E MAIS 3…

SÃO PAULO (falta o Cerâmica…) – Agradecendo à turma da gentileza que contribuiu para aumentar minha coleção de camisas de times de verdade: Clébio Júnior (Gama), Welison Silva (retrô do Uberlândia) e Maurício Neves (Inter de Lages-SC). Valeu, moçada!

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DESCONTÃO

SÃO PAULO (aproveitem) – Olha lá, macacada! O Reginaldo Leme está dando desconto de 15% no anuário “AutoMotor Esporte” edição 2011/2012. Basta mandar um e-mail para [email protected] e, ao encomendar o seu, dizer que é leitor do Grande Prêmio e do blog deste que vos bloga. O livro custa 95 dinheiros para os fariseus que não pertencem à especialíssima categoria de seguidores gômicos. Para vocês, 80 mangos, mais o frete.

Aproveitem, que é por tempo limitado! Uns três meses, se tanto…

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SEM TETO

SÃO PAULO (tadinho) – Domingo, o que mais me impressionou foram as enormes barracas armadas no grid enquanto a corrida não era reiniciada. Mas a Sauber, pobrezinha, não comprou as suas ainda. E “Checo” Pérez teve de se virar com um monte de guarda-chuvas.

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£750,000

SÃO PAULO (bom preço?) – Lembram quando a gente falou aqui da Toleman do Senna que vai a leilão? Estão falando em 750 mil libras, o que dá mais ou menos 2,3 milhões de brasílicos. Provavelmente menos do que o Eike Batista vai gastar com os advogados de Thor.

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DICA DO DIA

Para babar na Techno Classica de Essen, a maior mostra de carros antigos do mundo. Que tem coisinhas como essa Schnellaster aí embaixo.

 

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ESSA GENTE CORDIAL

SÃO PAULO (deprime) – Me mandaram este vídeo pelo Twitter várias vezes hoje. O episódio aconteceu em Brasília. É gozado como uma cena dessas nos faz ter tantas reações diferentes em pouco tempo e “torcer” para um ou outro várias vezes.

Num primeiro momento, quando o motoqueiro chuta o carro da moça (que a gente só vai saber que é uma moça depois, e o carro e o “estilo” da moça, de certa forma, moldam nosso julgamento), penso: que filho da puta. Que escroto filho da puta.

Faz sentido pensar assim mesmo sem ver a cara do sujeito, nem julgá-lo pela moto que habita. Quem passa algumas horas por dia no trânsito de qualquer cidade sabe que os seres do asfalto se dividem em castas que se odeiam mutuamente: ônibus, táxis, motos grandes, motos pequenas, scooters, motoboys, carrões, carrinhos, bicicletas.

Não, não se exclua, rapaz. Você, como eu, generaliza e odeia. Somos um povo muito cordial, o brasileiro. Que exercita esse ódio diário com um certo prazer. Olhe para o espelho, não minta para você mesmo, e aceite que pertence a uma ou mais castas, e que odeia outras tantas. É disso que somos feitos hoje em dia: ódio e raiva, hostilidade, agressividade.

(Com a gentil colaboração, desde ontem oficial e regularmente, da Rede Globo de Televisão, que levará aos nossos lares por três meses uma educativa programação que louva os gladiadores do terceiro milênio e os transforma em heróis da modernidade graças às suas habilidades executadas em HD que consistem em dar socos, chutes e joelhadas na cara dos outros heróis. Cotoveladas também são bem-vindas, desde que rachem a cabeça do oponente de forma a jorrar sangue sobre o logotipo da Gillette, que antigamente só tirava sangue do rosto de alguém quando a gente não sabia fazer a barba direito. E sobre o logotipo do Burger King, que poderia servir seus hambúrgueres sangrando por mal-passados “under request”, mas agora podem ser vistos salpicados de vermelho que não é catchup. E dos outros patrocinadores que não registrei. Graças à massificação dos eventos de luta, milhões de pessoas acompanharão, nos próximos três meses na TV aberta de maior audiência do Brasil, as agonias, reflexões e profundezas do pensamento de Rony Jason, Godofredo Pepey, Hugo Wolverine, Rodrigo Damm, Wagner Galeto, Anistávio Gasparzinho, John Teixeira, Marcus Vina, Francisco Massaranduba, Cezar Mutante, Daniel Sarafian, Sergio Moraes, Tiago Bodão, Delson Pé de Chumbo, Renée Forte e Leonardo Macarrão. Reforço as alcunhas mais ilustrativas do que nos espera: Jason, Wolverine, Galeto, Gasparzinho, Massaranduba, Mutante, Bodão, Pé de Chumbo e Macarrão. Até nisso o telecatch era bem mais, digamos, criativo. Eles se fantasiavam, ao menos. Pelo que li por aí, a doce Sandy, cuja virgindade foi publicamente preservada por anos a fio, será a mestra de cerimônias da nova atração global que nos mostrará o glamour das artes marciais misturadas com espancamentos semanais e discussões acaloradas sobre a técnica apurada de um joelhaço no queixo, sobre os mantras dos participantes que, e isso os absolve, treinam muito, são dedicados, creem em Deus e rezam todas as noites, se alimentam bem e seguem regras bem definidas como, por exemplo, não enfiar o dedo nos olhos do adversário nem no seu rabo, que isso é feio. Esse cardápio que a TV aberta nos oferece é dos mais democráticos e devemos ser gratos a ela, porque todos os dias, horas antes das sessões de porrada na cara, o telejornal do mesmo canal nos mostrará também como é violento o mundo e o Brasil, e como devemos nos preocupar com isso. A cada notícia envolvendo um crime de agressão entre vizinhos, uma briga numa favela que acaba com um tiro na fuça de alguém, um confronto de torcedores organizados armados de paus e pedras, que só são diferentes dos nossos gladiadores do terceiro milênio porque não tiveram a sorte de receber a graça do revestimento das câmeras, da edição rápida e sonorizada, das cotas de patrocínio, da patente registrada pela Endemol e da apresentação da Sandy e do Galvão Bueno, a cada notícia dessas o apresentador engomadinho e a apresentadora de cabelo bem arrumado e unhas bem-feitas trocarão olhares compungidos que nos dizem mais do que qualquer palavra. Esses olhares nos dizem algo como “gente, onde é que vamos parar, por que vocês, aí, não são como a gente, engomadinhos e manicurados?”, e os mesmos olhares serão trocados quando nos oferecerem uma notícia sobre a Síria, “gente, por que é que os sírios são tão violentos e intolerantes, será que eles não têm uma Ivete Sangalo para levantar a poeira?”, ou sobre as manifestações dos gregos desesperados com a falência de seu país, “gente, por que é que os gregos são tão estressados, por que não se juntam a nós, por que não escrevem para o programa do Luciano Huck para ver se ele pode fazer alguma coisa?”.)

Sigamos com nosso motoqueiro filho da puta. Ele tinha acabado de chutar o automóvel. Muitos de nós já passamos por situações semelhantes, motoqueiros que nos xingam, gesticulam, arrancam espelhos retrovisores. Normalmente eles vestem jaquetas da Califórnia Racing, usam roupas escuras, figurino Mad Max, e se julgam proprietários de faixas estreitas entre os carros que ninguém deve ocupar se não vestir a mesma jaqueta e se não sair de sua frente quando passarem buzinando. Mas o caso do nosso motoqueiro do vídeo parece ser outro, a motocicleta é grande e potente e ele não gostaria de ser chamado de motoqueiro, provavelmente odeia os motoqueiros e se denomina motociclista. Não se sabe exatamente o que o levou a dar um bico no carro da moça, mas ele deu, e a moça ficou puta dentro das calças, acelerou o carro e derrubou o indigitado, numa reação que para muitos é exagerada, para outros é justa e digna.

Nesse momento, estou torcendo para a moça. O cara não tinha nada que chutar seu carro, que história é essa? Mas a moça não se contenta e ergue o sujeito por sobre o capô, como se nele desferisse um direto de direita, mas como é moça e frágil, e o cara é grande, o recurso que encontrou, diante do coturno do cidadão, foi dar-lhe um bico com o carro, mesmo, que é o que se lhe oferecia naquele momento à guisa de arma.

Sigo torcendo para a moça, mas sendo sincero comigo mesmo reconheço que se o carro fosse outro, uma SUV blindada, por exemplo, talvez eu passasse a achar que ela é uma filha da puta maior que o motoqueiro, uma madame mimada que ganhou o carro do maridão e se acha dona da rua, do trânsito e do mundo. Mas era um Fiat desses que nem são tão caros, e o motoqueiro aparentemente não se machucou, a treta teve sequência, e quando a moça saiu do carro, depois de resistir a um ataque pela janela do sujeito que por alguma razão tentou arrancar a chave do contato, talvez tenha conseguido, notei nela uma certa fragilidade e simplicidade pelo porte físico e pelas roupas simples, camiseta branca, bermuda jeans, nada de mais, nada de menos. Embora tenha ficado chocado com o atropelamento voluntário e decidido, que pegou o motoqueiro quase indefeso, já sem sua moto, apenas portando sua armadura negra, voltei a torcer ligeiramente para a moça, que me pareceu ter tido uma reação típica de quem ficou assustado mas, ao mesmo tempo, quis mostrar a si mesmo que não, ninguém vai me assustar só porque sou mulher e frágil, esse motoqueiro que vá à puta que o pariu, e a puta que o pariu, no caso, será o capô do meu carro e o tanto que ele for capaz de jogar longe este filho da puta que só porque é homem, grande, forte e barbudo, acha que pode me intimidar e me agredir. Ele que vá intimidar a puta que o pariu.

Os ânimos parecem se acalmar um pouco e, já fora do carro, a moça saca de sua segunda arma, um celular, com o qual deve ter ligado para o marido, ou o noivo, ou o namorado, ou o pai. Impossível saber. O motoqueiro, ainda de capacete, saca de arma semelhante, um celular, também é impossível saber para quem está telefonando, talvez para algum colega policial, ou para a esposa, namorada, ou para um amigo com quem tinha combinado dar um rolê e tomar umas cervejas, volta à sua moto e é possível vislumbrar seu rosto, e nessa hora escolho de vez meu lado, é o da moça, porque o cara tem cara de mau, barba, óculos escuros, roupas de couro opressivas e realmente intimidatórias, eu ficaria igualmente assustado, não sei se o mandaria à puta que o pariu apenas verbalmente, ou com o capô do meu carro, que foi a opção escolhida pela menina. Sei que jamais seria amigo de alguém com esse figurino e essa cara, e por aí noto como são frágeis meus critérios de avaliação e julgamento, pois ele pode ter cara de mau e usar roupas de couro, mas isso não faz dele necessariamente um filho da puta escroto, pode ser um bom pai de família, um filantropo, um voluntário de causas nobres, poderia estar estressado por um motivo ou outro, pode ter sido vítima de uma enorme cafajestada da menina no trânsito alguns minutos antes, jamais saberei.

Como não sei também o desfecho dessa história e nem me interessa muito, porque já escolhi o meu lado, o da moça, por mais rasas que possam ser minhas razões. Compreendo que o que ela fez também não é lá muito prudente, ela poderia ter partido o barbudo com cara de mau em dois pedaços, quebrado sua perna, ele poderia ser cardíaco, tomar um susto e morrer, do mesmo jeito que não se deve chutar o carro de ninguém no trânsito, também não convém derrubar o outro com o carro e passar por cima dele, OK, vamos à surrada frase “estão todos errados, e quando todos estão errados, ninguém tem razão”. OK, essa frase serve bem para o episódio do vídeo, que ao fim e ao cabo não serve para muita coisa, não dá nem para afirmar que um é filho da puta e a outra não, serve apenas para mostrar como somos, os brasileiros, nós que também somos conhecidos como um povo cordial.

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P1 (E P17)

SÃO PAULO (real life) – É claro que quase todo mundo que se ligou na Indy hoje o fez para ver a estreia de Barrichello, mais do que qualquer outra coisa. Mas acabou vendo mesmo uma exibição de gala de Helio Castroneves e da Penske. Rubens fez uma corrida bem discreta e teminou em 17°, apenas, duas voltas atrás do vencedor. Dos 19 que terminaram a prova, ele ficou em antepenúltimo. Em sua equipe, a KV, Viso foi o melhor, em oitavo. Tony abandonou.

Barrichello ganhou milhagem, iniciou um processo de aprendizagem difícil, que é o da mecânica das corridas, as paradas, as bandeiras amarelas e tudo mais. Mas por mais que tudo isso seja verdade, que demora um pouco para pegar o ritmo, que seria mesmo pouco provável que ele chegasse chegando, creio que ficou uma ponta de decepção pelo resultado. Esperava-se um pouco mais. Quanto, não sei.

Helinho venceu pela terceira vez em São Petersburgo, que curiosamente não fica na Rússia. Dixon e Hunter-Reay fecharam o pódio. Semana que vem já tem mais uma corrida. E parabéns à TV Bandeirantes que levou a transmissão até o fim, mesmo tendo invadido pouco mais de cinco minutos do futebol, que veio a seguir. Respeitaram os telespectadores.

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SAUDOSAS MALACAS (5)

SÃO PAULO (fué) – Reparem nesta foto. Pérez, o ligeirinho, trepa no carro e, claro, comemora o segundo lugar. Dava para ganhar, mas um segundo em Sepang nas condições em que ele conseguiu é resultado para comparar, por exemplo, com o de Senna em Mônaco em 1984. A Sauber não tem carro para fazer pódio. E hoje quase ganhou. Um desempenho sensacional e tal.

Mas não é isso que me chamou a atenção. Notem o olhar apaixonado dos mecânicos da Ferrari encostados no gradil. Significa?

Há quem acredite que Massa não chega na China. Que a Ferrari deu um chassi novo a ele para mostrar que o problema não era o carro. O time tem sido paciente com o brasileiro. Só que o resultado de hoje escancarou um abismo grande demais. Não dá para terminar em 15°, à frente só de hispânicos, marússios e caterhanenses quando seu companheiro de equipe ganha a corrida.

Felipe terá dias dificílimos pela frente. Aguentar a histeria da imprensa italiana não será fácil. E o que é pior para ele: as críticas serão merecidas.

Tenho um primo que faz acupuntura, shiatsu, receita florais, estuda fitoterapia e faz um barato de energia com as mãos. Se precisar, arrumo o telefone dele.

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SAUDOSAS MALACAS (4)

SÃO PAULO (legal demais) – A Ferrari fez um dos piores carros dos últimos tempos. O bicho não anda, a equipe admite, os pilotos choramingam, a imprensa corneta.

E depois de duas corridas, Alonso é o líder do Mundial.

Como é a vida, não?

Bem, Alonso venceu o GP malaco, estava feliz e radiante, mas não é burro. Sabe que esse carro aí está longe de ser algo que preste. Eu não queria nem de graça. Talvez para a GP2. “Precisamos ganhar em condições normais. Não em condições como as de hoje.”

“As de hoje” em Sepang foram o que se chama de extremas. Faltando 20 minutos para a largada, começou a chover fraco. Na volta de apresentação, já tinha piloto querendo colocar pneu para seco. Mas quando largaram, desabou um puta toró.

Apesar da tempestade, Hamilton e Button, os dois da primeira fila, se seguraram na boa. E os apressadinhos que queriam slicks avisaram pelo rádio que era melhor providenciar botes salva-vidas. Começaram as trocas para pneus de chuva brava, sendo Pérez e Senninha os primeiros a trocar — o brasileiro porque tinha tocado em Maldonado e parou antes do previsto. O chicano porque é espertoman.

Na sétima volta, estavam quase todos calçados com a borracha mais apropriada para os programas do Datena. Menos Vergne e Karthikeyan. Aí Button entrou no rádio para comentar, de forma até lúdica, quando perguntado sobre as condições da pista, que o último setor estava “like a lake”.

Dá até música, “Like a Lake”. O fato é que era tanta água que pararam tudo. Safety-car na frente do pelotão, duas voltas e bandeira vermelha. Para essa merda toda. Hamilton seguia na liderança, com Button em segundo e o espertinho do Pérez em terceiro, porque aproveitou mais do que ninguém os pneus para pista muito molhada, já que trocou antes. Ganhou um caminhão de posições quando os outros pararam.

O mais impressionante nessa interrupção foram as tendas armadas no grid, enormes, com duas salas, copa, cozinha, dois quartos, uma suíte, home-theater, dependências de empregada e terraço gourmet. Mas uma vaga apenas. Tudo para os pilotos não tomarem chuva. Alguns times, os mais pobrinhos, tiveram de se virar com guarda-chuvas chineses, aqueles de 5 reais que estavam vendendo na arquibancada.

Foram 51 minutos de lenga-lenga para que a corrida recomeçasse. Num passe de mágica, as enormes barracas desapareceram. Com menos chuva, saiu todo mundo atrás do safety-car. Quando o dito cujo saiu da frente, sete pilotos foram para os boxes colocar intermediários correndo, porque estava secando. A McLaren se atrapalhou com Hamilton, que se atrapalhou com o mundo, e Alonso ganhou sua posição. Button fez uma de suas raras barbeiragens, bateu em Karthikeyan (que estava à sua frente de verdade!), teve de trocar pneu de novo e estragou sua corrida.

Foi então que alguém se perguntou: e aí, quem está atrás do Alonso, afinal? Porque estava claro que Alonso não iria ganhar nada, e sendo assim, o vencedor seria o segundo colocado. Pérez. Acreditam? Pérez.

Putz, o Pérez vai ganhar, muchachos! E aí a prova ficou bacana demais, com o mexicano partindo para cima, reduzindo a diferença volta a volta, até que começou a secar de verdade, Ricciardo foi a primeira cobaia a colocar slicks, começou a virar 5s mais rápido que os outros, e os outros pararam também. Slicks pra todo mundo.

Pérez parou uma volta depois de Alonso, perdeu uma meia-dúzia de segundos, e começou a remar tudo de novo. Fernandinho ia se virando do jeito que dava com aquela carroça inguiável, e na volta 49 o engenheiro entrou no rádio do nosso teen asteca para dar um toque: “Checo, toma cuidado, meu filho. Calma. Essa posição é muito importante para nós”. Foi só falar e o pobre diabo escapou da pista. Conseguiu voltar, mas terminou em segundo.

Há quem acredite que foi mensagem cifrada. Na linha “Fernando is faster than you”. Besteira. Por quê? Porque a Sauber compra motor da Ferrari? E daí? O que aconteceria se Serginho passasse Fernandinho? A Ferrari iria parar de vender? Iria aumentar o preço acima da inflação? Iria cobrar mais pela revisão? Iria reduzir a garantia? A Sauber não tem motivo nenhum para abrir mão de uma vitória contra ninguém. Fosse um embate Red Bull x Toro Rosso, poderia até ser — embora não seja o perfil do nenhuma das duas. Mas a Sauber, não. Bobagem.

Prefiro a tese do João Paulo de Oliveira, que pelo Twitter disse que o engenheiro não tinha de dizer nada, que não se deve desconcentrar um piloto nessa situação. Checo ia ganhar a corrida. Entusiasmou-se demais, talvez, se desconcentrou, saiu da pista, chegou em segundo. E Alonso se livrou de um passão nas últimas voltas pela segunda vez no ano. Na Austrália, foi Maldonado que bateu quando estava chegando para jantar o espanhol. Os caras se assustam, deve ser isso.

Checo dedicou o segundo lugar à cadelinha Frida, que morreu há alguns dias, a Carlos Slim, o bilionário dono da Claro e da Telmex que o patrocina, e a Deus. Nessa ordem. Tem coisa mais fofa? Gracinha, diria a Hebe. Puta piloto, digo eu. Deu dobradinha da Ferrari, dirá o mais maldoso.

Foi um baita resultado para Pérez, piloto atrelado à Ferrari e preferido da imprensa italiana para assumir logo um dos carros vermelhos. Primeiro pódio mexicano desde o segundo lugar de Pedro Rodriguez em Zandvoort, 1971. Na chuva. Com uma Ferrari em primeiro, a de Jacky Ickx. Coincidências demais.

E é mesmo um negócio inacreditável, o Alonso. A Ferrari até escreveu “mágico” numa placa para ele. Se eu trabalhasse na equipe, escreveria “El Fodón”. Não se aperta, tem momentos de gênio, consegue com uma bomba sobre rodas sair da segunda corrida do ano na liderança do campeonato. Vale cada centavo que lhe pagam. Como vale Vettel, como vale Schumacher. O cara salvou o pescoço de todo mundo em Maranello.

Menos de um. Massa.

Putz. Como foi mal, Massa. Começou até de maneira razoável, estava em oitavo quando a prova foi interrompida, mas depois começou a despencar, despencar, despencar, todo mundo o ultrapassava, os pneus acabavam, e chegou uma hora que, depois de demorar para passar Petrov, o que é inaceitável, viu-se à frente apenas dos nanicos. Na prática, pois, em último. Com o companheiro em primeiro. Aí faltam argumentos para defender Felipe. Tem alguma coisa muito errada com ele.

Em compensação, o primeiro-sobrinho fez uma corridaça. Se começou mal, caindo para último quando teve de ir aos boxes logo no início, depois da relargada o rapaz foi um leão. Passou quem viu pela frente, foi passado e passou de novo, partiu para cima, não cometeu erros, e chegou em sexto. Um resultado brilhante, e se Bruno acertar nas classificações, pode começar a sonhar mais alto porque a Williams, incrivelmente, fez um carro muito bom para 2012. Maldonado teve um domingo menos feliz, até pelo toque de Senninha na largada, mas estava já em décimo quando o motor quebrou, na última volta. É meio cagado, esse Maldonado. Mas muito rápido.

Bem também foi Raikkonen, quinto colocado, dono da melhor volta da prova. E a Force India, com seus dois pilotos nos pontos, em sétimo e nono (Resta Um e o Incrível Hulk). Verme ficou em oitavo, fazendo seus primeiros pontos na F-1. E nunca mais falo bem ou aposto nada na Mercedes. Schumacher ficou em décimo porque Maldonado quebrou e Rosberguinho, nem sei onde chegou. Depois que um quero-quero passou por ele sem asa móvel, após uma sequência de pilotos riscando a carenagem prateada do carro bonito, mas ordinário, desisti. Já tomava nabo da Auto Union nos anos 30, por que vai começar a andar agora? Desisti dessa Mercedes. Marca que faz ônibus e carro, um dos dois não faz direito.

E para terminar, a Red Bull. Putz. O que aconteceu com esses caras? OK, Webber foi o de sempre. Mas e Tião? Bateu no Karthikeyan também e furou o pneu. No fim da corrida, pelo rádio, a equipe mandou abandonar. Depois desistiu. Depois mandou de novo. “Emergência!”, gritaram pelo rádio. O que encontraram? Uma granada na entrada de ar? Um foco de mosquitos da dengue?

Coisa mais esquisita, sô.

Quem ouvir um compacto da corrida transmitida pela rádio Estadão-ESPN com meus comentários? Clique aqui: GP MALASIA F1 2503 COMPACTO

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ONE COMMENT

Kimi é simplesmente sensacional (e a Lotus tem sido muito espertinha). Isso aí estava na sala de imprensa na posição de cada jornalista em Sepang.

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