HARD RACE CAFÉ (5)

Norris: vitória no 110º GP

SÃO PAULO (delícia!) – Lando Norris foi o grande vencedor do GP de Miami nesta tarde, quebrando a banca nas casas de apostas e seu jejum pessoal de mais de cinco temporadas na F-1. Foram 109 corridas desde 2019 para, finalmente, vencer pela primeira vez, em sua 110ª participação. Um safety-car na metade da prova ajudou bastante o piloto da McLaren, que aproveitou o ensejo para fazer sua troca de pneus e manter a liderança que seria perdida quando parasse, num ritmo normal de prova. O segundo colocado era Max Verstappen, que já tinha feito seu pit stop. Mas com o safety-car na pista, Norris pôde parar e voltar ainda em primeiro. E Max não conseguiu alcançá-lo mais.

A corrida da Flórida parecia caminhar para o desfecho mais esperado, vitória de Verstappen, desde a largada. Quando as luzes vermelhas se apagaram, o holandês partiu bem, como de costume, e desapareceu pelas ruas de Miami.

Atrás dele, Leclerc engasgou, Sainz passou, mas Pérez veio atravessando a pista e o espanhol teve de brecar para não acertá-lo em cheio. Charlinho retomou o segundo lugar e Piastri aproveitou para passar a outra Ferrari e se colocar em terceiro. Norris era o sexto. Hülkenberg passou Hamilton e Russell e foi para sétimo

Muito rapidamente Verstappen abriu mais de 1s sobre Leclerc, que não conseguiu o mesmo sobre Piastri, para se defender da asa móvel. Na quinta volta, o australiano da McLaren passou o monegasco e assumiu o segundo lugar. Era o pior dos cenários para o #16. Agora, seria atacado por Sainz, já demitido pela Ferrari, sem nada a perder. Pérez era o quinto colocado. Mas não houve briga entre os dois carros vermelhos. Carlos abriu mão de eventuais confusões.

No pelotão da merda, Lewis deixou a Hass #27 para trás na volta 7. Quase se tocaram. O inglês, desde 2022, ganhou alguma experiência em andar no meio de pilotos menos, digamos, laureados. Alguns carros ele só conhecia de nome. Jamais encontrava na pista. Ali é onde o filho chora e a mãe não ouve. Tanto que na volta seguinte Nico passou de novo, depois que Hamilton errou uma freada. Só recuperaria a posição na volta 10, com todo cuidado do mundo para não irritar o rival. Mais duas voltas, e Russell passou também. E Hülkenberg, então, parou nos boxes e colocou pneus duros. Foi lá para trás e sumiu.

Verstappen, ao seu estilo, apenas administrava a liderança. Apesar das muitas nuvens no céu, o domingo foi bem quente e o asfalto também fervia – respectivamente 29°C no que chamamos de ambiente e 46°C na pista. Depois de abrir quase 3s sobre Piastri, ouviu pelo rádio: “Tem de manter isso daí”. Estranhou a voz meio soturna, mas não disse nada.

Entre os ponteiros, Pérez foi o primeiro a ir aos boxes, na volta 18. Colocou pneus duros. Estava em quinto, apanhando para se defender de Norris. À frente deles, Leclerc e Sainz. Lando ficou na pista para voltar à frente de Checo quando trocasse seus pneus. Esse era o plano. Àquela altura, jamais sonharia com uma vitória. Charlinho parou na volta 20. Também colocou pneus duros – dos 20 que largaram, 15 estavam com pneus médios; Hamilton, Alonso, Magnussen e Ricciardo largaram com duros e Bottas, com macios.

Com borracha nova, Leclerc voltou em sexto e rapidamente passou Hamilton. Na volta 22, alerta amarelo na Red Bull. Verstappen passou por cima de um “pirulito” que demarca a chicane no trecho mais trecho do circuito. Arrancou o troço da pista e seus destroços ficaram no asfalto.

(Chamei de “pirulito”, embora só o palito do próprio seja representado nessa descrição. Muita gente chama de “cone”. Mas cone é outra coisa. É que nem temaki, não canelone, se é que me entendem.)

Aí, na volta 23, um safety-car virtual foi acionado para que um fiscal pudesse tirar aquele negócio de onde estava. E Verstappen foi para os boxes. Colocou pneus duros e quando voltou o safety-car virtual já estava desativado. Mas não perdeu muito tempo. Piastri assumiu a liderança, com Sainz em segundo e Norris em terceiro. Nenhum dos três tinha feito pit stop, ainda. Verstappen era o quarto.

A corrida era bem movimentada, até, com muita gente andando junto, se desencontrando e depois se reencontrando após as paradas. O desfecho não era muito previsível de Verstappen para trás, em condições normais de temperatura e pressão. Na volta 28, Piastri e Sainz pararam. Como entraram, saíram: McLaren na frente, claro. Quem ganhou a posição do australiano foi Leclerc, que estava atrás dele antes do pit stop. Norris assumiu a liderança, sem troca.

Magnussen acerta Sargeant: safety-car deu a vitória a Lando

E, então, aconteceu o momento decisivo da corrida: um safety-car muito interessante para Landinho, na 29ª volta. Sargeant se enroscou em Magnussen (o dinamarquês foi considerado culpado, mais uma vez) e o Williams do americano ficou parado na área de escape, batido. Pérez aproveitou que estava passando pela entrada dos boxes e colocou pneus médios. Foi uma boa ideia, a do mexicano. Norris parou na volta 30 e, graças ao carro de segurança, voltou em primeiro. Houve uma certa confusão no posicionamento do safety-car, que entrou na pista na frente de Verstappen, e não do influencer da McLaren. Depois, tudo se ajeitou.

Norris, Verstappen, Leclerc, Piastri, Sainz, Pérez, Tsunoda, Hamilton, Russell e Ocon eram os dez primeiros atrás do Mercedão vermelho à frente do pelotão antes da relargada.

Que aconteceu na volta 33. Lando conseguiu resistir à primeira estocada de Max, que por sua vez teve de olhar de soslaio pelo retrovisor para monitorar Leclerc. Com isso, o piloto da McLaren conseguiu em uma volta abrir quase 1s5 sobre o #1 da Red Bull. A prova ficou ainda melhor. Com todos muito próximos de novo, as asas móveis entraram em campo. Hamilton passou Tsunoda. Piastri e Sainz bateram roda. O espanhol pediu pelo rádio que a Ferrari solicitasse gentilmente à McLaren que orientasse Oscar a lhe entregar a posição, para que não fosse punido. Muito bonita, sua preocupação. Mas os comissários esportivos não se comoveram muito com a gentileza e Piastri se manteve à frente.

Sainz ficou pistola dentro do capacete azul. Enquanto isso, Verstappen tinha problemas com os pneus duros. Norris começou a abrir, e o esperado ataque não acontecia. Pelo contrário. Na volta 28, Lando tinha 2s6 de vantagem. “Está um desastre isso aqui”, resmungou o holandês, com um carro que saía de frente de forma aflitiva. Na volta 40, Carlos passou Oscar, que passou Carlos, que passou Oscar, tudo num espaço de três curvas. E o espanhol assumiu o quarto lugar. O jovem australiano do carro papaia também foi ultrapassado por Pérez e Hamilton. Na disputa com Sainz, ele quebrou um pedaço da asa dianteira e teve de ir para os boxes. Sua corrida estava acabada.

Norris nunca estivera tão perto de uma vitória. Faltando 15 voltas, seu carro rendia bem, ele fazia ótimos tempos e ia deixando Max para trás. A dez voltas do final, ficou claro que o líder do campeonato desistira da contenda. Norris abriu 5s2 e só perderia se quebrasse. Para o tricampeão, chegar ao final, com um carro que desde a sexta-feira não esteve do seu agrado, já era lucro.

As últimas batalhas de Miami aconteceram entre Alonso e Ocon pela nona posição – o espanhol se deu melhor – e Hamilton e Pérez pela quinta colocação – o mexicano se sustentou na frente. Norris venceu com 7s6 sobre Verstappen. Leclerc fechou o pódio. Sainz, Pérez, Hamilton, Tsunoda, Russell, Alonso e Ocon completaram a zona de pontos. A Alpine de Ocon pontuou pela primeira vez no ano. A McLaren não ganhava uma corrida desde Monza/2021, com Ricciardo. Chegou a 184 triunfos na história.

Nos braços da McLaren: festa da F-1 para um vencedor inédito

Foi uma festa danada. “Amo vocês, amo vocês! Conseguimos!”, gritou Lando pelo rádio. “Finalmente…”, suspirou. “Você está chorando?”, perguntou o engenheiro. “Eu nunca choro”, respondeu. O primeiro a aplaudi-lo, ainda na pista, foi Verstappen. “Obrigado, pai, obrigado mãe, obrigado vó…”, seguiu Norris falando sozinho no rádio até estacionar o carro junto à placa com o número 1 na reta dos boxes. Ali, ainda de capacete, foi abraçado por Verstappen e Leclerc. De trás da mureta saiu Alonso para fazer o mesmo, e depois Sainz. Então ele correu para o Parque Fechado e se jogou sobre os mecânicos da McLaren, que o ergueram nos braços. Devolvido ao chão, foi abraçado por Zak Brown e Andrea Stella. E quem mais cruzou seu caminho cumprimentou o inglês.

Verstappen não ficou muito abalado com a derrota. Pelo contrário, parecia genuinamente feliz pela vitória do amigo. “No automobilismo, você ganha e perde. É assim que deve ser. Com os pneus médios, a gente estava bem. Mas com os pneus duros o Lando estava voando e ficou difícil. Quando se está num dia ruim e o resultado é um segundo lugar, está bom. Não dá para reclamar. Estou feliz por ele, e não será a última. Lando mereceu. Não foi o melhor fim de semana para a gente, vamos analisar tudo que aconteceu e voltar mais forte.”

A metros dele, Norris distribuía sorrisos e recebia afeto. Na F-1, poucas coisas são mais bacanas do que ver um piloto vencendo pela primeira vez.

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ENCHE O TANQUE

“Postinho em Portovenere”, escreveu Antonio Seabra, em rolê pela Itália. Fica entre Pisa e Gênova. Me disseram que o blogueiro está passeando de Vespa.

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HARD RACE CAFÉ (4)

Verstappen: sete poles seguidas, seis no ano, 38 na carreira

SÃO PAULO (aproveita, rapaz…) – Max Verstappen dominou o sábado em Miami. Depois de vencer a Sprint pela manhã, pelo horário local, foi almoçar e, de tarde, cravou a pole para a sexta etapa do Mundial de F-1. O GP de Miami será disputado amanhã com largada |às 17h (de Brasília). Foi sua sexta pole no ano – está invicto. Com mais uma, iguala a sequência de sete poles nas sete primeiras provas de uma temporada, marca obtida só uma vez na história – por Alain Prost, em 1993.

Isso, reforço, considerando apenas 2024. Porque o holandês da Red Bull já tem sete poles consecutivas, contando a de Abu Dhabi no ano passado, última prova do campeonato. O recorde de poles seguidas é de Ayrton Senna, com oito entre os GPs da Espanha de 1988 e dos EUA de 1989. Sequências de sete, além de Verstappen agora, também registraram Senna (Espanha/1990 a Mônaco/1991), Prost (África do Sul a Canadá/1993), Michael Schumacher (Itália/2000 a Brasil/2001) e Lewis Hamilton (Mônaco a Itália/2015).

A definição do grid em Miami aconteceu ainda sob sol e calor de 29°C, clima típico da cidade da Flórida. Com 1min28s023, Verstappen mostrou em sua primeira saída dos boxes, no Q1, que estava sobrando carro. Tanto que Pérez, logo depois, virou uma volta em 1min27s772, assumindo a ponta.

Leclerc e Sainz: Ferrari bem na classificação

Com pneus novos, no final do primeiro segmento da classificação, Max baixou para 1min27s689 e terminou em primeiro. Bottas, Sargeant, Ricciardo, Magnussen e Zhou foram os eliminados. Ricardão, que fora tão bem na Sprint, voltou ao seu estado normal dos últimos anos: um piloto irregular, que não consegue uma sequência de resultados minimamente aceitáveis.

Curiosidade do Q1: de Verstappen, o líder, a Magnussen, o penúltimo, a diferença foi de apenas 0s930. Podem reclamar de muita coisa na F-1 de hoje, menos de falta de desempenho. Mesmo os piores carros não são ruins. Procurem tabelas de tempos dos anos 90 e do início deste século. Não era assim.

A primeira bateria de voltas do Q2 empurrou Verstappen e Pérez para trás. Leclerc (1min27s533), Piastri, Norris e Sainz ocupavam as primeiras posições no início, mas Max e Checo tinham feito seus tempos com pneus usados. O holandês estava em quinto e o mexicano, em oitavo. Na segunda leva de voltas, Max foi para segundo e Pérez subiu para quinto. Leclerc se manteve em primeiro. A decepção do Q2 foi a Aston Martin. Seus dois pilotos foram eliminados. Stroll abriu a lista em 11º. Depois vieram Gasly, Ocon, Albon e Alonso.

Russell: desempenho discreto, sétimo no grid

Tsunoda e Hülkenberg (a Audi, pelo jeito, não estava tão errada assim…) foram os “forasteiros” entre os que subiram ao Q3 – as duplas de Ferrari, Red Bull, Mercedes e McLaren. Max mandou o sapato em sua primeira volta e fez 1min27s241 na primeira volta. Leclerc, Sainz, Piastri e Pérez fecharam o primeiro turno nas cinco primeiras colocações. Norris, que saiu de pneus médios – estranhamente –, era o sexto.

Tem sido assim em todas as classificações, e faz tempo: duas voltinhas rápidas para cada um e ponto final. E todos saem na mesma hora. Não foi diferente em Miami. A pouco mais de três minutos do encerramento do Q3, os dez pilotos foram para a pista para tentar melhorar alguma coisa em seus tempos e posições. Hamilton e Russell também colocaram pneus médios.

Grid em Miami: domínio de Verstappen

Mas a segunda bateria foi anticlimática. Ninguém melhorou significativamente seus tempos, e Verstappen confirmou a pole sem precisar fazer nada. É a 38ª de sua carreira. Terá a seu lado na primeira fila Leclerc, 0s141 atrás. Sainz, Pérez, Norris, Piastri, Russell, Hamilton, Hülkenberg e Tsunoda fecharam o grupo dos dez primeiros.

Como escrevi algumas horas atrás, o jeito de a Red Bull conviver com suas crises internas é bem peculiar.

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HARD RACE CAFÉ (3)

Verstappen: nove vitórias em 14 Sprints

SÃO PAULO (tá bom, mas tá ruim) – Faltavam oito voltas para o fim da Sprint de hoje na escaldante Miami, e o engenheiro de Max Verstappen entrou no seu rádio. Ele estava em primeiro. “Max, como vai, tudo bem? Por favor, você poderia nos dizer como está o automóvel, se está do seu agrado, confortável?” “Tá uma merda”, respondeu o piloto. “Como ontem na classificação.”

Verstappen ganhou a minicorrida de 19 voltas, colocando mais oito pontos no bolso e chegando a nove vitórias em Sprints — desde 2021, foram realizadas 14. Quando recebeu a bandeirada, o engenheiro — Gianpiero Lambiase, aka GP — voltou ao rádio para dar os parabéns ao seu piloto. “Foi legal, mas precisa melhorar”, devolveu o holandês.

Essas coisas, na minha modesta visão, humilham os adversários. Ontem, com o carro ruim, Max fez a pole para a Sprint da Flórida. Hoje, com o carro ruim, ganhou a provinha. Daqui a pouco será realizada a classificação para o GP de Miami, sexta etapa do Mundial. A corrida de verdade será realizada amanhã às 17h. O normal: fazer a pole e vencer de novo. É como a Red Bull funciona em tempos de crise. Impressionante.

Largada: lá no meio, enrosco com Hamilton, Alonso, Stroll e Norris

A Sprint foi realizada com sol e calor, 29°C em Miami, 45°C no asfalto em torno do estádio de futebol americano batizado com o nome de uma rede de lanchonetes, o Hard Rock Café. Já teve aqui em São Paulo, sabiam? Mas foi de um um picareta que se apropriou do nome, não quis nem saber, pendurou umas guitarras velhas na parede e montou a sua. Um belo dia os americanos donos do negócio original processaram o cabra, que quebrou. Não achei nada na internet sobre esse episódio, se alguém encontrar manda aqui nos comentários. Admiro caras como esse. Hoje, parece que há algumas lojas franqueadas no Brasil, mas não tenho certeza quais são, nem onde ficam.

Vamos à Sprint.

Verstappen, da pole, largou bem, como de hábito. E logo na primeira volta um safety-car foi acionado porque uma treta no pelotão da merda deu merda. Hamilton viu um buraco por dentro na primeira curva, mergulhou, Alonso estava ao seu lado, no meio da pista, e à esquerda dos dois estavam Norris e Stroll. Um bateu no outro que bateu no outro e o saldo foi Norris e Stroll fora, Alonso caindo para último e Hamilton se safando. Coisa de corrida, ninguém precisa sair procurando culpados. Largada é assim, e quando você está no meio do grid, essas coisas acontecem com frequência.

A relargada se deu na quarta volta com Max, Leclerc, Ricciardo, Pérez, Sainz, Piastri, Hülkenberg e Magnussen nas oito primeiras colocações. O dinamarquês da Haas fizera ótima largada, ganhando seis posições. Tsunoda, em décimo, e Sargeant, em 12º, também. Esses dois foram os únicos que optaram pelos pneus macios para a corridinha. Os demais foram com médios.

Ricciardo, quarto: o grande nome do sábado

Na quinta volta, Pérez passou Ricardão e por ali ficaria até o final. A briga pelo oitavo lugar acabou sendo a mais emocionante da tarde, com Hamilton se engalfinhando com Magnussen e Tsunoda na espreita. Kevin, não se sabe se a mando da equipe ou por puro companheirismo, cometeu diversas irregularidades. Saiu da pista, ganhou vantagem, empurrou Lewis para fora, foi uma barbaridade. Levou várias punições. O fato é que com seu comportamento de Coringa de filme, o parceiro Hulk se mandou e conseguiu terminar em sétimo.

Lewis recebeu a bandeirada em oitavo, mas também ele cometeu uma infração, excedendo a velocidade dentro dos boxes quando o safety-car estava na pista — os pilotos tiveram de passar uma vez pelo pit-lane. Assim, perdeu o pontinho para Tsunoda, da Não Precisa da Minha Via Não. A equipe, ex-Minardi, Toro Rosso e AlphaTauri, foi a quem mais festejou no sábado. Ricciardo terminou em quarto, segurou a posição com muita competência mesmo sob ataque da Ferrari de Sainz e levou seus primeiros cinco pontos na temporada. Renasceu, o sorridente canguru. Até quando, não sabemos ainda.

Verstappen, Leclerc e Pérez ganharam as medalhas dos três primeiros, entregues por Zinedine Zidane, o craque francês que levantou a taça em 1998 no Stade de France. Ricciardo, Sainz, Piastri, Hülkenberg e Tsunoda fecharam o grupo dos que pontuaram. Hamilton, ao comentar a dura batalha com Magnussen, elogiou o colega. “Ele aceitou as punições e foi honesto com isso. Gosto muito de disputas difíceis e admiro quem trabalha para sua equipe.”

Na entrevista pós-Sprint, Max voltou a resmungar: “Não foi perfeito, mas pelo menos agora a gente pode mexer no carro”. De fato, neste ano os carros não entram em regime de Parque Fechado após a corrida curta e podem ser melhorados antes da classificação. Verstappen fez a pole e venceu a Sprint. Eu, piloto fosse, diria: “Melhor estraga”.

Mas eles vão melhorar a bagaça. E não vão estragar nada.

Caixinhas para atualizar alguns assuntos:

AINDA NÃO – James Vowles, chefe da Williams, negou de pés juntos que a equipe (ou a Mercedes, a seu pedido) tenha requisitado uma superlicença para Andrea “Kimi” Antonelli, 17, correr a partir de Ímola no lugar de Sargeant. “O que estamos fazendo é trabalhar na nossa dupla para 2025 e 2026, já que queremos entrar no novo regulamento com pilotos que já estejam na equipe”, disse. A Williams quer que Albon fique. Pode até receber Antonelli no ano que vem, a julgar pelas declarações de Vowles. Gasly também está de olho ali. Mas não se surpreendam se o jovem italiano assumir um dos carros do time de Grove ainda neste ano. Paralelamente, a Mercedes segue atrás de um substituto para Hamilton. Se não for seu precoce pupilo, certamente vai colocar o rapaz na Williams.

FÉRIAS – Especula-se todo tipo de coisa para o futuro de Adrian Newey, mas em suas primeiras declarações depois do anúncio de que vai sair da Red Bull o projetista inglês deixou no ar a possiblidade de, simplesmente, parar. Ou, pelo menos, tirar férias, longas férias. Ele falou, resumidamente, que precisa descansar. Meu palpite: desaparece nos próximos meses para aparecer lá por abril do ano que vem na Ferrari.

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HARD RACE CAFÉ (2)

Max na pole: mesmo com volta ruim, de novo na frente

SÃO PAULO (blergh) – Max Verstappen larga na pole amanhã para as 19 voltas da segunda Sprint do ano na F-1. Será em Miami, no circuito montado em volta do estádio de um time de futebol americano. A pista recebeu a categoria pela primeira vez em 2022. O piloto da Red Bull venceu as duas etapas realizadas no local.

O dia começou com a única sessão de treinos livres do fim de semana, realizada com sol e muito calor. Verstappen também ficou em primeiro, embora tenha tido problemas em seu carro até o final. Quando colocou pneus macios, pulou para o topo da tabela de tempos. O treino teve como destaque negativo uma rodada de Leclerc que forçou uma bandeira vermelha porque o monegasco ficou com o carro atravessado na pista, muito estreita, e não conseguiu manobrar para voltar ao treino. Acabou tendo de ser rebocado, o que não permitiria sua volta à atividade.

E foi por causa dessa rodada que Leclerc foi o primeiro a ir para a pista no SQ1, já que mal tinha andado no treino livre. Era preciso pegar a mão do carro e da pista. Ao final dos primeiros 12 minutos da classificação, Norris ficou em primeiro com 1min27s939. Seu parça na McLaren, Piastri, foi o em segundo. A equipe foi para Miami com o carro bem modificado em relação ao que disputou as primeiras quatro etapas do campeonato. As atualizações pareciam dar resultado. Alonso ficou em terceiro e Verstappen, em quarto. Foram eliminados Gasly, Zhou, Bottas, Sargeant e Albon. Nenhuma novidade.

Norris impressionou no SQ2 novamente, com 1min27s597 na primeira colocação. Max deixou para fazer sua volta no finalzinho. Sempre é bom lembrar que nas duas primeiras fases da definição do grid da Sprint os pneus médios são obrigatórios. Com esses, a Red Bull não vinha empolgando demais. Até porque não precisava. Verstappen fez um tempo protocolar e avançou ao SQ3 em quarto, novamente. Pérez e Leclerc ficaram em segundo e terceiro. Caíram Russell, Hamilton, Ocon, Magnussen e Tsunoda – e a Mercedes acrescentou mais um vexame à sua lista recente de fracassos, ficando fora da parte decisiva com seus dois carros.

No SQ3, cada piloto resolveu dar apenas uma volta com pneus macios. Ninguém teria a chance de uma nova tentativa, em caso de erro. Mesmo com uma volta imperfeita, Verstappen conseguiu um tempo aceitável, 1min27s641, e garantiu a pole. Norris, que podia brigar com ele – fizera uma volta melhor no SQ2, e com pneus médios –, errou numa curva de baixa velocidade, perdeu tempo e ficou em nono.

O grid da Sprint: Ricciardo é a surpresa

Foi a sétima pole de Verstappen em 14 Sprints – novidade que estreou na F-1 em 2021. Quando, pelo rádio, seu engenheiro avisou que ele tinha sido o mais rápido, Max perguntou: “Mas o que aconteceu com os outros? Meu carro estava horrível!”.

Aconteceu que todo mundo fez voltas ruins e por isso ele larga na frente para as 19 voltas da provinha de amanhã, que abre os trabalhos em Miami às 13h de Brasília. Leclerc ficou em segundo no grid, 0s108 atrás do tricampeão, seguido por Pérez, Ricciardo – a grande surpresa do dia –, Sainz, Piastri, Stroll, Alonso, Norris e Hülkenberg. Depois da Sprint, às 17h, acontece a classificação para definir o grid do GP de verdade, marcado para domingo no mesmo horário.

Agora, caixinhas.

AUTORIZAÇÃO PARA MENORES – Segundo o repórter Will Buxton, aquele das platitudes de “Drive to Survive”, a FIA recebeu uma requisição se superlicença para Andrea Antonelli, que faz 18 anos em agosto. Ela teria sido feita pela Mercedes, pedindo para se abrir uma exceção para o menor de idade, já que as regras permitem que apenas maiores de 18 corram na F-1. A equipe quer colocá-lo para correr já. Mas na Williams, no lugar de Sargeant. A Williams, como se sabe, usa motores Mercedes.

HORNER SOBRE NEWEY – O chefe da Red Bull negou que o projetista esteja saindo da equipe por causa do clima pesado no time, deflagrado pela acusação de assédio sexual por parte de uma funcionária contra ele, Horner. E disse que a equipe está preparada para sua saída. “Adrian é um espírito livre na nossa organização. Então, a organização fica exatamente como está. Tudo continua igual. O papel de Adrian é único. Ele desenha seus carros numa prancheta e seu jeito de trabalhar é único. Não tem ninguém que responde a ele. E não tem cláusula nenhuma no contrato de Max vinculando sua permanência a Newey. Sua saída tem sido tratada há cerca de um ano em muitas conversas. E ele não está saindo da empresa. Está deixando a operação da F-1, e com a gente no topo. Vai ser triste vê-lo sair, mas como em tudo na vida o show tem de continuar. Vou sentir muito sua falta, pela pessoa que é, pelos anos que passamos juntos, por sua camaradagem.”

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RATZENBERGER, 33

Eu, se fosse vocês, assinaria minha newsletter

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Ficou melhor que a Ferrari.

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HARD RACE CAFÉ (1)

Verstappen: confiança em quem fica

SÃO PAULO (força, Sul!) – Quinta-feira, véspera da abertura das atividades de pista em Miami, e o noticiário foi, como se esperava, robusto. Afinal, foi o primeiro dia útil da F-1 após a bombástica saída de Adrian Newey, anunciada ontem pela Red Bull. Vamos às caixinhas?

MENOS – Verstappen foi aquele que a imprensa mais quis ouvir sobre o episódio. E minimizou os sinais de crise: “Visto de fora, parece muito dramático. Mas quando você sabe como as coisas funcionam na equipe, é menos dramático do que parece. Nunca haverá outro Adrian, mas nossa equipe técnica é muito forte. Basta ver os últimos dois anos. Confio neles. Não posso negar que preferiria que ele ficasse, pelo que é como pessoa, pelo seu conhecimento, e pelo que levará a outras equipes. Mas a saída dele não impacta meu futuro. No momento, não. O pessoal da imprensa inventa muita coisa porque não entende direito quais as funções dele na equipe. Seu papel nos últimos anos mudou um pouco. No fim das contas, o que importa é ter um carro rápido, e nós temos”.

Hamilton sorri: vai trabalhar com Newey

MAIS – Já Hamilton, piloto da Ferrari em 2025, foi questionado sobre o desejo de trabalhar com o projetista. “Você gostaria?”, perguntou o repórter. “Sim, é um desses com quem todo mundo gostaria de trabalhar”, respondeu. “Gostaria quanto?”, insistiu o jornalista. “Muito”, falou Lewis, abrindo um sorriso. Adrian deverá assumir o posto de chefe de projetos da Ferrari no começo do ano que vem. As outras possibilidades ventiladas nos últimos dias têm sido descartadas uma a uma.

MAIS OU MENOS – Ainda que Max tenha tentado colocar panos quentes na situação, seu pai Jos deu entrevista à imprensa holandesa e falou que a Red Bull corre o risco de “colapsar”. Por ele, o filho dava um pé na equipe para correr na Mercedes.

O Valkyrie da Aston Martin: Alonso tem um

PARTE DE MIM – Quem também falou de Newey foi Fernando Alonso. A Aston Martin também teria feito uma proposta ao engenheiro, que não teria se interessado muito. “Ele é uma lenda do esporte. E fico feliz de fazer parte dessa trajetória dele, porque corri minha vida toda contra seus carros”, disse o espanhol. E acrescentou: “Eu o admiro muito e, de qualquer forma, tenho um carro dele na garagem”. Se referia ao Aston Martin Valkyrie, supercarro apresentado em 2017 pela montadora inglesa quando ela patrocinava a Red Bull. Newey foi um de seus projetistas.

MUITA CALMA – Outro muito assediado foi Carlos Sainz, depois que a imprensa espanhola publicou notícias dando conta de que ele teria dito não à Audi. O piloto negou. Falou que vai tomar a decisão certa na hora certa, elogiou os alemães e a contratação de Hülkenberg, e admitiu que a ligação de seu pai com a montadora das quatro argolas ajuda nas conversas e tem um peso. Mas, na prática, Sainz espera para saber o que farão Mercedes e Red Bull. A primeira tenta tirar Verstappen da segunda. Se isso acontecer, Sainz corre para a Red Bull. Se não acontecer, pode correr da mesma forma no caso de uma saída de Sergio Pérez. Já a Mercedes, se não conseguir arrancar Max de onde está, tem duas opções: o próprio Sainz e o novato Andrea Antonelli.

DISTRAÇÃO – Enquanto os negócios acontecem aqui e ali, a turma se divertiu hoje brincando de futebol americano. A Ferrari também promoveu uma apresentação oficial de seu visual azul para Miami — carros e indumentária agora à vista de todos. Vasseur e Steiner, ex-chefe da Haas, pagaram mico com a bola oval. O dirigente francês deu uma passadinha por Londres antes de seguir para a Flórida. Segundo a imprensa inglesa, foi se encontrar com Newey.

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SUPERQUARTA (4)

SÃO PAULO (pode funcionar) – Michael Andretti resolveu jogar pesado. O ex-piloto não se conformou com a rejeição da FOM/Liberty a sua entrada na F-1 e recorreu ao Congresso americano. Doze deputados mandaram uma carta ao Liberty Media Group, que é dos EUA, dizendo que é “errado e injusto” tentar bloquear companhias americanas como a Andretti e a GM (via Cadillac) de participarem de uma competição administrada por uma empresa do país. Isso enquanto outras equipes, associadas e montadoras europeias, competem no mesmo mercado [de automóveis] com empresas americanas, também.

Segundo os congressistas, a negativa à Andretti contraria as leis antitruste dos EUA. E eles formalizaram três perguntas à Liberty. São elas:

1) O pacto da Concórdia prevê a participação de até 12 equipes na F-1 e só dez disputam o campeonato. A FIA aprovou a Andretti. Com qual autoridade a FOM/Liberty veta a Andretti se ela atendeu a todas as exigências da entidade?

    2) As leis antitruste de 1890 apoiam a livre competição em favor dos consumidores americanos. Por que a FOM/Liberty rejeita a Andretti, americana, beneficiando empresas europeias e montadoras estrangeiras que atuam nos EUA?

    3) A GM pretende relançar a marca Cadillac no mercado europeu e a F-1 seria uma ótima plataforma para isso e geraria muitos empregos nos EUA. Seria, assim, concorrente na Europa de marcas que estão na categoria. Quanto desse veto tem a ver com o protecionismo contra uma marca americana?

    Respostas na mesa dos senhores deputados até sexta-feira, 3 de maio.

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    SUPERQUARTA (3)

    SÃO PAULO (dobrou a aposta) – A Mercedes quer Verstappen, isso já é claro e cristalino. Mas, na dúvida, está investindo o que pode e o que não pode no italiano Andrea “Kimi” Antonelli, 17 anos. Há alguns dias, jogou o moleque no Red Bull Ring para andar com o carro da equipe de 2022. Nesta semana, os treinos com o W13 estão acontecendo em Ímola.

    E são treinos bem específicos: pneus duros, pneus macios, carro leve, carro pesado, longos stints, voltas de classificação, prática de largada, além de um curso intensivo de operação de um carro de F-1 e situações de GP como pit stops, mudanças de configuração durante uma corrida, comunicação com os boxes e tudo mais.

    Não há divulgação de tempos, por isso fio-me no que a imprensa italiana está dizendo. Na segunda-feira, andou na casa de 1min20s com pneus duros e tanque cheio. Na terça, virou 1min17s18. Esse tempo lhe daria a pole para a Sprint de Ímola em 2022. É apenas uma referência, claro, e deve ser relativizada por falta de dados oficiais.

    Mas que a Mercedes quer que Antonelli corra logo, isso quer. Se Verstappen vier, espera mais um pouquinho e será emprestado à Williams. Se não vier, vai ser ele mesmo no ano que vem.

    Caixinhas sobre mercado, agora.

    AUDI & OCON – É a última da fábrica de boatos da F-1, em plena atividade. A Audi/Sauber espera por Sainz, mas não se sabe até quando. O plano B da montadora alemã, que já contratou Nico Hülkenberg, é o francês Esteban Ocon, que está na Alpine. Ocon tem boa reputação e vem andando na frente de Pierre Gasly. A Alpine tem um carro horrível, mas Ocon, normalmente explosivo, nem tem reclamado muito. Há quem diga que ele ainda tenta convencer o ex-chefe Toto Woll a lhe dar uma chance na Mercedes, também. Mas essa possibilidade é bem mais remota.

    GASLY & WILLIAMS – É mais desejo do que possibilidade concreta, mas Gasly quer sair da Alpine e como não tem muito lugar por aí para correr, a Williams poderia ser seu destino com a altamente provável saída de Logan Sargeant. Mas é só espuma, por enquanto.

    SAINZ & RED BULL – A saída de Newey mexe no tabuleiro e por isso Sainz continua empurrando com a barriga uma resposta à Audi. É que se Verstappen resolver ir embora junto com o projetista — no caso do piloto, para a Mercedes –, abre-se uma vaga de potencial campeão mundial em 2025. Porque a Red Bull seguirá tendo o melhor carro do grid, já que ninguém vai investir os tubos para fazer um modelo que vai caducar em um ano. Por esse carro aí, mesmo sem saber qual será o futuro da Red Bull a partir de 2026, com motor Ford e sem Newey, Sainz abre mão da Audi.

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