dizer: “Desapareça Sr. Terremoto, pois o senhor não está nos meus cálculos tampouco no meu planejamento”.

Bom, é isso.

André, limpador de carros indignado
André, limpador de carros indignado
15 anos atrás

Realmente è um absurdo o que essas montadoras desperdiçam com besteiras. Moro em Bologna e, como todo estudante brasileiro na Europa, tenho que fazer bicos pra me manter. Esses dias estou trabalhando no Motor Show de Bologna, no stand da Volkswagen. E’ impressionante a grana que esses caras gastam. Foram dois coquetèis para convidados, ontem e anteontem, fora o open bar que funciona o dia inteiro. Eu, que sou um mero limpador de carros, trabalho 13 horas por dia, nao ganho comida e me pagam 80 euros por dia, o mesmo valor hà 3 anos. A desculpa desse ano è a crise, mas sò o que esse pessoal oferece de comes e bebes para os convidados daria para alimentar a Africa.
O mais engraçado è que no stand da Audi tem um protòtipo da Le Mans Series – ao lado de um Auto Union maravilhoso – e no stand da Honda tem um F1. Nao sei se a Honda està gastando muito pra alimentar seus convidados, mas a Audi està gastando igual ou mais que a volkswagen. A diferença è que no stand deles os funcionàrios podem comer. Tenho amigos que trabalham là e de vez em quando apareço pra filar uma bòia. Enquanto isso, a Volks gasta rios de dinheiro com quem tem dinheiro e os trabalhadores sao tratados igual merda. Nunca vou comprar um Volkswagen, promessa!!!!

Ronald Wolff
Ronald Wolff
15 anos atrás

Sim, mas o Max quer economizar, mas também quer correr nessas terras de ninguém, como China, Cingapura, Barhein e Xiririca da serra, então existe aí um antagonismo……….

Fábio Mendes Santos
Fábio Mendes Santos
15 anos atrás

Excelente texto!
Falta coração, paixão pelas corridas.
A Honda, diga-se sua direção, não tem isso, não deu lucro, vamos pular fora!
Rídiculo isso, prova por A + B que a Honda entrei como equipe pra ganhar dinheiro, pra ter um markleting muito maior, pra tudo, menos pra entrar numa competicção de carros, sabendo que pode ganhar ou perder nelas.
Saudades de equipes como Lotus, Arros, Jordan e até a Minardi.
E mais autódromos na Europa, berço da F1, e também EUA e agora Canadá! Isso que dá querer fazer c0orridas na Ásia e esquecer oqq realmente importa!

Eric
Eric
15 anos atrás

Ainda bem que aqui a coisa é movida a paixão,senão meu emprego já teria voado……

O patrão,vou falar procês…tem que tirar o chapéu.

Claudio Ceregatti
Claudio Ceregatti
15 anos atrás

Concordo com cada palavra sua, com todo o raciocínio. Texto lúcido e claro, direto ao ponto.
Sinceramente, a saída da Honda me alegra, não entristece.
Gostaria de uma debandada geral, que essa F1 milionária, fria e asséptica acabasse de vez. Que todas as montadoras saíssem, para não sobrar pedra sobre pedra.
Não gosto dessa F1 há muitos anos. Sequer a respeito, pois o evento triliardário e vazio que se transformou não respeita seu público, sua própria história e suas tradições.
Quem sabe dos escombros da empáfia surja uma F1 que resgate seua reais valores, aqueles perdidos enquanto todos contavam dinheiro.

adam9000
adam9000
15 anos atrás

FG

Falta tb tirar o poder do “Uncle Bernie”.

Pois com a turma dos petro-dólares com dinheiro saindo pelo ladrão, aumentando a concorrência dos que querem sediar um GP, se dá ao luxo de exigir quantias exorbitantes, e quem dá mais leva.

Vide Canadá, por exemplo…

Roberto Martinez
Roberto Martinez
15 anos atrás

“Falar” mais o que?? Disse tudo…

E pensar que essa Honda nasceu lá atrás da Tyrrell , que nasceu da Matra…

Paulo César
Paulo César
15 anos atrás

Como já disse o poeta “…. a força da grana que ergue e destroi coisas belas……”

Os culpados disso são o ” simpático ” Ron Dennis o ” gênio ” Bernie, os caras da Mercedes, os da Ferrari, Toyota, Honda ….

Os Bos, tá claro ?!

São os ” gênios” que comandam este mundo e outros também ….

Cassius Clay Regazzoni
Cassius Clay Regazzoni
15 anos atrás

Vou dar meu pitaco!!!

A F1 foi para o saco quando a aerodinâmica passou a ser mais importante que os motores… acabaram as ultrapassagens e saltaram os custos com túneis de vento e centros de pesquisa. E o pior, é que as inovações criadas não poderiam ser transferidas para os carros de rua (alguém já imaginou um carro cheio de penduricalhos).

A proibição dos penduricalhos já ia ajudar muito, mas é necessário a possibilidade de utilização de um chassi mais barato (com limitações) e um motor com determinadas padronagens, deixando uma pequena margem para a criatividade das equipes.

Concordo também com um teto de orçamento rigidamente controlado pela FIA.

Além disso, alguém teria de frear o ímpeto do ganancioso Bernie Ecclestone, que cobra milhões de dólares para que equipes possam entrar na F1.

No final, acho que essa crise pode ajudar muito a F1 a se reinventar.

Cesar Costa
Cesar Costa
15 anos atrás

Helio Herbert:
A Superclassic já se adiantou e adotou o motor único. Virou Fórmula AP. Quanto ao sem maracutaia há controvérsias…

Paulo
Paulo
15 anos atrás

Texto S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L….
Para ler e guardar….

Hugo Leonardo
Hugo Leonardo
15 anos atrás

Outro fator que coloco para a crise é a proibição de propaganda tabagista. Todo mundo que conheço que gosta de F1 cita carros lindos com propaganda de cigarro, como a Lotus Camel, Lotus JPS, Mclaren Marlboro, a Williams Rothmans que levou o Senna, até mesmo a BAR meio-a-meio (555 e Lucky Strike) do David Richards, e eu nunca vi ninguém fumar por causa de um carro de corrida. As fábricas de cigarro investiam os tubos nas equipes. Duvido muito que a Santander pague mais pra Ferrari do que a Philip Morris pagava.
Abraços!

nuclearforce
nuclearforce
15 anos atrás

Aconteceu aqui mesmo, com as mil milhas…..saiu da realidade…todo mundo achando bonito aqueles carros, criticando os nacionais.

Pilotos brasileiros que ralam o ano todo, com orçamento curto, ficaram de fora….vergonha !

luis
luis
15 anos atrás

ah se for assim sim! usa quem quer, quem não quer faz o seu como queria dentro das regras!

Cesar Costa
Cesar Costa
15 anos atrás

Não acredito que quem está ganhando milhões vá abrir mão da grana em favor do “esporte”. As pistas do Oriente vão continuar porque ainda estão pagando a conta exigida.
Motor único? Duvido que Ferrari, Renault, Toyota, BMW etc, corram com motor de outro fabricante. E a informática? E a aerodinâmica? Como ficariam?
Já contei isso aqui, mas não custa repetir: quando A Copersucar estava em fim de carreira o Emerson tentou intermediar a compra de um petroleiro (a carga não o navio), para arrumar grana e manter a equipe. A comissão seria de US$ 7 milhões e com essa grana ele garantiria o resto da temporada da equipe com dois carros. Não conseguiu e quebrou.
Só o Rubinho ganhou este ano US$ 16 milhões (ou Euros), pra fechar a raia em todos os GPs. Como resolver essa diferença de grana hoje? Bernie & Mosley vão “acoxambrar” o próximo ano, mas não vão abrir mão dos lucros atuais, esperando melhores dias.
Ainda acho que a “crise” serviu pra Honda tirar o time de campo e não repetir o vexame dos últimos anos. Se os Sheikes fecharem as torneiras aí sim, Bernie, Mosley e Cia tiram o time de campo e quem pegar o abacaxi vai arrumar soluções “criativas”.

Fill
Fill
15 anos atrás

O grande problema nao vem de hoje! Começou qdo as empresas tabagistas começaram a sofrer com censura no esporte… O pessoal se acostumou com os milhoes que as empresas de cigarros injetavam na F1… Com o fim desses patrocinios, ja deveriam ter começado a criar regras para se adaptarem a novas realidades. Outras empresas nao dao o dinheiro que essas empresas davam, essa eh a verdade!
E como um camarada disse em outro post, cigarro vive de vicio…. certamente, essas censuras nao diminuiram o consumo….

zimmer
zimmer
15 anos atrás

Só dar um up grade light nos carros da GP2, e esta virar F1…. (2)

Helio Herbert
Helio Herbert
15 anos atrás

Formula 1 2009 ?…Mil Milhas 2009?… Sou mais a FORMULA SUPER CLASSIC, quer melhor? É pura emoção a custo baixo e sem maracutaia.

ANTONIO JUNIOR
ANTONIO JUNIOR
15 anos atrás

Vamos correr de Lada…com 400 milhões de dólares dá pra fazer qq coisa com o 96

fred
fred
15 anos atrás

Flávio. De vez em quando escreve umas coisas que parece você é doido. Desta vez deu até vontade de chorar de tanta saudade dos bons tempos de F1. Hoje pilotos e membros da equipe parecem astronautas saindo pra fora da nave espacial pra concertar um defeitinha aqui, outro alí, e mal sabemos quem é o sujeito que tá dentro daquela parafernália. Seria tão bom se voltasse o cambio manual, as marchas mal passadas por um ou outro piloto, os motores passando na reta dos boxes pipocando e a gente sabendo que aquele carro tava pra estourar o motor numa volta ou noutra. Naquele tempo o piloto acertava o carro de verdade. Ótimo este seu post.

Helder
Helder
15 anos atrás

Parabéns pelo texto, Flávio. Botou pra decidir! Quando o li, da mesma forma que Valdemar, a primeira imagem que me veio à cabeça foi Piquet batendo uma marmita nos boxes, hehe. Também gostei do comentário de Max, de Olinda-PE. Seria legal que Brawn, Berger e Barrichello tivessem a mesma idéia…

[]’s

pedro afonso scucuglia
pedro afonso scucuglia
15 anos atrás

FG, tu é fodegas! Concordo tintim por tintim. Não era muito mais legal a F1 de antanho, quando o pessoal comida de marmitex com colher de plástico – e andava pra barbalho – o chão do box tinha mancha de graxa e o coração da moçada batia no compasso das canecas dos Ford Cosworth! Vinte milhas de dólares por um motor que anda três corridas é muito.
Tem que repensar, sim!
Tem que virar Fenix, sim, e ressurgir das cinzas.

gildo
gildo
15 anos atrás

Flavio,
Tô com voce e não abro!
Gildo34

Alan
Alan
15 anos atrás

Assino embaixo. Eu suspeitava que Eddie Jordan fosse um cara maneiro ( eu nunca o conheci pessoalmente para saber), com aquele jeitão de rocker das antigas.
Que voltem os garagistas.
Eu devo ter esperanças de que a Formula 1 que eu tanto gosto não vai desaparecer?

jose agart
jose agart
15 anos atrás

É a marolinha internacional…

CorredorX
CorredorX
15 anos atrás

Olha, qualquer equipe que correr com um Cosworth vai ter a minha torcida. Eu seria capaz de torcer até pra Ferrari-Cosworth DFV.

Boas lembranças do Eddie, dono dos carros amarelos mais bonitos do grid.

Diretor
Diretor
15 anos atrás

Gómes,
A F1 de hoje sabemos nada mais é que parte integrante de um mundo que passou por grandes transformações nos últimos 20/30 anos.
Toda a tecnologia que foi descoberta e criada pelo homem a partir desse período, foi sendo absorvida, incorporada e evoluída pela própria F1, de acordo com suas necessidades e interesses.
É inegável no entanto uma contribuição técnica muito grande da categoria para com tudo o que envolve automóvel. A crescente nos custos e a necessidade de cada vez mais dinheiro para se manter no esporte, é reflexo de um gigantísmo gerado pela própria categoria, que sempre justificou seus gastos através e por conta de uma evolução constante e obrigatória.
E para custear tudo isso, o gestor do negócio, Tio Bernie, também foi aprimorando esse negócio e mostrando para as equipes/proprietários amplas possibilidades de ganhos e até de enriquecimento. Assim como em todo o mundo, incluindo o Brasil mas em dentro de sua realiade, mecanicos talvez “apaixonados” por corridas de carros enriqueceram com as corridas e adoraram isso. Denis, Frank, e outros, jamais seriam homens milhonários, se não fosse esse “gigantísmo” da F1. E. Jordan e outros que saíram, saíram mais ricos do que entraram. É um fato.
A adoção dos Cosworth e caixas XT, nada mais será que um revival ao final dos anos 60 que perdurou com consistência até o início dos 80. Cosworth e Hewland é que garantiram que a própria F1 se preparasse para crescer e evoluir. Foi bom para a categoria.
Haviam concorrentes nos motores, mas era mais barato cria-los e tentar fazer com que fossem competitivos e eficientes. Hoje não mais. A tecnologia do século XXI é muito mais cara.
Talvez seja bom para a F1 essa porrada pela proa. É possível que se possibilite o surgimento de equipes médias/pequenas nos grid’s melhorando até a categoria como corrida de automóvel, mas paixão pela paixão é coisa que não existe mais nos negócios atuais que geram cifras absurdas em todos os sentidos. Paixão é coisa de abnegados e abnegados invariávelmente são amadores.
A F1 não é coisa para amadores.

Abs.

Milton - Curitiba/PR
Milton - Curitiba/PR
15 anos atrás

Parabéns sobre seus comentários, Flávio! Este e os posts anteriores explicam muita coisa do que aconteceu nos últimos anos na F1. Concordo como comentário do Max, de Olinda/PE, quando disse que o Berger poderia entrar de sócio com o Ross Brawan e comprar a “bagaça” que sobrou da Honda. Ele até já estariasabendo da alternativa ? Talvez até o Rubens Barrichello deve-se entrar de sócio, assim ele teria lugar garantido como piloto. Contratariam o Bruno Senna (que traz bons patrocínios) e mandariam o Button embora. O Di Grassi poderia ficar como piloto de testes e a Petrobrás como fornecedora de combustível. Abraços.