PRENDE EU

SÃO PAULO (lindinhos) – Foto enviada pelo blogueiro Júlio César de Sousa. Cidade de Cabo Verde (MG). O 147 é uma coisa graciosa. Aqui em SP, se a molecada encostasse numa viatura desse jeito iria parar na delegacia para averiguação.

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FRIDAY, BLOODY FRIDAY (1)

SÃO PAULO (em lugar improvável) – Hoje acabou a luz em casa. Depois fui espetar umas agulhas. “Algulhas”, como eu dizia quando era pequeno  — menor ainda. Só agora consegui uma conexão razoável num canto meio estranho da cidade.

Tudo isso para justificar a demora no post dos treinos barenitas. Rosberguinho na frente. A Mercedes não foi um acidente na China, está na cara. A Red Bull melhorou. A McLaren está na briga. Serão as protagonistas do final de semana. A Ferrari terá brigas boas com a Williams, a Sauber e a Lotus. Que destino cruel, tadinha.

A Force India abandonou o treino livre da tarde para voltar ao hotel com luz do dia. Estão todos apavorados. O principal líder oposicionista, um ativista de direitos humanos, agoniza em greve de fome. Manama tem protestos de rua de hora em hora. Aquele tal de “Anonymous” derrubou o site oficial da F-1.

Mesmo tentando, a F-1 não consegue fingir que não está acontecendo nada. Pessoal da Sauber também teve problemas no caminho para Sakhir. E, de quebra, o Grande Prêmio, o site, está migrando de servidores e pode apresentar alguma instabilidade hoje até pegar no tranco.

Como se vê, fim de semana tranquilo.

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TRINTA

SÃO PAULO (e contando) – Eu lembro do título: “A importância de um bom técnico”. Bom título, preciso, direto, não deixa muitas dúvidas. Um bom técnico é importante. Não há dúvidas quanto a isso. Em duas linhas, preencheu uma coluna do jornal e lá se foi o texto, até o pé, elogiando José Poy, o bom técnico. Sem assinatura, mas era meu, e eu achava que era bom.

No metrô, vi um cara lendo o jornal. Casualmente estava na mesma página do técnico importante, e portanto havia alguma chance de ele estar lendo o que escrevi. Podia estar lendo os outros, também, mas não se deve descartar a possibilidade de ter sido atraído por aquele título, que falava de um técnico e de sua importância. Talvez ele mesmo fosse um técnico de alguma coisa, ou desejasse sê-lo. Em eletrônica, farmácia, gestão contábil, telecomunicações, nutrição, mamografia, próteses dentárias, abreugrafia, medicina nuclear, revelação & ampliação. Fosse ele um técnico, ou desejasse sê-lo, claro que concordaria com a assertiva daquele título, a importância de ser bom, pode ter se identificado, pode ter feito uma autocrítica, será que sou bom, afinal?, o jornal diz que é importante ser um bom técnico, jornal sabe das coisas.

Eu estava de pé no vagão, indo para a faculdade num complexo sistema de baldeações de linhas, trens e ônibus, mas fiquei ali, ao lado do sujeito, esperando por algum sinal de que ele estava lendo o que eu tinha datilografado no dia anterior em laudas amareladas de papel jornal em cujo cabeçalho era necessário preencher alguns campos como a data, a editoria, o autor, a retranca, o tamanho, e as instruções muito claras: 70 toques por linha, espaço duplo para o revisor fazer suas anotações. Qualquer sinal, um meneio, um olhar de esgueio para o lado, talvez procurando quem também concordasse com ele e com o jornal.

Ao tirar o papel da velha Remington na noite anterior, olhei para aquilo como se olha para o Santo Graal, o pergaminho da sabedoria, as escrituras sagradas, ali via meu futuro e todos os próximos dias da minha vida, e não me importei muito com a indiferença dos outros naquela enorme redação barulhenta, quente e esfumaçada, com um gigantesco mapa múndi na parede de fundo encimado por relógios marcando a hora de São Paulo, Londres, Nova York e Moscou. Para aqueles repórteres, redatores e editores concentrados em suas próprias laudas, elas já não eram mais nada de especial, apenas a conclusão de mais um dia de trabalho, suas laudas saíam dos rolos das máquinas vigorosamente e eram imediatamente levadas pelos contínuos à oficina onde linotipistas transformariam suas letras, palavras e frases em blocos de chumbo, que de lá seguiriam para o setor de clichês, que por sua vez embrulhariam os blocos de chumbo nas laudas manchadas de tinta com elásticos, e de lá elas seguiriam para os gráficos que disporiam os blocos de chumbo um ao lado do outro como num quebra-cabeças, seguindo a diagramação, e os blocos se transformariam em chapas tipográficas que seguiriam para as rotativas onde virariam páginas e, de madrugada, seriam transportados em Kombis para as bancas da cidade.

O sujeito no metrô tinha ido à banca naquele dia, possivelmente se interessou por alguma coisa na primeira página, talvez tivesse o hábito de comprar aquele jornal de logotipo azul todos os dias, e enquanto seguia para seu trabalho, ou de volta para casa, é impossível determinar, abriu o jornal na página onde alguém falava sobre a importância de um bom técnico, e este, anônimo, era eu, e estava ali ao seu lado, torcendo para que ele lesse, para que concordasse, ou discordasse, para que chegasse em casa e, de poucas palavras, enquanto a mulher colocava a mesa para o jantar de todos os dias, comentasse com ela que era importante ser um bom técnico, que por isso mesmo iria procurar um curso no Senac ou no Senai, o jornal dizia que isso era importante, devia ser, pois. Não importava que o técnico em questão era um técnico de futebol, que treinava a Portuguesa, isso era de somenos, a afirmação do título, essa sim devia ser levada a sério. É importante ser um bom técnico, disse o sujeito agora já decidido, raspando o prato e entornando o último gole da cerveja gelada que sua mulher sempre colocava no congelador meia hora antes de ele chegar do trabalho, tomando a decisão definitiva de, no dia seguinte, tratar de ser um bom técnico na vida.

Era uma segunda-feira, dia 19 de abril de 1982, e pela primeira vez alguém há de ter lido alguma coisa que escrevi.

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IMAGINEM HOJE

SÃO PAULO (nem pensar) – Acho que já contei que até hoje pedi autógrafos para apenas três pilotos na vida, em condições bem especiais. Um deles é o Marinho, o melhor de todos, o #10 da Vemag. Num livro. O outro foi Schumacher, na última corrida de 2006. Era sua despedida da F-1 (a volta em 2010 desvalorizou o material barbaramente, canalha, tratante, safardana) e apresentei uma coletiva para a Ferrari antes da corrida. Pedi que ele assinasse a camiseta que usei no evento e também minha credencial. O terceiro foi sir Jackie Stewart. E foi um caso engraçado.

Acho que foi em 2004 ou 2005, e eu tinha acabado de comprar uma coleção de “4 Rodas” antigas. Levei algumas na viagem para Indianápolis, porque gosto de ler no avião. Uma delas era essa aí da foto. A edição, de fevereiro de 1970. Não sei bem o que Stewart, já campeão mundial de F-1, estava fazendo no Brasil em fevereiro de 1970. Mas sei que a revista o convidou para testar carros brasileiros: Opala, Corcel, LTD, Volks 1600, Variant, Dart e Puma. O quarto da lista, para quem não sabe, é o Zé do Caixão, e eu tinha um. Se arrependimento matasse…

Pelo texto de apresentação da matéria, o escocês foi trazido ao Brasil especialmente para fazer esses testes. Será? Qual seria o cachê, por exemplo, para se trazer Vettel ao Brasil hoje para testar um Palio, um Celta, um Gol e um Fiesta?

Como a “4 Rodas” disponibilizou seu arquivo eletronicamente (a edição de fevereiro de 1970 está aqui), a única coisa boa que a editora Abril fez nos últimos 20 anos, é possível ler suas impressões ao dirigir cada um deles. Jackie gostou mais do Opala e do Corcel. Achou o Zé do Caixão “de gosto discutível”. Humpf. E disse que se morasse no Brasil, teria um Puma.

Sei que cruzei com Jackie no paddock e lembrei que a revista estava comigo. Falei que iria trazê-la do hotel no dia seguinte e assim foi. Ele ficou sinceramente espantado. Não sei bem com quê. Se com o estado da revista, zerada, se com o fato de um louco ainda ter um exemplar depois de mais de 30 anos, se com o fato de um louco ainda ter um exemplar depois de mais de 30 anos e cobrir F-1, se com o fato de um louco ainda ter um exemplar depois de mais de 30 anos, cobrir F-1 e estar em Indianápolis, ou se com o fato de um louco ainda ter um exemplar depois de mais de 30 anos, cobrir F-1, estar em Indianápolis e ter levado a revista na bagagem.

O fato é que havia um louco que ainda tinha aquela revista, cobria F-1, estava em Indianápolis e tinha levado a revista com ele, e, assim, foi com alegria que Stewart assinou a capa (preço para venda, caso interesse a alguém: 300 mil. Dólares. Não, euros) e ainda gastou alguns minutos folheando-a e lembrando dos carros. Deteve-se no Zé do Caixão, porque disse a ele que tinha um, e aí Jackie ficou realmente espantado com o fato de um louco ter um exemplar intacto depois de mais de 30 anos, cobrir F-1, estar em Indianápolis, ter levado a revista na bagagem e, de quebra, ser o proprietário de um Zé do Caixão.

Mas acho que se espantou, mesmo, com o fato de um dia, mais de 30 anos atrás, ter ido ao Brasil para andar num negócio daqueles na condição de campeão mundial de F-1. Expliquei o nome, Zé do Caixão, mas não sei se ele entendeu. A tradução para “Coffin Joe” foi algo meio espantoso para aquele simpático senhor de highlands.

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DICA DO DIA

SÃO PAULO (inacreditável) – Das coisas boas que a internet nos proporciona é viajar ao passado. Ontem encontrei este blog aqui, nem sei como, e fiquei bobo. Chama-se “Quando a cidade era mais gentil” e pertence a Martin Jayo, a quem não conheço, mas agradeço. Logo de cara, ele colocou três propagandas de lançamentos de prédios em São Paulo da década de 40. Atrativo de venda: tinham abrigos antiaéreos! Tem coisa mais espetacular no mundo? Será que esses abrigos ainda estão lá? Será que tem imigrantes japoneses morando neles, escondidos, achando que a Guerra ainda não acabou? Os prédios ainda existem, no detonado Centro de São Paulo. Um dia vou procurar esses abrigos.

Mas tem muito mais, como essa foto que reproduzo, não sei exatamente qual o ano, que mostra o aeroporto de Congonhas lá no alto à esquerda, a 23 de Maio/Ruben Berta/Moreira Guimarães cortando a cidade, com Moema do lado direito e Planalto Paulista à esquerda. Localizei o Clube Sírio e, assim, o terreno onde hoje fica meu prédio. A foto, pois, é anterior a 1970 — o edifício ainda não está lá, na foto. E vejam Moema: não tem um prédio sequer!

São Paulo era uma cidade incrível. Ainda é, sei lá.

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DEODORO, A FARSA

SÃO PAULO (corto o…) – Vou resumir. Quando resolveram detonar Jacarepaguá para fazer um velódromo onde seriam gravadas cenas de uma novela, uma piscina que não servirá para a Olimpíada e um ginásio que virou casa de shows com nome de banco, a CBA não fez muita coisa. Mas quando percebeu que iriam arregaçar de vez o autódromo, o presidente da entidade na época conseguiu na Justiça uma garantia de que a pista só seria desativada quandou houvesse outra no Rio.

Isso foi antes do Pan do Rio, realizado em 2007. Então inventaram que seria feito um novo autódromo em Deodoro, mas é claro que não fizeram nada e Jacarepaguá foi sendo empurrado com a barriga, mutilado, todo estropiado. Aí inventaram que a área do autódromo seria transformada num parque olímpico ou coisa que o valha. Isso visando os Jogos de 2016, no Rio. Mas as obras não podem começar, e o circuito não pode morrer de vez, por conta da decisão judicial de antes do Pan. Para que seja respeitada a decisão, é preciso que alguma coisa seja iniciada em Deodoro, nem que seja uma planta, a aprovação de um projeto, essas coisas que depois não saem do papel.

Mas o Conselho Municipal de Meio-Ambiente do Rio votou uma deliberação que veta a construção de um autódromo em Deodoro, por ser uma área de preservação e tal. Na prática, é claro, estão empurrando Deodoro com a barriga, também. O prefeito disse que vai desrespeitar a recomendação. É claro que sua intenção não é propriamente construir uma pista em Deodoro porque ama as corridas e está indignado com os entraves ao seu sonho, mas sim liberar de vez a destruição de Jacarepaguá, porque está ficando em cima da hora. Ele precisa aprovar alguma coisa onde esteja escrito “Projeto para Autódromo de Deodoro”, que será a senha para que tratores e escavadeiras invadam Jacarepaguá para arrebentar o que resta. Aí, se um novo autódromo será mesmo construído, é outro papo. Que fique para o próximo prefeito, que vai dizer que não tem grana, que não conseguiu licença ambiental, e bye-bye, automobilismo no Rio.

É o que vai acontecer.

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MEIANOV-TOON

SÃO PAULO (rola em camiseta, caneca e pôster?) – O Bruno Mantovani é demais. Autor dos já famosos Pilotoons, fez esse aí do Meianov. E ele avisa: quem quiser algo personalizado, de qualquer carro, qualquer piloto (você que está lendo, por exemplo, no seu carro de rua), é só escrever para [email protected].

Aproveitando, como sei que vou esquecer, informo-vos que neste fim de semana de Paulista em Interlagos. Correrei na Classic Cup com o glorioso soviético. Há uma chance de correr também na F-Vee. Mas isso depende de os organizadores terem um carro disponível. Quem sabe. Adoraria. Mas como a categoria anda concorrida, é capaz que não sobre nenhuma baratinha na reta. Veremos.

Como tem Brasileiro de Marcas neste fim de semana, desconfio que o acesso aos boxes não será 100% liberado. Mas no sábado, geralmente, não tem problema. É no sábado que corremos. E por conta dessa prova de Marcas, nossos horários ficaram meio malucos. Na Classic Cup, classificação das 8h30 às 8h55 e largada às 15h. Na F-Vee, classificação das 10h15 às 10h40 e largada às 16h. Será um longuíssimo sábado. Ainda bem que minha equipe tem motorhome com ar-condicionado, TV de plasma, jacuzzi e espelho no teto.

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COLUNAS, COLUNAS, COLUNAS

SÃO PAULO (legal, isso) – Nos últimos três dias, seis colunas novinhas em folha publicadas no Grande Prêmio: a “Motorsphere”, do Felipe Giacomelli, a “Coluna do Capelli”, do próprio, “Brickyard”, da Evelyn Guimarães, “Bruto”, do estreante Thiago Camilo, “Apex”, do Andre Jung, e “Wildcard”, da Juliana Tesser. Assuntos, pela ordem: o lado B do automobilismo, F-1, Indy, Stock, F-1 de novo e MotoGP.

É um cardápio e tanto. Leiam, fariseus! E comentem aqui.

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A HORA DE CHECO

SÃO PAULO (é bom se preparar) – Diz a “Autosprint” que Sergio Pérez será escalado pela Ferrari para os testes de Mugello, no começo de maio — a sessão pré-temporada europeia acertada entre a FIA e as equipes. Alonso será escalado para os dois primeiros dias e, no terceiro, o mexicano divide o carro com Felipe Massa, ainda de acordo com a revista italiana.

Checo está em alta. No vído acima, que ele mesmo postou no Twitter, uma matéria feita pela TV alemã lembrando os tempos em que ele morava num restaurante no país, no comecinho da carreira.

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ACABOU

SÃO PAULO (tá difícil) – Com apenas duas temporadas disputadas e grids com média de dez carros por etapa, a F-Futuro acabou. Os organizadores do campeonato, que têm à frente Felipe Massa, anunciaram a extinção da categoria hoje.

É uma baita derrota, em todos os sentidos. Era a única categoria-escola do país, mas na prática nunca funcionou como tal, tão modesta foi a adesão dos pilotos. Derrota do automobilismo brasileiro, que se voltou totalmente para corridas de bolhas e supercarros, sem preocupação com a formação de pilotos. Derrota da CBA, que assiste a tudo passivamente. Derrota da família Massa, que talvez tenha superestimado a capacidade do kart de produzir gente interessada em correr de monopostos, e que talvez tenha criado uma categoria ainda cara para os padrões nacionais.

Derrota geral, porque o Brasil simplesmente não tem mais pilotos para as categorias de ponta do automobilismo mundial. Não que algum fosse sair da F-Futuro, que nunca emplacou. Mas eles precisam sair de algum canto. E não há mais canto algum.

Segundo os organizadores, o campeonato de Linea, agora Copa Fiat, continuará existindo. A abertura será em junho em Londrina. O que será feito dos carros da F-Futuro, não tenho a menor ideia.

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