SUNDAY, BLOODY SUNDAY

SÃO PAULO (ficou bom) – Quando acaba uma corrida eu vou rabiscando no papel as efemérides e estatísticas mais notáveis, aquelas que todo esporte tem, especialmente os americanos (cito como exemplo os recentes recordes verificados n’América, como o de sequência de passos iniciada com o pé esquerdo até a cesta do lado norte do ginásio, na NBA, o de jardas conquistadas pela direita em dias ímpares de meses pares em anos bissextos por equipes de capacetes cor-de-laranja, na NFL, o de rebatidas em diagonal em noites de quarto minguante efetuadas por jogadores que têm R no nome, na MLB, e o de ultrapassagens concluídas no terço final de voltas de numeral repetido cuja soma é 12 em ovais que não vendem hot-dog às segundas, na Nascar), para descobrir se o GP teve alguma coisa de histórica ou não.

O do Bahrein teve. Foi a primeira vez na história da humanidade que um GP teve 71 pit stops quando disputado num dia em que a soma dos algarismos é igual ao número que representa o mês (sendo que 7 + 1 = 8, assim como 2 + 2 + 4, de 22/4, também dá 8). Foi também a primeira vez na história que se repetiu a diferença entre as duas melhores voltas da corrida e entre a quinta e a sexta, sendo essa diferença, em milésimos, uma contagem regressiva mínima. Para quem não entendeu nada, 0s321 entre a melhor volta da prova, 1min36s379 (Vettel), e a segunda mais rápida, 1min36s700 (Kobayashi); e os mesmos 0s321 entre a quinta melhor, 1min37s116 (Raikkonen), e a sexta, 1min37s437 (Webber).

A curiosidade mais incrível, porém, e pela primeira vez na história do mundo isso aconteceu, foi a combinação dos números dos cinco primeiros colocados. Vejam que coisa inacreditável: 1 (Vettel), 9 (Raikkonen), 10 (Grosjean), 2 (Webber), 8 (Rosberg). Agora reparem: 1 + 9 = 10 = 2 + 8. Jamais tal combinação havia ocorrido em competição automobilística nenhuma em toda a trajetória humana no planeta com dois campeões mundiais entre os cinco primeiros. Com dois campeões e um filho de campeão, então, nunca na história do universo.

Como se vê, foi uma prova cheia de marcos históricos, essa barenita. E a Red Bull voltou. Tiãozinho fez a pole e, como nos velhos tempos do ano passado, controlou a corrida como quis. O que nos leva a mais um recorde. Nunca antes na história deste esporte um piloto havia atingido a marca de 22 vitórias num dia 22. Vettel conseguiu. E tem mais: assumiu a liderança do campeonato com 53 pontos (5 + 3 = 8) justo num dia 22/4 (2 + 2 + 4 = 8). Não é espantoso?

O fato é que depois de quatro etapas, o Mundial de 2012 teve quatro vencedores de equipes diferentes, o que mostra que o equilíbrio é real. Button (McLaren), Alonso (Ferrari), Rosberg (Mercedes) e Vettel (Red Bull). Isso aconteceu pela última vez em 1983: Piquet (Brabham), Watson (McLaren), Prost (Renault) e Tambay (Ferrari). Na quinta, naquele ano, mais um piloto de equipe diferente: Rosberg (Williams). Pode ser que se repita em Barcelona. Com a Lotus, que foi a grande coisa de Sakhir, com Kimi saindo de 11° para segundo e Grosjean fechando o pódio em terceiro. A Lotus não colocava dois no pódio, ou pelo menos um time com o nome Lotus, desde o GP da Espanha de 1979 (Reutemann em segundo e Andretti em terceiro). E o último pódio de uma equipe com esse nome tinha sido de Piquet, na Austrália em 1988.

Estou falando de “nome Lotus”, porque a equipe preta e dourada de hoje é muito mais Renault e Benetton do que Lotus propriamente dita. Daquela velha Lotus de Colin Chapman, leva mesmo apenas o nome — e não se sabe por quanto tempo, porque a Lotus que a patrocina, a que faz carros e pertence à Proton da Malásia, não seguirá patrocinando porra nenhuma na F-1, pelo que entendi.

Bem, não vou me meter nessa coisa dos nomes. Sigamos com nossas estatísticas que sempre podem iluminar as análises e comentários. Notaram o pódio na China? Três motores Mercedes. Uma semana depois, três Renault. Notaram que o Mundial já teve quatro líderes diferentes? Pois é. Um pódio com três Mercedes seguido de outro com três Renault no espaço de uma semana jamais tinha acontecido antes tendo sempre um alemão entre os laureados. Vejam só. E os quatro líderes diferentes em quatro etapas? Nunca na história deste…

Vai ser um campeonato, como disseram os três do pódio do Bahrein, decidido nos detalhes e nas pequenas coisas. O Alonso, com aquela porcaria de carro, foi sétimo hoje e está apenas dez pontos atrás de Vettel na classificação. Graças aos detalhes da incomum prova de Sepang. Webber, que chegou quatro vezes em quarto, está só cinco atrás do companheirinho. Hamilton, vice-líder, tem quatro de desvantagem. Regularidade é a chave para 2012. Hamilton, Webber e Alonso pontuaram em todas as corridas. E aquele que é o mais regular, normalmente, deixou de pontuar duas vezes. Button, que quebrou hoje. Se estivesse tendo um ano normal, estaria na liderança. Mas pequenas coisas o atrapalharam, como um pit stop ruim em Xangai e um pneu furado hoje.

A McLaren é quem sai no maior prejuízo dessa bateria de quatro corridas no cu do mundo. Vem aí a temporada europeia, com oito das nove próximas etapas no Velho e Bom Continente (a exceção é o GP do Canadá, onde vivia Luíza), e os mclarianos, superiores em quase tudo desde o início, esperavam voltar para casa com alguma folga nos dois campeonatos. Não lideram nenhum. O time não aproveitou  sua força, por uma ou outra razão, e vai ter de remar. Hoje, por exemplo, os caras cagaram nos três pit stops de Líuis. Que terminou em oitavo, depois de largar em segundo.

A corrida, para não dizer que dela não falei, foi ótima. Os desempenhos de Kimi e Grosjean foram dignos de aplausos. No fim, achei que Raikkonen poderia até ter arriscado um último stint com os pneus macios economizados no sábado, mas acho que aquela volta em que perdeu dez posições na China veio à mente dos genílicos e eles optaram pela segurança de um segundo lugar garantido. No fim das contas, a Lotus optou por usar dois jogos macios zerados na primeira parte da prova, por via das dúvidas.

Gostei muito de Di Resta, para quem a tática de duas paradas (o resto parou três) funcionou e rendeu um sexto lugar excelente. Aqui, merece uma menção o tanto que a Force India apareceu na TV: on-board, pitwall, rádio, ultrapassando, sendo ultrapassada, entrando no box, saindo do box… Tudo porque a FOM retaliou a equipe no sábado por ela ter se retirado dos treinos de sexta com medo de ser atacada por beduínos, camelos, aiatolás, bombardeios de quibes e esfihas envenenadas. Sumiu da TV. Mas na corrida, Bernie, que adora fazer suas gracinhas, por remorso ou escárnio tacou Force India na telinha.

Gostei de Massa, que fez seus primeiros pontos depois de um ótimo início e uma segunda metade de prova discreta, mas sempre perto de Alonso. Ele precisa melhorar, e o primeiro passo foi dado. Modesto, mas um passo. Não gostei de Ricciardo, que poderia ter transformado seu sexto lugar no grid em algo útil e acabou chegando atrás de Vergne. E não gostei de Bruno Senna, que largou bem (como Felipe e Alonso), mas acabou despencando até abandonar no final.

Mas do que gostei mesmo, de verdade, foi do Vettel metendo uns chifrinhos no Raikkonen no pódio.

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P11

SÃO PAULO (e o sono, como faz?) – Bem, macacada, já de volta do mais longo dia em Interlagos. O intervalo entre a nossa classificação, 8h30, e a largada, depois das 15h, foi ótimo para ver amigos, ler tudo sobre o Bahrein, bater papo, tirar fotos, ficar com meus moleques, que foram ver a corrida, e tudo mais. Mas cansou.

Acho que hoje fizemos uma de nossas melhores corridas, eu e o Meianov, apesar do resultado pouco expressivo. Éramos 28 no grid e terminei em 11° entre os carros da Classic Cup. Contando a turma da TCMP, fui o 16°. Só sei que andei o bastante para chegar em 11° na geral, considerando todo mundo, e aí sim, com um grid gordo, teria sido um resultado bem legal.

O problema é que no fim eu e o Passat do Castilho, da TCMP, nos tocamos no Bico de Pato (andamos perto boa parte da prova, como mostra a foto acima, do Dyonysyo Pyerotty). Acho que foi uma daquelas cagadas duplas. Tentei passar por dentro, acho que ele não viu, rodei e perdi quatro posições gerais. Como o Passatão teve problemas no fim, era bem provável que eu conseguisse passá-lo também. Na minha categoria, a rodada não afetou nada. Terminei em terceiro. E o mais legal de tudo foi receber o troféu do meu filhote mais novo, que ainda ganhou uma enorme garrafa de champanhe do Zé Augusto, o vencedor na nossa Turismo Light, tornando-se seu fã.

Acho que larguei bem, quase bati no Gran Torino do Adonis, e nas três ou quatro primeiras voltas o Meianov foi valente e passou muita gente. Estava bem bacana, cheguei a andar perto de carros normalmente muito mais velozes em maiores dificuldades. Num determinado momento abri bem do Passat do Castilho e estava tranquilo, mas meu carro começou a sair de frente demais nas duas curvas mais lentas do circuito e fui perdendo tempo até ele me passar, eu tentar o troco e acontecer o toque. A vitória na geral, para variar, foi do Mariano Cirello, de Puma Della Barba, um foguete pilotado de forma impecável.

Interlagos estava agitada nos boxes e, como sempre, deserta nas arquibancadas. Amanhã tem Brasileiro de Marcas e vamos ver como será o público.

A foto abaixo é do Marcos Júnior, do portal Terceiro Tempo. Tem mais aqui.

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P23

SÃO PAULO (não passam, as horas) – Aqui em Interlaken, a classificação de manhã, quando o dia mal havia amanhecido, aconteceu com a pista toda molhada, oleosa, emporcalhada e escorregadia. Resultado: de blocante e tração traseira, Meianov penou. Viramos 2min51s616. Muito ruim. Mariano Cirello, de Puma, fez a pole: 2min23s125.

Teremos 29 no grid. Meianov larga em 23° e vai dar para brigar com o pessoal da TCMP que se juntou a nós e com o Opala do Edu Carreiro. Espero que o asfalto seque. Embora eu seja um dos melhores pilotos do mundo na chuva, ao lado do Alonso, do Schumacher e do Karthikeyan, a configuração do meu automóvel não é muito gentil para pista ensaboada. Se chover bastante, quem sabe. Mas só mais ou menos não dá.

Estreia a ser comemorada hoje: o Gran Torino do Adonis Lykouropaulos, o Greguinho, na V8. O carro é uma lindeza. Está na foto aí embaixo.

Não vou correr na F-Vee. Desta vez o pessoal não conseguiu disponibilizar um carro. Fica para a próxima. Nossa largada é às 15h, ainda dá tempo. É a quarta etapa do Paulista.

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SATURDAY, BLOODY SATURDAY

SÃO PAULO (há tempo) – Enquanto a turma escorregava na areia lá, eu escorregava no asfalto molhado cá, em Interlagos. E só agora me inteirei da classificação barenita.

Antes de falar do resultado, não pode passar em branco a vendetta da FOM à Force India, que se retirou do segundo treino livre da sexta para que seus funcionários pudessem voltar ao hotel com a luz do dia. Segundo os relatos que recebo pelo Twitter, os carros do time simplesmente não apareceram hoje na transmissão da TV. E conta a Vanessa Ruiz, repórter da Estadão ESPN no Bahrein, que gente da equipe diz ter certeza de que também não vão aparecer na corrida.

Bernie Ecclestone é uma figura patética.

Vamos ao treino, começando de baixo para cima. No Q1, duas mega-surpresas. Megassurpresas. Grandes surpresas. Schumacher ficou ali, no meio das nanicas. Mas para ele houve uma explicação: na sua volta rápida, a asa móvel pifou. Não houve tempo de arrumar, dançou. Pelo menos tem pneus novos para a corrida à vontade. A outra, Kovalento passando para o Q2. Verme (lê-se “vérme”) também se juntou aos nanicos de sempre. Ficou chateado, decepcionado, intrigado e deprimido. Porque seu companheiro Ricardinho foi lá para cima, sexto no grid, mas daqui a pouco falamos dos melhores.

Raikkonen e Koba-Mito foram os fiascos do Q2. Seus parceiros avançaram e eles ficaram. Kimi teve uma explicação: deu só uma volta e preferiu guardar pneus. Todo mundo está com medo dos pneus. O finlandês, ao término da classificação, fez um longo discurso para explicar por que optou por nem tentar ir ao Q3. Reproduzo na íntegra, embora seja meio cansativo:

“Fizemos um aposta.”

Obrigado pela paciência, voltamos.

Massa também ficou no Q2, o que já está se tornando tristemente rotineiro para ele. Fernandinho, esgoelando-se, passou ao Q3. Bruno parou por aí também, 15°, e Mal-Danado perdeu cinco posições no grid por troca de câmbio. Senninha que faça uma boa largada, sem complicações, porque tem chances de terminar nos pontos de onde está. Já será um bom resultado.

E aí chegamos no Q1. Pelo que li aqui e ali, e conversando com meus amigos árabes da Esfiha Chic em contato direto com o Bahrein, Rosberguinho, que era o favorito à pole, resolveu fazer uma única volta para ficar com um jogo de pneus zerado para a corrida. Isso deu num modesto quinto lugar. Mas a estratégia é interessante, porque os pneus estão sofrendo bastante em Sakhir.

E Tiãozinho renasceu. Fez sua primeira pole do ano, 31ª na carreira, o que o coloca a uma de Mansell para entrar na lista dos cinco maiores polistas da história. Polista é termo que acabo de cunhar e que será enviado ao meu amigo Aurélio Houaiss, editor de dicionários. Schumacher (68), Senna-tio (não diga… 65), Clark e Prost (66, 33 para cada) lideram o quesito, seguidos por Nigel, the Lion.

No Q3, Ffffêêêtel travou uma bela disputa com Líuis Hamilton. Levou, desabafou, voltou ao topo. Isso depois de quase ficar fora já no Q1, tendo de usar mais pneus do que gostaria. Do quase inferno ao céu. É ótimo. Temos mais uma para brigar, mas é preciso ser justo: aqui, pelo menos, nunca se descartou uma reação da Red Bull. Com McLaren e Mercedes, as brigas serão constantes ao longo do ano. É uma temporada de regularidade, acima de tudo. O Canguru em terceiro mostra que os energéticos estão fortes. Três novatos se destacaram nesse grid: Ricardinho em sexto, Grosjean em sétimo e o Ligeirinho em oitavo. Alonso acabou em nono e nem fez tempo no Q3 para guardar pneus, também.

O grid, já que o Grande Prêmio está oscilando neste primeiro dia de servidor novo (calma, gente, essas coisas acontecem), está aí embaixo.

1) Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 1min32s422
2) Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), 1min32s520
3) Webber (AUS/Red Bull-Renault), 1min32s637
4) Button (ING/McLaren-Mercedes), 1min32s711
5) Rosberg (ALE/Mercedes), 1min32s821
6) Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari), 1min32s912
7) Grosjean (FRA/Lotus-Renault), 1min33s008
8) Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), 1min33s394
9) Alonso (ESP/Ferrari), sem tempo
10) Di Resta (ESC/Force India-Mercedes), sem tempo

11) Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), 1min33s789
12) Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), 1min33s806
13) Hülkenberg (ALE/Force India-Mercedes), 1min33s807
14) Massa (BRA/Ferrari), 1min33s912
15) Senna (BRA/Williams-Renault), 1min34s017
16) Kovalainen (FIN/Caterham-Renault), 1min36s132

17) Schumacher (ALE/Mercedes), 1min34s865
18) Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), 1min35s014
19) Petrov (RUS/Caterham-Renault), 1min35s823
20) Pic (FRA/Marussia-Cosworth), 1min37s683
22) De la Rosa (ESP/HRT-Cosworth), 1min37s883
22) Maldonado (VEN/Williams-Renault), sem tempo (punido)
23) Glock (ALE/Marussia-Cosworth), 1min37s905
24) Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth), 1min38s314

Daqui a pouco volto para contar o que já aconteceu em Interlagos.

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HERÓIS DE CERA

Trecho da Coluna Warm Up de hoje (OK, ontem).

Vai ter corrida, ninguém vai explodir nada, terroristas não vão invadir o autódromo montando dromedários, beduínos não vão brandir suas adagas, nem arrancar a cabeça de Alonso.

Está tudo normal no Bahrein.

E querem saber? Tirando as manifestações, está tudo normal, mesmo. Normal, para um país como o Bahrein, é mesmo uma população oprimida, sendo comandada por uma monarquia boiando em petróleo, xeques que há mais de 200 anos controlam o poder, se alinham aos EUA (a maior frota naval americana no Golfo fica na ilha) e se locupletam com os vizinhos da Arábia Saudita, de quem dependem visceralmente.

Portanto, quanto estivemos lá pela primeira vez, em 2004, já era essa merda. Só não tinha ninguém na rua gritando. Nas prisões, provavelmente surravam oposicionistas do mesmo jeito. “Não passa de um puteiro”, escrevi, na época, meia hora depois de desembarcar em Manama. Como se vê, a primeira impressão não foi das melhores.

Para continuar lendo, clique aqui.

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UM FRANCISCO

SÃO PAULO (tomara) – Pintassilgos me contaram que a administração do autódromo de Interlagos, a parte técnica, que importa, está voltando a quem entende. Amanhã, novidades.

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FRIDAY, BLOODY FRIDAY (2)

SÃO PAULO (só nos resta rir um pouco) – Veio tudo em árabe e não entendo aqueles rabiscos. Levei a um amigo que meu que trabalha no Habib’s e ele me ajudou na Tecla SAP de hoje.

VETTEL, O AMEDRONTADO – “We did a lot of running today. Regarding set-up, I think we got the answers in China that we were looking for and that’s helped us here. We now need to see where we are against what everyone else did today. We see where we are tomorrow.” SAP – “Tivemos de vir correndo pra cá hoje. Perguntamos qual o melhor caminho na China e eles nos ajudaram. Hoje percebemos que estamos lutando contra todos. Vamos decidir se ficamos, ou onde estaremos amanhã.”

WEBBER, O PREOCUPADO – “It was quite challenging out on track, trying to get everything together. The tyres were a bit of a surprise for everybody in terms of how they are behaving. There are some quick cars out there. Tyres will play a big role on Sunday in the race.” SAP – “Foi um grande desafio de manhã, porque cada um saiu numa hora diferente [do hotel] e a gente estava tentando manter todo mundo junto. Os tiras que nos acompanharam causaram surpresa em todos pelo jeito que se comportavam. Vieram uns carros rápidos atrás de nós, lá fora. Acho que vai dar um puta rolo domingo, mas vamos na raça.”

HAMILTON, O FUGITIVO – “The track surface is extremely hot, and the amount of energy that goes through the tyres under braking is incredible. Wind direction also played a huge role today. In general, Mercedes looks quick. Overall, a tough day, but we’re all in the same boat.” SAP – “Os extremistas que chegaram surfando tinham um monte de energia, mano, uns mano incrível! Vindo na direção do autódromo achei que ia dar rolo era hoje mesmo. Aí o general deu uma olhada rápida e liberou umas Merças pra nóis. Tô achando que vamos picar a mula de barco mesmo, mano!”

FORCE INDIA, A SENSATA – “For logistical reasons the team will run a rescheduled programme for the rest of the weekend, which will result in the team missing second practice to ensure the most competitive performance in FP3, qualifying and the race.” SAP – “Estamos nos cagando de medo.”

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PRENDE EU

SÃO PAULO (lindinhos) – Foto enviada pelo blogueiro Júlio César de Sousa. Cidade de Cabo Verde (MG). O 147 é uma coisa graciosa. Aqui em SP, se a molecada encostasse numa viatura desse jeito iria parar na delegacia para averiguação.

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FRIDAY, BLOODY FRIDAY (1)

SÃO PAULO (em lugar improvável) – Hoje acabou a luz em casa. Depois fui espetar umas agulhas. “Algulhas”, como eu dizia quando era pequeno  — menor ainda. Só agora consegui uma conexão razoável num canto meio estranho da cidade.

Tudo isso para justificar a demora no post dos treinos barenitas. Rosberguinho na frente. A Mercedes não foi um acidente na China, está na cara. A Red Bull melhorou. A McLaren está na briga. Serão as protagonistas do final de semana. A Ferrari terá brigas boas com a Williams, a Sauber e a Lotus. Que destino cruel, tadinha.

A Force India abandonou o treino livre da tarde para voltar ao hotel com luz do dia. Estão todos apavorados. O principal líder oposicionista, um ativista de direitos humanos, agoniza em greve de fome. Manama tem protestos de rua de hora em hora. Aquele tal de “Anonymous” derrubou o site oficial da F-1.

Mesmo tentando, a F-1 não consegue fingir que não está acontecendo nada. Pessoal da Sauber também teve problemas no caminho para Sakhir. E, de quebra, o Grande Prêmio, o site, está migrando de servidores e pode apresentar alguma instabilidade hoje até pegar no tranco.

Como se vê, fim de semana tranquilo.

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TRINTA

SÃO PAULO (e contando) – Eu lembro do título: “A importância de um bom técnico”. Bom título, preciso, direto, não deixa muitas dúvidas. Um bom técnico é importante. Não há dúvidas quanto a isso. Em duas linhas, preencheu uma coluna do jornal e lá se foi o texto, até o pé, elogiando José Poy, o bom técnico. Sem assinatura, mas era meu, e eu achava que era bom.

No metrô, vi um cara lendo o jornal. Casualmente estava na mesma página do técnico importante, e portanto havia alguma chance de ele estar lendo o que escrevi. Podia estar lendo os outros, também, mas não se deve descartar a possibilidade de ter sido atraído por aquele título, que falava de um técnico e de sua importância. Talvez ele mesmo fosse um técnico de alguma coisa, ou desejasse sê-lo. Em eletrônica, farmácia, gestão contábil, telecomunicações, nutrição, mamografia, próteses dentárias, abreugrafia, medicina nuclear, revelação & ampliação. Fosse ele um técnico, ou desejasse sê-lo, claro que concordaria com a assertiva daquele título, a importância de ser bom, pode ter se identificado, pode ter feito uma autocrítica, será que sou bom, afinal?, o jornal diz que é importante ser um bom técnico, jornal sabe das coisas.

Eu estava de pé no vagão, indo para a faculdade num complexo sistema de baldeações de linhas, trens e ônibus, mas fiquei ali, ao lado do sujeito, esperando por algum sinal de que ele estava lendo o que eu tinha datilografado no dia anterior em laudas amareladas de papel jornal em cujo cabeçalho era necessário preencher alguns campos como a data, a editoria, o autor, a retranca, o tamanho, e as instruções muito claras: 70 toques por linha, espaço duplo para o revisor fazer suas anotações. Qualquer sinal, um meneio, um olhar de esgueio para o lado, talvez procurando quem também concordasse com ele e com o jornal.

Ao tirar o papel da velha Remington na noite anterior, olhei para aquilo como se olha para o Santo Graal, o pergaminho da sabedoria, as escrituras sagradas, ali via meu futuro e todos os próximos dias da minha vida, e não me importei muito com a indiferença dos outros naquela enorme redação barulhenta, quente e esfumaçada, com um gigantesco mapa múndi na parede de fundo encimado por relógios marcando a hora de São Paulo, Londres, Nova York e Moscou. Para aqueles repórteres, redatores e editores concentrados em suas próprias laudas, elas já não eram mais nada de especial, apenas a conclusão de mais um dia de trabalho, suas laudas saíam dos rolos das máquinas vigorosamente e eram imediatamente levadas pelos contínuos à oficina onde linotipistas transformariam suas letras, palavras e frases em blocos de chumbo, que de lá seguiriam para o setor de clichês, que por sua vez embrulhariam os blocos de chumbo nas laudas manchadas de tinta com elásticos, e de lá elas seguiriam para os gráficos que disporiam os blocos de chumbo um ao lado do outro como num quebra-cabeças, seguindo a diagramação, e os blocos se transformariam em chapas tipográficas que seguiriam para as rotativas onde virariam páginas e, de madrugada, seriam transportados em Kombis para as bancas da cidade.

O sujeito no metrô tinha ido à banca naquele dia, possivelmente se interessou por alguma coisa na primeira página, talvez tivesse o hábito de comprar aquele jornal de logotipo azul todos os dias, e enquanto seguia para seu trabalho, ou de volta para casa, é impossível determinar, abriu o jornal na página onde alguém falava sobre a importância de um bom técnico, e este, anônimo, era eu, e estava ali ao seu lado, torcendo para que ele lesse, para que concordasse, ou discordasse, para que chegasse em casa e, de poucas palavras, enquanto a mulher colocava a mesa para o jantar de todos os dias, comentasse com ela que era importante ser um bom técnico, que por isso mesmo iria procurar um curso no Senac ou no Senai, o jornal dizia que isso era importante, devia ser, pois. Não importava que o técnico em questão era um técnico de futebol, que treinava a Portuguesa, isso era de somenos, a afirmação do título, essa sim devia ser levada a sério. É importante ser um bom técnico, disse o sujeito agora já decidido, raspando o prato e entornando o último gole da cerveja gelada que sua mulher sempre colocava no congelador meia hora antes de ele chegar do trabalho, tomando a decisão definitiva de, no dia seguinte, tratar de ser um bom técnico na vida.

Era uma segunda-feira, dia 19 de abril de 1982, e pela primeira vez alguém há de ter lido alguma coisa que escrevi.

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