HISTÓRIA NO LIXO

SÃO PAULO (exceções) – Abrindo um espacinho para o futebol, seara na qual raramente este blog se mete, porque é realmente triste o que conta o blogueiro Pedro Ivo, de Uberlândia. Leiam e vejam:

Entro com frequência no seu blog e tenho acompanhado a série de camisas dos pequenos grandes clubes que você recebe, entre as quais algumas do Uberlândia, equipe da minha cidade.
Bom, como você dá uma atenção bacana aos times do interior, queria contar uma história sobre o Verdão que talvez não seja do seu conhecimento. O seu tradicional estádio, o Juca Ribeiro, nome do primeiro sócio e dirigente do clube, foi vendido para o grupo supermercadista Bretas, que não hesitou em derrubar boa parte do histórico caldeirão para construir mais uma loja na cidade. Sobrou muito pouco do lugar, e na minha opinião, era melhor que tudo tivesse ido abaixo. Após dois anos, foi a primeira vez que tive coragem de ir até lá. Uma terrível experiência, como já esperava. O campo, palco de muitos duelos regionais, hoje é um estacionamento. Ver parte das arquibancadas em pé e os tão sonhados refletores adquiridos após uma campanha que mobilizou toda a população iluminando carros é de partir o coração.

Não conheço detalhes das negociações entre UEC e a rede
Bretas, mas sei que muita gente, inclusive a Diocese de Uberlândia, levou dinheiro na jogada. O poder público como sempre, deve ter tido algum interesse nisso também, pois se lixou para a demolição. O Verdão, na mão de diretores e empresários com outras prioridades, está atolado em dívidas desde sempre, por isso deve ter aceitado qualquer trocado.

Quando ainda estava na faculdade (sou formado em publicidade, mas não sou da turma da Vila Olímpia), dediquei meu último ano a ajudar o Uberlândia.  Acompanhei uma
situação crítica na época: leilões de bens, corte de luz, telefone etc. Após analisar detalhadamente o cenário, criei propostas que tirariam o time do atoleiro. Eram medidas simples e que teriam grande efeito caso fossem implantadas de forma correta. A diretoria só precisaria entrar com uma coisa para e execução do plano: boa vontade. A resposta foi zero, nem na apresentação do trabalho eles compareceram.

Com a falta de ação, uma grande parte da história saiu de cena para dar lugar a um supermercado. Hoje, o Uberlândia manda os jogos no Parque do Sabiá, um imenso estádio criado na época da ditadura. Sem o caldeirão, a pequena e insistente torcida fica ainda menor num elefante branco pra 50 mil pessoas. A situação do time após o grande negócio? O mesmo lixo.
Sempre que posso, evito passar na porta do velho Juca. A pintura externa do estádio permanece, como uma espécie de provocação aos românticos, como gostam de dizer. Em pouco tempo e para o delírio de muitos, o único verde que estará na fachada será o da rede Bretas.

Em anexo eu lhe mando as fotos para que você possa ver. As imagens após a demolição são de minha autoria.

Aqui, um link para a notícia no jornal da cidade. Apenas uma pessoa comentou a notícia.

As fotos lá no alto dizem tudo. Sem mais.

Comentar

JÁ QUE É NA CHINA…

SÃO PAULO (moderno demais) – Já tinham me mandado isso, mas aproveitemos o fim de semana chinês para mostrar, afinal. Ói o trem que não para na estação, que genial. É projeto, ainda. E genial numas, também. Esse treco economiza tempo e energia e tal, em termos de engenharia é um espetáculo. Mas precisam mesmo acabar com o ritual de um trem parar na estação, abrir suas portas, o apito soar? Ainda bem que se isso um dia existir, nunca vai chegar aqui, nem na Europa, onde não tem espaço para essas coisas. Mas vale pela curiosidade.

Comentar

REFORÇO ARGENTINO

SÃO PAULO (só crescendo) – Estreou hoje no Grande Prêmio a coluna Carrera, do argentino Bruno Tarulli, que vai falar sobre o automobilismo aí do lado, onde se leva corrida a sério. É mais um grande reforço ao nosso time de colunistas que terá, ainda, mais novidades nos próximos dias.

Deu para perceber que estamos ampliando bem a área de colunas porque julgamos que hoje, com a quantidade infinita de informações circulando pela internet, é importante termos referências que possam orientar os leitores em seus julgamentos e análises. A internet despeja muita coisa no ar e é difícil acompanhar tudo. As colunas, de certa forma, organizam essa deliciosa (e muitas vezes perigosa) bagunça geral.

A página de colunas do Grande Prêmio está aqui. E é claro que queremos saber o que vocês estão achando.

Comentar

MAO AÍ (1)

SÃO PAULO (lindo, o dia) – A sexta-feira começou embaçada em Xangai, na acepção da palavra. Tempo feio, névoa misturada com poluição, aquele cenário cinzento com arquibancadas monumentais nem às moscas, que tinham mais o que fazer.

Do primeiro treino não dá para dizer muito, porque o asfalto esteve úmido na maior parte do tempo. No segundo, já com o asfalto seco, Schumacher fechou a sessão (e o dia) com a melhor volta, 1min35s973. Foi 0s172 mais rápido que Hamilton, o segundo. A Red Bull deu sinal de vida com Tião em terceiro e seu companheiro marsupial em quarto. Rosberguinho em quinto e Button em sexto fecharam o grupo restrito às três grandes da atualidade. Pelo menos em treinos, porque a Mercedes, em corrida, é meia-boca pacas.

A propósito, vale ver a tabela de Trapos de Velocidade do primeiro dia de treinos. Vejam como a Mercedes é bem mais rápida de reta que todo mundo. São os buracos e tubos. Funcionam muito quando a asa móvel pode ser usada à vontade.

A Ferrari, que lidera o campeonato com Alonso, voltou à vaca fria. O espanhol foi o décimo, 1s343 atrás do alemão, e Massa ficou em 17°, a 2s320 do líder. Quase um segundo, de novo, para o espanhol. Senninha foi o 18° e também ficou atrás do parceiro, Mal-Danado, o 16°.

É claro, óbvio, evidente e desnecessário dizer que sexta é sexta e tal. Dá apenas algumas pistas. E elas apontam na direção de uma Mercedes rápida em classificação por causa de sua tubulação embutida, uma McLaren idem e uma Red Bull disposta a não permitir que os adversários disparem na frente. Bom lembrar que Hamilton perderá cinco posições no grid por troca de câmbio (que será levada a cabo antes do terceiro treino livre), ele que fez as duas poles do ano até aqui.

Olho na Sauber também neste fim de semana. Está com cara de que pode aprontar, como na Malásia. Mas é bom que o Mito Koba se mexa, porque o Malagueta Pérez anda acelerando além da conta. Previsão é de sol para sábado e chuva para domingo. Vi isso em algum lugar.

Voltamos mais tarde com a tecla SAP, caso a turma tenha caprichado nas declarações.

Comentar

CONFIRMOU

SÃO PAULO (quero só ver) – A FIA, do alto de sua soberba, cagando e andando para a real situação de um país que oprime e agride seu povo, confirmou a realização do GP do Bahrein para o dia 22. Não quer nem saber. Diz que tem garantias e que seus arapongas estão monitorando a situação na ilhota desde o ano passado, recebendo relatos de empresários, autoridades, xeques e califas.

Tomara que não aconteça nada. As equipes e os pilotos, claro, vão se calar. Ninguém tem a menor noção da importância política que teria um boicote, uma recusa, em nome da população barenita, brutalmente reprimida por uma monarquia absolutista que está no poder há mais de dois séculos, com o apoio da Arábia Saudita.

Mais uma vergonha na lista de muitas que a F-1 acumula. E não se iludam. Os que protestam há mais de um ano vão protestar. E a repressão será violenta. Não sei se saberemos de alguma coisa. Mas que o pau vai comer, vai.

Comentar

BRAZUQUINHAS

SÃO PAULO (tem um ali que conheço bem…) – Vejam que legais as fotos e a mensagem enviadas pelo Thiago Dantas Lima. Os carros, vocês é que têm de identificar. São todos personagens da história do automobilismo nacional.

Me chamo Thiago Dantas Lima (conhecido no meio dos colecionadores como Thiago Nacionais), tenho 30 anos e sempre fui apaixonado por carros, principalmente os fabricados em nossa terra. Desde criança ficava fascinado com as miniaturas e não me conformava de não ter para brincar carros iguais aos que eu via nas ruas. Por isso, quando comecei a colecionar de verdade, resolvi me dedicar somente aos nacionais. Hoje a coleção passa dos 300 modelos nas escalas 1/18, 1/43 e 1/64. Resolvi então partir para os carros de corrida, resgatando a história do nosso automobilismo. Até agora tenho 36 modelos prontos, de várias marcas que são customizadas, além de algumas compradas prontas da Automodelli, Ixo e Spark. Quem faz a customização pra mim é o amigo de Curitiba Ervino Haupt Jr.

Aí estão os 36. Tem um aí que precisa atualizar a pintura, ou fazer outro, o que seria ainda mais legal…

 

Comentar

BURACOS DA DISCÓRDIA

SÃO PAULO (vai dar o que falar) – Não, não são buracos na rua. São buracos nas asas traseiras de Schumacher e Rosberg, que foram formalmente contestados pela Lotus. E a FIA já rejeitou o protesto. Mas vale a pena ver o vídeo acima, autoexplicativo, para entender como funciona a grande sacada de Ross Brawn. Que funciona muito bem em classificação, quando o uso da asa móvel é livre, mas tem menos efeito em corrida, quando os trechos de ativação são limitados. Na China, porém, vai ser muito útil também na prova, por conta da enorme reta de Xangai.

O sistema é simples de entender, embora complexo de construir. Quando o piloto abre a asa móvel, expõe dois orifícios (ui) no aerofólio traseiro que dão acesso a um sistema de dutos que levam o ar em alta velocidade para a asa dianteira. Isso mesmo. Imagine uma tubulação embutida na parede. É mais ou menos isso. Mas ela só carrega vento. Esse ar entra pelo buraco, faz a curva e é direcionado para a frente, passa ao largo do carro pelos dutos, dos dois lados, até chegar à parte inferior da asa dianteira, por onde é liberado através de fendas sob o aerofólio em direção ao chão e ao fundo plano do carro.

O efeito é a criação de uma zona de baixa pressão debaixo da asa dianteira, reduzindo sua função. Com menor pressão aerodinâmica na frente, a tendência é o aumento da velocidade em reta e um maior equilíbrio entre as zonas de pressão geradas pelas asas dianteira e traseira. A asa móvel, aberta, tem a mesma função, diminuir a pressão aerodinâmica atrás. O carro fica mais rápido e equilibrado.

É genial e difícil de copiar, porque implica uma revisão dos projetos de todos os carros. Os engenheiros teriam de arrumar espaço para colocar os dutos em veículos nos quais espaço não é algo que costuma sobrar. Ross Brawn pode não ser um virtuose como Adrian Newey, mas é inteligente e tem boas ideias. Essa é uma delas.

Comentar

CIDADE ILEGAL

SÃO PAULO (dos inferno) – Este ano tem eleição. Portanto, o prefeito da metrópole está asfaltando várias ruas com aquele vigor todo, especialmente pelos lados onde moro, os bairros que costumam chamar de “nobres” ou “de classe média alta”.

Caguei para a qualificação dos lados onde moro. Moro em São Paulo de Piratininga, a mim isso basta. Asfaltam as ruas nobres e, naturalmente, deixam a periferia à míngua, esburacada e alagada. Isso todo mundo sabe.

Mas asfaltar ruas bonitas tem lá seu efeito. Elas ficam cobertas por uma tapete cinza grafite lindo de morrer e passam a sensação, para os assinantes daquela revista e daqueles jornais, de que a cidade está funcionando. Claro que é uma ilusão, e na primeira pancada de chuva os semáforos apagam, os buracos ressurgem e tudo volta a ser a mesma merda de sempre.

Mas isso é apenas o jogo político. Quero falar de outra coisa.

Vocês que circulam por esses lados recém-asfaltados já notaram que a Prefeitura leva dias, semanas, para, por exemplo, pintar faixas de pedestres? Isso num ano em que lançou uma campanha chamada “Dê preferência à vida”, para estimular os motoristas a pararem antes da faixa e tal. Nobre. Nobilíssimo. Criaram até um boneco muito simpático, o Homem Faixa, que foi visto alguns meses atrás onde deve ser visto — a avenida Paulista, claro.

Hoje minha amiga e futura presidenta da Portuguesa Michelle Abílio, que mora na Vila Mariana, relatou pelo Twitter que a rua Luis Góes (ou Góis; ou Luiz Góis, com S ou Z, com acento ou sem, com I ou com E, a gente encontra todas as grafias possíveis), um importante corredor do bairro, está há dias sem faixas de pedestres no trecho reasfaltado.

Isso é quase crime, prefeito. Ilegal, contra a lei. Leia o Código Brasileiro de Trânsito, Capítulo VII, artigo 88. Se der preguiça, o link está aqui. Se ainda assim der preguiça, reproduzo. E vai de lambuja o artigo 90, também, e já explico por quê. Os grifos são meus.

Art. 88 – Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a realização de obras ou de manutenção, enquanto não estiver devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de forma a garantir as condições adequadas de segurança na circulação.

Parágrafo único – Nas vias ou trechos de vias em obras deverá ser afixada sinalização específica e adequada.

Art. 89 – A sinalização terá a seguinte ordem de prevalência:

I – as ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais;

II – as indicações do semáforo sobre os demais sinais;

III – as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito.

Art. 90 – Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por inobservância à sinalização quando esta for insuficiente ou incorreta.

§ 1º – O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.

§ 2º – O CONTRAN editará normas complementares no que se refere à interpretação, colocação e uso da sinalização.

Pois bem. As vias têm sido entregues sem sinalização alguma, e assim ficam por dias, semanas, até que alguma boa alma do departamento responsável venha pintar faixas, colocar placas e o escambau. São ruas ilegais. A prefeitura desrespeita a lei, o Código Brasileiro de Trânsito, é uma contraventora, porque entrega vias nas quais alguém pode ser atropelado e morto porque não tem uma puta de uma faixa pintada no asfalto.

E por serem ruas ilegais, como diz o artigo 90, a gente não pode ser multado nessas vias. O texto é muito claro. E é igualmente claro que a Prefeitura está cagando para isso e continua multando todo mundo alegremente. Não por invadir as faixas, que elas não existem. Mas radares, câmeras fotográficas e amarelinhos continuam positivos operantes.

Não estou legislando em causa própria, não recebi multa nenhuma recentemente. Mas acho justo exigir que o poder público me ofereça ruas e avenidas em condições de tráfego — 100% em condições, nada menos do que 100% — se quiser me fotografar, multar, autuar, exigir que eu seja 100% cumpridor de todas as normas que o mesmo código estabelece.

Portanto, queridos e queridas, se vocês forem multados, ou fotografados, ou sei lá o quê mais em ruas sem faixas, esburacadas, sem placas, com semáforos quebrados e fodidas de ponta a ponta, recorram. Está na hora de começar a encher o saco dessa gente como eles fazem conosco.

Comentar

MEGAPANCA

SÃO PAULO (cacilda) – Um acidente muito perigoso aconteceu na largada da prova do Paulista de Marcas neste fim de semana em Interlagos. Há muitos outros vídeos postados neste blog aqui. É o caso de apurar responsabilidades, é o caso de avaliar o atendimento médico e resgate e é o caso, sobretudo, de se conversar com os pilotos. A categoria é legal, os grids são enormes, mas o que há de relatos de pilotos malucos, desleais e despreparados é algo que preocupa demais.

Gente que corre de carro precisa compreender que esse negócio é perigoso, machuca e mata. Um dos pilotos quase ficou aleijado, me contaram. Felizmente se salvou. Outro quebrou a clavícula. Desse jeito não tem graça nenhuma.

E é claro que essas merdas não são privilégio do Brasil. Abaixo, vídeo que o Denisson Gervásio me mandou de uma prova da Copa Clio inglesa, em Brands Hatch. Grid grande, se os pilotos não forem civilizados, dá nisso. As imagens do acidente na Inglaterra são boas também para se comparar o atendimento aqui e lá. Me parece que um dos envolvidos foi o irmão do Hamilton.

Comentar

ESTÃO CAPRICHANDO

SÃO PAULO (vai ficar bom) – Olha só o que o Bruno Mantovani encontrou no VocêTubo. Um cabra estava passeando com o cãozinho na floresta que cerca Nürburgring e, de repente, viu a Ferrari de Niki Lauda pegando fogo. Sacou de sua câmera e registrou tudo. Era a turma do filme “Rush”, que conta a história de James Hunt, rodando as imagens do acidente de Lauda em 1976 na pista alemã. Vejam que a produção é ótima. Tem até um Fittipaldi com macacão da Copersucar desesperado tentando ajudar o austríaco. O chamado furo de reportagem das redes sociais. O jornalismo, cada vez mais, está sendo feito por todos.

Comentar

Blog do Flavio Gomes
no Youtube
1:54:35

ÍMOLA, 1994 (BEM, MERDINHAS #159)

Barrichello na sexta, Ratzenberger no sábado, Senna no domingo. No programa de hoje, lembranças de Ímola, 1994. As lições daquela corrida, a tristeza das mortes e os detalhes da cobertura jornal�...

00:53

MERCEDES VAI PRA CIMA DE VERSTAPPEN (RÁDIO GOMES, 26/4/24)

Agora a coisa ficou séria. A imprensa alemã avisa que Max Verstappen e a Mercedes vão se reunir depois do GP de Miami para falar sério sobre o futuro. Em crise interna, apesar dos resultados espl�...