JAPONINHAS (2)

SÃO PAULO (sai, gripe) – O que eu quero ver mesmo nessa corrida é Massa x Hamilton. Eles estão na segunda fila, e tive informações privilegiadas que os mecânicos da McLaren vão jogar açúcar no tanque do brasileiro. E soube também que tem um mecânico da Ferrari escalado para colocar tachinhas nos pneus de Lewis. Fiquem atentos na movimentação no grid antes da largada.

Vettel x Button também vai ser legal. Vale o título, oh.

Vale é uma vitória, isso sim. Button ficou 0s009 atrás de Tião Alemão na classificação. Seb (quanta intimidade) comemorou essa pole num tom um pouco acima do normal. Pela dificuldade, certamente. Jenson vinha sendo o mais rápido em todos os treinos e não queria deixar escapar a primeira posição de jeito nenhum. Mas escapou.

Apesar disso, a cara de ânus entre os três primeiros era de Hamilton. Que anda realmente com algum problema. Colocou os óculos, não esboçou nenhum sorriso, andou se estranhando com Schumacher nos treinos. Precisa de férias.

Massa ficou na frente de Alonso, que ficou na frente de Webber e aí temos o top-10. Isso mesmo, seis carros no top-10, porque os outros quatro que foram ao Q3 decidiram não fazer voltas rápidas. Koba-Mito, Schumi, Senninha e Petrovski economizaram seus pneus e frustraram o público. Isso precisa mudar no regulamento. Esse negócio de ir ao Q3 e guardar o carro na garagem é uma palhaçada monumental. Tem de ter tempo para largar. Se não tiver, vai para o fundo do grid. Não há nada mais patético do que essa desistência por antecipação, essa renúncia à luta, à disputa.

Isso dito, eu achava que os toros rossos andariam um pouco mais na frente, o primeiro-sobrinho fez de novo bem o seu trabalho ao levar o carro ao Q3 e o pobre do Rosberguinho vai ter de largar lá atrás porque seu carro pifou na classificação. Será o nome das primeiras voltas, podem apostar. Em Suzuka é divertidíssimo partir do fundão com carro bom.

Vettel foi a 12 poles no ano, em 15 corridas. A Red Bull tem todas. Hoje foi por pouco que Button não acabou com a série. Mas pouco não basta. O alemãozinho chegou a 27 e é o sétimo nas estatísticas. Passou Hakkinen. Luta pelo recorde de poles na mesma temporada, que é de Mansell em 1992. Foram 14 em 16 etapas. Já teve campeonato chato antes, sim senhor. Portanto, não reclamem. Sebastião está apenas fazendo bem o seu trabalho.

O campeão sai na próxima madrugada, deixando para as outras quatro corridas, a do Brasil inclusive, a incômoda condição de evento com caráter amistoso. Muita gente reclama de marmeladas e de resultados arranjados no esporte em geral, na F-1 em particular. Essas disputas que acabam precocemente, para mim, são a maior prova de que não há marmelada alguma. E, se há, o encarregado de fazê-la é incompetente pacas.

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DICA DO DIA

SÃO PAULO (muito legal) – Isso aqui é usar bem a internet, as redes sociais e tudo mais. Vejam esta campanha da BMW na França para divulgar seus modelos da série 1. Quem mandou foi meu amigo Rogério Gonçalves, que vende salsicha em Munique.

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O PORRE DE SCHUMI

SÃO PAULO (coisa feia…) – A coluna Warm Up de hoje lembra das dez decisões de título registradas em Suzuka desde a primeira de Nelson Piquet, em 1987, até a de 2003 de Schumacher. Naquele ano, o alemão chegou ao hexa, superou Fangio e encheu a cara no autódromo. Tem até umas fotos aqui.

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WILLYS, FORD…

Imagens lindas da Willys, Rural, Aero, Jeep, Gordini, aparentemente já sob a gestão da Ford (tem uns Galaxies, também), em mais um filme restaurado pela Dana. Mandaram por e-mail. Como sempre, apaguei o nome do remetente antes de ver o vídeo…

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JOBS

SÃO PAULO (só estava esperando aparecer…) – Nunca tive nenhum produto da Apple, menos por filosofia, mais por falta de necessidade, portanto não esperem de mim odes a Steve Jobs pelo tanto que ele mudou minha vida. Ele não mudou minha vida, mas é inegável que mudou a de muita gente, era um gênio, empreendedor e criativo e coisa e tal. Gênio que se vai cedo, apenas 56 anos, e é incrível imaginar o tanto de coisa que inventou, mesmo tendo ficado mais de uma década afastado da empresa que criou.

Jobs esteve nas pistas, também, como lembra meu brother Paulo Tohmé em seu ótimo blog sobre miniaturas. Patrocinou esse Porsche em Le Mans em 1980. Que eu saiba, foi a única presença da Apple patrocinando carros, mas é bem possível que a maça tenha aparecido em outros também, não sei.

A foto é da miniatura. O carro de verdade era pilotado por quem, vocês sabem? E como foi na corrida? E qual a história desse patrocínio?

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JAPONINHAS (1)

SÃO PAULO (acho que o verão chegou) – Quem aguentou a madrugada acordado viu Jenson Button dominar os treinos em Suzuka, na abertura da 15ª etapa do Mundial. E viu Vettel, no primeiro treino, beliscar de leve a barreira de pneus com o bico de seu carro depois de escapar na Degner. Barrichello também bateu ali, um pouco mais forte.

Ou seja: nada de especial aconteceu numa sexta-feira típica de muito trabalho para um autódromo com bom público e muito sol e calor lá do outro lado do mundo.

Button aparece como favorito à vitória? Talvez nem tanto. Mas vai brigar, sim, até porque Vettel tende a ter um fim de semana mais de contemplação do que qualquer outra coisa. Tiãozinho não vai se matar para vencer. Vai fazer o dele sem pressa e sem querer dar uma de herói, porque não precisa nem de uma coisa, nem de outra. Sairá campeão para acabar logo com essa agonia, e depois cuidará de se divertir neste finalzinho de ano.

Vou torcer é para o Kobayashi em Suzuka. Seria legal uma corridaça do nosso Mito em casa.

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BELCAR MISTERIOSO

SÃO PAULO (daqueles que nunca…) – Me mandaram o link via comentários ou twitter, já não sei. Mas é um daqueles grandes mistérios que jamais serão desvendados. Este é o Lane Motor Museum, um pequeno museu particular em Nashville. Pequeno numas… A coleção do cara, pelo que entendi, foi crescendo, crescendo, e está na casa dos 330 carros, fora as motos. E o sujeito se especializou em europeus, o que é raro nos EUA.

E não é que tem um Belcar brasileiríssimo na coleção? Um preto e branco 1962 com interior vermelho que me pareceu estar direitinho, com tudo no lugar. Falta um embleminha na lateral, foi o que deu para perceber. Quem sabe um dia eu visite esse museu e leve de presente. Tenho vários desse.

Quando vejo carros nacionais como um Belcar, uma Brasília, um TC, em museus no exterior me pergunto: como é que foram parar lá? Qual será a história desse DKW de Nashville? Quem terá sido seu primeiro proprietário?

Muito louco.

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LITTLE TOY

SÃO PAULO (tem pra adulto?) – Olha só o novo brinquedinho que a Karmann-Ghia vai fabricar no Brasil. Tem dedo do nosso comendador Ceregatti nisso, com certeza.

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BILHETE PARA A VIDA

SÃO PAULO (não tem jeito) – Registre-se: ontem, no dia da graça de 5 de outubro de 2011 da era cristã, o mais velho andou de ônibus sozinho.

Pode parecer algo banal, é banal. Bem, seria mais banal ainda alguns anos atrás, eu mesmo andava de ônibus sozinho aos 10, mas estamos falando de 2011, vila de São Paulo de Piratininga, quase 20 milhões de habitantes, vila onde se explodem caixas eletrônicos, vaza gás metano, camaros e porsches atropelam e matam, balas se perdem, sequestram-se gentes, não é lá um lugar muito seguro e aprazível.

Mas apesar de não ser um lugar muito seguro e aprazível, como era um pouco mais quando eu tinha 10 anos, talvez nem tanto, talvez seja apenas nostalgia barata e fosse ainda pior, há uma vida pulsando lá fora, e não é justo que se prive ninguém dela só porque ela parece pouco segura e aprazível.

Ele fez 13 anos, puxa, como mudou neste ano… Ficou mais alto, ganhou forma, vai ao cinema às sextas, parece até que andou dando uns beijos numas meninas. Já não faz tantas perguntas, prefere procurar as respostas, começo a me achar menos útil e mais tolo.

Vou de ônibus, pai, me disse, e achei ótimo, mas disse que ia junto, e ele não se opôs. O trajeto era curto, de casa até a escola, o ponto fica ali na esquina, ele sabia o número da linha e o nome, ganhou até um bilhete único da avó, exibido de forma tão solene quanto será a chave do primeiro carro daqui a algum tempo, e não vai demorar demais, cinco anos passam rápido. Aquele bilhete, cuidadosamente guardado numa capinha plástica, é a chave que abriu as portas do mundo para ele ontem, no dia da graça de 5 de outubro do ano de 2011 da era cristã.

Não lembro das circunstâncias que cercaram minha primeira viagem-solo de ônibus. Acho que meu guia foi meu irmão mais velho, não meu pai, que nunca teve horários muito flexíveis e deve ter delegado tal função ao primogênito, dois anos mais safo que eu. A escola era a mesma, aqui é o metrô, pega assim para aquele lado, desce na estação tal, pega aquele ônibus bege e verde, Mercado da Lapa é o nome, desce lá na frente, atravessa a avenida com cuidado, boa sorte.

Eu tinha 10 anos, um passe de metrô magnético, um passe de ônibus de papel, aprendi rápido, creio, e já no segundo dia comecei a desenvolver meus truques, onde sentar, quando passar pela catraca, como lidar com a mochila, mudar a estação do metrô para pegar o ônibus mais vazio, observar se alguém puxava a cordinha para avisar ao motorista que era para abrir a porta porque eu nunca alcancei a bendita, trocar olhares com o cobrador quando isso não acontecia e ele batia a moeda no metal, código de ônibus para abrir a porta, me oferecer para segurar pacotes, qual o lado da estação para esperar o trem, qual a calçada melhor para chegar em casa, tudo se aprende muito rápido quando se é uma criança e por isso mesmo que datas como essa do primeiro ônibus se perdem no tempo.

A de ontem vai se perder também para ele, a partir do segundo dia deixa de ser uma novidade e um rito de passagem, mas para mim não, como não se perdeu o dia em que recebi seu primeiro telefonema, ou quando o mais novo viajou sozinho pela primeira vez na excursão da escola e eu fiquei lá, olhando para dentro do ônibus tentando encontrar seus olhinhos assustados, e assustado estava eu, ou quando participou da apresentação de Natal do outro colégio, vivo colecionando esses primeiros dias, esses marcos que meio sem querer apontam para onde cada um vai.

Subimos no ônibus, ele passou seu bilhete no leitor da catraca eletrônica com certa desenvoltura, conferiu o valor debitado, calculou quantas viagens ainda poderia fazer, sentou, procurou demonstrar naturalidade, misturar-se à multidão. Trocamos uma ou outra observação, evitei ficar dando conselhos e dicas de como-se-dar-bem-como-usuário-de-transporte-coletivo-na-vila-de-São-Paulo-de-Piratininga, sua única dúvida foi sobre quando apertar o botão para solicitar a parada, algo simples, sem mistério. Uma moça observava a gente sorrindo, acho que entendeu a solenidade daquele momento. Talvez seu pai tenha feito o mesmo com ela um dia, não sei.

Chegamos no ponto final, a escola logo ali, fui até a porta com ele, ficou decidido que voltaria sozinho e que me avisaria pelo telefone quando terminasse a aula de futebol, quando entrasse no ônibus, quando descesse no ponto perto de casa, quando estivesse em segurança lá em cima, quatro telefonemas programados, pois, mas eles não foram necessários, dois resolveram, estou saindo, pai, já cheguei na praça, pai, passei um ponto, me confundi, mas está tudo bem, o ônibus estava vazio, por mim pode dispensar a perua amanhã mesmo.

O mundo passou a ser outro para ele desde ontem. A cada dia a dependência dos carros velhos do pai vai diminuir, aos poucos a descoberta das linhas e dos itinerários será como encontrar o caminho das Índias, uma reedição das Grandes Navegações, em pouco tempo acontecerá o mesmo com o mais novo e a cidade pouco segura e aprazível ganhará mais dois cidadãos que aos poucos vão se incorporar a ela, dela receberão as bênçãos e as tragédias em doses mais ou menos iguais, suas ruas e avenidas serão deles, e aos poucos vamos saindo de cena.

No que me diz respeito, deixarei dois bem melhores que eu, minha modesta contribuição à humanidade.

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MOTOLAND

SÃO PAULO (vem nimim!) – Provavelmente não é novidade nenhuma pra turma das duas rodas, e é provável que esteja no Salão aqui em SP, mas como vi na rua e achei o máximo, informo aos blogueiros menos atentos e desinformados como eu que as motos Royal Enfield estão chegando ao Brasil. Elas nasceram em 1800-e-bolinha na Inglaterra e foram produzidas até o final dos anos 60. Foram fabricadas sob licença na Índia, também, e há alguns anos os indianos compraram a marca e continuam fabricando até hoje.

Os modelos têm estilo retrô. Essa aí embaixo é uma coisa linda. Não sei quanto vão custar, espero que pouco. Porque vou começar a guardar uns cobres.

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