MELHOR QUE NADA

SÃO PAULO (vamos em frente, todos se salvarão) – As equipes acordaram que serão em Mugello os testes coletivos de maio do ano que vem. Depois de algum tempo proibidos, os treinos voltam e acho ótimo. Aquela insanidade de ficar andando o dia todo era cara demais, mas não treinar nunca também não fazia sentido. Por enquanto é apenas uma sessão, antes da temporada europeia, e vai ajudar bastante quem começa mal o campeonato e precisa corrigir o rumo só nos simuladores e laboratórios.

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SPANADAS (7)

SÃO PAULO (e deu) – Faltou falar do Hamilton. Reservo ao moço uma notinha avulsa porque tenho enorme consideração pelo mclariano. Só que neste fim de semana ele abusou. No sábado, andou se esfregando com Maldonado — o que denota um mau-gosto danado. E, hoje, deu no Kobayashi.

Lamento, sr. Hamilton. Bater no Kobayashi não pode. Ele é um mito, entende? Um mito. O sr. foi lá, passou, e ele ia passar de novo. E o sr. jogou o carro para o lado como se ele não estivesse lá.

Não viu? Como não ver um mito? Um mito deve ser reverenciado, jamais ignorado. Fica aqui lavrado nosso protesto por sua atitude impensada.

E, para piorar, o sr. poderia subir ao pódio se não estivesse tão atormentado neste final de semana. Largou em segundo, não foi? Pois. Seu companheiro, todo bonitão, cara de ator, barba por fazer, se estrepou no sábado, largou em 13° e chegou em terceiro.

Sendo assim, sr. Hamilton, a obrigação era terminar com um troféu daqueles debaixo do braço. OK, era um troféu grande, não cabe na estante. Mas pode ser usado como saladeira.

O sr. bateu no mito e perdeu uma saladeira. Precisa se recompor.

ATUALIZANDO…

Um pouco mais tarde, Hamilton postou o seguinte no seu Twitter: “Apologies to Kamui and to my team. The team deserves better from me. Best wishes, Lewis”. Tô começando a ficar com pena do rapaz. Que é um senhor piloto e, realmente, está em crise.

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SPANADAS (6)

SÃO PAULO (fome batendo) – O cara ganha seis das oito primeiras corridas do ano e chega em segundo nas outras duas. Aí fica três sem vencer: segundo, quarto, segundo. E vem neguinho tocar a trombeta do apocalipse para dizer que ele não é tudo isso, que como o carro deixou de ser o melhor a máscara vai cair, que só ganha porque o equipamento é superior e tal. Perdeu as últimas três, está em decadência, vem briga boa por aí.

Então acabam as férias e no primeiro dia de aula ele tira um 10 de novo.

Falam muita merda do Vettel. A maior delas, que ele não é um piloto fora-de-série, com hífen.

Aproveitando, gostaria de falar sobre o hífen. É uma palavra estranha, hífen. Será a única em português que termina em “n”? Não, tem também lámen, do miojo. Deve haver outras. Mas é estranha, soa estrangeira, sempre se tem a impressão que a grafia está errada. Tem acento, termina com “n”, não é uma palavra normal. Não gosto de hífen, nem de usar hífens. Quando for presidente do mundo, vou abolir a palavra hífen do dicionário. Vou adotar a forma “tracinho”.

Voltando ao Vettel, vejam só: 12 corridas em 2011, 7 vitórias, 4 segundos lugares, 1 quarto. Tem 259 pontos, mais do que fez no ano passado inteiro (e foi campeão). Abriu 92 do Webber, o vice-líder que todo campeão pediu a Zeus. Se ficar em casa nos próximos quatro GPs, ou se for para a Disney, ou ao Playcenter, e seu parceiro marsupial ganhar todas, Vettel volta para as últimas três provas do ano apenas oito pontos atrás. E Webber não venceu nenhuma neste ano.

Bem, já falamos do bicampeonato. Está garantido, acabou, tchau. E hoje ele fez uma corrida belíssima. Largou com os pneus ralados, como todos que estavam nas cinco primeiras filas. Como não trocaram durante o Q3, ontem, os dez primeiros foram para a pista com 6 voltas em sua borracha macia, o que dá quase 45 km. Distância, numa pista de tamanho normal, que equivale a quase dez voltas. Ou seja: largaram com pneus que estavam no fim de sua vida útil. E os dianteiros da Red Bull fizeram bolhas, estavam numa merda federal.

Foi por isso que Vettel precisou cuidar bem da látex no início, parou na quinta volta, aproveitou um safety-car para trocar de novo, e com três paradas e algumas ultrapassagens ligeiras para não perder tempo, controlou o GP francorchâmpico sem maiores sustos.

A corrida foi boa e ofereceu algumas demonstrações de colhões de vários pilotos, disputando posições em trechos velocíssimos, em situações nas quais não passaria um fio de cabelo. Lá, e entre as rodas dos carros percorrendo curvas lado a lado, quero dizer.

Button e Schumacher foram os melhores da corrida, pelas posições em que largaram. O inglês partiu de 13° no grid para o pódio, atrás da dupla rubrotaurina (segunda dobradinha no ano, diga-se). Na metade da corrida, baixou o santo no cara e ele saiu passando todo mundo. O alemão, com seu capacete imitando o microfone de Athayde Patrese, um luxo, largou em último e terminou em quinto. Foi sua melhor prova desde que tirou o pijama para voltar a correr. Os dois espertinhos, Button e Schumacher, largaram com pneus médios, trocaram logo e fizeram a corrida quase inteira de macios. Começar atrás tem lá seus encantos.

Por fim, a Ferrari. Alonso brigou muito enquanto andou de pneus macios. Chegou a ficar perto de Vettel, faria uma parada a menos, mas quando colocou a borracha média começou a se arrastar. Terminou em quarto, depois de largar em oitavo. Massa largou em quarto e chegou em oitavo. Sumiu depois das primeiras voltas e foi presa fácil para todo mundo. Tem sido assim o campeonato todo. Começa bem, mas depois alguém passa e ele desanima.

Na turma dos pontos, palmas para Sutil, sétimo, Petrov, nono, e Maldonado, fazendo seu primeiro ponto na F-1 com a décima colocação.

Ah, e não choveu. O que me leva a desconfiar que talvez essa corrida não tenha sido na Bélgica, de verdade.

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SPANADAS (5)

SÃO PAULO (hoje vai ser rápido) – O choque de realidade para Bruno Senna veio rápido, hoje. Na largada. Pena. Teria a chance de fazer uma boa prova se não se envolvesse em nada fora do comum, se passasse ileso pela La Source e encontrasse um ritmo de corrida.

Mas não passou. Mergulhou por dentro tentando ganhar posições, bateu em Alguersuari, teve de trocar o bico, foi punido e suas possibilidades de pontos se foram. Petrov chegou em nono, daria para ele também tentar algo parecido. Ainda mais numa prova pouco acidentada, sem chuva, razoavelmente tranquila.

Mesmo assim, o saldo para o primeiro-sobrinho é positivo. Foi bem na classificação, em condições bem difíceis, mostrou que pode andar no bolo, agora é tentar entrar na rotina de piloto a partir de Monza.

E o Galvão, berrou muito? Como transmitimos pela rádio, não escutei. Mas acho que não deve ter gritado demais. Senninha pouco apareceu depois da punição e se ultrapassou os mais lerdos fritando pneus, ninguém prestou muita atenção. Bruno desperdiçou uma boa chance de conseguir um bom resultado, essa é verdade. Mas outras virão.

Em resumo, não se deve julgá-lo com tintas definitivas nem pelo treino de sábado, nem pelo erro do domingo.

O que são tintas definitivas?

Volto daqui a pouco.

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SPANADAS (4)

SÃO PAULO (parabéns!) – Bruno Senna foi, sem dúvida, o destaque do sábado em Spa. Conseguir um sétimo lugar no grid com um carro que mal conhece, numa condição difícil de pista úmida, já na frente do companheiro de equipe na prova de estreia… Começo muito bom, de verdade. Quarta fila ao lado de Alonso (uma das duas decepções do dia, ao lado de Button), o oitavo, o que vai lhe permitir, com uma largada segura, se manter entre os primeiros colocados nas primeiras voltas e, a partir daí, montar sua corrida. Pensar nos pontos está absolutamente dentro da realidade, o que seria um grande resultado.

Nem precisa se preocupar mais com as dicas da coluna, o Galvão vai berrar de qualquer jeito.

Outro nome que deve ser lembrado é o de Alguersuari, ainda melhor que Bruno, em sexto com a Toro Rosso. Excepcional desempenho, num Q3 maroto, que viu o asfalto secando rapidamente, a ponto de ter sido a única parte da classificação em que foram usados pneus slicks. E um jogo só, porque em Spa, circuito muito longo, não dá nem tempo de trocar.

Vettel fez a pole com 1min48s298. A nona em 12 corridas, e a Red Bull continua com todas as poles da temporada. Seb, para os íntimos, tem 24 poles na carreira, agora. Empatou com Lauda e Piquet.

Vejam como a pista melhorou no Q3: Alonso, que fez a primeira volta rápida da parte derradeira da classificação, tinha cravado 1min54s550 logo no início. E depois não encaixou nenhuma volta muito boa. E a pole de Tião Alemão foi quase 6s mais rápida.

Hamilton, que se estranhou com Maldonado no Q2 (leia mais abaixo; eu fui escrevendo de baixo para cima hoje, uma nova modalidade de jornalismo literário), é o segundo. Tomou meio segundo de Vettel, mas nesse tipo de situação, pista mudando drasticamente de volta para volta, as diferenças não são reais. Dependem muito do momento exato em que a volta foi fechada e tal. Webber em terceiro, Massa num bom quarto lugar, Rosberg em quinto, o já citado Alguersuari em sexto, o igualmente mencionado Senninha em sétimo, o já esculhambado Alonso em oitavo, Pérez em nono e Petrov em décimo fecharam o grupo de elite.

No Q1, sabotaram o pobre do Schumacher. Soube agora há pouco que o mecânico responsável pela colocação do seu pneu traseiro era um tal de Hubben Pedeschinellen, um novato no ofício, recém-contratado, aparentemente imigrante ilegal. E o Kovalento foi o destaque, deixando o Di Resta Um na degola. Foi mal, o escocês. A Force India tinha tudo para andar bem melhor em Spa. Dois anos atrás, fez até pole com Fisichella. Desta vez, nada.

Bruno, na primeira parte do treino, ficou com um ótimo sétimo lugar: 2min05s047, contra 2min05s292 de Petrov, o nono. O mais rápido foi Button, 2min01s813. Todos de intermediários, porque a chuva parou, saiu até um sol tímido, mas pelos mais de 7 km da pista ainda tinha muito trecho molhado.

Ainda foram necessários os intermediários no Q2, a pista molhando um pouco mais, mas melhorando no fim. Sutil bateu e provocou uma vermelha. Foi divertido o Q2, porque mesmo num circuito desse tamanho e com apenas 17 carros espalhados por léguas, teve tráfego. E Kovalainen acabou sendo encontrado por Barrichello e Maldonado no fim de suas voltas rápidas. Hamilton também chegou, tocaram rodas, e Hamilton, depois, deu no venezuelano. Ou o contrário. Não deu para entender direito. Lewis ficou puto e Pastor, desolado. Foi tudo muito estranho. Tão estranho que Lewis fez sua melhor volta quando passou pelo carro da Williams batendo nele.

Resultado do Q2: Alonso em primeiro, 2min02s768. Bruno conseguiu levar o carro ao Q3, excelente, com 2min04s452 em sétimo. Largar entre os dez logo de cara é um resultado notável, de verdade. Petrov, no Q2, foi um pouco mais rápido, quinto com 2min03s466. Alguersuari e Pérez foram os intrusos para o Q3, no lugar de pilotos que normalmente estariam ali, como Schumacher e, surpresa das surpresas, Button. Sim, Button, meu favorito à vitória, ficou em 13°. Barrichello larga uma posição atrás.

A previsão para amanhã é de pista seca. Pode ser, já aconteceu. E foi uma corrida bem chata, não lembro direito quando. Mas é raro, e isso não é clichê, um GP normal em Spa. Sempre tem uma chuvinha, um trecho que molha, outro que seca.

É evidente que todos no Brasil vão estar muito atentos ao primeiro-sobrinho. E diante de sua posição no grid, não é sem justificativa. Ele pode fazer uma ótima prova, com um carro que, lembremo-nos, pontuou em 10 das 11 corridas disputadas até agora. Tem a chance de começar efetivamente com o pé direito sua trajetória numa equipe de verdade e provar que é mais do que apenas um sobrenome bonito.

Agora, quem vai sair babando amanhã, pelas péssimas posições de largada, é o trio Alonso-Button-Schumacher. São os candidatos a showmen do dia.

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SPANADAS (3)

SÃO PAULO (hoje tem Kombi) – Webber renovou por mais um ano com a Red Bull. Azar de todos os pilotinhos que estão na fila do energético, como Buemi, Ricciardo e Alguersuari. Nada muda, portanto, nas quatro grandes em 2012: rubrotaurinos com Tião Alemão e Canguru Deprimido; McLaren com Comandante Hamilton e Bonitton; Ferrari com El Fodón e Felipeta; Mercedes com Rosberguinho e o aposentado.

A renovação do australiano representa mais do que a simples manutenção de uma dupla que vem dando certo. É a demonstração de que contestar ordens de equipe, criticar os patrões, expor publicamente certas contrariedades e lutar por aquilo que se considera justo não resulta, necessariamente, em demissão ou rescisão de contrato.

Alguns pilotos poderiam aprender com Webber, se é que me entendem.

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O FILME MISTERIOSO

SÃO PAULO (não faça em casa) – Nos primórdios do blog, acho que esse vídeo foi o primeiro que postei. Hoje o brother Alexandre Chaud, que corre na Classic Cup, espalhou o link por e-mail para a pilotaiada. Muita gente, pois, ainda não conhecia. Então vale o repeteco.

Assista primeiro, e depois volte aqui.

Assistiu? Alucinante, não? Uma baita irresponsabilidade. Merecia cadeia, claro. Mas… Mas estamos falando de outro mundo, de 1976. Paris em 1976, 5h30. Claude Lelouch, o cineasta, teve a ideia de fazer essa maluquice na noite anterior. Quando lançou o filme, foi preso, de fato. Mas fez a bagaça em nome do cinema. Não foi uma babaquice gratuita.

Bem, a intenção aqui não é abrir uma discussão sobre a maluquice em si, mas sim falar um pouco mais do filme.

“C’était un rendez-vous” virou cult e muitos mitos sobre o filme se criaram ao longo dos anos. Em 2006, quando dos 30 anos de sua realização, Lelouch deu essa entrevista aqui desvendando alguns mistérios. O primeiro deles, sobre o carro. Especulou-se durante décadas que era uma Ferrari 276GTB, por causa do ronco e das trocas de marcha. Na verdade, Lelouch diz que era uma Mercedes 450SEL, que pertencia a ele. Outro mito é o de que o cara ao volante era um piloto de F-1 da época: Ickx, Beltoise, Laffite…

Nada disso. Era mesmo Lelouch dirigindo, com mais dois assistentes apavorados dentro do carro. O ronco se explica na sonorização posterior, quando finalizou o filme. O diretor colocou o som de uma Ferrari para dar uma sensação de esportividade e velocidade. Segundo ele, a Mercedes tinha uma suspensão hidropneumática que era ideal para evitar que a câmera vibrasse muito.

Não há enormes mistérios, pois. Não era Ferrari, era Mercedes; não era um piloto de F-1, era ele mesmo.

A não ser que Lelouch esteja mentindo há 35 anos. E eu não duvido…

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DICAS PARA O BRUNO

SÃO PAULO (dá pra decidir, esse tempo?) – A coluna Warm Up de hoje traz uma fórmula infalível para Bruno Senna se dar bem na Bélgica. O texto está aqui.

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SPANADAS (2)

SÃO PAULO (cabeça dourada) – O vídeo é meio longo, mas muito bacana. Mostra como foi feita a pintura do capacete que Schumacher está usando no GP da Bélgica, para comemorar seus 20 anos de F-1. Quem mandou foi o Ivan Capelli.

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SPANADAS (1)

SÃO PAULO (simbora) – Ah, não diga… Choveu em Spa? Choveu. Principalmente no treino matinal, o que deu à dupla da Mercedes os melhores tempos na primeira sessão. Isso porque eles conseguiram fazer voltas na pista mais ou menos seca. Foram os únicos. Schumacher, de capacete dourado nos festejos de seus 20 anos de F-1, foi o primeiro, com Rosberguinho em segundo. O mais rápido no molhado foi Button. Bruno bateu de leve e não aproveitou muito a manhã.

De tarde, com trechos úmidos e tal, deu Webber, com Alonso em segundo, Button em terceiro e Hamilton em quarto. Foram os únicos que viraram na casa de 1min50s. A última meia hora teve mais chuva e ninguém melhorou.

Senna-sobrinho ficou em 17º. Para ele, o importante era andar o máximo possível. Andou bastante de tarde, ficou perto de Barrichello (que usou uma asa traseira esquisita) e não deu para comparar seus tempos com os de Petrov, que teve problemas e ficou em último.

Chove? Não chove? Nunca se sabe, em Spa. Mas acho que o Button vai ganhar a corrida.

Voltamos daqui a pouco.

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