DESAFIO DO DIA

Quero um por um, da esquerda para a direita. E onde é, claro. E o que é, claro. E quando, claro.

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NAS ASAS

SÃO PAULO (end) – O Mriya acabou. Está confirmada a informação que começou a circular no dia 27 de fevereiro, de que o Antonov AN-225 tinha sido destruído nos primeiros bombardeios russos no aeroporto Hostomel, perto de Kyev. De início, a própria Antonov relutou em ratificar os primeiros relatos, e um ex-piloto do maior avião do mundo chegou a dizer/escrever que a segunda unidade do AN-225, cuja construção nunca foi concluída, é que tinha sido atingida. O vídeo do link aí no começo do parágrafo não deixa mais dúvidas.

O Mriya (“sonho”, em ucraniano) é um gigante dos ares entregue em 21 de dezembro de 1988 como parte do programa espacial soviético. Sua missão original era carregar o Buran, ônibus espacial equivalente aos “space shuttles” da NASA. Em 1994 ele foi encostado na Ucrânia, depois da dissolução da URSS em 1991. Alguns anos depois foi restaurado e colocado de novo em condições de voo. Isso foi em 2001. Transformou-se no maior cargueiro do planeta. Em setembro de 2001, chegou a carregar quatro tanques de guerra pesando 253,8 toneladas. Em 2009, foi o responsável pelo transporte da maior carga individual já colocada num avião, um gerador para uma usina de gás pesando 189 toneladas.

O Mriya passou por aqui duas vezes, em 2010 e 2016. No vídeo abaixo, o pouso dele em Viracopos. Neste link aqui, mais imagens de suas visitas ao Brasil. E, aqui e aqui, vídeos do Lito Sousa, do “Aviões & Músicas”, que contam toda a história do An-225.

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TARQUINI, 60 (E 40)

SÃO PAULO (tadinho) – Alexandre Neves mandou ontem, e coloco aqui com um dia de atraso. É que Gabriele Tarquini fez 60 anos ontem e merece nosso respeito. Porque tem um recorde que ninguém mais vai bater: é o piloto que mais tentou se classificar para um GP e não conseguiu: 40 vezes. QUARENTA!

Para os mais novos entenderem, o italiano esteve na F-1 numa época em que tinha mais carro para correr do que vaga no grid. Tempos das famosas pré-classificações. Quando a FIA anunciou em 1986 que iria banir os motores turbo a partir de 1989, muitas equipes pequenas vislumbraram a chance de disputar o Mundial e foram se preparando para entrar no campeonato. A categoria ficaria mais barata e bastariam um chassi, um motor aspirado que podia ser comprado em qualquer supermercado, quatro pneus, um pouco de gasolina e um piloto disposto a bancar a aventura.

Em 1988, 31 pilotos se inscreveram para o campeonato. Mas o regulamento só permitia a presença de 26 carros no grid e 30 participando da classificação. Os novatos, então, passaram a disputar a pré, que qualificava quatro carros para participar das sessões que definiriam o grid. A sessão acontecia das 8h às 9h na sexta-feira. Em geral, os que avançavam da pré acabavam caindo na classificação propriamente dita e nem largavam.

Em 1989, com o fim definitivo dos motores turbo, o Mundial teve incríveis 39 inscritos ao longo da temporada. A turma da pré chegou a ter 13 carros disputando quatro vagas para a classificação, que continuava comportando 30 participantes. Milagres ocorreram, como o de Roberto Moreno ao sair da pré para conseguir um lugar no grid do GP de Mônaco de 1992 na impagável Andrea Moda. Essa farra deliciosa acabou no GP da Hungria daquele ano, quando a Brabham faliu e o número de inscritos não ultrapassava os 30, dispensando a pré-classificação — mas, ainda assim, se o sujeito não terminasse entre os 26 melhores nos chamados “treinos oficiais” ficava de fora do GP.

Pois Tarquini foi eliminado do grid oito vezes em 1988 pela Coloni, 31 vezes de 1989 a 1991 com a AGS e uma vez em 1991 na Fondmetal. Dessas 40 eliminações, 15 se deram depois de passar pela pré-classificação. Em outras 25 ocasiões, nem chegou a lutar por uma vaga no grid e ficou na pré, mesmo. O cara acordava cedo. E ia embora para casa cedo, também.

Que ninguém acabe com a reputação de Tarquini só por isso, porém. Em 2009, aos 47 anos e 266 dias de idade, ele se tornou o piloto mais velho a conquistar um título mundial chancelado pela FIA, o Mundial de Turismo (WTCC), correndo pela Seat. E o blogueiro Zago lembra nos comentários que ele foi campeão de novo em 2018, de Hyundai, aos 56 anos — o campeonato tinha mudado de nome para WTCR, mas não consegui descobrir se ele seguia com status de Mundial. De qualquer maneira, aos 47 ou 56, esse recorde também é dele e quero ver alguém tirar!

Em tempo: Gabriele não se classificou 40 vezes, mas largou em 38 GPs em sua passagem pela F-1 entre 1987, quando estreou, e 1995 — ao voltar para a categoria depois de dois anos ausente. Participou de corridas pela Osella (um GP), Coloni (oito), AGS (13), Fondmetal (15) e Tyrrell (um). Sua melhor participação foi no México em 1989, sexto colocado com a AGS — seu único ponto na F-1, já que naqueles tempos só os seis primeiros pontuavam. É verdade que não viu a quadriculada muitas vezes. Só terminou 12 das 38 provas que começou. Na conta dos abandonos, foram 24 quebras, uma batida e uma rodada. Mas se o sistema de pontuação fosse generoso como hoje, com os dez primeiros marcando, teria feito seus pontinhos com três honrosos oitavos lugares no Canadá em 1988 pela Coloni, em Ímola em 1989 e nos EUA em 1991, ambas pela AGS.

Tem boas histórias para contar o simpático Tarquini, 60. Fora que seu capacete era um arraso.

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SEM RÚSSIA

SÃO PAULO (já era) – Essa pista aí da foto, quase pronta, iria receber o GP da Rússia a partir de 2023. Fica perto da linda cidade de São Petersburgo, onde nasceu Vladimir Putin.

Não vai mais. Depois de cancelar a prova marcada para Sóchi no dia 25 de setembro, a Liberty hoje informou que rompeu o contrato com os promotores do GP da Rússia e que isso significa que “o país não vai receber uma corrida no futuro”. “No futuro” é um conceito bastante etéreo. Enquanto houver sanções econômicas e hostilidades políticas entre os EUA, onde a Liberty está sediada, esquece. Se amanhã Putin entra numa astronave e Kiefer Sutherland se naturaliza russo para assumir o Kremlin, claro que tudo isso será revertido.

Mas, pelo menos num futuro próximo, melhor não contar com a volta da F-1 à Rússia. No que diz respeito a Sóchi, que recebeu a categoria pela primeira vez em 2014, não vai fazer falta nenhuma do ponto de vista técnico-chármico. Chármico é palavra que inventei agora e vou indicar ao Houaiss. É uma pista chata, artificial, sem relevo, parece feita num estacionamento — e é quase isso. Só entrou no calendário porque Putin bancou sua realização, quando ainda era bonzinho. Incrível como o Ocidente tão esperto se enganou com esse moço, não?

De qualquer forma, fim de papo. GP da Rússia agora é história. Aos seus números, pois, depois de oito anos de vida:

VENCEDORES: Hamilton (2014, 2015, 2018, 2019 e 2021), Rosberg (2016) e Bottas (2017 e 2020). Como se nota, todas as vitórias foram conquistadas pela Mercedes.

POLES: Hamilton (2014 e 2020), Rosberg (2015 e 2016) e Bottas (2018) pela Mercedes; Vettel (2017) e Leclerc (2019) pela Ferrari; Norris (2021) pela McLaren.

PÓDIOS: Hamilton (7), Bottas (5), Vettel (3), Rosberg, Raikkonen e Verstappen (2 cada), Pérez, Sainz e Leclerc (1 cada)

PÓDIOS POR EQUIPES: Mercedes (13), Ferrari (7), Red Bull (2), Williams e Force India (1)

Ninguém falou ainda sobre substituição no calendário. No site da F-1, a prova foi simplesmente excluída e a temporada ficou com 22 etapas. O número mágico de 23 que a Liberty deseja corre risco de não ser alcançado mais uma vez. Mas o mais provável é que a data seja ocupada em breve. Sepang, Istambul, Portimão e Mugello estão entre as pistas cogitadas, com chances bem maiores para as duas primeiras, remotas para a terceira e quase inexistentes para a quarta. Nem sei por que citei Mugello.

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DAQUI ATÉ A ETERNIDADE

SÃO PAULO (haja grana…) – Por 40 milhões de euros anuais, a Red Bull fechou com Max Verstappen até 2028, estendendo seu contrato, que terminaria no fim de 2023, por mais cinco anos. Ele terá 31 anos quando terminar o compromisso. Considerando que estreou na F-1 aos 17 pela filial Toro Rosso, é uma vida inteira vinculada aos mesmos senhores: 14 temporadas. Nada indica que vai mudar de patrão até o fim da carreira. Mas é tempo demais para fazer qualquer previsão. Estamos falando de mais sete Mundiais na mesma casa, contando a de 2022. Não se sabe sequer se o mundo continuará existindo até lá.

É raro, mas acontece bastante, como se diz. Hamilton completa, neste ano, dez temporadas na Mercedes. Seu contrato termina no final de 2023 e a sequência de sua carreira não está garantida. Imagina-se que a aposentadoria está perto, até pela idade do inglês, 37 anos. Michael Schumacher ficou 11 anos na Ferrari, de 1996 até o final de 2006. Quando se olha para o que cada um conseguiu em suas respectivas equipes, dá para entender a opção rubro-taurina pela continuidade. Azar de quem chegar ao time nesse período. Hamilton e Schumacher trucidaram seus companheiros de equipe. Verstappen vem fazendo o mesmo.

A extensão do contrato de Max indica, da mesma forma, que a Red Bull tem projetos de longo prazo para a F-1. Mesmo sem uma fornecedora oficial de motores, já que a Honda agora cuida apenas informalmente de suas unidades de potência, a equipe das latinhas namora há algum tempo o Grupo Volkswagen e está na pole para garantir um acordo com Porsche ou Audi num futuro próximo, assim que o novo regulamento de motores entrar em vigor, em 2026. E garante que seu menino prodígio não será assediado por ninguém durante um bom tempo.

Exercício de adivinhação: quantos títulos será que Verstappen terá quando terminar seu novo contrato, em 2028?

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FOTO DO DIA

Nem sei o que dizer.

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VAI, CORCEL!

E na nossa árdua tarefa de ajeitar novos carros no galpão, chegou a hora de o velho e bom Corcel II encontrar um novo dono. Interessados devem entrar aqui.

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