AUTO UNION, 90

SÃO PAULO (lendas sobre rodas) – Foi num dia 29 de junho, em 1932, que nasceram as quatro argolas. A Auto Union faz hoje 90 anos. A data, claro, não poderia passar em branco aqui.

Sob os auspícios do banco estatal da Saxônia, as firmas Audiwerke AG, Horchwerke AG e Zschopauer Motorenwerke J. S. Rasmussen AG (DKW) se juntaram e assumiram, juntas, o controle da divisão de automóveis de uma quarta empresa, a Wanderer Werke AG. O novo grupo foi batizado de Auto Union com sede em Chemnitz e administração a partir da fábrica de motos da DKW em Zschopau.

As quatro marcas não morreram com a criação da Auto Union. Cada uma passou a atuar num mercado específico: DKW, com motos e carros pequenos; Wanderer, no setor de veículos médios; Audi, na mesma categoria de carros de médio porte, mas com acabamento mais luxuoso; e no topo da pirâmide, os sofisticados e grandalhões Horch.

Aqui vale um parênteses. August Horch, fundador da fábrica que levava seu sobrenome, perdeu a empresa para seus acionistas e criou outra. A palavra “horch”, em alemão, é também o imperativo do verbo que significa “ouça”, “escute”. Para nomear a nova firma, seguiu a sugestão de um estudante do ensino médio (há uma versão de que foi seu filho quem deu o pitaco) que propôs traduzir “horch” para o latim. Saiu “audi”.

A Auto Union surgiu num cenário pós-crise de 1929 e perdurou até a Segunda Guerra. Quando terminou o conflito, boa parte das fábricas estava destruída e seus escombros ficaram do lado do que seria a Alemanha Oriental. Na Alemanha Ocidental, a Auto Union foi refundada em 1949 em Ingolstadt e passou a produzir apenas os carros DKW — mais baratos e econômicos. A Mercedes comprou a empresa em 1958 e, em 1964, vendeu o pacote para a Volkswagen — ficando apenas com os direitos sobre a marca Horch, que acabou sendo descontinuada.

No final de 1965, a VW decidiu parar de fazer carros com motores dois tempos e transformou o último DKW, o F102, no primeiro Audi — marca escolhida para dar continuidade à produção de veículos em Ingolstadt e ingressar num novo segmento de mercado, de carros menos simplórios que Fuscas e Kombis. Mais tarde, em 1969, a NSU foi incorporada pelo grupo. É chamada, pelos amantes da Audi, de “quinta argola”.

O resto, como se diz, é história. Mas a história que mais me interessa é a de 90 anos atrás, da formação da Auto Union, da evolução dos meus queridos DKWs, do que emergiu das ruínas da companhia depois da Guerra (os Trabant fabricados em Zwickau, cidade onde, na prática, nasceu a Audi), de tudo aquilo que já vivi nos meus carrinhos.

O August Horch Museum, em Zwickau, é meu preferido no mundo. Quando puderem, visitem.

Agora vou fazer um brinde às quatro argolas.

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FOTO(S) DO DIA

SÃO PAULO (P&B é vida!) – Oxe, já não lembro quem me mandou, nem por qual rede social, mas a qualidade dessas fotos do Bino Mark II, carro que a Willys fez para correr aqui no Brasil, é tão boa, tão boa, que fiz questão de colocar aqui. As imagens são do Salão do Automóvel de 1968 (cliquem nelas para vê-las em tamanho maior). O carro é lindo. E a foto ruim, a última, essa eu quero ver se vocês são bons: quem está ao volante?

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A CASA DE GERD

SÃO PAULO (saudade da viagem…) – O Francisco Soares mandou este vídeo, que já deve ter pingado aqui antes. Mas é o mais completo sobre a produção do Trabant na Alemanha Oriental, com imagens fantásticas da fábrica e dos operários que construíram por mais de 30 anos o carro mais espetacular do universo.

Aproveitem para comprar “Gerd, der Trabi”, a história do meu. Nova edição está sendo impressa e pode ser encomendada, com autógrafo e tudo, no site da Gulliver Editora.

Não, não estou esquecendo do caso Piquet, hoje. Escreverei sobre o assunto mais tarde, com calma.

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WE ♥ RACE CARS

Porsche 963. É a volta da marca ao WEC e às provas de longa duração com protótipos, operação comandada pela Penske. Vai ser bonito assim lá em… Le Mans!

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DICA DO DIA

Do Alexandre Neves, o “carrinho” elétrico (com ventiladores no rabo) que bateu o recorde de subida da colina de Goodwood neste fim de semana, 39s08, com Max Chilton ao volante. A marca anterior era de Nick Heidfeld, 23 anos atrás, com um McLaren de F-1… Mais da barata elétrica aqui e aqui.

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N’UOL

Hamilton está perto de sua pior sequência sem vitórias desde a estreia na F-1 15 anos atrás, constata o sagaz blogueiro em sua coluna no admirável portal. O texto está aqui.

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LEGIÃO URBANA

SÃO PAULO (coisa mais fofa) – Raramente esta seção publica fotos que não sejam de minha autoria, mas a simpatia da mensagem do Luiz Fernando Batista Gomes e a beleza do carrinho não poderiam passar em branco:

Sábado passado avistei de longe essa belezinha na Cidade do México. Fui dando um jeito de chegar perto e minha esposa logo que percebeu já disse: quer que eu tire foto? Bom, isso acontece com frequência e digo, sim, tira foto desse Thunderbird 69, Alfa Giuletta, sei lá, coisas do tipo. Nesse sábado eu demorei e só disse: “Tira!”. Enquanto eu ia atrás consegui ir relacionando algumas referências: motor traseiro, linhas… Arrisquei que era francês, um Renault. No fim passamos e demos aquela buzinadinha e tchauzinho de sempre. Fiquei feliz que era mesmo um Renault, mas esse era totalmente desconhecido.  Modelo novo para aprender, lindo. As fotos são da Ana. Se algum dia te interessar publicar no blog nos daria uma grande satisfação. 

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FOTO DO DIA

SÃO PAULO (monstro) – Hoje faz exatos dez anos do último pódio de Michael Schumacher. O alemão, em sua última temporada pela Mercedes, terminou o GP da Europa, em Valência, na terceira posição. Foi seu único pódio pela marca que, em 1991, pagou US$ 300 mil a Eddie Jordan pela vaga na equipe para disputar o GP da Bélgica, em Spa.

Naquele 24 de junho de 2012, Fernando Alonso, na época defendendo a Ferrari, venceu a corrida para enorme festa da torcida de seu país. Com a Lotus, Kimi Raikkonen terminou em segundo.

Schumacher subiu ao pódio 155 vezes na F-1. É o segundo maior colecionador de troféus da história, atrás apenas de Lewis Hamilton, com 184. Vettel aparece em terceiro com 122. Ayrton Senna, com 80, é o brasileiro que mais subiu ao pódio na categoria.

Como sempre digo (e meu livro sobre os anos Schumacher termina assim), Michael estava sempre sorrindo. A montagem abaixo foi postada pela Mercedes no Twitter.

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MAIS GASLY

SÃO PAULO (normal) – Pierre Gasly fica mais um ano na AlphaTauri. A Red Bull exerceu a opção que tinha sobre seu contrato e o francês, de 26 anos, permanece em 2023. Tinha alguma esperança de abrir uma vaga na McLaren, quem sabe mudar de ares, mas no fim das contas acho que nunca acreditou de verdade nisso. Seu sonho, mesmo, era voltar à titularidade na Red Bull, hipótese já descartada pela matriz.

Não tem jeito, a AlphaTauri é o que tem para hoje. Gasly estreou na F-1 em 2017 pela Toro Rosso com o campeonato em andamento, na Malásia, substituindo Daniil Kvyat –um dos triturados pelo moedor de carne Helmut Marko. Correu a temporada toda de 2018 pelo time de Faenza, que hoje se chama AlphaTauri, e foi promovido para a Red Bull em 2019.

Com resultados irregulares, fez 12 GPs pela equipe principal e foi chutado de volta para a filial a partir do GP da Bélgica, dando lugar a Alexander Albon. Em 2020 deu uma incrível volta por cima vencendo o GP da Itália, em Monza. Com 95 GPs no lombo, subiu ao pódio três vezes.

Gasly é bom piloto. Na Red Bull, sucumbiu à superioridade de Verstappen, como tantos outros. Numa F-1 sem muitas vagas frequentes em times grandes e competitivos, capazes de lutar pelas vitórias com frequência, resta aos bons pilotos beliscar uns milagres de vez em quando. Pierre já conseguiu o seu. E passará o resto da carreira a espera de outro.

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SOBRE DOMINGO À TARDE

A IMAGEM DA CORRIDA

A perseguição no fim: Max “zero erro” resistiu

SÃO PAULO (sorry) – Sendo sincero, não teve nenhuma graaaaaaaaaaande foto do fim de semana no Canadá. Não que eu tenha visto. Mas essa aí em cima (e é repeteco…) quebra o galho. O que foi essa corrida além da perseguição de Sainz a Verstappen nas últimas 16 voltas?

Valeu a pena ver. Porque Max não errou nada, mesmo tendo o espanhol colado nele, a menos de 1s, por tanto tempo. Com três aberturas de asa por volta, foram 48 aplicações de DRS. E o cara não passou. Aff.

CANADÁ BY MASILI

Um passeio no parque. Essa é a leitura do nosso cartunista oficial Marcelo Masili para a corrida de Verstappen em Montreal. E como o cara ficou sem rádio nas últimas voltas, foi ainda mais tranquilo, sem ninguém no ouvido dele para dizer que Sainz estava perto…

Vamos a algumas caixinhas, para poupar o trabalho de encadear assuntos díspares? Sei que pode parecer um pouco de preguiça literária, mas é que o rescaldão já está atrasado, não quero atrasar ainda mais…

PONTOS Y PONTOS – Faltou domingo um balanço da temporada, né? Pois aí embaixo estão as tabelas de classificação devidamente atualizadas com a punição a Alonso, que caiu de sétimo para nono no Canadá (falarei disso adiante). Nota-se que Leclerc, em terceiro, está cada vez mais distante de Verstappen (49 pontos) e mais próximo de… Russell! São apenas 15 pontos separando o inglês da Mercedes do monegasco ferrarista. O mesmo vale para o Mundial de Construtores: hoje a Ferrari enxerga adversário mais perto quando olha para o espelhinho do que quando procura quem está na frente dela. São 40 pontos de vantagem para a Mercedes e 76 de atraso para a Red Bull.

TRETAS CINEMATOGRÁFICAS – Teve reunião dos chefes de equipe em Montreal para discutir as medidas que a FIA pretende tomar para disciplinar o “porpoising”. Christian Horner, ácido como sempre, disse que Toto Wolff deu piti porque havia câmeras da Netflix gravando tudo. Sua equipe, claro, é contra qualquer mudança de regulamento para atenuar os defeitos da Mercedes. Tenho dito: os argumentos da Red Bull são inatacáveis; os alemães que tratem de consertar seu carro. Mas quando a questão esbarra em segurança e saúde dos pilotos, a FIA tem de fazer algo, sim. Medir os quiques, estabelecer padrões aceitáveis, cobrar as equipes, se for o caso desclassificar carros.

MELHOROU – Que se registre, aqui, que a Mercedes disse que já resolveu, do ponto de vista aerodinâmico, o problema. Ergueu um pouco o carro, mexeu no assoalho, se virou. O time assume, apenas, que o W13 é rígido demais, salta muito nas zebras, e que é isso que precisa arrumar, agora. Como as próximas sete corridas acontecem em pistas de verdade, não de rua/parque/estacionamento, a equipe acredita que vai se aprumar para começar a se aproximar de Red Bull e Ferrari. A ver. O fato é que Hamilton saiu sorridente de seu carro pela primeira vez no ano, depois de um terceiro lugar bem convincente — para os padrões mercêdicos deste ano, claro.

Hamilton: desta vez, saiu sem dores do carro

AJUDA E PUNIÇÃO – Fernando Alonso foi o segundo no grid no sábado e terminou a corrida, na pista, em sétimo. Por ziguezaguear na frente de Bottas, tomou 5s de punição e caiu para nono. Nem reclamou. Queixou-se, sim, de problemas em seu carro. O ERS (que despeja potência no motor a partir de energia armazenada na bateria) não funcionou direito e desde a 20ª volta, segundo ele, seu carro passou a perder 0s8 a cada passagem. “Tive de guiar como um camicase a corrida toda”, falou. Freava mais tarde, entrava todo torto nas curvas, tentava fugir da asa móvel dos outros, foi um perrengue e tanto. Quem ajudou foi Ocon, tentando ficar menos de 1s à frente dele para que o parceiro pudesse abrir sua asa e, desta forma, evitar ataques rivais.

Alonso: Alpine, de novo, com problemas técnicos

A FRASE DE MONTREAL

“Acho que o conceito do carro deles é o problema, não o regulamento.”

Christian Horner

A opinião do chefe da Red Bull sobre o carro da Mercedes é partilhada por muita gente no paddock, ainda que ninguém ataque a equipe alemã publicamente. Teremos mais alguns capítulos dessa novela nos próximos dias. Aguardemos. Mas insisto: as regras não serão mudadas. O máximo que a FIA pode fazer é baixar alguma diretiva determinando quanto os carros podem pular. Ponto.

O NÚMERO DO CANADÁ

11

…pódios na carreira alcançou Carlos Sainz, com a segunda colocação em Montreal. Ele igualou Chris Amon (que disputou 96 GPs entre 1963 e 1976) numa estatística incômoda: a dos pilotos que mais subiram ao pódio sem vencer uma corrida. Essa lista hoje é liderada por Nick Heifeld (13 pódios, 183 GPs, oito vezes segundo colocado como melhores resultados), com Stefan Johansson em segundo (12 pódios, 79 corridas, quatro vezes segundo). Em quinto, atrás de Sainz e Amon, está Romain Grosjean (10 pódios em 179 GPs).

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de ver Guanyu Zhou pontuando pela segunda vez no ano, agora com a oitava colocação. Ele teve azar em algumas corridas (três quebras) e não marcava desde a primeira etapa do campeonato. Mesmo assim, vinha fazendo um bom trabalho, sem erros, batidas, trapalhadas. Não é fácil para um estreante, nunca. Sua reputação só melhora.

NÃO GOSTAMOS de ver a McLaren zerada pela terceira vez no campeonato. É um time muito irregular. Nas últimas cinco corridas, somou apenas 19 pontos, contra 35 de sua principal adversária, a Alpine. Na classificação, a equipe papaia ainda está na frente: 65 x57. Mas a chance de perder o quarto lugar em breve para os franceses é muito grande.

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