SOBRE ONTEM À TARDE

A IMAGEM DA CORRIDA

Sainz de braços abertos: “Eu queria muito ganhar mais uma com a Ferrari”

SÃO PAULO (mereceu muito) – Carlos Sainz ganhou um GP pela segunda vez no ano e tem mais quatro corridas para, quem sabe, se despedir da Ferrari com mais alguma vitória. Ele chegou ao time italiano em 2021, estava negociando para continuar mas, em fevereiro, soube que a equipe assinara com Lewis Hamilton para 2025 “and beyond”. E que tinha escolhido Charles Leclerc para ser companheiro do inglês.

Não tinha muito o que fazer. Tentou um lugarzinho na Mercedes, que não se interessou. A Audi mandou um “oi, você por acaso é parente do nosso Sainz?” pelo WhatsApp, mas aí quem não se interessou foi ele. Deu uma passada na sede da Red Bull para conversar com os velhos amigos — foi piloto da Toro Rosso em 2015 e 2016 –, mas na porta da fábrica uma placa informava: “Não temos vagas”. Sobrou a Williams, para onde vai em 2025.

O espanhol tem só 30 anos e é claro que no futuro pode voltar a vencer corridas. Mas na Williams, onde estará nas próximas três temporadas, pelo menos, será muito difícil. Então, está desfrutando seus últimos dias num time grande. Foi o que disse domingo no México: “Queria muito ganhar de novo com a Ferrari”. E ganhou com estilo.

Sainz faz parte de uma lista de 40 pilotos que já venceram com o macacão (nem sempre) vermelho de Maranello. O recordista, disparado, é Michael Schumacher, com 72 vitórias pelo time. Depois dele vêm Niki Lauda (15) e Sebastian Vettel (14). Com quatro, Carlos se colocou ao lado de Eddie Irvine, John Surtees e Clay Regazzoni nas estatísticas de Maranello. E tem mais:

O NÚMERO DO MÉXICO

16

…anos se passaram desde a última vez em que a Ferrari, num mesmo campeonato, viu seus dois pilotos ganharem mais de uma corrida. A última foi em 2008, com Kimi Raikkonen (Malásia e Espanha) e Felipe Massa (Bahrein, Turquia, Espanha, França, Bélgica e Brasil). Nesta temporada, Sainz venceu no México e na Austrália e Leclerc ganhou em Mônaco, Monza e Austin.

GRACINHA – Nas imagens acima, a eleição de Sainz como “Piloto do Dia”, a alegria no pódio e a brincadeira mútua com Zak Brown, chefe da McLaren. Aconteceu que o espanhol invadiu a foto tradicional de sua ex-equipe para comemorar o segundo lugar de Lando Norris. O dirigente devolveu na mesma moeda: quando a Ferrari posava para o retrato com seus dois pilotos que foram ao pódio, Brown entrou na frente de todo mundo. As relações entre as duas equipes são muito amistosas. Zak é muito amigo de Frédéric Vasseur, chefe ferrarista.

MAS TEM BRIGA – Relações amistosas, mas a briga pelo título é entre elas. Com os 41 pontos que fez no México, a Ferrari ultrapassou a Red Bull no Mundial de Construtores e agora mira na McLaren, apenas 29 pontos à frente. O time de Max Verstappen ficou definitivamente para trás. E uma situação que não ocorre há 41 anos pode se repetir em 2024: um piloto conquistar o título e sua equipe ficar em terceiro no Mundial de Construtores. A última vez foi com Nelson Piquet, em 1983. Naquele ano, a Ferrari ganhou a taça entre as equipes, com a Renault em segundo. A Brabham, time do brasileiro, ficou atrás das duas.

A FRASE DO HERMANOS RODRÍGUEZ

“Eu já sabia o que esperar.”

LANDO NORRIS, SOBRE A DISPUTA COM VERSTAPPEN
Lando x Verstappen: holandês punido duas vezes

O encontro entre Norris e Verstappen, que tem sido muito frequente neste ano, aconteceu na décima volta do GP mexicano. Desta vez, os comissários foram bem rigorosos com o holandês. Meteram 10s na sua fuça por ter jogado o inglês para fora da pista numa manobra de defesa. Depois, avaliaram que ele levou vantagem passando o rival por fora, também, e mandaram mais 10s no lombo.

Norris falou que o adversário “não jogou limpo” mas que “sabia o que esperar” quando veio para ganhar sua posição. Max fez um muxoxo e nem reclamou muito. “Quando seu carro é lento, você acaba se colocando nessas situações”, disse. O tricampeão não vê a hora de o campeonato acabar.

MAIS NÚMEROS – A F-1 tem festejado algumas cifras marcantes neste bom Mundial de 2024. A vitória de Sainz, por exemplo, elevou a seis o número de pilotos com mais de uma vitória na temporada. Além do espanhol, Hamilton, Verstappen, Piastri, Norris e Leclerc. O sétimo vencedor do ano foi Russell, mas este ganhou apenas um GP.

ALONSO, 400 – E não passou em branco, claro, a marca de 400 GPs de Fernando Alonso, o piloto que mais disputou corridas na história. Embora ele tenha abandonado a prova no início, chegou a 21.593 voltas completadas na categoria. Foram 15 ontem, até parar com superaquecimento nos freios. O espanhol estreou em 2001 pela Minardi. De seus atuais colegas de campeonato, Lawson, Piastri, Colapinto e Bearman ainda não tinham nascido quando ele disputou seu primeiro GP.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS da Haas, que marcou oito pontos com o sétimo lugar de Magnussen e o nono de Hülkenberg. Foi o melhor resultado do dinamarquês no ano e sua melhor corrida em muito tempo, recebendo elogios de todos os lados, principalmente do chefe Ayao Komatsu. “Ele chegou só quatro segundos atrás do Verstappen!”, festejou o japonês. É bom lembrar que Magnussen está sem equipe para o ano que vem. E não vai encontrar, já que a única vaga aberta, na Sauber/Audi, tem muitos candidatos e ele não está na lista. O time americano fez pontos pelo quinto GP seguido, foi a 46 e abriu dez em relação à Pode Parcelar Até em Seis, se firmando na sexta posição do campeonato.

NÃO GOSTAMOS da Eu Quero Minha Via Sim, que foi muito bem nos treinos livres mas, na classificação, viveu um efeito dominó a partir da batida de Tsunoda no Q2. Seu companheiro Lawson teve de tirar o pé por causa das bandeiras amarelas e nenhum dos dois passou ao Q3. Por conta disso, ambos largaram no chamado “pelotão da merda”, e lá acontece de tudo — como um acidente do japonês, que saiu da corrida antes da primeira curva. Lawson se enroscou com Colapinto no fim e quebrou a asa dianteira. Resultado: o time saiu zerado do México. Nas últimas seis corridas, a filial da Red Bull marcou dois pontos. A Haas, sua adversária direta, fez 19.

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TORTILLAS (3)

Sainz, segunda vitória no ano: aproveitando últimos dias de Ferrari

SÃO PAULO (é isso aí) – Carlos Sainz venceu o GP do México. E foi justíssima, a vitória. Largou na pole, perdeu a ponta para Max Verstappen na primeira volta, mas na nona recuperou. E foi assim até o final. O espanhol está em seus últimos dias de Ferrari. Ano que vem defenderá a Williams. No seu carro vermelho estará Lewis Hamilton. Está aproveitando para fazer o que, a partir de 2025, será quase impossível de realizar. Lando Norris foi o segundo colocado e Charles Leclerc, com a outra Ferrari, ficou em terceiro. Verstappen, depois de levar uma punição de 20s, terminou em sexto.

O inglês da McLaren descontou dez pontos na classificação. Um pouco abaixo da média que precisa tirar, por etapa, para conquistar o título. O placar, agora, aponta 362 x 315 para o holandês da Red Bull. São 47 pontos de diferença. Faltando quatro corridas para o fim do campeonato, Norris precisa, a cada GP, fazer 11,75 pontos mais que Verstappen para ser campeão. Há 120 pontos em disputa, já que duas etapas, no Brasil e no Catar, têm Sprints na programação.

A situação do tricampeão mundial ainda é confortável. E seu maior aliado nesta reta final é o time italiano, que vive seu melhor momento na temporada — são três vitórias nas últimas cinco corridas. Sainz venceu pela quarta vez na carreira, segunda no ano. A outra foi na Austrália, no início do Mundial.

A Ferrari passou a Red Bull entre os construtores e agora é a vice-líder com 537 pontos. A equipe austríaca tem 512 e deu adeus à taça — não tem forças para reagir, ainda mais porque seu segundo piloto Sergio Pérez, tem sido uma nulidade. Na ponta, a McLaren tem 566. São apenas 29 mais do que a escuderia vermelha, que vai lutar pelo título e tem chances concretas de ser campeã. E isso, claro, vai ajudar Verstappen. Sainz e Leclerc têm muito mais chances de tirar pontos de Norris do que ele, Max.

O GP do México foi disputado com o tempo nublado e 20°C. As arquibancadas estavam cheias para torcer por Pérez — 404.958 ingressos vendidos para os três dias do evento –, mas viram seu piloto decepcionar de novo. Já no sábado o mexicano fracassara, com um patético 18º lugar no grid. Sua vaga na Red Bull para 2025 está muito ameaçada, mesmo com o contrato renovado por dois anos. O cara não vai, simplesmente.

Largada: Max na frente, batida de Tsunoda e Albon lá atrás

A maioria dos pilotos escolheu pneus médios para a corrida. Com os duros, apenas os que estavam mais para trás no grid: Liam Lawson, Valtteri Bottas, Franco Colapinto, Pérez, Guanyu Zhou e Estevan Ocon. Este último largou dos boxes.

Na largada, Verstappen, ao lado de Sainz na primeira fila, se agarrou à chance de chegar na frente na primeira curva como se fosse a última boia num naufrágio. Não tirou o pé até o último instante, resistiu aos ataques de quem vinha atrás tentando o vácuo e fez a curva em primeiro. Sainz foi pela grama, passou o holandês e devolveu a posição. E antes mesmo da primeira freada aconteceu o primeiro acidente do dia: Yuki Tsunoda tentou passar Alexander Albon e sua roda traseira acertou o Williams do tailandês. Ambos abandonaram. O safety-car foi acionado.

Pérez, lá no fundão, até que largou bem, pulando de 18º para 13º. Mas tinha parado o carro fora do colchete que marca a posição no grid. O engenheiro avisou pelo rádio: “Nossa largada está sob investigação”. “Por quê?”, questionou o mexicano. “Queima de largada”, respondeu o moço da Red Bull. “Não”, retrucou o piloto autoelogiando-se. “Foi uma grande largada.” Era mais fácil o engenheiro dar a letra: tu parou o carro no lugar errado, cacete! A punição veio minutos depois: 5s, que seriam pagos no pit stop.

Lando x Max de novo: punições para o holandês

Demorou bastante para os fiscais removerem os carros de Tsunoda e Albon. A relargada só aconteceu na sétima volta. Max manteve a ponta. Mas na nona volta, com a asa aberta na interminável reta dos boxes do circuito asteca (asteca?), Sainz passou o holandês e assumiu a liderança. Na décima volta, treta! Norris tentou passar Verstappen no trecho do estádio, um empurrou o outro, o outro empurrou o um, Leclerc, quarto colocado, aproveitou e, duas curvas depois, passou os dois e foi para segundo.

Lando, pelo rádio, disparou impropérios e acusações. “O PCC mandou um ‘salve’ pros comissários aliviarem pra ele!”, gritou. Desta vez, porém, os comissários foram rápidos. Anunciaram um pênalti de 10s para o tricampeão mundial, por ter forçado Norris para fora da pista duas vezes.

Na 16ª volta, uma tristeza. Fernando Alonso, que completava seu 400º GP e esperava festejar de alguma forma, abandonou com superaquecimento nos freios. Sainz, Leclerc, Verstappen, Norris, George Russell e Lewis Hamilton eram os seis primeiros. Kevin Magnussen, Nico Hülkenberg, Pierre Gasly e Lawson completavam o grupo dos que fariam pontos se a corrida terminasse ali. Mas ainda tinha muita coisa para acontecer.

Na volta 18, por exemplo, Pérez mergulhou para cima de Lawson e o neozelandês não quis nem saber. Checo ficou louco da vida. Me contaram que dos presídios mexicanos veio outro “salve”: o cartel de Tijuana mandou sequestrar a família do piloto da Tem a Maquininha?, e juro que é verdade esse “bilete” – que nem o do Tarcísio, aquele vagabundo. Pérez não passou. Xingou muito. Veio Stroll e partiu para a briga com o piloto da Red Bull, também. Mais atritos, mais ações tendo de ser analisadas pelos comissários, mais “salves” das penitenciárias. Agora, para invadir o Canadá.

Pérez parou nos boxes na volta 21. Pouco antes a Red Bull foi avisada de que Verstappen receberia mais 10s de punição por ter levado vantagem sobre Norris por fora da pista. Total 20s. O engenheiro de Max, coitado, comunicou ao piloto com todo cuidado. Sabe como é, muitas vezes o mensageiro paga pela mensagem e o rei manda cortar a cabeça do infeliz. Max apenas bufou.

O holandês foi para os boxes na volta 27. Teve de ficar 20s parado sem ninguém encostar no carro. Pagou o pênalti e voltou em 15º, cheio de ódio no coração. Até o fim da prova, a única coisa que teria a fazer era, como se diz, reduzir os danos: entrar logo na zona dos pontos e ver onde daria para chegar.

Norris parou na volta 31 e colocou pneus duros, fazendo seu pit stop. Era corrida de apenas uma parada, estava muito claro. Na volta 32, Verstappen assumiu o décimo lugar. Na mesma hora Leclerc, segundo colocado, parou e trocou seus pneus. O líder Sainz foi para os boxes na 33ª volta, fez a troca e seguiu em primeiro, tranquilo.

Na 36ª volta, metade da corrida mais uma, Verstappen era o oitavo colocado. À frente dele, Oscar Piastri e Lawson ainda não tinham parado. Virtualmente, pois, o holandês era o sexto. O domingo não seria uma tragédia, afinal, apesar do pênalti pesado e do esperado pódio de Norris. Intimamente, ele agradecia à Ferrari, que dominava a prova e ensaiava a segunda dobradinha seguida.

A prova foi se encaminhando para seu terço final sem muita coisa para acontecer, quando Verstappen, pelo rádio, perguntou para a equipe se não ia chover. “Está ficando escuro”, disse. Pneus de chuva foram preparados nos boxes. Mas não veio chuva nenhuma. Faltando 25 voltas, Sainz, Leclerc, Norris, Russell, Hamilton, Verstappen, Magnussen, Hülkenberg, Colapinto e Piastri eram os dez primeiros. O argentino da Williams era o único que não tinha parado ainda, dessa turma. Pérez ocupava a última colocação. O público nas arquibancadas não sabia bem o que comemorar. E ficou feliz da vida quando o piloto passou Zhou e foi para penúltimo.

A 15 voltas do fim, Sainz e Leclerc mantinham-se em primeiro e segundo, mas Norris ameaçava uma aproximação. Pela primeira vez, a diferença dele para o monegasco caíra para menos de 3s. Russell e Hamilton, em quarto e quinto, brigavam entre eles de maneira muito civilizada. Verstappen, em sexto, esperava apenas a hora de ir embora para o hotel. Magnussen, Piastri, Hulk e Gasly eram agora os outros quatro da zona de pontos.

E Lando chegou mesmo em Leclerc na 59ª das 71 voltas previstas para o GP mexicano. A diferença caiu para pouco mais de 1s. A dobradinha da Ferrari subiu no telhado. E caiu rapidinho, sem briga. No fim da 62ª volta, Leclerc errou, deu uma rabeada, saiu da pista, quase bateu. Norris passou e assumiu o segundo lugar.

Final no México: Ferrari em seu melhor momento

Hamilton passou Russell só na volta 66, depois de um tempão atrás do companheiro. Sobrou uma luta besta pelo ponto extra da melhor volta. Lawson tinha quebrado a asa num toque em Colapinto, colocou um bico novo e pneus macios e fez o melhor tempo do dia. A Ferrari devolveu, chamando Leclerc para tentar o mesmo. A Red Bull idem, com Pérez. No fim, Sainz, Norris e Leclerc foram para o pódio. Charlinho fez a melhor volta, afinal. Hamilton foi o quarto, seguido por Russell, Verstappen, Magnussen, Piastri, Hülkenberg e Gasly.

Domingo tem mais, em Interlagos.

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TORTILLAS (2)

Sainz: bela pole, pela primeira vez no ano

SÃO PAULO (tarde demais) – Carlos Sainz larga na pole no México, o mais bem acabado quadro do enorme ponto de interrogação que vem sendo a 20ª etapa do Mundial desde o início dos treinos, ontem. Ninguém apontava o espanhol da Ferrari como favorito. Foi sua primeira pole no ano, apenas a sexta na carreira. Com as quatro grandes se revezando nas primeiras posições em todas as sessões, essa pequena surpresa não… surpreende! Max Verstappen, líder do campeonato, tirou leite de pedra mais uma vez e colocou a Red Bull em segundo no grid. O vice Lando Norris é o terceiro, e o “poleman” da Ferrari, Charles Leclerc, ficou em quarto. A terceira fila tem a dupla da Mercedes, George Russell e Lewis Hamilton. Russell teve seu carro reconstruído durante a noite depois do acidente de ontem no segundo treino livre. Foi preciso até trocar o chassi.

Se não havia nenhum favorito claro à pole hoje, não há à vitória amanhã. A famosa frase “qualquer coisa pode acontecer” está valendo mais do que nunca para o GP do México. Muita coisa pode ser definida na largada. Há uma enorme distância entre a ponta do grid e a freada para a primeira curva. Dois pilotos têm muito a perder em caso de disputa mais acirrada: Verstappen e Norris. Os demais são franco atiradores. Por isso, pode ser uma prova divertida. A largada está marcada para as 17h de Brasília.

A classificação, como já dito, começou sem favoritismo claro de ninguém. Mercedes, Ferrari e McLaren tinham feito os melhores tempos nos três treinos livres, e a Red Bull se ocupava de seus problemas técnicos sem aparecer na frente em momento algum. Assim começou o Q1, totalmente indefinido. Até no pelotão do meio a bagunça era generalizada. Williams, Haas, Aston Martin, Alpine e Quer a Sua Via? se revezavam na intromissão entre as grandes.

Quem apanhava feito cachorro vira-lata era Pérez. A 5min do fim do Q1, o mexicano era o último colocado. Seu companheiro Verstappen, andando mais do que o carro, liderava a tabela de tempos. Um abismo de performance, embora os tempos fossem todos muito próximos – o que sempre ocorre em pistas curtas como a do autódromo Hermanos Rodríguez.

Por isso os últimos instantes da primeira fase da classificação foram tensos. Piastri era outro que se encontrava na zona da degola com o cronômetro perto de zerar. E o parceiro Norris lá na frente… Oscar, pelo menos, tinha a desculpa de ter tido sua melhor volta cancelada por exceder os limites da pista. Mas, digam o que quiserem, o que Pérez e Piastri fizeram foi dar vexame. Ambos acabaram eliminados no Q1. Pela ordem, a degola ceifou Colapinto, Piastri, Pérez, Ocon e Zhou. O australiano da McLaren tinha passado ao Q3 em todas as corridas do ano. Já Checo ficou em 18º correndo em casa, diante de sua torcida, ameaçado de demissão, sob especulações a respeito de uma aposentadoria voluntária e horas depois de saber que Tsunoda ganhou um teste com seu carro depois da última corrida do ano. Um inferno astral que parece não ter fim. Explicações? Problemas nos freios.

Norris, Sainz, Verstappen, Leclerc, Magnussen, Gasly, Tsunoda, Hülkenberg, Albon e Russell foram os dez primeiros no Q1. A disputa pela pole seguia aberta.

O Q2 foi bem disputado e Norris voltou a andar na frente, começando a apontar algum favoritismo para a McLaren. Prognóstico sem muita convicção, porém. Verstappen foi o segundo, com Sainz e Leclerc em terceiro e quarto. Faltando 10s para a quadriculada, Tsunoda bateu, provocando uma bandeira vermelha. Não haveria tempo para mais nada quando seu carro fosse removido. Assim, o japonês foi eliminado em 11º, com seu novo companheiro Liam Lawson logo atrás dele. Alonso, Stroll e Bottas também ficaram fora do Q3. A Haas avançou com seus dois pilotos, assim como Mercedes e Ferrari. McLaren, Red Bull, Williams e Alpine enviaram um representante cada à fase decisiva da classificação.

A primeira leva de voltas no Q3 teve Sainz em primeiro, com 1min16s055, Leclerc em segundo, Russell em terceiro e Hamilton em quarto. Verstappen teve sua volta cancelada por exceder os limites de pista na curva 2. Teria uma chance única de fazer tempo para tentar, pelo menos, ficar perto de Norris no grid. À frente seria um sonho.

Carlos fez uma senhora volta em sua segunda tentativa: 1min15s946, o único a baixar de 1min16s no fim de semana. Com sua proverbial frieza, Verstappen fez sua volta e ela foi 0s225 pior que a do espanhol da Ferrari. Garantiu, aliviado, um lugar na primeira fila. Depois vieram Norris, Leclerc, Russell, Hamilton, Magnussen, Gasly, Albon e Hulk nas dez primeiras posições.

O grid no México: Ferrari e Red Bull na primeira fila

Com 57 pontos de vantagem para Norris na tabela, Verstappen fará amanhã o que vem fazendo nas últimas corridas: marcar o inglês da McLaren para tentar chegar à sua frente ou, na pior das hipóteses, perto dele. Há 146 pontos em jogo ainda nas cinco etapas que restam para o final do campeonato, contando os 16 das duas Sprints de Interlagos e Losail. Lando precisa, a cada fim de semana, marcar 11,5 pontos mais que o holandês para batê-lo na disputa pelo título, o que não vem ocorrendo.

A matemática tem sido favorável ao piloto da Red Bull. Nas últimas cinco etapas, Norris fez 98 pontos, contra 77 de Verstappen, 21 pontos a mais. Na média, descontou 4,2 por GP.

Não é o bastante.

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TORTILLAS (1)

SÃO PAULO (ufa!) – Foi uma longa sexta-feira na Cidade do México. A Pirelli escolheu o autódromo Hermanos Rodríguez para fazer os testes com os pneus do ano que vem, esticando a segunda sessão de treinos livres em meia hora. Já vão longe os tempos em que os treinos livres tinham 90 minutos de duração. Hoje, é muito caro andar tanto. E a limitação de motores por temporada, principalmente, não permite isso. Se andar demais, motor gasta e quebra, basicamente.

O segundo treino livre foi o escolhido para ser estendido, fazendo com que as atividades na capital mexicana terminassem às 17h30 pelo horário local, 20h30 de Brasília. O sol já se punha quando a bandeira quadriculada foi mostrada e ninguém aguentava mais andar.

No final do dia, o mais rápido foi Carlos Sainz, da Ferrari, com 1min17s699. Piastri ficou em segundo, 0s178 atrás. Depois vieram, nas dez primeiras posições, Tsunoda, Leclerc, Norris, Magnussen, Hamilton, Bottas, Pérez e Lawson.

E foi uma sessão interrompida por 23 minutos depois de uma batida besta de George Russell no início das atividades. Outro que teve problemas foi o líder do Mundial, Max Verstappen. Depois da primeira sessão, a Red Bull percebeu que seu assoalho estava todo arrebentado. Passou em cima de alguma coisa — uma estatueta asteca, um prato de tacos, uma garrafa de tequila. Já tinha tido problemas no turbo antes. Resultado: seu carro ficou o tempo inteiro nos boxes. Não marcou tempo.

Quem também não fez tempo foi Albon, por conta de uma batida no primeiro treino que estragou bem o carro da Williams (veja nas caixinhas abaixo).

Red Bull de Verstappen: problemas sérios

Sem Verstappen, com testes de pneus para 2025, bandeiras vermelhas e muitos novatos no primeiro treino livre, não dá para tirar muitas conclusões desta sexta-feira, não. Além de tudo, o asfalto recapeado em alguns trechos estava muito sujo e empoeirado. Foi um daqueles dias chatos, muito mais agitado do lado de fora do que dentro da pista. Por isso, vamos às caixinhas mágicas.

PRIMEIRO TREINO – Deu Russell, mas a sessão foi interrompida duas vezes. No comecinho, por poucos minutos. Kimi Antonelli, andando com o carro de Hamilton na Mercedes, passou em cima de algum objeto na pista e quebrou a asa dianteira. Mais tarde, a bandeira vermelha foi mais longa: quase 20 minutos. O sinistro ocorreu depois que Alexander Albon, numa volta rápida, encontrou Oliver Bearman lento pelo caminho. Bearman estava treinando pela Ferrari, com o carro de Charles Leclerc. Foi uma pancada e tanto. O carro de Albon ficou bem danificado. Ninguém se machucou.

DRUGOVICH, 18 – Outro novato que andou no primeiro treino livre foi o brasileiro Felipe Drugovich, pela Aston Martin. Foi a primeira experiência dele com o modelo deste ano da equipe. Terminou a sessão em 18º. Drugovich andou com o carro de Fernando Alonso.

ALONSO, 400 – Falando nele, o espanhol completa neste final de semana seu 400º GP. Ele estreou em 2001, pela Minardi. Alonso disse que ainda vai disputar mais umas 50 corridas – deve permanecer no time mais dois anos. Ainda sobre ele, Christian Horner, da Red Bull, contou em entrevista que quase o contratou em 2009 e chegou a conversar com o bicampeão mundial, vejam só, no começo desta temporada. Esta aqui mesmo, a de 2024. “Fernando tem menos títulos do que merece”, falou o dirigente.

MARKO, O INDISCRETO – O guru da Red Bull disse ontem que o empresário de Oscar Piastri, Mark Webber, vive procurando o time austríaco para conversar. Webber foi piloto da Red Bull. Piastri, no entanto, negou que esteja sendo oferecido à equipe rival. “Estou muito feliz na McLaren”, garantiu.

MAX FILÓSOFO – À ESPN americana, frase de Max Verstappen comentando a longevidade de Alonso: “Eu poderia correr até os 40 anos, mas não vou. Não quero chegar aos 80, olhar para trás e perceber que passei 40 anos da minha vida correndo. Quero aproveitar bem o tempo que tiver nas pistas, e quando chegar aos 80 olhar para trás e saber que vivi uma boa vida”.

Verstappen: até os 40, não

CADILLAC FRANCESA – A Cadillac, que teve sua proposta para ser fornecedora de motores da F-1 aceita – mas só a partir de 2028 –, está conversando com a Renault. Como a marca francesa desistiu de desenvolver motores para o novo regulamento, que entra em vigor em 2026, os americanos querem comprar a propriedade intelectual do que já foi feito até agora. Assim, não partiriam do zero absoluto para tocar o projeto de suas próprias unidades de potência. Pegariam o espólio da Renault e trabalhariam em cima. A Renault, dona da Alpine, vai usar motores Mercedes a partir de 2026.

RECURSO – A McLaren pretende recorrer da punição de Norris em Austin. A equipe diz ter “fatos novos” para reverter os 5s que o piloto levou por ultrapassar Verstappen por fora da pista. Se conseguir provar alguma coisa, Lando fica com o terceiro lugar e Max cai para quarto. É pouco provável, porém.

BAND X GLOBO – A Bandeirantes divulgou comunicado ontem dizendo que não atrasou pagamentos à Liberty e que pretende continuar transmitindo a F-1 no ano que vem, cumprindo o contrato em vigor. A Liberty não se manifestou, nem a Globo. Mas o fato de ambas negociarem indica que a Bandeirantes está mentindo. O mercado todo (e a Liberty também) sabe que a emissora do Morumbi está inadimplente. Ou estão todos malucos. Em todo caso, apurou o Grande Prêmio, a Globo continua tocando seus planos para retomar os direitos da categoria. Só não está falando nada publicamente. Gato escaldado tem medo de água fria, como se diz.

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AGENDINHA MEXICANA!

Eita, esqueci, mas ainda dá tempo!

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FOTO DO DIA

A Williams volta a usar amarelo depois de 31 anos. O Mercado Livre estará nos carros de Albon e Colapinto no México e no Brasil. “Libre” neste fim de semana, “Livre” em Interlagos. A empresa, como se sabe, é argentina. E está fazendo tudo que pode para colocar Colapinto no grid em 2025.

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SOBRE ONTEM À TARDE

A IMAGEM DA CORRIDA

Norris passa por fora da pista: McLaren não se conformou, ainda

SÃO PAULO (segue o jogo) – A regra é clara, dizia Arnaldo Cezar Coelho. Passar por fora da pista não pode. Mas pode sair da pista para se defender? O que pode? O que não pode? A F-1 tem sido pródiga em decisões polêmicas e discutíveis, e a de ontem em Austin foi apenas mais uma delas. Há explicações para o que os comissários fazem, porém. Ninguém é obrigado a concordar com elas, mas é de bom tom, pelo menos, ler e tentar entender por que certas medidas são tomadas e como são definidas as punições.

Vou deixar bem grandão o comunicado da direção dos EUA sobre os 5s aplicados a Lando Norris por ultrapassar Max Verstappen por fora da pista. Vejam:

O papel da FIA: explicações para a punição a Norris

A explicação faz sentido, pelo ponto de vista dos comissários e das regras. O carro 4 estava passando o carro 1 por fora, mas não estava à frente do carro 1 no “apex”, que é o ponto de tangência da curva. Então o carro 4 saiu da pista e voltou à frente do carro 1, o que configura um caso claro de sair da pista e ganhar vantagem. O texto continua, informando que nesses casos a punição é de 10s, mas foram aplicados 5s porque o carro 4 não tinha outra alternativa que não fosse sair da pista por causa da proximidade do carro 1, que também saiu da pista. E que por isso mesmo a saída de pista do carro 4 não foi considerada um “strike”, ou seja, não entrou na conta das vezes em que os pilotos podem exceder os limites de pista correndo o risco de punição.

Resumindo: sair da pista pode. Tanto que vários pilotos o fazem durante uma corrida, e ficam lá os comissários anotando cada vez que eles excedem os limites marcados pelas famosas linhas brancas. Avisam as equipes. Mostram bandeiras. Podem puni-los. Nas classificações, por exemplo, essas punições são imediatas: as voltas são canceladas. Mas não pode sair da pista E fazer uma ultrapassagem. Que é o que Norris fez. Ah, mas o que ele podia fazer, então? Nada. Voltar à pista atrás de Verstappen e tentar ultrapassá-lo em outro lugar. Porque — insisto, repito e bato na mesma tecla — sair da pista PODE. Tem consequências, às vezes. Mas sair da pista E ultrapassar outro carro não pode.

A regra é clara.

O resto é conversa. Ah, mas o Verstappen isso, o Verstappen aquilo, no GP não sei das quantas ele fez não sei o quê e os comissários não fizeram nada, ah, eles protegem o Max, ah, é uma roubalheira, ah, os comissários não têm critérios…

É que nem no futebol. Interpretação e aplicação das regras sempre desagradam alguém. Há regras escritas para complicar, em vez de facilitar as coisas. Eu não gosto dessa papagaiada de limites de pista. Tem asfalto, dá para andar sobre ele? Vamos em frente. Há outras maneiras de inibir essa coisa de sair dos limites da pista. Como, por exemplo, colocar brita, grama, tinta escorregadia, areia movediça, cavar um fosso e povoá-lo com tubarões, piranhas, jacarés e ariranhas. Fazer com que o piloto perca tempo sempre que exceder os limites da pista.

Mas existem regras, os caras estão lá para interpretá-las e aplicá-las, acho que no fim das contas a McLaren está chorando à toa. Deveria era tentar entender por que seu piloto não consegue sustentar a ponta quando larga na pole ou por que demora tanto para fazer uma manobra de ultrapassagem.

A FRASE DE AUSTIN

“Ele se defende por fora da pista, ultrapassa por fora da pista, mas não vou reclamar. Não sou eu quem faz as regras.”

LANDO NORRIS, SOBRE VERSTAPPEN

O NÚMERO DOS EUA

55

…pontos marcou a Ferrari no fim de semana, graças ao que Leclerc e Sainz fizeram na Sprint, somando 12 pontos aos 43 anotados na dobradinha no GP. É um recorde na história da equipe para um único evento. Mas é bom ponderar essas marcas. Elas só passaram a ser possíveis a partir de 2022, quando as Sprints tiveram sua pontuação alterada: oito para o vencedor, sete para o segundo colocado e assim por diante, até um pontinho para o oitavo colocado. Hoje, em uma etapa com Sprint, a pontuação máxima que pode ser alcançada por um time é de 59 pontos: 43 com uma dobradinha no GP, mais 15 com dobradinha na Sprint, mais o ponto extra da melhor volta. O recorde pertence à Red Bull, com 58 pontos no GP da Emilia-Romagna de 2022. Só não foi um fim de semana perfeito porque Sergio Pérez terminou a Sprint em terceiro. O time austríaco também fez pontuações muito altas no Azerbaijão (57) e na Áustria (56) em 2023 e na China (54) neste ano.

Leclerc: levando a Ferrari a recorde de pontos

A PRIMEIRA A GENTE… – Esteban Ocon fez a melhor volta de um GP pela primeira vez. Mas como ele terminou a prova apenas em 18º, não levou o ponto extra. O francês colocou pneus macios no final da corrida porque quem tinha a melhor volta àquela altura era Franco Colapinto, da Williams, com quem a Alpine luta pelo oitavo lugar no Mundial de Construtores. O argentino chegou em décimo e daria um ponto extra para sua equipe. O placar hoje marca 17 x 13 para a Williams. Qualquer pontinho conta, nessa briga. O tempo de Ocon, para os registros: 1min37s330.

Ocon: melhor volta para tirar ponto da Williams

SUBINDO – A Haas teve o que festejar em Austin. Com os resultados da Sprint e do GP, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen somaram sete pontos, contra apenas dois da Pode Parcelar em Quantas?, marcados por Liam Lawson no domingo. Assim, o time americano foi para a sexta posição com 38 pontos, deixando a rival com 36. O oitavo lugar de Hulk foi o melhor resultado da equipe correndo em casa desde sua chegada à F-1, em 2016. E aconteceu justo na estreia da parceria com a Toyota, que já meteu o nome no bico do carro.

E O TROFÉU? – A Pirelli, patrocinadora do GP dos EUA, tinha encomendado troféus especiais em forma de, sei lá, um ursinho, ou algo que o valha. Havia toda uma explicação para o uso dos personagens, batizados de “Heroo”. Um tal de Matteo Macchiavelli foi o designer responsável pelas figuras. O “tal” é por minha conta, vai que ele é o maior designer do mundo… Mas, no pódio, Leclerc levou um prêmio meio genérico, tipo Troféus Piazza, e Sainz e Verstappen receberam miniaturas de pneus. Tudo porque alguém alertou a Pirelli de que uma certa Bearbrick fabrica, aí sim, ursinhos muito parecidos com os concebidos pelo designer italiano. Para não levar um processo no meio da borracha, a empresa achou melhor improvisar e guardar seus bichinhos esquisitos no armário. Assim, o posto de campeão dos troféus infantis na F-1 segue com o bonequinho da Sega que Senna ganhou em Donington/1993.

E A BAND? – Recebi isso aqui por e-mail hoje de manhã: “A Band comunica que a transmissão da Fórmula 1 continuará sendo feita por ela até o fim de 2024 e durante todo o ano de 2025, conforme contrato vigente.  Após conversas com a Liberty Media, detentora dos direitos do mundial, não se chegou a um consenso em relação ao distrato e a emissora optou pelo cumprimento do contrato”. Veio com timbre da emissora, mas o endereço do remetente era de uma assessoria de imprensa. Não vou me estender em comentários e/ou detalhes. Primeiro, porque não tenho nada muito concreto — valores, prazos, posições oficiais das outras partes envolvidas. Depois, porque estou achando muito estranha toda essa história, que começou sábado com a revelação do Ricardo Feltrin de que a emissora paulista iria tentar uma virada na situação. Muito, muito estranha. Mas é claro que quando — e se — souber de algo factual, conto para vocês.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS da volta de Liam Lawson à filial da Red Bull. O garoto já pontuou logo de cara com uma corrida sólida, tendo largado da última fila. Soube administrar seus pneus, parou na hora certa, fez ultrapassagens, mostrou muita maturidade. É um piloto de estilo clássico e limpo. “Parecia um veterano”, elogiou Christian Horner. O neozelandês assumiu o lugar de Daniel Riccardo com autoridade na Aproxima na Tela e já se transformou numa opção da equipe principal para 2025, caso Pérez receba um pé na bunda. Que já está merecendo, diga-se.

Lawson: chegou chegando

NÃO GOSTAMOS de vários pilotos nessa corrida, como Piastri, tímido e pouco combativo, Hamilton, que rodou na terceira volta, Gasly, que largou em sétimo e terminou em 12º, Tsunoda, outro que rodou sozinho, Albon, que diz ter levado uma batida na largada. Foi um GP de péssimas atuações.

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A NOIVA DO CAUBÓI (4)

Festa de Leclerc: segunda dobradinha da Ferrari no ano

SÃO PAULO (falta alguma coisa…) – Ficou todo mundo olhando para Max Verstappen e Lando Norris. E a Ferrari ganhou. O time italiano fez uma inesperada dobradinha no GP dos EUA, com Charles Leclerc em primeiro e Carlos Sainz em segundo. Foi a terceira vitória do monegasco no ano, oitava na carreira. A equipe de Maranello chegou à sua 87ª dobradinha na história. Verstappen foi o terceiro e Norris, o quarto. Na pista, quando a prova terminou, as posições dos dois estavam invertidas. Mas o inglês da McLaren tomou uma punição de 5s por passar Verstappen, no fim da corrida, por fora da pista. Os comissários consideraram que ele levou vantagem por isso, embora o piloto da Red Bull também tenha saído dos limites da pista quando se defendia. Mas estava na frente. Não ganhou posição; perdeu.

Max, assim, ampliou sua vantagem no Mundial mais um pouco. Chegou a Austin 52 pontos à frente de Norris. Ontem, ao vencer a Sprint, essa diferença subiu para 54. Agora são 57. Faltam cinco etapas para terminar o Mundial. Para ser campeão, Lando precisa, a cada fim de semana restante, marcar 11,5 pontos a mais que o rival. São 146 pontos em jogo, ainda, já que duas etapas serão “duplas”, por assim dizer, com Sprints: Interlagos e Catar.

Não acabou, a matemática não autoriza tal vaticínio. Mas tirar o tetra de Verstappen, nesta altura do campeonato, está mais para milagre do que para tarefa complicada.

Largada: por dentro, Leclerc janta todo mundo

O GP dos EUA, disputado com sol e céu azul, foi decidido na largada. Enquanto Verstappen e Norris, na primeira fila, se preocupavam um com o outro, Leclerc passou os dois e assumiu a ponta. Sainz veio na balada e foi para terceiro. Landinho caiu para quarto. Endiabrado desde ontem, o espanhol da Ferrari partiu para cima do holandês rubro-taurino e os dois trocaram insultos e centímetros ao longo dos mais de 5,3 km do circuito numa primeira volta muito bonita.

Hamilton, que tinha largado muito bem, ganhando cinco posições, rodou na terceira volta. Sozinho, sem ter nada ou ninguém para responsabilizar. Atolou na brita e pediu desculpas à equipe. Se disse, depois, “devastado”. A direção de prova acionou o safety-car. Para o inglês da Mercedes, acabava ali um fim de semana, como dizem, para esquecer. E foi o primeiro safety-car da temporada desde o GP do Canadá, nona etapa do Mundial, mais de quatro meses atrás.

A relargada aconteceu na quinta volta. Leclerc, Verstappen, Sainz, Norris e Oscar Piastri eram os cinco primeiros. Charlinho conseguiu, em uma volta, abrir mais de 1s sobre Max. Era importante, para se livrar das ameaças com asa móvel. A Ferrari tinha um bom ritmo de corrida, como já mostrara na véspera, na Sprint. Verstappen ficou mais para Sainz, o terceiro, que para Leclerc, o líder.

Na nona volta, porém, Carlos informou pelo rádio que estava sem potência nas saídas de curva. E relatou um estranho cheiro de gasolina no cockpit. A Ferrari disse que não tinha o que fazer. “Mas tá cheirando muito forte!”, voltou a reclamar Sainz. Nisso, Verstappen foi se desgarrando dele.

(Lembrei de episódios semelhantes com meus automóveis clássicos. O último vazamento foi no Twingo azul. Escapou uma braçadeira da mangueira que vinha do tanque, problema resolvido em coisa de minutos, com o uso de uma providencial chave de fenda que sempre levo comigo.)

Os engenheiros de Maranello se debruçaram sobre a questão e mandaram Sainz girar algum botão no volante. “Delta 16”, orientaram. Isso feito, informaram: “Agora está bem melhor”. Se disseram que sim, quem somos nós para questionar? Carlos retomou a labuta e foi em frente. Não falou mais de cheiro de gasolina.

Um bom nome da corrida, na altura da 12ª volta, era Liam Lawson. Largara em último e já ocupava a 11ª colocação. Andava bem o carro de sua equipe, a conhecida Tá Sem Sinal a Maquininha Você Tem Pix?, com Yuki Tsunoda em oitavo. O neozelandês, substituto de Daniel Ricciardo, travara um bom duelo com Fernando Alonso, que tem idade para ser seu avô, e se saiu melhor. Por outro lado, a Mercedes era uma vergonha só, com Russell – que largara do pit lane depois de destruir o carro na classificação – suando sangue para ultrapassar Valtteri Bottas, o que só conseguiria na volta 14.

Foi nesse momento que os torcedores de Verstappen suspenderam a respiração. Pelo rádio, a Red Bull avisou que tinha alguma coisa errada em seu carro. “Estamos tentando resolver, toca o barco aí”, falou Gianpiero Lambiase, seu engenheiro. Max nem perguntou o que era.

A prova entrou em modo tédio, com pouquíssimas disputas. Russell – punido por empurrar Bottas para fora da pista – escalava o pelotão e conseguia uma ou outra ultrapassagem. Tsunoda se defendia de Sergio Pérez e Nico Hülkenberg. Então, na volta 19, começaram os pit stops. Pierre Gasly, que era o sexto colocado, parou. Yuki fez o mesmo. Idem para Kevin Magnussen. Quem largou de pneus médios (quase todo mundo) colocou duros. Lá na frente não acontecia nada: Leclerc, Verstappen, Sainz, Norris e Piastri nas cinco primeiras posições. Pérez, com as paradas dos que estavam à sua frente, aparecia em sexto.

Sainz, da turma da ponta, foi o primeiro a parar para colocar pneus duros. Voltou em quinto. Era uma ameaça a Verstappen, que quando parasse poderia perder o segundo lugar para a Ferrari #55. A ideia do time italiano era justamente essa, o tal undercut. Max não se preocupava muito com isso. Seu objetivo continuava sendo um só: chegar à frente de Norris, o que estava conseguindo. O possível problema relatado pelo rádio antes desapareceu. Mas Lando estava se aproximando, agora em terceiro.

Colapinto, décimo: de novo na zona de pontos

Então a Red Bull chamou Verstappen para os boxes, na volta 26. Como se imaginava, Sainz passou e assumiu o quarto lugar, desenhando uma dobradinha da Ferrari – Norris e Piastri, segundo e terceiro, não tinham parado ainda. O líder Leclerc parou na volta 27. Voltou em terceiro. Na pista, McLaren fazendo 1-2. Por pouco tempo, porque ambos estavam devendo seus pit stops.

E estava demorando para a equipe papaia chamar seus pilotos. O britânico só foi para os boxes na 32ª volta. Olho na pista para ver se Verstappen recuperaria a posição. Assim foi. Lando voltou atrás do #1 da Red Bull. A diferença era superior a 6s. Finalmente veio Piastri para a troca, na 33ª volta. Com os cinco primeiros já de pneus trocados, a ordem agora era Leclerc, Sainz, Verstappen, Norris e Piastri. Russell, Lawson e Franco Colapinto, sexto, sétimo e oitavo, ainda não tinham parado.

Lando tinha pneus seis voltas mais novos que Verstappen. A pergunta era: será que essa borracha teria uma diferença tão grande de performance a ponto de permitir um ataque? A vantagem de Max não era muito confortável. Na volta 36, caíra para 4s4. E Norris acelerando. Verstappen entrou no rádio. “Estes pneus estão muito ruins!”. Seus tempos de volta mostravam que era verdade. Norris virava 1s mais rápido que ele.

Na volta 40, a 16 do final, Leclerc liderava tranquilamente com 6s de vantagem sobre Sainz. Ali estava tudo resolvido. Verstappen, em terceiro, já via Norris, o quarto, no retrovisor. A diferença era inferior a 3s. Piastri, Russell (sem pit stop), Pérez, Colapinto (também com os mesmos pneus da largada), Hülkenberg e Lawson eram os dez primeiros. O neozelandês fazia uma ótima corrida. Fora um dos últimos a parar e, mesmo tendo largado no fundo do pelotão, já entrava na zona de pontos.

Colapinto parou na volta 40 e Russell foi o último a trocar pneus, na 41ª. Era uma corrida de apenas uma parada, para surpresa de muita gente. A fase final da prova seria definida pelo desgaste de pneus de cada um. O mais ameaçado era Verstappen, em terceiro. Norris se aproximou rapidamente e na volta 43 a diferença era de 1s3 para o líder do campeonato. O ataque era inevitável e Max não teria muito o que fazer. Jogar tachinhas no asfalto? Óleo? Soltar fumaça? Suspirar desconsolado e engolir o choro?

Norris pôde abrir a asa móvel a partir da volta 44, quando se viu menos de 1s atrás do rival. Não se precipitou. Teria tempo de estudar as linhas de Verstappen para escolher o melhor momento para a ultrapassagem. Certo?

Errado.

Lando x Max: holandês soube se defender

Max é um mestre em se defender e dificultou o quanto pôde a ação do concorrente sem recorrer a manobras agressivas, apenas impedindo a aproximação da McLaren nos pontos onde seria mais difícil evitar um “passão”, gerindo muito bem o nível de suas baterias que dão potência extra ao motor.

Mas faltavam muitas voltas para o final, seria praticamente impossível sustentar a posição por tanto tempo, certo?

Errado.

O que se viu nas nove voltas seguintes à primeira abertura da asa móvel de Norris foi uma aula de Verstappen. “Praticamente impossível” não é “impossível”, e assim o holandês conseguiu se manter à frente do carro #4 até a volta 53, quando finalmente o inglês tomou uma atitude e passou. Mas fê-lo por fora dos limites da pista. Imediatamente Max reclamou. “Ele tem de me devolver a posição”, falou, calmamente, pelo rádio. Lando, como se respondesse diretamente a ele, explicou aos seus que tinha sido forçado pelo adversário para a área de escape. Ambos, no fundo, excederam os limites da pista. Os comissários abriram uma investigação.

Final em Austin: dois novatos nos pontos

A última briga da corrida foi a disputa entre Pérez, sexto, e Russell, sétimo. George tinha pneus bem mais novos. E conseguiu passar na última volta. Lá na frente, a Ferrari fechou a prova sem sobressaltos, Leclerc em primeiro, Sainz em segundo. E antes mesmo da bandeirada veio o aviso da punição para Norris: 5s por levar vantagem ao exceder os limites da pista na ultrapassagem sobre Verstappen. Lando recebeu a quadriculada em terceiro, mas caiu para quarto com o ajuste do tempo. Max herdou o pódio.

Piastri, Russell, Pérez, Hülkenberg, Lawson e Colapinto fecharam a zona de pontos. Que não passem em branco os resultados dos dois últimos: novatos, pontuaram à frente de companheiros com muito mais quilometragem no lombo. A Red Bull achou seu menino para o futuro – na filial, para ganhar casca, ou para a matriz, se achar que já dá para mandar Pérez passear. A Williams vai continuar tentando colocar o argentino na Sauber/Audi. Se ele não tiver um carro no ano que vem será um desperdício de talento.

A McLaren não reclamou histericamente da punição a Norris. Mas não gostou, claro. O inglês já tinha excedido os limites da pista outras vezes e estava, digamos, “pendurado” pelos comissários. Mas foi punido, mesmo, por ganhar vantagem por fora da pista. O piloto até se queixou, mas disse: “Não sou eu quem faz as regras”. Andrea Stella, chefe do time, ficou zangado. “O jeito que os comissários interferem nos resultados não é adequado”, disse.

O que chamou mais a atenção, ao menos deste que vos bloga, foi a falta de decisão de Lando para atacar Verstappen com tantas voltas pela frente a partir do momento em que colou nele. É verdade que a diferença de equipamento não era tão grande assim — a McLaren não emocionou ninguém durante o fim de semana. Mas o inglês tinha um carro um pouco mais rápido. E a necessidade de passar para manter acesas as esperanças de título. Quando resolveu fazer, fez tudo errado.

Se as coisas ficaram mais claras no Mundial de Pilotos com Verstappen abrindo um pouco mais de Norris e menos provas pela frente, o Mundial de Construtores está abertíssimo. A Ferrari ficou animadinha com a possibilidade de ser campeã. Por que não? Na classificação, a McLaren ainda lidera com 544 pontos. A Red Bull foi a 504. Já a Ferrari saltou para 496. Os italianos, no Texas, marcaram 55 pontos, contra 28 dos papaias e 29 dos rubro-taurinos.

Dá para sonhar.

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A NOIVA DO CAUBÓI (3)

Norris: sexta pole na temporada

SÃO PAULO (tudo muito nebuloso) – A pole-position para o GP dos EUA caiu no colo de Lando Norris. O inglês da McLaren tinha o melhor tempo no Q3 da classificação, que definia o grid da 19ª etapa do Mundial, mas Max Verstappen vinha numa volta que, já no primeiro trecho da pista, era quase 0s2 melhor que a sua. Então houve um acidente com George Russell, uma bandeira amarela, volta abortada e sessão encerrada. Azar de um, sorte do outro. Norris larga na pole pela sétima vez na carreira, sexta neste ano. Foi a 300ª pole de um piloto britânico na história da categoria.

Max, que venceu a Sprint no começo da tarde texana, ficou em segundo no grid. Líder e vice-líder do campeonato partem amanhã para mais um duelo tête-à-tête. A diferença de pontos a favor do holandês da Red Bull subiu de 52 para 54 graças à sua vitória na minicorrida – sua quarta nas quatro realizadas neste ano. Norris foi o terceiro colocado. Não há um favoritismo claro para nenhum dos dois. Talvez Verstappen tenha um carro ligeiramente mais rápido, pelo que fez na Sprint e pelo que vinha fazendo na classificação. Mas larga atrás, o que pode mudar a história da corrida. Por isso, é de se esperar algum tipo de pressão nos primeiros metros da prova. Qualquer um dos dois que desgarrar nas primeiras voltas passa a ser o favorito para vencer.

O grid em Austin: 300ª pole britânica na história da F-1

Com muitas nuvens no céu e 28°C de temperatura, a classificação começou com a turma do fundão indo primeiro para a pista. Norris, do pessoal da ponta, fez 1min34s029 na sua primeira volta rápida, que sempre serve como referência aos demais. Aí veio Verstappen com 1min33s690 para assumir a primeira posição. Pérez, quem diria, cravou um tempo idêntico ao de Lando e se colocou em terceiro. Então aconteceram algumas coisas esquisitas: faltando 8min para o final do Q1, apareceram nas primeiras posições Gasly, Hülkenberg, Lawson e Ocon. O francês da Alpine em primeiro com 1min33s550. Max caiu para segundo e os outros três fechavam o top-5. Não fazia o menor sentido, claro. A pista estava melhorando, essa era a única explicação.

Verstappen voltou à pista e virou 1min33s046. Leclerc chegou perto e acabou em segundo, ficando 0s195 atrás. Aí, a primeira grande surpresa do Q1: Lawson em terceiro. O neozelandês andou muito bem, mas qualquer que fosse seu resultado teria de largar em último porque a Pega Lá a Maquininha trocou tudo em seu carro – motor, câmbio, disqueteira e kit multimídia. Depois dele vieram, nas dez primeiras posições, Russell, Gasly, Magnussen, Hülkenberg, Pérez e Norris. A McLaren estava demorando para pegar no breu em Austin. Lando ficou 0s570 atrás de Verstappen.

E na degola? Albon, Colapinto, Bottas, Hamilton e Zhou. Sim, Hamilton. Ficou em 19º e ainda teve a melhor volta cancelada por exceder os limites da pista. Melhor volta que não teria colocado o inglês no Q2, diga-se. Isso depois de, ontem, ter saído do autódromo animadão com as novidades que a Mercedes trouxe para seu carro. Foi uma tragédia.

No Q2, Verstappen abriu os trabalhos com uma boa volta em 1min33s052. Marca muito próxima à do Q1, 0s006 pior. Gasly, na sua primeira saída, ficou em segundo, mostrando que, por algum milagre cósmico, a Alpine estava bem, mesmo. Seria a pintura de Indiana Jones? Aí a McLaren acordou. Norris virou 1min32s851 e pulou para primeiro. Piastri, na sequência, subiu para terceiro fazendo com o companheiro um sanduíche de Verstappen.

O holandês se livrou dos dois papaias na segunda volta voadora, 1min32s584, subindo novamente à ponta. Fechou o Q2 em primeiro, seguido por Sainz, Norris, Leclerc, Pérez, Piastri, Russell, Gasly, Alonso e Magnussen. Ficaram de fora Tsunoda, Hülkenberg, Ocon, Stroll e Lawson – este nem fez volta cronometrada, porque, como já dito não muitas linhas acima, vai largar em último.

Antes mesmo de o Q2 terminar Hamilton chegou ao “chiqueirinho” onde os pilotos dão entrevistas. À repórter Mariana Becker, da Bandeirantes, disse que o carro estava “horrível”, que alguma coisa tinha quebrado na suspensão dianteira na Sprint, a equipe arrumou e ficou pior ainda. “Amanhã vai ser um ‘Sunday drive’”, falou. A expressão pode ser traduzida como “um passeio de domingo”. Ou seja: não vai dar em nada, se pudesse nem sairia do hotel e iria tomar um milkshake vegano no centro de Austin acompanhado de um X-soja. Deve largar dos boxes.

Começou o Q3 com o engenheiro de Norris dizendo a ele pelo rádio: “Confie no carro, meu filho. Acredite! Pense positivo! Use seu mindset! Creia na prosperidade, que você pode ter o que quiser! Honre seu trabalho, seus pais e avós! O tempo vem!”. O sol já estava baixando em Austin, quase seis da tarde pelo horário local, quando as pessoas rezam Ave Maria com o Chitãozinho e o Xororó cantando. Ou seriam Xitãozinho e Chororó? Este é um bloqueio que tenho. Não sei qual é com X e qual é com CH.

O tempo veio mesmo. Norris virou 1min32s330 na sua primeira volta rápida. Verstappen estava na pista. Fez 1min32s361. No primeiro round deu Landinho, 0s031 mais rápido. Sainz e Leclerc vinham logo atrás em terceiro e quarto, mas com tempos bem mais altos. A disputa seria, mesmo, entre líder e vice-líder do campeonato.

Max tomou um susto quando saía dos boxes para sua segunda volta rápida. A Alpine liberou Gasly sem olhar direito e eles quase bateram. Respirou fundo, deixou pra lá e foi à luta. A tarefa não era das mais fáceis, porque o tempo de Norris era muito bom. Abriu bem a volta, marcando o melhor tempo do primeiro setor da pista de Austin. Então, Russell bateu forte. Bem no terceiro setor do circuito, no fim da volta. Bandeira amarela e cronômetro zerado. Max teria de tirar o pé numa volta que tinha começado tão bem. Jamais saberemos se conseguiria fazer a pole. Todos tiraram o pé do acelerador. E o grid ficou do jeito que estava, com os tempos já marcados até então: Norris na pole, seguido por Verstappen, Sainz, Leclerc, Piastri, Russell, Gasly, Alonso, Magnussen e Pérez nas dez primeiras colocações.

Verstappen lamentou a perda da pole, mas disse que tudo bem, pelo menos estará na primeira fila amanhã. Sainz, o terceiro, depois de uma boa Sprint algumas horas antes, também ficou satisfeito. “Nosso objetivo era melhorar em relação à classificação de ontem e melhoramos”, disse o espanhol da Ferrari. “Fiz uma volta bonita”, falou Norris, admitindo que seria difícil melhorar na segunda tentativa e reconhecendo o sopro da boa fortuna. “Max e Carlos talvez tivessem carros mais rápidos, dei um pouco de sorte, mas é o melhor lugar para começar uma corrida.”

O GP dos EUA, amanhã, começa às 16h.

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A NOIVA DO CAUBÓI (2)

Verstappen: invicto nas Sprints de 2024

SÃO PAULO (dinâmico, o jornalismo) – O sábado começou com Max Verstappen 52 pontos à frente de Lando Norris na classificação do campeonato. Chegou ao final da tarde com 54 a favor do holandês. O tricampeão mundial venceu a Sprint dos EUA em Austin, a minicorrida que dá oito pontos ao vencedor, sete ao segundo e assim por diante, até o oitavo colocado. Norris foi o terceiro. Foram 19 voltas na pista texana.

Max, que não vence um GP desde Barcelona, em junho, não tem do que reclamar das Sprints – que ele nem curte muito. Das 16 que já aconteceram na F-1 desde 2021, quando a novidade foi introduzida no Mundial, ganhou 11. Neste ano, venceu as quatro disputadas até agora: China, Miami, Áustria e Austin. Faltam duas, em Interlagos e no Catar.

A largada de Verstappen, que estava na pole, foi muito boa. A de Norris, mais ainda. O inglês pulou de quarto para segundo nos primeiros metros, subindo a pirambeira do circuito americano por dentro, enquanto a dupla da Ferrari olhava um para o outro. George Russell, segundo no grid, caiu para terceiro, com Charles Leclerc em quarto. A coisa começava bem para Landinho. Se Max sonhava com alguns bons pontos a mais na tabela ao final da Sprint, já que o adversário estava três posições atrás no grid, talvez tivesse de se contentar com uma mísera migalha.

As primeiras voltas foram marcadas pelo duelo entre Leclerc e Sainz, que trocaram de posições algumas vezes, ainda que sem muitas faíscas. Pareciam estar se divertindo, os pilotos da Ferrari. Mas é diversão que sempre gera alguma tensão nos boxes e na mureta.

Sainz passou na quinta volta e assumiu a quarta posição. Max, naquela altura, já tinha uma boa vantagem sobre Norris, 1s3. Russell, o terceiro, se aproximava do carro papaia-cromado.

Norris: segundo lugar perdido na última volta

As esperanças de Jorjão, no entanto, duraram pouco. Seus pneus acabaram. Na volta 8, Norris já tinha 2s sobre o inglês da Mercedes. E Sainz, que acompanhava a briga de camarote, mergulhou para cima do carro prateado e assumiu a terceira posição. Leclerc se animou e também foi para cima do #63. Passou na décima volta, deixando Russell em quinto. “Meus pneus estão torrados!”, informou o piloto, pelo rádio. “Torrados como um pão com manteiga que ficou muito tempo na chapa na padaria, por desleixo do chapeiro. Essa é a analogia que consigo fazer…” “Cala a boca, George!”, gritou Toto Wolff.

Vertsappen fazia uma corrida segura. Ao contrário de Russell, não torrava pneus. Mantinha-se à frente de Norris sem permitir uma aproximação que pudesse significar algum risco. Lando, sim, é que passou a se preocupar com o carro vermelho #55 que apareceu em seu retrovisor.

Na abertura da última volta, Norris errou a freada na curva 1 e foi ultrapassado por Sainz. Verstappen comemorou. Com Lando em segundo, faria apenas um ponto a mais que o rival da McLaren. Em terceiro, seriam dois.

E assim foi. Verstappen, Sainz, Norris, Leclerc, Russell, Hamilton, Magnussen e Hülkenberg foram os oito que marcaram pontos. Como dito ontem, nada, nada, Max marcou 32 pontos nas quatro Sprints de 2024 até afgora. Norris fez 15. “Foi como nos velhos tempos”, festejou o holandês.

Um pouco aqui, outro tanto ali, e o tetra vai ficando cada vez mais perto do piloto da Red Bull. Às 19h tem formação do grid para o GP dos EUA.

BAND X GLOBO – Atualizo essa questão mais tarde. Resumindo, o jornalista Ricardo Feltrin informou hoje pela manhã em seu canal no YouTube que a Bandeirantes fez chegar “ao mercado” que pretende virar o jogo para ficar com a F-1 no ano que vem. Há muita coisa a esclarecer, por isso editei esta caixinha agora há pouco. Estamos apurando o que está acontecendo. Por enquanto, a notícia é: Feltrin (que é um baita jornalista, fomos colegas na “Folha”) informa que Band vai tentar ficar com a F-1. Ponto. O que está fazendo para reverter o quadro, as armas a que recorreu, os valores envolvidos, isso tudo é o que estamos apurando. O que temos de informações até agora, inclusive com a Globo falando, está no Grande Prêmio. E já antecipo minha opinião: é muito difícil a emissora do Morumbi ficar com os direitos da categoria. A principal razão é que, faça o barulho que fizer, falta uma coisa essencial: o dinheiro. Mas seguimos acompanhando.

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