SOBRE ONTEM À TARDE
A IMAGEM DA CORRIDA

SÃO PAULO (mereceu muito) – Carlos Sainz ganhou um GP pela segunda vez no ano e tem mais quatro corridas para, quem sabe, se despedir da Ferrari com mais alguma vitória. Ele chegou ao time italiano em 2021, estava negociando para continuar mas, em fevereiro, soube que a equipe assinara com Lewis Hamilton para 2025 “and beyond”. E que tinha escolhido Charles Leclerc para ser companheiro do inglês.
Não tinha muito o que fazer. Tentou um lugarzinho na Mercedes, que não se interessou. A Audi mandou um “oi, você por acaso é parente do nosso Sainz?” pelo WhatsApp, mas aí quem não se interessou foi ele. Deu uma passada na sede da Red Bull para conversar com os velhos amigos — foi piloto da Toro Rosso em 2015 e 2016 –, mas na porta da fábrica uma placa informava: “Não temos vagas”. Sobrou a Williams, para onde vai em 2025.
O espanhol tem só 30 anos e é claro que no futuro pode voltar a vencer corridas. Mas na Williams, onde estará nas próximas três temporadas, pelo menos, será muito difícil. Então, está desfrutando seus últimos dias num time grande. Foi o que disse domingo no México: “Queria muito ganhar de novo com a Ferrari”. E ganhou com estilo.
Sainz faz parte de uma lista de 40 pilotos que já venceram com o macacão (nem sempre) vermelho de Maranello. O recordista, disparado, é Michael Schumacher, com 72 vitórias pelo time. Depois dele vêm Niki Lauda (15) e Sebastian Vettel (14). Com quatro, Carlos se colocou ao lado de Eddie Irvine, John Surtees e Clay Regazzoni nas estatísticas de Maranello. E tem mais:
O NÚMERO DO MÉXICO
16
…anos se passaram desde a última vez em que a Ferrari, num mesmo campeonato, viu seus dois pilotos ganharem mais de uma corrida. A última foi em 2008, com Kimi Raikkonen (Malásia e Espanha) e Felipe Massa (Bahrein, Turquia, Espanha, França, Bélgica e Brasil). Nesta temporada, Sainz venceu no México e na Austrália e Leclerc ganhou em Mônaco, Monza e Austin.



GRACINHA – Nas imagens acima, a eleição de Sainz como “Piloto do Dia”, a alegria no pódio e a brincadeira mútua com Zak Brown, chefe da McLaren. Aconteceu que o espanhol invadiu a foto tradicional de sua ex-equipe para comemorar o segundo lugar de Lando Norris. O dirigente devolveu na mesma moeda: quando a Ferrari posava para o retrato com seus dois pilotos que foram ao pódio, Brown entrou na frente de todo mundo. As relações entre as duas equipes são muito amistosas. Zak é muito amigo de Frédéric Vasseur, chefe ferrarista.



MAS TEM BRIGA – Relações amistosas, mas a briga pelo título é entre elas. Com os 41 pontos que fez no México, a Ferrari ultrapassou a Red Bull no Mundial de Construtores e agora mira na McLaren, apenas 29 pontos à frente. O time de Max Verstappen ficou definitivamente para trás. E uma situação que não ocorre há 41 anos pode se repetir em 2024: um piloto conquistar o título e sua equipe ficar em terceiro no Mundial de Construtores. A última vez foi com Nelson Piquet, em 1983. Naquele ano, a Ferrari ganhou a taça entre as equipes, com a Renault em segundo. A Brabham, time do brasileiro, ficou atrás das duas.
A FRASE DO HERMANOS RODRÍGUEZ
“Eu já sabia o que esperar.”
LANDO NORRIS, SOBRE A DISPUTA COM VERSTAPPEN

O encontro entre Norris e Verstappen, que tem sido muito frequente neste ano, aconteceu na décima volta do GP mexicano. Desta vez, os comissários foram bem rigorosos com o holandês. Meteram 10s na sua fuça por ter jogado o inglês para fora da pista numa manobra de defesa. Depois, avaliaram que ele levou vantagem passando o rival por fora, também, e mandaram mais 10s no lombo.
Norris falou que o adversário “não jogou limpo” mas que “sabia o que esperar” quando veio para ganhar sua posição. Max fez um muxoxo e nem reclamou muito. “Quando seu carro é lento, você acaba se colocando nessas situações”, disse. O tricampeão não vê a hora de o campeonato acabar.


MAIS NÚMEROS – A F-1 tem festejado algumas cifras marcantes neste bom Mundial de 2024. A vitória de Sainz, por exemplo, elevou a seis o número de pilotos com mais de uma vitória na temporada. Além do espanhol, Hamilton, Verstappen, Piastri, Norris e Leclerc. O sétimo vencedor do ano foi Russell, mas este ganhou apenas um GP.
ALONSO, 400 – E não passou em branco, claro, a marca de 400 GPs de Fernando Alonso, o piloto que mais disputou corridas na história. Embora ele tenha abandonado a prova no início, chegou a 21.593 voltas completadas na categoria. Foram 15 ontem, até parar com superaquecimento nos freios. O espanhol estreou em 2001 pela Minardi. De seus atuais colegas de campeonato, Lawson, Piastri, Colapinto e Bearman ainda não tinham nascido quando ele disputou seu primeiro GP.
GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS
GOSTAMOS da Haas, que marcou oito pontos com o sétimo lugar de Magnussen e o nono de Hülkenberg. Foi o melhor resultado do dinamarquês no ano e sua melhor corrida em muito tempo, recebendo elogios de todos os lados, principalmente do chefe Ayao Komatsu. “Ele chegou só quatro segundos atrás do Verstappen!”, festejou o japonês. É bom lembrar que Magnussen está sem equipe para o ano que vem. E não vai encontrar, já que a única vaga aberta, na Sauber/Audi, tem muitos candidatos e ele não está na lista. O time americano fez pontos pelo quinto GP seguido, foi a 46 e abriu dez em relação à Pode Parcelar Até em Seis, se firmando na sexta posição do campeonato.


NÃO GOSTAMOS da Eu Quero Minha Via Sim, que foi muito bem nos treinos livres mas, na classificação, viveu um efeito dominó a partir da batida de Tsunoda no Q2. Seu companheiro Lawson teve de tirar o pé por causa das bandeiras amarelas e nenhum dos dois passou ao Q3. Por conta disso, ambos largaram no chamado “pelotão da merda”, e lá acontece de tudo — como um acidente do japonês, que saiu da corrida antes da primeira curva. Lawson se enroscou com Colapinto no fim e quebrou a asa dianteira. Resultado: o time saiu zerado do México. Nas últimas seis corridas, a filial da Red Bull marcou dois pontos. A Haas, sua adversária direta, fez 19.