DOWN UNDER (2)

SÃO PAULO (tudo torto) – Foi no fim do primeiro dia da primeira bateria de testes de pré-temporada que todos se entreolharam no escritório da equipe, e aí as versões variam, e alguém disse: fodeu. As versões variam porque é claro que nem todos disseram a mesma palavra, talvez só um, mas o sentido era esse mesmo.

Um carro de Fórmula 1 só se conhece de verdade na pista, por mais sofisticados que sejam os atuais simuladores — esses que parecem videogame, ao menos os que alguns programas de TV mostram como se fossem o auge da tecnologia, a mim parecem apenas isso, videogames; há simuladores melhores e mais precisos, que a TV não mostra nunca.

Ainda mais hoje em dia, nesta era dos testes limitados e tal. Quando eles eram liberados, fazia-se a mesmíssima coisa. Um cabra tinha umas ideias, colocava no papel e no computador, os softwares avaliavam se aquilo poderia dar certo, um modelo em escala era produzido e colocado no túnel de vento, e milhões de dados coletados depois, o carro ia para a pista e andava muito antes de começar o campeonato. Não era raro dar tudo ao contrário, e aí entrava a sensibilidade do piloto, a criatividade dos engenheiros, o conhecimento técnico para a busca de soluções. Nenhuma equipe grande chegava ao primeiro treino livre oficial de uma temporada sem ter mexido no carro loucamente.

A Ferrari, nos tempos de Schumacher, testava mais do que ninguém. Tinha um circuito no quintal. O alemão trabalhava de sol a sol e tudo que tinha de ser corrigido antes de começar o campeonato era. Agora, se o bicho sai errado, não há tempo para encontrar o novo rumo. É o caso. E piloto, depois de duas ou três voltas num carro, sabe dizer se ele é bom ou não. No caso da F2012, o diagnóstico em Jerez foi: fodeu.

Bem, o primeiro treino no seco em condições normais com todo mundo na pista aconteceu agora há pouco e a Ferrari ficou em 16° e 18°. A esta altura, em Melbourne, o pior dos cenários para o time maranéllico é não passar nem do Q1. Quase impossível, considerando que quatro carros serão eliminados só por terem nascido, os marússios e os hispânicos. Mas olha… Dá para apostar que Alonso e Massa passam ao Q2, afinal não é possível que o carro seja tão ruim, mas eu não jogaria um dólar australiano na passagem para o Q3. Olhando de fora, a delicadeza da F2012 na pista lembrou muito o Meianov, todo quadrado, apanhando para fazer curva, instável, irascível, um cavalo xucro.

Para quem torce pela Ferrari, vai ser um ano de amargar. Para quem gosta de ver o circo pegar fogo, vai ser uma delícia. Ah, e quem me contou da tal primeira reunião no fim do primeiro treino foi alguém que vocês conhecem, e que neste ano ocupa uma posição de destaque no time.

Não posso revelar seu nome, aqui ele é apenas o Gola Profonda.

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ANGRY KOVA

SÃO PAULO (não é mole não) – Viram o capacete do Kovalainen? Faz referência ao joguinho Angry Birds que, ao que parece, é uma febre mundial em tablets, smartphones, PCs, macs, blackberries, iPhones, iPods, iTouches, iFuckers, ataris, telejogos, samsungs, androids, safaris e o diabo a quatro. Eu nunca joguei e não tenho a mais remota ideia do que é preciso fazer nesse treco. Se tem uma coisa que não me pegou na vida, felizmente, foram os videogames.

Quando ao capacete, ficou bacana. E tenho certeza que o finlandês se inspirou no histórico CapaMUG. Que, por sinal, é mais bonito e representa personagem bem mais instigante que esse passarinho aí que nem sei que pito toca.

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AJUDA DOS UNIVERSITÁRIOS

SÃO PAULO (puxem pela memória) – O Roberto Seixas, da SPTuris, gosta de arrumar sarna pra se coçar. Ex-administrador do autódromo de Interlagos, o melhor dos últimos anos, diga-se, está agora revolvendo o passado do Anhembi para levantar um histórico de eventos no local que, hoje, recebe de desfile de escola de samba a F-Indy, de feira de sapatos a exposição de carros antigos.

Ele precisa de informações sobre essa corrida aí da foto, de 1992. A única referência que tem é que era de uma certa F-200 e fazia parte do campeonato paulista de kart. Quem souber de algo pingue aqui ou escreva direto para ele: [email protected]

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MEU PÉ DIREITO

SÃO PAULO (chuta que é macumba) – Tem um negócio em corrida que nem todo mundo sabe. Na maioria dos carros hoje, mesmo nos de Turismo, o pedal de embreagem foi praticamente extinto com a adoção de câmbios de engate eletrônico que usam borboletas atrás do volante ou alavancas para troca sequencial. Isso fez com que muitos pilotos passassem a frear com o pé esquerdo, como faziam no kart.

Na F-1 é famosa a história dos problemas de adaptação de Barrichello ainda na Jordan, lá em meados dos anos 90. Ele teve enormes dificuldades para passar a frear com o pé esquerdo e continuou, durante muito tempo, brecando com o direito. Nisso, seu companheiro Irvine acabou se impondo ao brasileiro em muitos treinos e corrida.

Depois o brasileiro foi-se adaptando, a ponto de se tornar, digamos ambidestro em questões de frenagem. Mas sempre com carros que permitissem o uso do pé direito para frear, o que fazia com que eles tivessem algumas mudanças nas posições de pedal em relação aos carros de seus companheiros de equipe que usavam exclusivamente a canhota para o breque. Rubens sempre preferiu frear em linha reta, não tão dentro da curva, e para isso o pé direito bastava. Na medida em que os freios foram ganhando mais e mais eficiência e fazer a curva brecando passou a ser algo comum, ele passou a usar o esquerdo também.

Faço essa longa digressão para contar que a Indy está oferecendo, em seus novos chassis, a opção de freio com o pé direito e com o pé esquerdo, sem que nenhuma mudança estrutral tenha de ser feita nos carros. É só posicionar os pedais ao gosto do freguês. Dario Franchitti, por exemplo, comemorou. Disse que nunca se habituou 100% às frenagens com o pé esquerdo. Barrichello poderá fazer uso do recurso, também, dadas suas preferências pela direita.

E para quem acha que isso é um detalhe irrelevante, sugiro que, um dia, tente frear seu carro de rua com o pé esquerdo para ver se é fácil e se se acostuma rápido. Mas não esqueça de colocar o cinto. E aproveito para perguntar aos felizes proprietários dos chatíssimos carros automáticos: vocês, que não trocam mais marchas, brecam com o pé esquerdo ou ele só serve, atualmente, para descer do carro?

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DOWN UNDER (1)

SÃO PAULO (que inferno…) – Os melhores tempos da sexta-feira em Melbourne foram da McLaren no primeiro treino, que começou lá às 12h30 locais e aqui, às 22h30 de ontem. Aí caiu uma aguinha e a segunda sessão teve pista molhada a maior parte do tempo.

Assim, é difícil deduzir muita coisa. Button e Hamilton fizeram dobradinha na primeira hora e meia. Na segunda bateria, Schumacher fechou na frente com Hülkenberg em segundo. A Red Bull não deu muita bola para o dia, como costuma fazer às sextas, e a chuva embaralhou as coisas a ponto de não ser possível afirmar grande coisa quanto à real posição de cada um nessa salada. Muito menos da Ferrari, antes que perguntem.

Mas alguns fatos chamaram a atenção, como a Marussia ter conseguido andar com os dois carros sem maiores problemas tenho chegado à Austrália sem teste algum, a Caterham virando tempos competitivos, o capacete esperto de Kovalainen, a força do motor Mercedes, a Sauber dando uma beliscadinha lá na frente…

Não há previsão de chuva para o resto do fim de semana. No seco as coisas ficarão mais claras. Só para não deixar nenhuma dúvida, Button acabou sendo o mais rápido do dia com o tempo da primeira sessão. Seu tempo foi quase 2s melhor que o de Schumacher no segundo treino livre, que só teve sua parte final com o asfalto secando.

Para quem não viu nada na alta madrugada, alguns pitaquinhos pontuais:

– Massa rodou no primeiro treino ao frear com a roda traseira na grama e perdeu boa parte da sessão. As imagens da TV mostraram o pitwall da Ferrari na hora e todos se esforçaram para não fazer careta.

– Na HRT, De la Rosa, coitado, só conseguiu sair dos boxes no segundo treino. Deu uma volta, teve um problema hidráulico e parou. Karthikeyan deu algumas voltinhas, pelo menos.

– A Marussia, além de não ter tido problema sério algum, também com um carro nunca testado, ainda cravou um honroso 12° lugar no segundo treino. Mesmo sabendo que não quer dizer muita coisa, Glock se disse feliz porque quando voltou aos boxes, viu as pessoas sorrindo. Nada como um sorriso, não?

– Kobayashi “mitou” ao controlar o carro na reta dos boxes quando pegou a grama e começou a chicotear pelo asfalto.

– Alonso foi cauteloso ao falar sobre o resultado do dia e fez algo raro: no comunicado oficial da Ferrari, fez um elogio geral a “várias equipes que fizeram um ótimo trabalho no inverno”. Ou seja, como diria Burti, se mais alguém, além de Red Bull e McLaren, andar na frente, não se espantem.

– O oitavo lugar de Kovalainen seria espantoso em qualquer circunstância. Mas para além do espanto, parece que a Caterham, ex-Lotus, está mesmo deixando o grupo das nanicas. Concorrência para a Williams, é o que está pintando.

Voltamos a qualquer momento ou em edição extraordinária.

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SCOOTERGIRLS

Trata-se de uma Vespa. Meio baleada, mas nada que uma boa funilaria não resolva. Enviada, a foto, pelo meu amigo Rogério Gonçalves, vendedor numa loja de lingerie.

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FOTO DO DIA

Foto Luca Bassani

SÃO PAULO (na próxima, quem sabe…) – O pessoal que corre de Porsche aqui no Brasil está em Portugal para correr no Estoril e no Algarve. Ô invejinha… E que saudades do Estoril… Hoje, os 48 carros da Cup e da Challenge fizeram essa homenagem aí. Segue o relato do Pandini:

Antes da velocidade, a imagem. Os organizadores do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil aproveitaram a manhã desta quarta-feira para alinhar os 48 modelos Porsche 911 GT3 Cup na reta dos boxes do autódromo de Estoril para uma foto histórica. Os carros das categorias Cup e Challenge formaram o nome “Porsche” de uma maneira semelhante à da fonte usada no logotipo da marca alemã.

“Mais do que mostrar nossos carros, quisemos fazer uma homenagem à marca, aos portugueses e à nossa própria categoria”, explica Dener Pires, diretor do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil. “O fato de ter 48 carros inscritos faz o nosso campeonato ser o maior entre todos os chancelados pela Porsche no mundo. Era importante registrar esse ótimo momento da categoria aqui em Portugal, onde fomos extremamente bem recebidos desde a primeira visita, em 2011.”

Hoje aconteceram dois treinos livres para cada categoria (Cup e Challenge). Na sexta, os carros vão à pista para mais treinos livres antes das sessões classificatórias no final da tarde. As três corridas acontecerão no sábado.

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O GRANDE IRMÃO

SÃO PAULO (sei lá, mil coisas) – O governo pretende instalar chips em toda a frota que se move no Brasil (não sei se motos, inclusive) a partir de julho. Lendo a matéria enviada pelo Márcio Coração Valente, parece algo positivo. Mas, sinceramente, não sei o que pensar disso. Não me sinto confortável sendo vigiado o tempo todo por um Grande Irmão eletrônico a cada metro que percorrer com meus carros. Não, não mesmo.

Ah, mas ajudará a localizar carros roubados e a tirar das ruas veículos irregulares e tal. OK. OK. Pode ser. Mas eu abomino os rumos que as coisas estão tomando. Detesto ser vigiado. A liberdade está indo para o saco. O excesso de vigilância só nos diz que precisamos ser monitorados, porque não somos dignos de confiança de ninguém.

Somo assim mesmo? Fracassamos a esse ponto?

Outro dia percebi que esse telefone novo do capeta que comprei tem uma bolinha azul que fica piscando e indica exatamente em que ponto do planeta me encontro. Não quero que um telefone me rastreie! Quero que me deixem sossegado e em paz.

A vida está um saco.

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DICA DO DIA

Bons vídeos sempre cambem aqui. O Hendrix mandou. Indy 500 em 1946, a primeira edição depois da parada por causa da Segunda Guerra. Os caras eram completamente loucos.

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SERÁ ASSIM?

SÃO PAULO (atrasado, mas aqui)Passaram esse link pelo Twitter. Parece que esse é o esboço do traçado de rua de Mar del Plata que pode receber a F-1 no ano que vem. Achei esquisito e divertido.

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